Hedge: como montar uma estratégia de proteção passo a passo

2 de novembro de 2021 - por Jaíne Jehniffer


O hedge é uma estratégia de proteção da carteira de investimentos. Na prática, a intenção é diminuir os riscos de perdas com a variação de preço de certo ativo.

O que é hedge

Hedge é o nome de uma estratégia de investimentos com o objetivo de proteger o valor de um ativo. Sendo que o ativo pode ser de vários tipos como, por exemplo, ações, moedas e etc.

Sendo assim, a intenção é proteger o valor do ativo contra as variações futuras dos ativos. Ou seja, o hedge funciona como um tipo “seguro” para o preço do ativo e que ajuda a limitar os riscos ao oferecer certa previsibilidade.

Nesse sentido, ao fazer hedge a intenção do investidor é proteger seu ativo, evitar perdas e aumentar as chances de lucros.

A operação de hedge pode ser feita de várias formas. Uma das estratégias mais tradicionais é usar o mercado futuro, já que ele foi criado justamente com esse intuito.

Por exemplo, vamos supor que a empresa XYZ tem uma dívida em dólar. Neste caso, quando o dólar sobe, as dívidas se tornam mais altas. Isso pode ser um verdadeiro problema para a empresa.

Dessa forma, essa empresa pode optar por comprar contratos futuros de dólar, com o preço da moeda determinado para uma data futura.

Logo, mesmo se a cotação mudar, a empresa já adquiriu o direito de negociar dólares pelo valor previamente definido.

Por que é importante ter uma estratégia de hedge

Ter uma estratégia de hedge é muito importante para evitar uma perda brusca e grande por causa das mudanças de preços dos ativos.

Em certas situações, a queda no preço de um ativo pode acabar resultando em um rombo do patrimônio do investidor ou empresa.

Dessa forma, quem faz hedge tem uma tranquilidade maior para operar, já que ela traz maior estabilidade e segurança.

Além disso, os investidores protegidos tendem a ficar mais dispostos a tentar negócios diferentes que podem resultar em altos lucros.

Quem precisa fazer hedge

O hedge costuma ser feito por pessoas ou empresas que estão expostas a riscos e querem diminuir as chances de perdas.

Desse modo, ele pode ser feito, por exemplo, por quem tem exposição a moedas estrangeiras ou por quem tem uma carteira de ações.

Vale destacar que existem diferentes técnicas de hedge e algumas delas são bens simples. Logo, mesmo quem não tem grande experiência no mercado consegue usar a estratégia de hedge.

Como funciona uma operação de hedge

Uma estratégia de hedge pode ser de duas formas principais. Em uma delas, a pessoa trava o preço de um ativo para negociação em uma data futura.

Sendo que isso pode ser feito com derivativos como opções e contratos futuros. Outra forma comum de fazer hedge é quando a pessoa se posiciona em ativos que historicamente têm performances opostas ao mercado.

Um exemplo disso são as ações brasileiras e o dólar. Isso porque, historicamente, o Ibovespa tem um desempenho contrário ao dólar.

Tipos de hedge

A estratégia de hedge pode ser dos seguintes tipos:

1- Natural

O hedge natural é o nome dado a combinação de fatores que protege contra variações de preços  de forma “natural”, isto é, sem um esforço específico para que isso aconteça.

Um bom exemplo disso são as empresas exportadoras. Essas empresas têm a receita em dólar e, muitas vezes, parte dos seus custos também.

Com isso, quando o dólar se valoriza, os custos dessas empresas também sobe. Contudo, como a receita delas é em dólar, as receitas também sobem, compensando o aumento dos custos.

2- Commodities

A estratégia de hedge com commodities, geralmente, é feita no mercado futuro. Neste caso, a operação envolve a compra e venda de contratos futuros.

Por exemplo, um fabricante pode negociar um contrato futuro e definir o preço fixo para as mercadorias, que será pago futuramente, quando os produtos forem entregues.

3- Cambial

O hedge cambial é feito com o dólar como forma de proteger outros ativos ou operações. Um exemplo disso é a empresa com dívidas em dólar que, para se proteger da variação no preço da moeda, usa contratos futuros.

Existem várias formas de fazer o hedge cambial. Algumas operações são mais simples, mas outras exigem um conhecimento maior do mercado.

Sendo que além da negociação com contratos futuros de dólar, também é possível investir em fundos cambiais, comprar títulos denominados na moeda e negociar opções de dólar, por exemplo.

4- Ações

Por fim, você pode ainda adotar estratégias visando diminuir ou prevenir perdas resultantes das oscilações de preços das ações na bolsa de valores.

Existem várias formas de fazer hedge em ações. Por exemplo, você pode operar opções sobre ações. Outra alternativa é usar contratos futuros de índices de ações.

Como fazer hedge para proteger a carteira de investimentos

Conheça alternativas de investimentos e como utilizá-las para fazer hedge.

1- Opções

Em síntese, as opções são um tipo de contrato que dá ao titular o direito de comprar ou vender certo ativo por determinado valor, em uma data no futuro.

Vale destacar que as opções são um tipo de derivativo, logo, o seu preço deriva do valor do ativo a que ela está atrelada.

O tipo de opções mais conhecido no Brasil, são as opções de ações. No entanto, as opções podem envolver vários tipos de ativos como, por exemplo, moedas e índices.

Para você entender melhor como funciona na prática, vamos usar um exemplo. Vamos supor que você comprou ações da empresa X e pretende ficar com elas na carteira durante um certo período.

Se nesse período você chegar à conclusão de que as ações podem se desvalorizar, você pode comprar opções de venda para se proteger dessa possível queda.

Suponhamos que as ações da empresa X custavam R$ 50. Logo, para protegê-las você comprou opções de venda com preço de exercício de R$ 49.

Se, ao chegar a data do exercício, as ações estiverem cotadas a R$ 45, você poderá vendê-las a R$ 49.

Desse modo, se você realmente for vender as ações, você terá apenas uma perda de 2%. Sendo que se você fosse vender as ações a preço de mercado, o prejuízo chegaria a 10%.

2- Contratos futuros

Os contratos futuros se diferenciam em relação aos contratos de opções em relação à obrigatoriedade. Isso porque, nas operações de opções, você tem a alternativa de efetuar o contrato, já nos futuros existe a obrigação.

Você pode usar as opções de hedge com contratos futuros com vários tipos de ativos, inclusive ações. Para isso, você pode negociar, por exemplo, futuros de Ibovespa.

3- ETF

Por fim, você pode ainda usar a estratégia de hedge com ETFs (fundos de índices). Esses fundos replicam a composição de índices de mercado como o Ibovespa, por exemplo.

Como estratégia de proteção, você pode, por exemplo, vender as cotas do ETF no mercado (operar vendido) e recomprá-las mais tarde por uma cotação mais baixa.

Diferença entre hedge, swap e diversificação

A estratégia de hedge não é a única forma possível de proteger a carteira de investimentos. A diversificação, por exemplo, tem o mesmo intuito.

Sendo que a diversificação consiste em investir em diferentes classes de ativos para reduzir os riscos de perdas.

Por outro lado, o hedge é uma composição “casada” de investimento em pelo menos dois ativos, para diminuir as eventuais perdas resultantes das variações de preços.

De acordo com Marcos Piellusch, professor da FIA, a diferença entre diversificação e hedge é que: “a diversificação busca ativos com correlação baixa, para que as oscilações de um ativo não sejam capazes de afetar toda a carteira.

Já o hedge tem como objetivo anular ou reduzir boa parte das oscilações desfavoráveis, então busca ativos com correlação negativa”.

Nesse sentido, Piellusch explica que a diversificação costuma ser indicada para o investidor que deseja  montar uma carteira de investimentos de longo prazo.

Com isso, a diversificação diminui a chance de perda, mas não elimina os riscos, mantendo espaço para que se obtenha retorno ao longo do tempo.

Em contrapartida, o hedge funciona melhor quando se tem um prazo específico de investimento e uma eventual perda não pode ser compensada a contento nesse período.

Por fim, existe ainda a diferença entre hedge e swap. Em resumo, uma operação de swap representa um acordo para a troca de riscos entre duas partes.

Ou seja, as duas partes transacionam o risco de uma posição ativa (credora) ou passiva (devedora), em uma data no futuro, conforme condições preestabelecidas. Sendo assim, essas operações servem para proteger os investidores.

Enfim, gostou de aprender o que é hedge? Então não deixe de aprender também como diluir os riscos da carteira por meio da diversificação de ativos.

Fonte: Infomoney.

Bibliografia

Hedge: Passo a passo para montar uma estratégia de proteção. Infomoney. Acesso em 13 de junho de 2022.

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