18 de agosto de 2021 - por Pedro Martoly
A economia mundial pode ser seriamente abalada após a tomada de poder no Afeganistão pelo Talibã. No momento, especialistas disseram que as ligações globais do País Afegão com os mercados não são grandes. No entanto, se o Afeganistão voltar a ser alvo de ataques terroristas, as chances do mercado ser volátil são grandes.
Com isso, a pressão em cima dos Estados Unidos é grande. Ainda segundo a avaliação de especialistas, a Casa Branca apresentou falhas nas decisões tomadas após a retomada do Talibã. Portanto, os chineses podem garantir a posição dos Estados Unidos de superpotência global.
Essa é a questão famosa do mercado global atualmente. Mas, além disso, essa tensão no Oriente Médio também pode forçar o petróleo e os títulos da Rússia.
Efeitos no Mercado
O Afeganistão é conhecido por possuir minerais indispensáveis para o desenvolvimento de energia limpa. Como, por exemplo, o lítio. Contudo, o investimento foi pequeno já que o conflito dura cerca de 20 anos. A infraestrutura para a mineração desses materiais é precária devido a insuficiente atenção internacional que o País recebe por conta da instabilidade política.
É esperado que os impactos sejam limitados. Porém, como ponta inicial é possível uma crise e o perigo de uma inflação no valor do petróleo. Sem contar a possibilidade de conflitos na região.
O ouro deve ter uma grande demanda dos investidores que não gostam de correr grandes riscos. O motivo é que esse minério tem a tendência de enriquecer em momentos instáveis como este.
Mudanças Geopolíticas
O risco de danos políticos podem ser inúmeros. Como, por exemplo, o Afeganistão pode ser facilmente um palco de ideias para o terrorismo. Foi o caso dos ataques de 11 de setembro.
Além disso, para sair e entrar no país é um desafio. A previsão é que o aeroporto de Cabul, principal do Afeganistão, terá uma grande movimentação nos próximos meses. Sendo assim, afetará também a China, Paquistão, Irã e Turquia.
Com a tomada do poder no Afeganistão pelo Talibã ficou claro que a liderança diplomática global dos Estados Unidos enfraqueceu. Não é possível dizer, com certeza, qual será o resultado final para o País. Contudo, é um bônus para que a China ocupe o lugar dos Estados Unidos.
De acordo com a Porta voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying, as decisões do povo afegão serão respeitadas e tem esperanças de uma transição de poder pacífica. Ou seja, o país chinês irá reconhecer um governo Talibã.
As informações foram divulgadas nesta segunda-feira (16). A China tem interesse em proteger os investimentos nos minerais do Afeganistão. E por conta disso tentará possuir relações diplomáticas com o Talibã. A Rússia também seguirá a mesma linha.
Talibãs
Os Talibãs são um grupo armado conhecidos também como “estudantes”, que traduzindo para a língua afegã seria “pashtun”. Deu origem nos anos 90. Tomou forma na fronteira do Afeganistão com o Paquistão em seminários religiosos fundamentalistas. A promessa era de ordem e segurança assim que tomassem o País.
Foi no ano de 1996 que houve a retirada do presidente Burhanuddin Rabban. Ele foi considerado herói na vitória contra os soviéticos. A sua saída foi devido à conquista dos Talibãs no comando de Cabul. Sendo assim, foi estabelecida a lei islâmica.
Foram determinadas medidas extremas como, por exemplo, pena de morte em lugares públicos, chicotadas, ou amputação de membros por crimes menores. O direito das mulheres foram retirados.
Além disso, são obrigadas a se cobrir totalmente com burca e são proibidas de ir para colégios após os 10 anos de idade. Qualquer tipo de cultura como cinema, música e televisão foram banidas.
O Talibã perdeu forças e o controle sobre Cabul depois que os Estados Unidos começaram com operações de intervenção no País. Isso aconteceu logo após o caso das Torres Gêmeas. No entanto, o Talibã retomou o poder após 20 anos de influência americana. Mas como aconteceu? A retomada foi da seguinte forma:
Retomada do Talibã
Tudo começou após iniciar o processo para retirar os soldados dos Estados Unidos do Afeganistão. Esse foi um acordo decidido durante o governo do Donald Trump em 2020. Porém, a implementação foi feita pelo atual presidente estadunidense, Joe Biden. Essa foi a brecha que os extremistas tiveram para assumir o poder. Com o pânico, o presidente do Afeganistão, Ashaf Ghani, fugiu do País.
A decisão de retirar as tropas, segundo Biden, foi o valor alto gastado com militares após a operação que resultou na morte de Osama Bin Laden. Ainda de acordo com o presidente dos Estados Unidos, não havia sentido continuar com uma guerra e perder dinheiro alegraria ainda mais os adversários; se referindo a Rússia e a China.
Os Talibãs depois do ataque de 11 de setembro de 2001
Depois que as tropas estadunidenses venceram, o povo Talibã teve influências somente em regiões pequenas da fronteira com o Paquistão. O Governo afegão voltou a ser democrático. Mesmo assim, ainda se movimentaram através de formas distintas de ataques estratégicos. Como, por exemplo, a tentativa de chegar à residência do ministro da Defesa em Cabul, em 4 de agosto, onde havia mulheres e jornalistas.
Além disso, em outubro de 2012, em Mingora, houve outro caso de repercussão. O ataque contra a garota Malala Yousafzai. Ela foi baleada no rosto após expressar sua opinião na internet sobre ser contra as meninas não poderem ir para escola depois dos 10 anos. Em dezembro de 2014 houve o atentado a uma escola em Peshawar, no Paquistão. Resultado disso, foi a morte de 156 pessoas.
Possibilidade de acordo entre EUA, o Afeganistão e o Talibã
O acordo entre os Estados Unidos e o Talibã para retirar as tropas estadunidenses foi realizada em fevereiro do ano passado. Tudo foi organizado com o Governo de Cabul, liderado por Ashraf Ghani e Donald Trump. A assinatura foi feita pelo embaixador dos Estados Unidos, Zalmay Khalilzad, e o cofundador da milícia talibã, Abdul Ghani Baradar.
No dia 12 desse mês, o governo do Afeganistão enviou ao Talibã, através do Qatar, uma proposta de compartilhar o controle do poder em troca do fim da guerra. No entanto, ainda não houve uma resposta oficial e os ataques continuam.
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Fontes: El País, CNN, Expert XP
Imagens: DW, Fliboard, OGlobo, Investing, Estado de Minas, Observatório3, Correio do Povo, R7