Poison Pill: o que é e como funciona esse tipo de proteção?

Poison pill é uma estratégia usada por empresas para dificultar ou impedir aquisições hostis, limitando a compra de ações. Veja como funciona.

30 de setembro de 2025 - por Sidemar Castro


As poison pills, ou pílulas de veneno, são mecanismos criados por empresas para evitar que alguém tente assumir o controle sem negociação. Elas funcionam por meio de regras no estatuto que limitam a quantidade de ações que um investidor pode comprar.

Se esse limite for ultrapassado, medidas são acionadas para proteger os demais acionistas e impedir uma aquisição forçada. Leia como isso acontece e como funciona esse tipo de proteção.

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O que é poison pill?

Você tem um grupo de amigos que decidiu abrir um negócio junto. De repente, alguém começa a comprar muitas das cotas desse negócio com a intenção de mandar em tudo, sem dar voz aos outros. Para evitar isso, existe o que chamamos de poison pill, um nome meio dramático que significa “pílula de veneno”, usado para descrever uma estratégia defensiva no mundo corporativo.

Se uma pessoa ou investidor ultrapassa determinado limite de participação, o estatuto da empresa entra em ação e acaba obrigando esse investidor a comprar todas as ações da companhia, normalmente oferecendo um valor adicional aos outros sócios, o famoso “prêmio”. Isso acaba tornando a aquisição muito mais onerosa e menos atraente.

Esse mecanismo nasceu nos Estados Unidos lá nos anos 1980 como resposta às temidas aquisições hostis. Aqui no Brasil, adotamos uma versão parecida, com cláusulas no estatuto que, ao atingir um certo percentual (geralmente entre 10% e 35%), exigem a oferta pública de aquisição (OPA) das ações restantes, muitas vezes com condições mais rígidas.

Como funcionam a poison pill?

Funciona assim: imagine que uma empresa está indo bem e, de repente, aparece um investidor comprando ações em ritmo acelerado, querendo assumir o controle sem aviso prévio. Para evitar esse tipo de surpresa, muitas companhias criam uma cláusula chamada poison pill.

Ela funciona como um gatilho: se alguém ultrapassa um certo número de ações, é obrigado a oferecer a compra de todas as outras, pagando caro por isso. É como dizer “se quiser controlar, vai ter que pagar por cada pedacinho da empresa, e não vai sair barato”.

Exemplos de poison pill

Um dos casos mais famosos de poison pill aconteceu quando Elon Musk tentou comprar o Twitter. Na época, a empresa adotou uma cláusula que limitava a participação de qualquer acionista a 15%.

Se esse limite fosse ultrapassado, o investidor teria que revender parte das ações com desconto para os demais acionistas, tornando a aquisição muito mais cara e complicada.

Outro exemplo ocorreu no Brasil com a GetNinjas. A Reag Investimentos comprou ações até atingir 32% da empresa, o que ativou a poison pill prevista no estatuto. Com isso, a Reag foi obrigada a fazer uma oferta pública para adquirir todas as ações restantes e fechar o capital da companhia.

Quais são as vantagens e desvantagens das poison pills?

A poison pill tem seu lado bom e seu lado complicado. Ela serve para impedir que alguém chegue comprando ações e, de repente, assuma o controle da empresa sem conversar com ninguém. Isso é ótimo para proteger os pequenos investidores e manter o equilíbrio interno.

Mas nem tudo são flores. Às vezes, essa proteção vira um obstáculo: imagine uma empresa passando por dificuldades e aparecendo um investidor disposto a ajudar, mas esbarrando numa cláusula que exige pagar muito mais do que o valor real das ações.

Nesses casos, a poison pill pode acabar afastando boas oportunidades e mantendo gestores no poder por tempo demais, mesmo quando mudanças seriam bem-vindas.

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Poison Pills no Brasil

No Brasil, o mercado de capitais tem seguido uma tendência internacional: cada vez menos empresas contam com um único controlador e mais acionistas dividem o capital.

Esse cenário aumenta a chance de disputas por influência, muitas vezes por meio das chamadas ofertas hostis de controle, quando investidores compram ações no mercado para tentar assumir a liderança da empresa.

Para evitar situações desse tipo, foi criado o mecanismo de poison pill. Ele prevê que, ao ultrapassar um percentual definido no estatuto da companhia, geralmente entre 10% e 35%, o investidor precisa lançar uma oferta pública para os demais acionistas, pagando um prêmio em relação ao preço das ações.

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Fontes: Investalk, G1, Empiricus, Alianzo e Suno.

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