Volvismo: o que é, como foi criado e quais são as vantagens?

O volvismo é um modelo de produção industrial que valoriza a participação e qualificação do trabalhador. Saiba quais suas características.

16 de janeiro de 2024 - por Nathalia Lourenço


O volvismo é um modelo de produção industrial pós-fordista que surgiu na década de 1960. Este modelo se destaca pela participação ativa dos trabalhadores em diversos processos industriais, além de valorizar a qualificação e o bem-estar dos funcionários.

Entre suas principais características estão a flexibilidade na produção, o controle de qualidade rigoroso, o manejo colaborativo, e a oferta de treinamentos e atualizações constantes para os funcionários.

Quer descobrir mais sobre o volvismo e suas características? Continue lendo esta matéria para aprender tudo sobre o assunto!

O que é volvismo?

O volvismo é um modelo de produção que surgiu na Suécia na década de 1960, criado por um engenheiro da Volvo e colocado em prática em três fábricas da montadora entre 1970 e 1980. Esse modelo mistura processos automatizados com o trabalho manual, organizando os funcionários em pequenos grupos que têm a liberdade de definir suas tarefas conforme suas habilidades.

Cada grupo pode montar um carro completo em poucas horas e alterna as funções periodicamente. O volvismo dá muito valor à qualificação e ao treinamento dos trabalhadores, porque eles precisam ser capazes de fazer qualquer etapa da produção.

Além disso, o modelo é conhecido por incluir os trabalhadores em todo o processo de montagem, com foco na alta qualificação e no aprendizado contínuo. A grande inovação do volvismo é que os trabalhadores não seguem o ritmo das máquinas; na verdade, são eles que decidem como o trabalho vai ser feito.

Como surgiu?

O modelo de produção surgiu na Suécia, na década de 1960, como um modelo inovador de produção industrial. Foi desenvolvido por um engenheiro indiano chamado Emti Chavanmco na fábrica da montadora de veículos Volvo, localizada na cidade sueca de Kalmar.

A proposta de Chavanmco era revolucionar o sistema econômico com uma organização de trabalho flexível e criativa. O modelo foi implementado em três unidades da Volvo entre 1970 e 1980.

O volvismo se desenvolveu em um contexto econômico e político muito particular, marcado pela valorização da qualificação e pelo respeito aos direitos dos trabalhadores. Ele representou uma inovação ao promover a participação ativa de um mesmo trabalhador em vários processos industriais.

Quais são as características?

As principais características do volvismo são:

Flexibilidade funcional na organização do trabalho

A flexibilidade no trabalho é organizada de várias formas. Os trabalhadores são divididos em pequenos grupos que têm liberdade para definir suas tarefas, com base nas habilidades de cada um. Cada grupo consegue montar um carro completo em poucas horas.

Além disso, há uma alternância de funções regularmente, o que ajuda os trabalhadores a se tornarem versáteis e capazes de assumir diferentes papéis na produção. E, ao contrário de outros sistemas, os trabalhadores não seguem o ritmo das máquinas; são eles, ou o grupo, que decide como o trabalho vai ser feito.

O modelo também dá muita importância à qualificação e ao treinamento dos funcionários, pois cada um precisa saber fazer qualquer parte do processo produtivo. Essas características fazem do volvismo um modelo de produção bem flexível e inovador.

Autonomia do trabalhador

O trabalhador participa, por meio dos sindicatos, de decisões no processo de montagem da planta da fábrica. Isso leva o trabalhador a se sentir plenamente engajado na empresa. A formação do trabalhador, assim como a sua constante atualização por meio de treinamentos, é muito valorizada no volvismo.

Dessa maneira, a autonomia do trabalhador é um aspecto central no volvismo, contribuindo para uma produção mais criativa e flexível.

Qualificação da mão de obra

No volvismo, a qualificação da mão de obra é um extremamente importante. O modelo se baseia na qualificação da mão de obra e na autonomia do trabalhador.

A cultura organizacional presente no método de Chavanmco valoriza a realização de experimentos na produção por parte do trabalhador. Isso é o oposto do que ocorre no modelo Taylorista*, o qual considera o funcionário como parte da máquina.

*Sistema de organização do trabalho concebido pelo engenheiro norte-americano Frederick Winslow Taylor 1856-1915, com o qual se pretende alcançar o máximo de produção e rendimento com o mínimo de tempo e de esforço.

Assim, a promoção de treinamento dos operários é uma necessidade dentro dessa lógica de produção. A formação do trabalhador, assim como a sua constante atualização por meio de treinamentos, é muito valorizada no volvismo.

Ritmo de trabalho determinado pelo trabalhador

Isso significa que ele ou sua equipe de trabalho é quem decide como e quando realizar suas tarefas.

Essa abordagem contrasta com outros modelos de produção, como o taylorismo, onde o ritmo de trabalho é ditado pela máquina. Como os trabalhadores são organizados em grupos, possuem autonomia para solucionar os problemas que surgem no processo de produção.

Além de tudo, os trabalhadores são incentivados a se aperfeiçoar em seu trabalho, o que contribui para um ritmo de trabalho mais eficiente e produtivo. Portanto, o ritmo de trabalho no volvismo é flexível e centrado no trabalhador.

Participação do trabalhador nas decisões

No volvismo, a autonomia dos trabalhadores é garantida através de pequenos grupos que têm liberdade para definir as tarefas conforme as habilidades de cada um.

Além disso, os funcionários são incentivados a se aperfeiçoar, o que ajuda a tornar o trabalho mais eficiente e produtivo.

A cultura organizacional do volvismo valoriza a experimentação na produção, permitindo que os trabalhadores testem novas abordagens. Isso é bem diferente do modelo Taylorista, e contribui para uma produção mais criativa e flexível.

Quais são as vantagens desse modelo de produção?

As principais vantagens do volvismo são:

Autonomia do trabalhador

O volvismo proporciona independência tanto ao trabalhador individual quanto aos grupos de trabalho, assegurando uma produção mais inovadora e adaptável.

Valorização do trabalhador

A principal vantagem do volvismo está na valorização do trabalhador, que, por meio de sua participação ativa, ganha maior autonomia na execução de suas tarefas

Bem-estar dos profissionais

O modelo do volvismo é fundamentado em uma lógica de produção que prioriza o bem-estar dos profissionais, promovendo a qualificação e a constante atualização por meio de treinamentos.

Produção flexível

O volvismo incorpora características como a flexibilidade na produção, o controle de qualidade durante todo o processo produtivo, e a integração de tecnologias avançadas.

Superar lógicas industriais tradicionais

O modelo superou as abordagens tradicionais de produção, como o taylorismo e o fordismo, que subestimavam o trabalhador e sua participação no ambiente fabril.

E as desvantagens?

As principais desvantagens do volvismo são:

Custo de implementação

O volvismo demanda um investimento financeiro elevado para sua implementação e operação, devido à necessidade de profissionais altamente qualificados e uma infraestrutura com ambientes especializados.

Contexto socioeconômico específico

O modelo surgiu em um contexto econômico e político bastante específico, alicerçado no estado de bem-estar social dos países nórdicos, que valorizam a qualidade de vida da população. Por isso, sua aplicação em outras sociedades pode ser bastante desafiadora.

Tempo de estabelecimento e consolidação

Devido ao tempo e ao custo necessários para estabelecer e consolidar esse tipo de sistema, o volvismo pode ser considerado uma desvantagem.

Quais são as diferenças entre volvismo, fordismo e toyotismo?

Fordismo

Fordismo é um modelo de produção desenvolvido por Henry Ford no início do século 20. Este sistema foca na produção em massa, utilizando linhas de montagem onde os trabalhadores realizam tarefas repetitivas e altamente especializadas. A ideia é reduzir custos e oferecer produtos a preços baixos, aproveitando a eficiência e a economia de escala.

Nesse modelo, o trabalho é bastante repetitivo e os funcionários têm pouca variação nas suas funções. A gestão é centralizada e controla todos os aspectos do processo produtivo, o que garante uma produção uniforme e controlada.

Toyotismo

O toyotismo surgiu na Toyota no Japão nos anos 70 e trouxe uma abordagem diferente para a produção. Esse modelo é conhecido pelo sistema Just-in-Time (JIT), que se baseia na produção sob demanda, minimizando estoques e desperdícios. O toyotismo incentiva a melhoria contínua, conhecida como Kaizen, permitindo que os trabalhadores busquem constantemente formas de melhorar o processo produtivo.

A produção é mais flexível, podendo ser ajustada rapidamente para atender a diferentes necessidades. Além disso, o trabalho é organizado em equipes autônomas, com maior responsabilidade e participação dos funcionários nas decisões, e a gestão é mais descentralizada.

Volvismo

O volvismo, como vimos, é caracterizado pela autonomia dos trabalhadores e pela organização em pequenos grupos. Esses grupos têm a liberdade de definir e delegar tarefas de acordo com as competências de seus membros. No volvismo, os funcionários alternam entre diferentes funções, o que aumenta a flexibilidade e a versatilidade dos trabalhadores.

Há uma forte ênfase na qualificação e no treinamento contínuo, permitindo que os trabalhadores desempenhem diversas funções. Além disso, os funcionários participam das decisões sobre a organização da fábrica, o que os engaja mais com o trabalho e com a empresa.

Fontes: Mundo Educação, Brasil Escola, Toda Matéria, Puc Consultoria, Info Escola

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