Renda fixa: o que é, como funciona e como investir?

A renda fixa é um tipo de investimento em que se sabe como será a sua rentabilidade. Saiba o que é e quais são os tipos.

22 de agosto de 2020 - por Sidemar Castro


A renda fixa é o investimento preferido de quem pretende viver de renda. Ela é mais segura do que investir em ações, por exemplo. E, ainda por cima, tem um bom rendimento. Outro ponto positivo é a possibilidade de calcular o quanto o seu dinheiro vai render de juros.

Existem diversas opções para quem pretende investir em renda fixa. Contudo, é importante ficar de olho nas taxas, tanto de rendimento quanto da cobrada pela corretora. Outro tipo de desconto que o seu investimento pode ter é o do imposto de renda.

Portanto, para investir em renda fixa, ou seja, emprestar o seu dinheiro para instituições financeiras ou até mesmo o governo, é importante pesquisar bastante e decidir qual investimento se encaixa com o seu  perfil de investidor, metas e objetivos.

Quer saber mais sobre o que é renda fixa e como investir nela? Então, leia a matéria a seguir!

O que é renda fixa?

Renda fixa é uma forma de investimento que possui uma taxa de retorno já estabelecida. Nos investimentos em renda fixa, o cálculo da remuneração é previamente definido e conhecido desde o momento da aplicação.

Este tipo de investimento é conhecido por possuir menores riscos associados, quando comparados aos de renda variável. Em linhas gerais, quem compra um título de renda fixa “empresta” dinheiro para alguém.

Em troca, espera receber o valor aplicado de volta no futuro acrescido de juros, que são a remuneração pelo tempo em que o recurso ficou emprestado. Os emissores de títulos de renda fixa – em outras palavras, quem toma o dinheiro emprestado – podem ser bancos, empresas e o próprio governo.

Como ela funciona?

A renda fixa funciona de uma maneira bastante simples. Quando você investe em um título de renda fixa, você está basicamente emprestando dinheiro para o emissor do título, que pode ser um banco, uma empresa ou o próprio governo. Em troca, você recebe o valor que investiu de volta no futuro, acrescido de juros. Esses juros são a remuneração pelo tempo em que o recurso ficou emprestado.

As condições dessa transação, como prazos, taxas, índices de referência e detalhes quanto à negociação dos papéis, são acertadas desde o início. É importante ressaltar que a renda fixa não é sinônimo de retorno garantido. Esses investimentos também estão sujeitos a riscos, tanto de crédito quanto de mercado.

Os principais indicadores de referência para a remuneração da renda fixa são a Selic, o CDI e a TR. A Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira e serve de referência para todas as operações envolvendo crédito no país, incluindo os investimentos de renda fixa.

Quais são os tipos de investimentos em renda fixa?

Existem várias opções de títulos de renda fixa, que podem ser investidos:

CDB

A sigla CDB significa Certificado de Depósito Bancário. Este é um tipo de título emitido por bancos com o intuito de captar recursos para as suas atividades como, por exemplo, empréstimos para os clientes.

Nesse sentido, ao investir em um CDB, você está emprestando dinheiro para o banco em troca de uma taxa de juros. Uma das vantagens dos CDBs é que eles contam com a proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que devolve até R$ 250 mil por CPF e instituição em caso de calote.

Tesouro Direto

O Tesouro Direto é um programa do Tesouro Nacional, desenvolvido em parceria com a B3, para a venda de títulos públicos federais para pessoas físicas, de forma 100% online. Lançado em 2002, o programa surgiu com o objetivo de democratizar o acesso aos títulos públicos, permitindo aplicações a partir de R$ 30,00.

O Tesouro Direto oferece títulos com diferentes tipos de rentabilidade (prefixada, ligada à variação da inflação ou à variação da taxa de juros básica da economia – Selic), diferentes prazos de vencimento e também diferentes fluxos de remuneração.

Além de acessível e de apresentar muitas opções de investimento, o Tesouro Direto oferece boa rentabilidade e liquidez diária, mesmo sendo a aplicação de menor risco do mercado.

Debêntures

As debêntures são títulos de dívida emitidos por empresas com o objetivo de captar recursos para diversas finalidades, como, por exemplo, o financiamento de seus projetos. Quando você compra uma debênture, é como se estivesse emprestando dinheiro para a empresa em troca de um rendimento futuro.

As debêntures são um tipo de investimento de renda fixa que oferecem juros futuros, com base na data de vencimento, quando o investidor recebe o valor aplicado somado ao rendimento informado. Elas são emitidas por empresas de capital aberto na bolsa de valores para execução de projetos específicos.

Existem diferentes tipos de debêntures, que também podem oferecer diferentes tipos de garantias para minimizar o risco de crédito. Embora as debêntures possam oferecer uma rentabilidade mais atrativa em comparação a outros produtos de renda fixa, elas também apresentam um nível maior de risco.

Letra de câmbio

A Letra de Câmbio (LC) é um título de renda fixa emitido por uma instituição financeira. Diferentemente dos CDBs, LCIs e LCAs, que são emitidos apenas por bancos, as Letras de Câmbio são emitidas por financeiras. Ao adquirir uma LC, você estará emprestando o seu dinheiro a uma financeira. A instituição, por sua vez, pagará juros pelo período em que os seus recursos ficarem aplicados.

Existem três tipos de letras de câmbio: a prefixada, a pós-fixada e a híbrida. As Letras de Câmbio são protegidas pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), tornando-as um dos títulos de renda fixa mais seguros do mercado.

Poupança

A poupança é um tipo de investimento de renda fixa muito popular no Brasil. A caderneta de poupança é uma modalidade bancária que foi criada no Brasil em 1872. Sua utilização é bem simples, funcionando como uma conta bancária.

Ao depositar dinheiro na poupança, você está emprestando seu dinheiro ao banco, que irá usar esse dinheiro para financiar atividades como empréstimos a outros clientes. Em troca, o banco paga juros sobre o valor depositado. A rentabilidade da poupança é regulada pelo governo e é a mesma em todos os bancos. Ela é calculada com base na taxa Selic e na Taxa Referencial (TR).

A poupança é considerada um investimento seguro, pois tem a garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que protege o investidor caso o banco entre em falência. No entanto, apesar dessas vantagens, a rentabilidade da poupança costuma ser mais baixa do que outros investimentos de renda fixa, como CDBs e LCIs.

Como funcionam as remunerações de renda fixa?

Títulos prefixados

Nesses títulos, a taxa de juros é fixa e conhecida desde o início. Isso significa que você sabe exatamente quanto receberá no vencimento do título, independentemente das oscilações no mercado financeiro. Por exemplo, se um título rende 10% ao ano, esse será o rendimento se você mantiver o título até o vencimento.

Títulos pós-fixados

A rentabilidade desses títulos depende do desempenho de um indicador econômico que sofre oscilações ao longo do tempo. O índice mais conhecido na renda fixa é a taxa Selic, a taxa básica de juros brasileira.

Além dela, muitos títulos de renda fixa seguem o Certificado de Depósito Interbancário (CDI). Então um título de renda fixa que acompanha a Selic ou rende 110% do CDI, por exemplo, será pós-fixado.

Títulos híbridos

Esses títulos são compostos por uma parte prefixada e outra pós-fixada. Ou seja, a rentabilidade final tem parte garantida no momento da compra e outra parte que se ajustará com base em algum indicador. Um exemplo muito comum de um título híbrido é o Tesouro IPCA+, que rende de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais uma taxa fixa.

Como é a tributação da renda fixa?

A tributação da renda fixa é o imposto cobrado pelo governo para aplicações em títulos de renda fixa. Ele incide apenas sobre o lucro financeiro da aplicação. Existem basicamente duas categorias de impostos que incidem sobre investimentos de renda fixa: IOF e IR.

IOF (Imposto sob Operações Financeiras)

O IOF penaliza investimentos de curto prazo, que vencem ou são resgatados antes de 30 dias corridos. Quanto menos dias o dinheiro tiver ficado aplicado, maior será a alíquota de imposto de renda.

IR (Imposto de Renda)

O imposto de renda é calculado em cima do lucro obtido pelo investimento financeiro. Por isso, é calculado em cima do resultado líquido, já descontando o IOF. O modelo de tributação também busca incentivar investimentos de longo prazo. Quanto maior o tempo de investimento, menor é a alíquota de imposto sob renda fixa. A tabela regressiva do IR é a seguinte:

  • Até 180 dias de investimento: 22,5%
  • Entre 181 e 360 dias de investimento: 20%
  • Entre 361 e 720 dias de investimento: 17,5%
  • Mais de 720 dias de investimento: 15%

O IR sob renda fixa incide em qualquer resgate desse tipo de investimento. Por exemplo, em títulos que possuem cupom, ou seja, pagamento de juros periódicos como semestrais ou anuais, os cupons também são taxados. A alíquota também varia de acordo com o prazo de investimento. Logo, os primeiros cupons possuem uma taxa maior de tributação.

Quais são as vantagens da renda fixa?

A grande vantagem da renda fixa é a segurança. É claro que não existe um investimento que seja 100% livre de risco. Mas a renda fixa conta com opções bem seguras que possuem garantia do FGC. Sendo assim, para quem tem medo de investir, os títulos de renda fixa são uma ótima opção.

Além disso, eles têm a vantagem de serem acessíveis. Algumas opções como, por exemplo, o Tesouro Direto, exige uma aplicação inicial bem baixa. Sendo assim, quem está começando a investir ou quem não tem muito dinheiro para aplicar, consegue investir nele.

Outra vantagem é que existem várias opções de renda fixa e, portanto, você consegue montar uma carteira bem diversificada com as opções disponíveis. E consegue fazer essa diversificação sem precisar investir valores muito altos.

E as desvantagens?

É claro que como são ativos que priorizam a segurança, a rentabilidade não é tão alta quanto os ativos mais arriscados. Se comparado com aplicações de renda variável, o retorno costuma ser mais baixo.

Outra desvantagem é que alguns títulos de renda fixa possuem prazo de carência, sendo assim, não é possível fazer o resgate no momento que desejar.

Por fim, existe ainda o risco relacionado ao FGC. O Fundo Garantidor de Créditos devolve até R$ 250 mil ao investidor caso ele receba um calote da empresa emissora do título. Ou seja, se você investir um valor maior do que este, ficará no prejuízo.

Vale a pena investir em renda fixa?

Sim. Os títulos de renda fixa são uma ótima opção para quem quer ter um retorno maior do que a poupança e não gosta de correr riscos. Inclusive, como explicado acima, a poupança também é garantida pelo FGC, a mesma instituição que protege várias aplicações de renda fixa.

Portanto, o risco de alguns ativos de renda fixa é o mesmo da poupança, mas o retorno é bem maior. A renda fixa também pode ser vantajosa para quem gosta de correr um pouco mais de risco, mas quer deixar parte do seu patrimônio em ativos mais seguros.

Finalizando, agora que você conhece as vantagens e desvantagens da renda fixa, assista ao vídeo de Raul Sena, o Investidor Sardinha, e aprenda mais sobre esse tipo de investimento:

Fontes: Infomoney, XPI, Riconnect, Nu Invest, BTG Pactual

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