Selic em 14,75% a.a, estamos piores do que na pandemia?

Selic em 14,75%, mais um aumento! Será que o cenário que vivemos hoje é pior do que o da pandemia? É isso que vamos analisar!

16 de maio de 2025 - por Raul Sena (Investidor Sardinha)


A Selic em 14,75% é um dos maiores patamares em que já chegamos na história recente do Brasil. Uma Selic tão alta afeta diretamente os negócios, já que a maioria das empresas brasileiras não opera com margens superiores a 14%. Isso significa que, do ponto de vista financeiro, investir em renda fixa pode ser mais vantajoso do que manter um negócio funcionando.

E em meio a esse cenário, me fizeram uma pergunta interessante. O cenário que vivemos agora é pior do que o período da pandemia, só que sem a pandemia? Vamos entender e analisar melhor esse cenário!

Veja também: História da economia do Brasil: da origem à atualidade

Números e índices

O PIB em 2020 teve uma queda de -3,3%, uma queda histórica. Ele recuperou e foi para 4,6%. O PIB projetado para 2024 foi de 3% e para 2025 foi de 2%. Então, no sentido de crescimento de economia, obviamente não estamos no mesmo patamar de estagnação econômica. Até porque, nessa época, as empresas fecharam de maneira repentina e isso gerou uma queda repentina do PIB.

No entanto, o PIB é só uma das coisas. Agora, vamos falar sobre a taxa de juros.

Durante a pandemia, a taxa Selic chegou a 2% ao ano, como forma de estimular a economia. Em 2021, subiu para 9,25% e agora estamos em 14,75%, mesmo sem uma emergência sanitária global. Isso mostra uma percepção de risco elevado sobre o Brasil, reflexo do descontrole fiscal e das incertezas econômicas.

Nesse exato momento, o Brasil tem a maior taxa de juros real do planeta. Estamos com uma taxa de juros que empata com a Rússia, sendo que lá, eles estão em guerra. Ou seja, a desconfiança aqui é similar ao de um país em guerra.

Já a inflação em 2020 foi de 4,52% e em 2021 de 10,06%. E em 2024 a inflação foi de 4,6% e em 2025 de 5,5%. Então, nesse cenário, também não estamos pior do que na pandemia.

Durante a pandemia, o desemprego atingiu 13,5% em 2020 e 13,2% em 2021. No entanto, atualmente a taxa está em 6,6%, a menor em 10 anos. Então, é uma média bem baixa de desemprego.

A informalidade, no entanto, continua elevada: foi de 38,3% em 2020, 40% em 2021 e hoje está em 38%. Ou seja, apesar da recuperação no número de empregos, a qualidade do emprego ainda é um desafio.

Juros e dívida pública aumentam

Lá atrás, a nossa taxa de juros era gritante, chegando a quase 42%. Depois disso, ela caiu bastante. Com isso, a taxa média de juros chegou a encostar nos 25%. No entanto, agora ela já ultrapassou os 35%. Ou seja, o brasileiro está pagando mais juros hoje do que naquele período anterior.

Então, obviamente, o período da pandemia foi melhor para quem precisava de crédito do que o que estamos vivendo agora.

Sobre a dívida pública, em 2020, ela atingiu 88% do PIB. Vale lembrar que o Brasil tem um endividamento baixo comparado a países desenvolvidos, mas isso porque não somos um país desenvolvido. O Paulo Guedes conseguiu reduzir esse número, chegando a 79% em 2021. Em 2022, no final do governo Bolsonaro, estava em 72%. No entanto, agora, em 2024, voltamos para cerca de 77%. Ou seja, mesmo sem pandemia, mas devido ao aumento nos gastos do governo, a dívida subiu novamente.

A confiança empresarial também subiu. Em 2020 era de 60 pontos; em 2021 chegou a 102. Agora, em 2024, está em 90. Ou seja, mesmo com a melhora, não recuperamos totalmente o otimismo que houve logo após a pandemia.

O Brasil vai acabar?

Analisando esses números, o que dá pra perceber é que, diferente da pandemia, o que estamos vendo agora é uma deterioração mais linear e persistente dos indicadores econômicos.

Isso é, na minha visão, mais grave. Os indicadores estão se deteriorando ano após ano, mesmo considerando apenas o pós-pandemia. Claro que há um resquício da crise anterior, mas também não dá pra ignorar que, no período eleitoral, o governo Bolsonaro injetou muito dinheiro na economia, o que ajudou temporariamente.

Agora, sem pandemia, sem conflito, sem lockdown, estamos enfrentando uma inflação alta, resistente, mesmo com uma Selic de 14,75% ao ano. Alguma coisa saiu do controle.

Na minha opinião, a gente veio de um estrangulamento da economia e agora está sofrendo com os efeitos disso. O que mais me preocupa é que, em comparação com o final da pandemia, a situação piorou.

No fim da pandemia, o país estava mais estruturado. Os empresários estavam mais otimistas, o crescimento econômico era mais consistente.

Situação atual

O primeiro ano do governo Lula até teve um crescimento acima da média, assim como o segundo. Mas o custo desse crescimento está aparecendo agora. A gente até teve um ensaio de boom das commodities, mas não pegou. A desconfiança generalizada voltou. Parece que estamos voltando aos anos 80 e 90, quando ninguém queria investir no Brasil e todo mundo só queria dólar.

Não acho que o país vá acabar, mas sim que houve uma deterioração da economia. E isso não é culpa de uma pessoa só. Não é só o Lula, o Congresso também tem responsabilidade, tem tomado decisões pensando em privilégios e em popularidade.

Além disso, temos escândalos em cima de escândalos, que afetam a confiança interna e externa no Brasil. Enfim, é um conjunto de fatores. E esses fatores estão refletidos nos números que mostrei aqui.

Quer entender melhor toda essa análise? Então, assista ao vídeo na íntegra!

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