Política monetária contracionista: o que é e como funciona?

26 de outubro de 2022, por Sidemar Castro

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Você sabe o que é política contracionista? É um conjunto de medidas do Governo, com o intuito de diminuir o alto crescimento do mercado econômico, além de controlar a inflação e a circulação da moeda.

Desse modo, o crescimento econômico é desestimulado, já que a quantidade de dinheiro em circulação diminui, reduzindo a demanda de produtos e serviços no mercado.

É preciso destacar que a política contracionista é um subgrupo de algumas outras políticas que compõem a política econômica como um todo como, por exemplo, as Políticas Fiscal, Cambial e Monetária.

O que é política monetária contracionista?

A política monetária contracionista é um conjunto de políticas que tem como objetivo principal conter o avanço da inflação. Isso é feito através do uso dos instrumentos de política monetária que o Banco Central utiliza para aumentar a taxa de juros, resultando em uma ancoragem da inflação.

Os 3 principais instrumentos de política monetária são:

Open market

O Banco Central pode comprar e vender títulos através deste mercado, influenciando na quantidade de moeda disponível na economia.

Na política monetária restritiva, o objetivo é reduzir a liquidez disponível. Portanto, o Banco Central vende títulos para as instituições financeiras, retirando moeda da economia e inserindo títulos.

Depósito compulsório

É um saldo que os bancos comerciais precisam manter depositado no Banco Central. Este saldo serve para garantir que nem todos os recursos depositados nos bancos serão disponibilizados como empréstimo.

Durante a política fiscal restritiva, o Bacen eleva a taxa exigida do depósito compulsório, fazendo com que os bancos tenham menos recursos para emprestar.

Redesconto

Trata-se de um empréstimo do Bacen para bancos comerciais. Tipicamente, esses empréstimos possuem um caráter punitivo, por isso são cobradas altas taxas.

Durante a política fiscal contracionista, o Banco Central eleva a taxa exigida pelo redesconto. Essa política deve ser utilizada com cautela, pois ela pode causar uma desaceleração da economia.

Como ela funciona?

A política contracionista funciona como uma forma do Governo intervir na economia. O intuito é reduzir o alto crescimento econômico.

Talvez você esteja se perguntando o porque o Governo iria querer reduzir o crescimento econômico. Isso pode acontecer por uma série de fatores. Por exemplo, quando existe muito dinheiro em circulação e a economia está aquecida, a inflação tende a subir. Com isso, o poder de compra da população é afetado.

Se a inflação subir demais e sair do controle, ela pode causar sérios problemas. Assim sendo, o governo tem que controlar a inflação antes que ela se torne uma hiperinflação.

E uma das formas de controlar a inflação é adotando uma política contracionista.

Quais são os tipos de política monetária contracionista?

A política contracionista tem algumas subcategorias dentro da política econômica. São elas:

1. Política contracionista fiscal

A política contracionista fiscal se refere às medidas adotadas pela política fiscal. Quando a meta de produto é maior do que a expectativa, o Estado intervém para que a economia alcance seu “produto potencial”.

Em outras palavras, quando o PIB cresce mais do que o esperado, a demanda tende a ser maior do que a oferta de produtos e serviços. É a velha lei da oferta e demanda. O resultado disso é o aumento da inflação. Logo, o poder de compra da população tende a diminuir. Quando o PIB real é maior do que o PIB esperado, denomina-se de “hiato inflacionário”.

Portanto, a política fiscal contracionista visa reduzir os efeitos de um PIB acima do esperado, contraindo rendimentos do país, de um modo geral.

Algumas medidas que podem ser adotadas na política fiscal são:

  • Aumento de tributos
  • Redução dos gastos do governo

2. Política cambial

Neste tipo de ação, o governo toma medidas com foco na compra de moeda estrangeira, por meio do Banco Central do Brasil (Bacen). Desse modo, a ideia é incentivar a valorização da taxa de câmbio, o que tende a diminuir a pressão inflacionária. Logo, isso ajuda a não reajustar os preços de produtos nacionais.

Com essa medida, ocorre o aumento da competitividade, já que as exportações custarão mais caro e os produtos que seriam exportados serão comercializados internamente, o que também reduz os preços.

Em síntese, através da política contracionista cambial, a estratégia é controlar a inflação por meio da taxa de câmbio. Para isso, o Banco Central compra moeda estrangeira.

3. Política monetária

Finalizando as medidas, a política monetária contracionista atua com o intuito de diminuir o PIB do país e o consumo interno. Ou seja, essa política é adotada, de um modo geral, quando o PIB de certo período foi maior do que o PIB esperado.

Uma das medidas dessa política é subir a taxa básica de juros. Dessa maneira, com a redução da Selic, o acesso ao crédito se torna mais difícil. Com isso, a tendência é uma redução da demanda.

Além disso, ocorre a contração no saldo final da balança comercial por causa do aumento das taxas de juros, auxiliando na redução do nível de atividade econômica. Esse tipo de política também impacta a dívida pública. Isso porque o governo precisa emitir títulos públicos, pagando os altos juros para os compradores.

Por fim, algumas medidas que podem ser adotadas são:

  • Aumento da taxa básica de juros
  • Recolhimento compulsório
  • Taxa de redesconto

Qual é a importância da política monetária?

A política monetária é de extrema importância para a economia de um país, pois tem impactos diretos sobre indicadores como a inflação e a taxa de juros. Ela é responsável por controlar a oferta de moeda em um país e tem grande influência sobre a economia e a vida das pessoas.

Assim, a política monetária determina se será mantida ou alterada a taxa básica de juros (a taxa Selic). Essa decisão interfere diretamente no mercado de investimentos e no poder de consumo da população, já que impacta no valor da moeda e nos preços de produtos e serviços.

Investidores devem ficar atentos às modificações da taxa Selic, principalmente em investimentos de renda fixa. Afinal, qualquer medida adotada pode comprometer a rentabilidade das aplicações, promovendo ganhos ou perdas.

Além disso, uma política monetária bem gerenciada pode evitar cenários como o de risco fiscal, mantendo as contas da nação sob equilíbrio e evitando a depreciação da saúde financeira do Estado e a qualidade de vida da população.

Quais são as diferenças entre a política monetária contracionista e expansionista?

A política monetária contracionista e a política monetária expansionista são duas estratégias opostas usadas pelos bancos centrais para gerenciar a economia de um país.

Política Monetária Contracionista:

  • Objetivo: Controlar o aumento da inflação, geralmente para diminuir o consumo e frear a desvalorização da moeda.
  • Como funciona: Reduz a oferta de dinheiro na economia e reduz as pressões inflacionárias. São várias as formas, sobretudo o aumento das taxas de juros, a venda de títulos ou o aumento dos depósitos compulsórios dos bancos.
  • Impacto: Pode ajudar a reduzir a inflação, mas também pode ter consequências negativas, como a desaceleração do crescimento econômico e o aumento do desemprego.

Política Monetária Expansionista:

  • Objetivo: Estimular o consumo por parte da população. A moeda circula em maior quantidade, a economia se aquece, o poder aquisitivo sobe e a população, por consequência, faz o dinheiro girar.
  • Como funciona: Expande (aumenta) a oferta de moeda. Isso é feito através da compra de títulos do mercado (Open Market), redução da taxa do depósito compulsório e redução das taxas de redesconto.
  • Impacto: Pode estimular o crescimento econômico e aumentar o emprego, mas também pode levar à inflação se não for bem gerenciada.

Resumindo, enquanto a política monetária contracionista visa desacelerar o crescimento econômico e diminuir o consumo e os investimentos, a política monetária expansionista visa estimular o crescimento econômico do país.

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