Modelos de produção industrial: quais são e como são?

17 de janeiro de 2024, por Sidemar Castro

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Os modelos de produção industrial são técnicas utilizadas no sistema fabril para melhor conduzir as operações realizadas em suas linhas de montagens.

Alguns dos principais modelos são o taylorismo, o fordismo, o toyotismo e o volvismo. Cada um desses modelos foi desenvolvido em resposta às necessidades e desafios de sua época, e cada um tem suas próprias vantagens e desvantagens, durante o desenvolvimento do sistema econômico capitalista.

Quer saber mais sobre a história e características dos modelos de produção industrial? Continue a leitura.

O que são os modelos de produção industrial?

Os modelos de produção industrial são sistemas de organização e gestão da produção que visam melhorar a produtividade, reduzir custos e aumentar a eficiência na fabricação de bens e serviços.

Eles surgiram em resposta às necessidades e desafios, o cenário econômico de suas respectivas épocas, cada um buscando otimizar a produção e eficiência nas indústrias.

Os principais modelos de produção industrial incluem:

  1. Taylorismo: Desenvolvido por Frederick Winslow Taylor, este modelo se concentra na divisão do trabalho e especialização do operário em uma única tarefa, visando aumentar a produtividade e reduzir custos.
  2. Fordismo: Criado por Henry Ford, este modelo é caracterizado por produção em série, linhas de montagem e produção em massa, com o objetivo de reduzir o tempo de produção e aumentar a eficiência.
  3. Toyotismo: Desenvolvido na fábrica da Toyota Motors, no Japão, este modelo combina a tecnologia da informática e da robótica com a filosofia do just-in-time, que produz a partir de um tempo já estipulado com intenção de regular os estoques e a matéria-prima.
  4. Volvismo: Este modelo de produção industrial foi desenvolvido na fábrica da Volvo, na Suécia, e se concentra na organização e gerenciamento da produção industrial, com a ideia de diminuir o tempo gasto no trabalho, aumentar a produtividade, diminuir o custo de produção e realizar a produção em massa para o consumo ocorrer no mesmo passo.

Os modelos de produção industrial surgiram ao longo do tempo, adaptando-se às características nacionais, econômicas e sociais de seus respectivos países. Também responderam às demandas do mercado, assim como à evolução tecnológica de sua época.

Quais são os modelos de produção industrial?

Cada um deles tem suas próprias características e objetivos, mas todos têm em comum a busca por eficiência, produtividade e redução de custos na fabricação de bens e serviços.

1. Taylorismo

O taylorismo é um sistema de gestão do trabalho que foi desenvolvido no início do século XIX por Frederick Taylor, um engenheiro norte-americano. Ele é baseado em diversas técnicas para aumentar o rendimento do trabalhador.

O princípios do taylorismo incluem a substituição de métodos baseados na experiência por metodologias cientificamente testadas, seleção e treinamento rigoroso dos trabalhadores, supervisão contínua do trabalho, execução disciplinada das tarefas para evitar desperdícios, e fracionamento do trabalho na linha de montagem.

As ideias de Taylor inspiraram empresários como Henry Ford para criar um método de linha de montagem que seria denominado fordismo.

História

O taylorismo foi criado por Frederick Winslow Taylor, um engenheiro norte-americano, no final do século XIX. Ele nasceu no estado da Pensilvânia, em 1856, nos Estados Unidos, e faleceu aos 59 anos, em 1915. Taylor estudou na França e na Alemanha e formou-se em engenharia mecânica no Instituto de Tecnologia Stevens, localizado em Nova Jersey, em 1883.

Taylor trabalhou em algumas indústrias como operário, como na companhia de aço Midvale Steel Works, onde exerceu cargos de chefia e supervisor. Foi nessa companhia que Taylor, ao observar a atividade realizada pelos operários, teve suas primeiras ideias a respeito da otimização do trabalho.

Assim, Taylor passou a estudar estratégias que pudessem ser aplicadas no sistema produtivo, tanto na função dos operários quanto na função da gerência. Ele desenvolveu um modelo de administração no qual a empresa é considerada sob olhar científico.

O taylorismo foi desenvolvido em resposta à Revolução Industrial, um período de significativo desenvolvimento tecnológico que possibilitou a consolidação da indústria e do capitalismo a partir do século XVIII.

Características

  1. Racionalização do trabalho: O trabalho é dividido em tarefas menores e cada trabalhador se especializa em uma etapa específica do processo produtivo.
  2. Maximização da eficiência: O objetivo é economizar o máximo em termos de esforço produtivo.
  3. Controle da linha de produção: O taylorismo busca o controle da linha de produção, com cada etapa bem planejada.
  4. Substituição de métodos empíricos por científicos: Os métodos baseados na experiência (empíricos) são substituídos por metodologias cientificamente testadas.
  5. Investimento em treinamento: Há um investimento em preparação e treinamento do trabalhador, de acordo com as aptidões apresentadas.
  6. Redução de gastos obsoletos: O foco é no aumento da eficiência e na redução de gastos desnecessários.

2. Fordismo

O fordismo é um modelo de produção industrial que foi desenvolvido por Henry Ford, um empresário norte-americano, no início do século XX. Esse sistema visa aumentar a produtividade e reduzir os custos de produção, sendo sua principal aplicação na indústria automobilística, mas também em outras atividades industriais.

O modelo da linha de montagem da Ford Motors causou enorme impacto na indústria automobilística de todo o mundo industrializado, afetando diversos outros setores industriais, não apenas o automobilista.

Assim, o fordismo se tornou fundamental na racionalização do processo produtivo e na fabricação de baixo custo, gerando a acumulação de capital de grandes grupos econômicos industriais.

O modelo forneceu a base para o crescimento econômico americano e permitiu a criação das sociedades de consumo, com produtos industriais mais acessíveis a vastos setores da sociedade. Pela primeira vez, um carro podia ser comprado por alguém que não fosse rico.

O fordismo mudou a gestão da produção capitalista nos Estados Unidos e em todo o mundo, através da introdução da linha de montagem, com a padronização dos produtos e controle de qualidade.

História

O fordismo é um sistema de produção industrial que foi desenvolvido por Henry Ford, um empresário norte-americano, no início do século XX. A origem do fordismo remonta à Segunda Revolução Industrial, implementada a partir do final do século XIX nos países mais desenvolvidos do globo.

O avanço da industrialização resultou na necessidade da criação de técnicas de produção que abrangessem uma qualidade produtiva atrelada à rapidez do processo de produção fabril.

Henry Ford, notando essa questão, introduziu várias técnicas para proporcionar uma produção rápida e barata. Ele aperfeiçoou uma prática que já existia, desenvolvida por Frederick Taylor, e a adaptou para suas indústrias automobilísticas.

Com as adaptações, como a linha de montagem e a padronização dos produtos fabricados, a produtividade era alta, e o tempo de produção, muito baixo, o que resultou em um modelo de sucesso no início de sua implementação.

As ideias de Ford revolucionaram a forma como a indústria, de forma geral, produzia suas mercadorias. O fordismo foi fundamental para a racionalização do processo produtivo e na fabricação de baixo custo e na acumulação de capital.

Características

  1. Produção em Massa: O fordismo é baseado na produção em massa e na linha de montagem, o que permitiu a produção de produtos em grande escala a custos mais baixos.
  2. Especialização do Trabalho: Cada trabalhador se especializa em uma etapa específica do processo produtivo.
  3. Padronização: Todos os produtos são idênticos, o que permite economias de escala e redução de custos.
  4. Salários Altos: Ford acreditava que os trabalhadores deveriam ser capazes de comprar os produtos que eles produziam, então ele pagava salários relativamente altos, para a época.
  5. Linha de Montagem Automatizada: A criação da esteira rolante automatizada foi uma das principais inovações do modelo.
  6. Controle de Qualidade no Final do Processo Produtivo: A qualidade do produto é verificada no final do processo de produção.

3. Toyotismo

O toyotismo é um sistema de produção industrial que surgiu no Japão no final da década de 1970. Foi implementado pela primeira vez em uma das fábricas da montadora Toyota, de onde vem sua denominação. Seus idealizadores foram Eiji Toyoda e Taiichi Ohno.

Ele foi desenvolvido como uma alternativa ao modelo fordista, de modo a se adequar ao contexto econômico-produtivo do seu país de origem.

O conceito que forma a base do toyotismo é a eliminação do desperdício. Ou seja, a produção por necessidade, que produz determinado produto de acordo com a demanda do mercado. A partir dos anos 1970, o método se espalhou pelo mundo industrializado.

O toyotismo se baseia num sistema flexível de mecanização, sem grande quantidade de produtos armazenados, assim como o método Kanban, o conceito de qualidade total e o sistema que auxilia a diminuição dos desperdícios. Também é importante a realização de pesquisas de mercado para descobrir as necessidades e demandas dos consumidores.

O toyotismo é um modelo de produção industrial que visa o princípio da acumulação flexível, evitando principalmente os desperdícios ao longo do processo.

História

O toyotismo foi idealizado pelos engenheiros Taiichi Ohno (1912-1990), Shingeo Shingo (1909-1990) e Eiji Toyoda (1913-2013). Este modelo produtivo foi desenvolvido entre 1948 e 1975 nas fábricas da montadora japonesa de automóveis Toyota, da qual herdou o nome. O método foi elaborado para recuperar as indústrias japonesas no período pós-guerra.

Taiichi Ohno percebeu que o melhor era esperar receber encomendas para começar a produção de automóveis a fim de economizar em aluguéis de armazéns. Ao poupar espaço na estocagem de matérias-primas e mercadorias, as fábricas aumentavam a produtividade, uma vez que caiu o desperdício, o tempo de espera, a superprodução e os gargalos de transporte.

Apesar das condições geográficas do país, com espaços e mercados consumidores pequenos, a Toyota foi capaz de se tornar a maior montadora de veículos do mundo. Isto só foi possível graças ao avanço tecnológico nos meios de transporte e comunicação, os quais permitiram a rapidez e pontualidade do fluxo de mercadorias da produção flexibilizada do sistema toyotista.

A sincronia entre os sistemas de fornecimento de matérias-primas, de produção e de venda, foi o segredo do sucesso. O toyotismo introduziu mudanças que permitiram: produção adequada à demanda; redução dos estoques; diversificação dos produtos fabricados; automatização de etapas da produção; mão de obra muito mais qualificada 

A partir da década de 1970, quando as sucessivas crises do petróleo abalaram o capitalismo, o modelo toyotista se difundiu mundialmente.

Características

  1. Princípio da Acumulação Flexível: O toyotismo é baseado na demanda. A produção é flexível e varia de acordo com as necessidades do mercado.
  2. Mão de Obra Multifuncional: Os trabalhadores atuam em várias etapas da linha de produção e possuem mais autonomia.
  3. Sistema Just in Time: Inicia a produção apenas depois da negociação de venda estar efetuada.
  4. Uso Intensivo de Tecnologia: Usa-se tecnologia de forma intensiva, com a finalidade de otimizar a capacidade de produção.
  5. Rigoroso Controle de Qualidade: Há um rígido controle de qualidade, realizado durante todas as etapas da produção.

4. Volvismo

O volvismo é um modelo de produção industrial que surgiu na Suécia na década de 1960. Foi desenvolvido por um engenheiro da Volvo e implementado em três unidades da montadora entre 1970 e 1980.

Este modelo de produção se baseia na conciliação entre os processos automatizados e manuais, na organização dos funcionários em pequenos grupos, com autonomia para exercer funções de acordo com a competência de cada um.

O método se destaca pela maneira como o operário é inserido na produção e pela sua atividade no processo de montagem industrial, que se baseia no elevado nível de qualificação profissional e em uma aprendizagem e treinamento contínuos.

O grande destaque do volvismo em relação aos demais sistemas de produção se apoia no conceito de que o trabalhador é quem gera o ritmo de trabalho, não as máquinas. Ou seja, o indivíduo, ou o grupo de trabalho, é quem determina a forma pela qual se realiza a produção.

O volvismo valoriza a qualificação e treinamento dos trabalhadores, que deve ser capaz de atuar em qualquer uma das etapas produtivas da indústria.

História

O volvismo é um modelo de organização do trabalho que foi criado na fábrica da montadora de veículos Volvo, na cidade sueca de Kalmar. Este modelo de produção foi idealizado na década de 1960 pelo engenheiro indiano Emti Chavanmco.

Ele surgiu como uma resposta à necessidade de mudança na forma como os carros eram produzidos. Sua proposta era inovadora, pois tinha uma organização flexível e criativa.

O modelo da Volvo foi aplicado em caráter experimental em ao menos três unidades da montadora e trouxe frutos positivos durante um determinado período de tempo para a produção de uma maneira geral, aliando o trabalho dentro da fábrica com a organização dos trabalhadores fora dela.

No entanto, por apresentar especificações que exigem profissionais altamente qualificados e uma infraestrutura com ambientes diferenciados, exige-se um maior investimento financeiro.

Por conta do tempo e do custo para estabelecer e consolidar esse tipo de sistema, ele é visto com uma desvantagem. Dessa forma, diante da crise econômica e da recessão do mercado automobilístico, o volvismo passou a ser visto como um modelo de produção de insucesso.

Características

  1. Flexibilidade Funcional: O volvismo é caracterizado pela flexibilidade funcional na organização do trabalho.
  2. Autonomia do Trabalhador: Os trabalhadores são organizados em pequenos grupos, que possuem autonomia para delegar as funções, de acordo com a competência.
  3. Qualificação da Mão de Obra: Valoriza-se muito a qualificação da mão de obra e o treinamento profissional, uma vez que o trabalhador deve ser capaz de atuar em qualquer uma das etapas produtivas.
  4. Conciliação entre Processos Automatizados e Manuais: O volvismo caracteriza-se pela conciliação entre os processos automatizados e manuais, unindo tecnologias avançadas com outras mais tradicionais.
  5. Alternância de Funções: Há a alternância de funções periodicamente, o que permite que os trabalhadores sejam multifuncionais, isto é, possam atuar em qualquer setor industrial da fábrica.
  6. Trabalhador dita o ritmo das máquinas: No volvismo, o trabalhador é quem dita o ritmo das máquinas, e não o contrário.

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