9 de dezembro de 2025 - por Raul Sena (Investidor Sardinha)
Quando olhamos para os dados econômicos globais, uma coisa chama atenção: praticamente todos os países do mundo são endividados. Brasil, Estados Unidos, Japão, Índia, China, não importa qual você consulte, todos têm uma dívida pública gigantesca. Mas isso nos leva a uma pergunta natural: Se todos devem, quem é o credor?
Para entender essa lógica, precisamos voltar no tempo e acompanhar a evolução da dívida pública, desde o surgimento dos primeiros Estados modernos até o sistema financeiro que existe hoje.
Veja também: O que são os títulos da dívida pública? Saiba como investir
O início de tudo
Nos primórdios, era tudo bastante confuso. Os reis tratavam o dinheiro do reino, como se fosse da conta pessoal deles. Eles pegavam empréstimos, financiavam obras e guerras com esse dinheiro.
Com o tempo, surge uma separação importante. As finanças do governante deixam de ser as finanças do Estado e o dinheiro passa a pertencer à instituição estatal, e não ao rei.
Durante a era mercantilista, a dívida vira combustível para guerras, expansão colonial e para a construção dos primeiros mercados financeiros em Londres e Amsterdã.
E foi a partir desse pontos que os países perceberam que financiar investimentos com dívida é mais rápido do que esperar a arrecadação futura. E com isso, esse modelo se espalhou rapidamente.
Explosão da dívida pública
Do século XVI ao XIX, a dívida pública dispara. Um dos casos mais emblemáticos é o do Reino Unido, cuja dívida salta de 5% para mais de 200% do PIB entre 1700 e 1820.
O esperado seria uma quebra, mas aconteceu o contrário, a Inglaterra liderou a Revolução Industrial e cresceu como nunca.
Esse período muda a forma como economistas veem a dívida pública. O endividamento alto não necessariamente impede o crescimento, desde que existam instituições fortes e mercados financeiros eficientes.
Guerras Mundiais, acordo de Bretton Woods e o FMI
As duas guerras mundiais elevaram as dívidas dos países a níveis inéditos. Após a Segunda Guerra, EUA e Reino Unido atingiram seus maiores picos históricos.
Para reorganizar a economia global, nasce o Acordo de Bretton Woods, que:
- Define o dólar como moeda de referência mundial;
- Cria o FMI e o Banco Mundial;
- Estabelece câmbio fixo com âncora no dólar.
Aqui surge uma grande armadilha para países emergentes: a dívida em dólar. Enquanto a dívida na própria moeda pode ser paga com emissão, a dívida em dólar é muito mais arriscada e cobrará seu preço na década seguinte.
Com o fim do padrão ouro e os choques do petróleo, diversos países emergentes tomam empréstimos maciços. O resultado? Uma crise global da dívida. Sem conseguir pagar, esses países recorrem ao FMI que responde com austeridade fiscal, reformas estruturais e renegociações duríssimas.
É aqui que surge a crítica mais famosa a esse modelo. Os países ricos usaram a dívida para se desenvolver, mas depois criaram mecanismos para impedir que países pobres façam o mesmo.
Credores da dívida pública
Mas afinal, quem financiava tudo isso? Quem eram os credores? Os bancos internacionais, foram os principais financiadores, a OPEP e os Fundos Soberanos. No entanto, isso muda a partir dos anos 2000.
Nos anos 2000, a China entra na OMC e se torna a fábrica mundial. O superávit é tão grande que o país passa a comprar trilhões em títulos americanos. Hoje, o Japão é o maior credor líquido do mundo e a China é a segunda maior detentora da dívida americana.
Fundos soberanos como os da Noruega, Arábia Saudita e Catar também entram pesado nessa arena.
A partir de 2008, o jogo muda completamente. Além de países e fundos soberanos, entram com força:
- fundos privados globais (BlackRock, Vanguard),
- fundos de pensão,
- seguradoras,
- bancos centrais.
E aqui surge um fenômeno curioso: os bancos centrais compram parte da própria dívida do país. Ou seja, o governo emite dívida, o banco central cria dinheiro e compra essa dívida e assim sucessivamente.
No fim das contas, o dinheiro que os bancos, fundos e governos usam para comprar títulos vem de onde? De nós, do nosso dinheiro guardado na previdência, na poupança, em fundos e nos bancos.
Em resumo somos nós, cidadãos comuns, que financiamos parte da dívida dos países (inclusive do nosso).
Quer entender melhor toda essa lógica? Então, assista ao vídeo em que explico melhor sobre.
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