Por que as escolas não ensinam educação financeira?

As escolas brasileiras não ensinam educação financeira e não formam cidadãos que sabem lidar com o dinheiro e evitar dívidas. Por quê?

19 de fevereiro de 2024 - por Raul Sena (Investidor Sardinha)


Saber lidar com o dinheiro pode ser a diferença entre uma vida feliz e uma vida cheia de preocupações e ansiedades. Pensando nisso, é estranho imaginar que, até hoje, as escolas brasileiras não ensinam educação financeira. Mas, qual o real motivo por trás disso?

Neste artigo, vou te apresentar 3 motivos que fazem do Brasil um país ainda muito atrasado quando o assunto é a relação entre a escola e as finanças.

O fiasco da educação no Brasil

É fato que, comparada a de países desenvolvidos, a educação brasileira ainda é uma criança, que não passou do ensino básico.

Ou seja, enquanto lá fora já ensinam sobre finanças, empreendedorismo e tecnologia, o Brasil patina numa educação pública precária e engessada. Consequentemente, o país segue a produzir uma legião de analfabetos funcionais.

Atualmente, segundo estudo do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), 29% dos brasileiros estão nessa situação. Assim, precisamos dar um passo atrás e admitir que o buraco é muito mais embaixo.

Embora tenhamos uma grade curricular bem abrangente, não resta dúvida de que precisamos melhorar, essencialmente, a qualidade da educação.

Além disso, é importante acrescentar disciplinas que realmente preparem o aluno para a vida prática, como é o caso da educação financeira.

Por que as escolas não ensinam educação financeira?

A grande verdade é que a gente aprende matérias importantes na escola, mas também muita coisa pouco aproveitada no nosso dia a dia. Já o dinheiro, querendo ou não, é essencial nas nossas vidas porque, sem ele, a gente simplesmente não consegue se manter.

Ou seja, o dinheiro é a maior ferramenta de liberdade. Assim, a educação financeira deveria ser disciplina obrigatória em qualquer grade curricular. Mas, por que isso não é uma realidade?

Na minha humilde opinião – especialista que não sou – 3 motivos ajudam a “atrapalhar”.

1. Falta de identificação com o tema

Um dos motivos pelos quais as escolas não ensinam educação financeira é a pura falta de identificação com o tema. Acontece que nosso pais, professores, políticos e demais autoridades não tiveram, em sua esmagadora maioria, uma aulinha sequer sobre finanças.

Logo, é difícil que essas pessoas, que não aprenderam nada sobre controle financeiro, nos ensinarem alguma coisa a respeito. Da mesma forma, é improvável que elas tenham o ímpeto de mudar todo um sistema de ensino para incluir o dinheiro na grade curricular.

Assim, a gente acaba entrando num círculo vicioso. E a ignorância sobre o dinheiro e os investimentos continua a prevalecer.

2. Risco ao “status quo”

Longe de qualquer hipótese de teoria da conspiração, precisamos admitir que alguns setores da sociedade simplesmente não querem uma população mais educada. Duvida?

Então se pergunte. Por que diabos grandes varejistas teriam o interesse de educar o cidadão sobre parcelamento e juros?

Por que os bancos perfeririam famílias conscientes e controladas em relação aos gastos com o cartão de crédito?

E por que os políticos, em geral, fariam algum esforço para ter um eleitorado mais inteligente, crítico e autossuficiente?

Sim, para uma parte relevante dos formadores de opinião, é bem mais interessante manter uma população “sob controle”. E a falta de educação financeira, em última análise, é uma parte menor, mas também importante, desse todo.

3. Demora para implementar mudanças

Um outro fator que explica por que as escolas não ensinam educação financeira é o ritmo moroso com que as coisas acontecem no Brasil.

Hoje, já existem diversos projetos, tanto de iniciativa do Executivo quanto do Legislativo, com a ideia de ensinar sobre dinheiro nas escolas. Apesar disso, pouca coisa saiu do papel.

Acontece que, no Brasil, esse tipo de mudança estrutural precisa de muita força política para virar realidade. Até porque, antes de tudo, é preciso investir pesado na formação dos professores.

Logo, estamos falando de toda uma cadeia de eventos que precisa ser reformada na educação. E isso acaba sendo pesado demais para um Estado lento e burocrático como o nosso.

Educação financeira nas escolas: um sonho distante

Infelizmente, ainda é um sonho distante a educação financeira nas escolas públicas brasileiras.

Exemplos como o dos Estados Unidos, onde mais da metade da população tem o hábito de investir, mostram que ensinar sobre o dinheiro, desde cedo, pode mudar tudo.

Mas, antes de chegar lá, ainda temos um longo caminho a percorrer.

No vídeo acima (do canal Investidor Sardinha) eu conto toda essa história em detalhes e mostro que, pra gente, falar sobre dinheiro na escola ainda é um grande tabu.

E se este conteúdo te ajudou a entender por que, até hoje, não tem educação financeira na escola, comente no vídeo do canal e faça parte da nossa comunidade no Instagram (@oraulsena).

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