O que é Toyotismo: características e origem

Toyotismo é um modelo de produção industrial que prioriza a qualidade, eficiência e mercado, com pouco desperdício. Saiba mais nesse artigo.

8 de novembro de 2021 - por Sidemar Castro


Você sabe o que é toyotismo? Se ligou o nome à marca Toyota, acertou. De fato, os dois nomes tem relação, já que esse sistema se difundiu depois de ser usado pela Toyota.

O toyotismo é um modelo de produção industrial. A sua ideia central é a de uma produção mais flexível. Isso significa que as empresas têm uma produção que varia de acordo com a oferta e demanda. Desse modo, o intuito é não formar estoques. Isso agiliza os processos e ainda ajuda a reduzir os desperdícios.

O que é toyotismo?

O toyotismo é um modelo de produção industrial que visa o princípio da acumulação flexível, evitando principalmente os desperdícios ao longo do processo. Foi inicialmente implantado nas fábricas de automóveis da Toyota Motors, por iniciativa dos seus idealizadores: Eiji Toyoda e Taiichi Ohno.

Criado após o término da Segunda Guerra Mundial, o toyotismo surgiu no Japão para se adaptar à realidade desse país, que possuía um mercado muito menor do que o americano e o europeu.

A filosofia do toyotismo é a “completa eliminação de todos os desperdícios”. O conceito se baseia na produção por necessidade, ou seja, produz determinado produto de acordo com a demanda do mercado. O toyotismo se popularizou e se espalhou por várias regiões do mundo a partir da década de 1970.

O modelo se baseia num sistema flexível de mecanização, ou seja, não há desperdícios ou muitos produtos armazenados em estoques e funcionários qualificados. O método Kanban, de utilização do controle visual para controlar todas as etapas de produção, assim como o conceito de qualidade total são outras de suas especificidades. “Just in Time”, “na hora certa”, numa tradução literal, é um sistema que auxilia a diminuição dos desperdícios, assim como a implantação de pesquisas de mercado.

Assim, dentre as inovações do toyotismo temos:

  • Menos desperdícios;
  • Sem estoques;
  • Produção de acordo com a demanda;
  • Alto nível de uso de tecnologia;
  • Mão de obra qualificada.

Como surgiu?

O toyotismo foi criado por Eiji Toyoda e Taiichi Ohno. Ele se difundiu no mundo a partir da década de 1970, depois de ser usado na fábrica da Toyota.

Ele também ganhou fama com o surgimento do neoliberalismo. Isso porque, esse sistema econômico passou a buscar novas formas de produção.

Assim, o toyotismo surgiu no Japão como uma alternativa ao fordismo de origem americana, do início do século XX.

A ideia começou quando Eiji Toyoda, fundador da Toyota Motors, viajou aos Estados Unidos para observar a rotina das fábricas americanas, que na época operavam principalmente no modelo fordista, criado por Henry Ford, também conhecido como produção em série numa linha de montagem. Toyoda percebeu que muitas máquinas produziam grandes lotes, o que resultava em desperdício de recursos.

Para evitar o mesmo problema em sua empresa, Ohno ampliou a ideia do mecanismo desenvolvido por Sakichi Toyoda para evitar falhas, elaborando toda uma cultura e também práticas de eliminação de tudo aquilo que não agregasse valor ao automóvel, além de fazer este com muita qualidade, mas entendendo o conceito de qualidade como uma produção com nenhum tipo de defeito.

O toyotismo só se consolidou como uma filosofia orgânica na década de 70. Desde então, o modelo se espalhou pelo mundo, sendo adotado por várias indústrias em diferentes países.

Quais são as características do toyotismo?

As principais características do toyotismo são:

1. Sistema flexível de mecanização

O sistema flexível de mecanização é uma característica fundamental. Este sistema permite que a produção seja ajustada de acordo com a demanda do mercado, evitando a necessidade de manter grandes estoques de produtos acabados.

Isso é possível graças ao uso intensivo de tecnologia e à adoção do sistema “Just in Time”, que produz conforme a demanda.

Além disso, a produção é realizada por mão de obra altamente qualificada e multifuncional, o que aumenta a eficiência e a flexibilidade da produção. A ideia é fabricar e estocar apenas o necessário, economizando em aluguéis de armazéns e evitando o desperdício.

Ao poupar espaço na estocagem de matérias-primas e mercadorias, as fábricas aumentam a produtividade. |O que evita desperdícios e não mantém muitos produtos armazenados em estoques.

2. Funcionários qualificados e multifuncionais

No toyotismo, os funcionários são treinados para serem multifuncionais, o que significa que eles são capazes de realizar várias tarefas diferentes. Isso é feito através de um programa de treinamento intensivo que abrange todas as etapas do processo de produção.

Os trabalhadores são incentivados a entender todo o processo de produção, não apenas a tarefa específica que lhes foi atribuída. Tal método permite que eles sejam mais flexíveis e possam se adaptar às mudanças nas condições de produção.

Além disso, o toyotismo valoriza o trabalho em equipe e a participação dos trabalhadores em todo o processo produtivo. Desse modo, isso permite que os trabalhadores identifiquem e solucionem problemas, contribuindo para a melhoria contínua do processo.

Com estes método e práticas, o treinamento no toyotismo não se limita apenas a ensinar habilidades específicas, mas também a promover uma compreensão mais profunda do processo de produção como um todo e a fomentar uma cultura de melhoria contínua.

3. Controle visual (método Kanban)

O método Kanban é um sistema visual de gestão de trabalho que busca conduzir cada tarefa por um fluxo predefinido de trabalho. Ele foi desenvolvido pela Toyota na década de 1950 para gerenciar o abastecimento e fluxo dos materiais em estoque para as linhas de produção, sem desperdícios ou atrasos.

A palavra japonesa “Kanban” significa “sinalização” ou “cartão” e é usada para fazer referência a um sistema de sinalização que utiliza cartões. Esses cartões, muitas vezes coloridos, são usados para representar diferentes tarefas ou estágios do processo de produção.

O Kanban é um método “evolutivo” e “evolucionário”, o que significa que o próprio método deve evoluir continuamente para melhorar a entrega de valor enquanto promove uma evolução do serviço prestado pela equipe que o utiliza. Assim, o método Kanban é de fácil implementação, mas com foco em melhoria contínua.

4. Qualidade Total

No toyotismo, o método de Qualidade Total é uma abordagem que visa a excelência em todos os aspectos do processo de produção. O objetivo é eliminar completamente os defeitos e desperdícios, melhorando continuamente a eficiência e a eficácia da produção.

A Qualidade Total se baseia em princípios fundamentais, como a total satisfação dos clientes, a gerência participativa, o desenvolvimento dos recursos humanos, a constância de propósitos, a melhoria contínua, a gerência de processos, a delegação, a comunicação e disseminação da informação.

O foco principal da empresa é desenvolver a satisfação total dos seus clientes. A gerência participativa e a constância de propósitos são essenciais para garantir que todos na organização estejam alinhados com os objetivos da Qualidade Total.

A melhoria contínua é um aspecto central da Qualidade Total no toyotismo. Significa que a empresa está sempre buscando maneiras de melhorar seus processos e produtos.

Além disso, a Qualidade Total envolve o desenvolvimento de recursos humanos, o que significa que os funcionários são treinados e incentivados a melhorar suas habilidades e conhecimentos.

A gerência de processos e a delegação são usadas para garantir que todos os aspectos do processo de produção sejam gerenciados de forma eficaz.

Por fim, a comunicação e a disseminação da informação são vitais para garantir que todos na organização estejam cientes dos padrões de qualidade e das metas da empresa.

5. Just in Time

O sistema “Just in Time” (JIT), que significa “na hora certa”, é uma das principais características do toyotismo. Este sistema visa aumentar a eficácia da produção através do atendimento à demanda dos consumidores, evitando a formação de grandes estoques de matérias-primas e produtos acabados.

No JIT, os produtos são fabricados apenas quando há demanda, o que evita a necessidade de manter grandes estoques de produtos acabados. Isso permite reduzir o estoque de matérias-primas e produtos acabados, diminuindo os custos e os desperdícios.

Além disso, o JIT permite uma produção mais personalizada e atende, particularmente, as demandas de um cliente. Antes de fazer qualquer produto, são feitas pesquisas de mercado e é preciso ter a demanda declarada. Portanto, o JIT é um sistema de produção que se baseia na demanda do mercado, produzindo bens apenas quando necessário.

6. Pesquisas de mercado

No toyotismo, as pesquisas de mercado são realizadas para entender a demanda dos consumidores e adaptar a produção de acordo com essa demanda. Antes de iniciar a produção de qualquer produto, são feitas pesquisas de mercado para identificar a demanda existente. Isso é fundamental para o princípio do “Just in Time”, que visa produzir apenas o necessário, no tempo necessário e na quantidade necessária.

As pesquisas de mercado também ajudam a empresa a entender as preferências e necessidades dos consumidores, permitindo que ela adapte seus produtos para atender a essas necessidades. Desse modo, isso pode incluir a modificação de produtos existentes, o desenvolvimento de novos produtos ou a alteração dos métodos de produção.

Portanto, as pesquisas de mercado no Toyotismo são uma ferramenta essencial para garantir que a produção esteja alinhada com a demanda do mercado, melhorando a eficiência da produção e a satisfação do cliente.

Essas características permitem que a produção seja mais eficiente e flexível, reduzindo o desperdício e melhorando a qualidade dos produtos.

Quais são as vantagens do toyotismo?

O toyotismo traz várias vantagens para as empresas. A primeira delas é a flexibilidade na produção. Isso significa que as empresas podem ajustar sua produção de acordo com a demanda do mercado, evitando o desperdício de recursos e a produção excessiva.

Além disso, o toyotismo promove a qualificação da mão de obra. Os funcionários são treinados para serem multifuncionais, ou seja, são capazes de atuar em várias etapas diferentes do processo de produção. Isso aumenta a eficiência da produção e permite que a empresa se adapte rapidamente às mudanças nas condições do mercado.

Outra vantagem do toyotismo é a produção adequada à demanda. Isso significa que os produtos são produzidos no tempo necessário e com a quantidade necessária para atender o mercado. A prática evita o desperdício de recursos e garante que os produtos sejam sempre novos e atualizados.

Por fim, o toyotismo enfatiza a qualidade total. Todas as etapas do processo de produção devem passar por um rigoroso sistema de controle de qualidade. Isso garante que os produtos sejam de alta qualidade e atendam às expectativas dos clientes.

E as desvantagens?

As desvantagens do toyotismo estão principalmente relacionadas à mão de obra e à produção. A redução dos postos de trabalho no interior das fábricas leva a um aumento do desemprego e ao crescimento do trabalho informal.

Além disso, o uso de novas tecnologias na produção pode gerar desemprego estrutural. O toyotismo também pode levar a uma maior terceirização do trabalho e da produção.

Como a produção é baseada na demanda, há uma necessidade constante de matérias-primas e insumos. E como a produção é feita de acordo com a demanda, nem sempre há produtos estocados. Isso pode resultar em atrasos na entrega dos produtos aos consumidores.

Outra questão, é que a constante necessidade de atualização e treinamento dos funcionários pode ser cara e demorada. Por fim, a implementação do toyotismo pode ser um processo complexo e demorado, que requer uma mudança significativa na cultura e nas práticas da empresa.

Quais são as principais inovações desse modelo de produção?

O toyotismo introduziu várias inovações significativas no modelo de produção industrial. Uma das principais inovações foi a produção adequada à demanda, também conhecida como sistema “Just in Time”. Isso significa que os produtos são fabricados apenas quando há demanda, evitando a necessidade de manter grandes estoques de produtos acabados.

Outra inovação importante foi a diversificação dos produtos fabricados. Em vez de produzir grandes quantidades de um único produto, como era comum no fordismo, o toyotismo permite a produção de uma variedade de produtos diferentes, deixando que as empresas se adaptem rapidamente às mudanças nas preferências dos consumidores.

A automatização de etapas da produção também foi uma inovação significativa do toyotismo. Isso não só aumentou a eficiência da produção, mas também reduziu os custos de mão de obra.

Além disso, o modelo de produção enfatiza a importância de ter uma mão de obra qualificada e multifuncional. Os trabalhadores são treinados para realizar várias tarefas diferentes, o que aumenta a flexibilidade e a eficiência da produção.

Por fim, o toyotismo introduziu o conceito de “Kaizen”, que significa aprimorar as operações de negócios de forma ininterrupta, e “GenchiGenbutsu” (Vá e veja), que consiste na análise das fontes dos processos produtivos e dos problemas de produção.

Diferenças entre o fordismo e o toyotismo

O fordismo e o toyotismo são dois modelos de produção industrial que foram desenvolvidos para otimizar a produtividade das indústrias, mas eles têm diferenças significativas em termos de processo de produção, ritmo de trabalho, papel do funcionário, objetivos, entre outros.

O fordismo, criado por Henry Ford nos EUA, tem como foco a produção em massa, por meio do uso e auxílio das máquinas. Dentro dele a lei é cultivar estoques, de modo a ter todo o produto a pronta entrega.

A produção em larga escala também visa diminuir os custos para o produtor. No entanto, isso implica diretamente na qualidade do produto, que é reduzida conforme a escolha da matéria-prima mais barata. Sendo assim, torna-se evidente que o foco proposto pelo método é a quantidade e não a qualidade.

Por outro lado, o toyotismo, trabalha de maneira diferente. A produção só começa a partir da demanda do cliente, o que evita os estoques e o desperdício de dinheiro. Além disso, ao contrário do fordismo, que foca em um processo por colaborador, no toyotismo visa-se o conhecimento geral de todos os procedimentos.

Ou seja, enquanto no fordismo o trabalhador conhece apenas uma função, no toyotismo ele tem que saber de todo o processo do produto. Desse modo, os funcionários possuem funções menos específicas, trabalhando naquilo que tiver maior demanda no momento.

O lema “Just In Time” se aplica à produção daquilo que é necessário, “apenas no tempo certo”, visando a qualidade do produto acima de tudo, bem como a maior satisfação dos clientes.

Sintetizando, enquanto o fordismo se concentra na produção em massa e na eficiência das máquinas, o toyotismo se concentra na flexibilidade, na eficiência dos trabalhadores e na satisfação do cliente.

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Fontes: Brasil Escola, Toda Matéria, Significados, Novida, Mundo Educação, Suno, Quero Bolsa, Stoodi

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