15 de outubro de 2025 - por Raul Sena (Investidor Sardinha)

Nos últimos meses, tem crescido o consenso entre analistas de que a bolsa brasileira está barata. Mas será que isso significa que ela é uma boa oportunidade? Apesar das ações estarem com múltiplos atrativos, existe um risco estrutural que ameaça investidores e ele vai muito além de política.
Vou explicar o que realmente está acontecendo no mercado e por que essa “barateza” pode ser um alerta disfarçado de oportunidade.
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A bolsa está barata
Antes de falar do risco, é preciso confirmar o que os dados mostram: a bolsa brasileira está barata em relação à sua média histórica.
Um dos indicadores mais usados para medir isso é o P/VPA (Preço sobre Valor Patrimonial). Quando o P/VPA está abaixo de 1, significa que a empresa está sendo negociada por menos do que vale o seu patrimônio líquido. É como se você pudesse comprar uma empresa com desconto sobre o valor dos seus ativos.
E hoje, diversas empresas sólidas, estão nessa condição. O Banco do Brasil, Bradesco, Sanepar e Banrisul são apenas alguns exemplos de empresas lucrativas, negociadas abaixo do valor patrimonial.
O lucro cresce, o preço cai
Outro indicador importante é o P/L (Preço sobre Lucro). A média histórica do Ibovespa é de aproximadamente 10,9 vezes o lucro, mas o mercado opera abaixo disso, em torno de 9,4 vezes. Isso significa que o investidor está pagando menos por empresas que lucram mais.
O verdadeiro risco
O maior risco da bolsa brasileira hoje não é político, nem fiscal, é o desencanto do mercado.
Muitas empresas sólidas, rentáveis e com décadas de história têm deixado a B3. O motivo? O mercado local não reconhece o valor delas.
Mesmo com lucros consistentes, gestão eficiente e balanços saudáveis, o preço das ações não reflete a realidade dos negócios. Empresas como Ambev, por exemplo, acumulam anos de estagnação na cotação, apesar de resultados positivos.
Imagine o ponto de vista do controlador de uma grande companhia: ele entrega lucros crescentes, mas o mercado continua precificando sua empresa como se valesse menos.
Com o tempo, a conta deixa de fazer sentido. É aí que entra a OPA (Oferta Pública de Aquisição), quando o controlador decide recomprar as ações em circulação e fechar o capital.
Isso tem se tornado cada vez mais comum no Brasil. Nos últimos anos, vimos empresas tradicionais e lucrativas deixarem a bolsa, como:
- Cielo
- Santos Brasil Participações (STBP3)
- Sinqia (SQIA3)
Por que isso é ruim para o Investidor?
Quando uma empresa fecha o capital, o investidor minoritário é forçado a vender suas ações, muitas vezes a um preço abaixo do potencial real.
Esse movimento em massa reduz o número de boas oportunidades na bolsa, afasta novos investidores e aumenta o pessimismo no mercado.
Com a taxa Selic alta, o investidor brasileiro tende a buscar renda fixa, o que reduz ainda mais o fluxo de capital para a bolsa. Menos liquidez leva a preços baixos, que estimulam mais empresas a saírem do mercado e o ciclo se repete.
A bolsa brasileira pode até parecer uma mina de ouro à primeira vista, com ações de empresas fortes negociadas a múltiplos baixos. No entanto, por trás desses números, existe um risco silencioso: o esvaziamento do mercado de capitais nacional.
Quer entender melhor o porquê isso é tão perigoso? Então, assista ao vídeo em que explico melhor sobre!
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