12 de maio de 2025 - por Raul Sena (Investidor Sardinha)

Em momentos de incerteza econômica, como os que temos vivido, surge uma dúvida comum entre os investidores. Afinal, é melhor fazer uma reserva ou investir tudo de uma vez?
Antes de tudo, é importante entender o que esse termo significa. Diferente de quem investe religiosamente todo mês, alocando seus recursos diretamente, o investidor que mantém um caixa de oportunidade opta por guardar parte (ou até todo) o valor disponível para investir em momentos de maior turbulência no mercado. Como, por exemplo, em uma crise ou uma grande queda na Bolsa.
A lógica por trás disso é simples: esperar as quedas para comprar ativos por preços mais baixos, potencializando assim os ganhos no longo prazo. É uma estratégia que tenta “driblar” os picos do mercado. Claro, ninguém tem bola de cristal para acertar exatamente o ativo ou momento, mas basta olhar o histórico do Ibovespa para perceber o quanto essa abordagem pode ser eficiente.
Esses investidores sabem que não conseguirão prever com exatidão os melhores momentos para comprar ou vender. No entanto, ao manter um caixa de oportunidade, conseguem transformar seus aportes em decisões mais estratégicas, aproveitando as quedas para entrar mais forte no mercado.
No Brasil, há um argumento interessante a favor dessa estratégia: a taxa Selic. Em momentos em que ela está alta, como agora, manter o dinheiro parado em uma aplicação conservadora ainda gera um bom rendimento. Ou seja, mesmo fora da renda variável, você não está completamente fora do jogo.
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Valorização de ações no longo prazo
Jeremy Siegel, fez um estudo extenso que comparou o desempenho de diversos ativos desde 1802. A conclusão? De que nada supera as ações de boas empresas no longo prazo.
Ele analisou ações, títulos públicos, ouro e até o dólar. Resultado: enquanto o dólar teria se desvalorizado ao longo de séculos, as ações se multiplicaram mais de 700 mil vezes. Isso porque, em um sistema capitalista, nada pode crescer mais do que as empresas, afinal são elas que sustentam toda a economia.
Ou seja, quanto mais tempo você passa fora do mercado, maior a chance de perder bons momentos. Afinal, as ações sobem na maior parte dos dias.
Mercado é eficiente
Jeremy Siegel defende que o mercado é, em geral, eficiente. Ou seja, os preços refletem corretamente o valor dos ativos. Mas isso é verdade o tempo todo?
Casos como o da GameStop ou da MMX mostram que nem sempre o preço de uma ação reflete seu valor real. Muitos movimentos são puramente especulativos. Isso nos leva a questionar até que ponto o mercado é 100% racional e se não haveria a possibilidade de comprar ativos abaixo do seu valor real.
Na prática, os investidores mais experientes e atentos conseguem identificar essas “assimetrias”. Durante a pandemia, por exemplo, diversas empresas ficaram subvalorizadas, mesmo com números e fundamentos sólidos. Ou seja, um prato cheio para quem tinha caixa de oportunidade disponível.
Qual a melhor estratégia?
A resposta é: depende do seu perfil.
Se você é um investidor iniciante, pode ser mais eficiente seguir a estratégia de aportes mensais consistentes, sem tentar adivinhar os melhores momentos. O famoso “buy and hold” que sempre defendi aqui.
Agora, se você já tem mais experiência, entende o mercado e está disposto a aproveitar as quedas com frieza e disciplina, manter uma reserva de oportunidade pode ser vantajoso. Especialmente em países com juros altos, como o Brasil.
O mais importante é entender que o mercado não é preto no branco. Boas estratégias existem dos dois lados e o melhor caminho é aquele que você consegue seguir com consistência, de acordo com seus objetivos e seu perfil de risco.
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Quando fazer uma reserva de oportunidade?
Se você ainda está em fase de construção de patrimônio, realizando aportes mensais, talvez a reserva de oportunidade não seja o melhor caminho. Pense no seguinte: se você tem, por exemplo, R$ 50 mil, R$ 100 mil ou até R$ 1 milhão investidos e está fazendo aportes mensais que representam cerca de 1% da sua carteira, você já está exposto ao mercado de forma contínua. Ou seja, vai comprar ativos a qualquer preço, aproveitando tanto os momentos de alta quanto os de baixa.
Nesse caso, acumular dinheiro esperando o “momento ideal” pode até atrapalhar. Em vez de aguardar uma oportunidade incerta, você segue com seu plano de investimentos, diluindo os riscos ao longo do tempo. Para esse perfil, a reserva de oportunidade pode não fazer sentido.
Agora, se você já atingiu outro patamar, recebeu uma herança ou já parou de trabalhar e tem R$5 ou R$10 milhões para investir, a conversa muda.
A reserva de oportunidade não é uma vilã, mas também não é uma solução mágica. Quer entender melhor sobre o assunto? Então, assista ao vídeo completo!
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