Nova Rota da Seda: o que é, objetivos e efeitos econômicos

8 de maio de 2023, por Jaíne Jehniffer

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A Nova Rota da Seda é um projeto de infraestrutura regional e global, lançado pela China em 2013. O intuito do projeto é realizar uma série de investimentos, sobretudo em transporte e infraestrutura.

O nome Nova Rota de Seda é um referência à antiga Rota de Seda, que ligava países do leste africano, Europa, Oriente Médio e leste asiático. Na época, a China era o grande centro da economia eurasiática – posição que o país pretende recuperar.

Apesar do foco da Nova Rota da Seda ser a Eurásia (Europa + Ásia) e a África, a China deixou aberto para quem se interessar. Desse modo, muitos países já aderiram ao projeto da China, inclusive, vários países da América Latina. Mas o Brasil ainda não tomou uma decisão.

O que é a Nova Rota da Seda?

O Belt and Road Initiative (Iniciativa do Cinturão e Rota), conhecido como Nova Rota da Seda, é um plano de infraestrutura regional e global, lançado pela China em 2013. O intuito do plano consiste em uma série de investimentos, principalmente em infraestrutura e transporte.

Os investimentos serão não apenas terrestres, mas também marítimos. O intuito é conectar a Europa, o Oriente Médio, a Ásia e a África — regiões de grande importância geopolítica — quanto marítimos (Rota), passando pelo Oceano Pacífico, atravessando o Oceano Índico e alcançando o mar Mediterrâneo.

O projeto também prevê investimentos em obras no setor energético, como oleodutos e gasodutos ligando a Ásia à Europa. Além disso, o intuito é que o projeto se conecte com as obras chinesas que estão sendo feitas no continente africano, abrindo portas para um modelo parecido em outras regiões. 

Existem muitas estimativas diferentes sobre o quanto já foi investido no projeto desde o seu lançamento. Essas estimativas variam de US$ 890 bilhões (R$ 4,46 trilhões) a US$ 1 trilhão (R$ 5 trilhões).

E o que foi a Rota da Seda antiga?

A Rota da Seda antiga foi uma rota de comércio que ligava países do leste africano, Europa, Oriente Médio e leste asiático. O intuito da rota era estabelecer uma rede comercial entre os mercadores e de uma rede multi-cultural entre seus países membros.

Na época, a China era o grande centro da economia eurasiática (Europa + Ásia), há mais de 2000 anos. E o nome Rota da Seda é uma referência ao principal produto comercializado entre os países: a seda. Portanto, a Nova Rota da Seda é uma referência à antiga Rota da Seda por conectar vários países e ter um foco comercial.

Além disso, a alusão à antiga Rota da Seda é uma forma de indicar que a China pretende retomar o seu papel de liderança econômica, cultural e comercial que possuiu por séculos. A China pretende alcançar esse objetivo até 2049, ano que marca o centenário da Revolução Chinesa de 1949 e o início de uma nova fase na história chinesa.

Origem dos investimentos para a Nova Rota da Seda

A principal fonte de investimento inicialmente prevista era o Fundo da Rota da Seda, fundado em dezembro de 2014, composto por quatro fatores:

  • Administração Estatal de Política Externa (responsável por 65% do investimento)
  • Corporação de Investimento da China (15%)
  • Banco de Desenvolvimento da China (5%)
  • Banco de Exportação e Importação da China (15%)

No começo, era previsto que sairia um total de US$ 40 bilhões desse fundo para investimentos em obras de médio e longo prazo.

Além disso, no Fórum Internacional sobre a Rota da Seda, de 2017, o governo Chinês anunciou um incremento de US$ 70 bilhões em seu investimento na rota, sendo US$ 15 bilhões do governo e US$ 55 dos dois bancos envolvidos. Existe também a possibilidade de bancos internacionais financiarem o projeto.

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Quais os possíveis impactos da Nova Rota da Seda?

No mundo

O foco da Nova Rota da Seda é a Eurásia (Europa + Ásia) e a África, a China deixou aberto para quem se interessar. Sendo assim, desde o seu lançamento, o projeto já se expandiu para várias regiões do mundo como África, América Latina e Oceania.

No total, 147 países já aderiram ou manifestaram interesse em aderir ao plano desde seu lançamento, de acordo com o centro de estudos americano Council on Foreign Relations (CFR). Na América Latina, ao menos 20 países já fazem parte do projeto. Exemplo disso é a Argentina que em 2022 assinou um memorando de entendimento com o governo chinês prevendo a adesão.

Vale destacar que em 2022, em uma aparente reação do projeto Chinês, os líderes do G7 (grupo constituído por EUA, Canadá, França, Reino Unido, Japão, Itália e Alemanha, lançaram um plano de financiamento a projetos de infraestrutura avaliado em US$ 600 bilhões (cerca de R$ 3 trilhões).

No Brasil

Atualmente, a China é o principal parceiro econômico do Brasil. É o país para o qual o Brasil mais exporta e o segundo de quem mais importa, ficando atrás somente dos EUA. Além disso, em 2017 foi criado o Fundo Brasil – China, com foco na incrementação das relações financeiras entre os dois países.

Portanto, as medidas tomadas na China acabam impactando o Brasil. No entanto, mesmo com as fortes relações entre a China e o Brasil, bem com a adesão ao plano por parte de vários países na América Latina, o Brasil ainda não tomou uma decisão sobre aderir ou não ao projeto chinês.

Quais são os prós e contras da Nova Rota da Seda?

A Nova Rota da Seda tem vários prós e contras, por isso, muitos são a favor do Brasil adorar o projeto e muitos outros são contra. Dentre as vantagens para os países que aderem ao projeto, está a oportunidade de desenvolvimento estrutural, com abundância de recursos, baseada na experiência de sucesso chinesa.

Além disso, a consolidação da rota pode resultar na criação de novos mercados e zonas de livre comércio, gerar novas zonas de abastecimento e distribuição de produtos. A rota pode ainda facilitar os deslocamentos por via terrestre e marítima e proporcionar grandes avanços na integração de seus participantes e de suas populações.

Por causa da possibilidade de uma rota por terra, propiciando outra saída para além do estreito de Malaca, o projeto poderia reduzir as tensões na região do mar do sul da China, contribuindo para a estabilidade na região.

Em contrapartida, a Nova Rota da Seda tem algumas críticas. Por exemplo, o fato de que o projeto poderia aumentar a influência chinesa no mundo de forma discreta. Uma vez que as vinculações comerciais e econômicas poderiam aumentar o controle da China.

Outra desvantagem é que as obras, em sua maior parte, seriam realizadas por construtoras chinesas, o que iria projetar essas empresas em detrimento das locais. Na prática, isso atrapalharia a mão de obra local.

Existe também o questionamento de que até que ponto o endividamento dos parceiros do projeto será sanado. Por fim, questiona-se a viabilidade financeira do projeto, pois seriam necessários mais recursos anuais para a sua consolidação do que os atualmente existentes.

Enfim, gostou de aprender sobre a Nova Rota da Seda? Então não deixe de conferir também: Bolsas asiáticas – Quais são, principais características e como investir

Fontes: Seu dinheiro, G1 e Politize.