14 de abril de 2023 - por Jaíne Jehniffer
O viés da normalidade é um tipo de viés cognitivo que faz com que normalizemos situações perigosas. Sendo assim, tendemos uma acreditar que a situação não é tão perigosa quanto aparenta.
Esse mecanismo do cérebro de normalizar as situações é vantajoso em certos casos, evitando que fiquemos desesperados a cada sinal de perigo. Por exemplo, por causa do perigo de sofrer um grave acidente de carro, poderíamos deixar de dirigir e por aí vai.
Contudo, esse viés é ruim em outras situações, podendo trazer graves consequências. Por exemplo, ao normalizar a dor nas costas achando que é má postura, você pode acabar descobrindo uma doença apenas quando ela for muito grave.
O que é o viés da normalidade?
O viés da normalidade é um viés cognitivo que nos leva a ver um desastre como algo sem grandes impactos na nossa vida. Na prática, isso quer dizer que nosso cérebro tem dificuldade em identificar de forma rápida situações de grande perigo e de reagir para solucionar a situação.
Guiados por este viés, tendemos a subestimar a possibilidade de ocorrência de uma catástrofe e as consequências de uma situação de emergência. Neste caso, os avisos de atenção não têm utilidade e os riscos de que mais pessoas sejam afetadas é maior.
Para você entender melhor, vamos a um exemplo. Suponhamos que em uma região onde periodicamente ocorrem furações, o governo emitiu um alerta sobre um furacão iminente. No entanto, algumas pessoas se recusam a evacuar a região e não tomam as precauções necessárias, por achar que será “apenas mais um furação”.
O furacão vem com força e resulta na morte de várias pessoas. Mortes essas que poderiam ter sido evitadas se essas pessoas tivessem tomado as precauções indicadas. Mas quando elas perceberam o real perigo, já era tarde demais.
Como ele funciona?
O viés da normalidade funciona como um erro de julgamento do nosso cérebro. Ele pode trazer muitas consequências ruins, mas ele é resultado da evolução humana e tem a sua utilidade.
Por exemplo, um ser humano na idade das pedras tinham as mesmas chances de ser atacado por um predador quanto de ter sucesso em suas caçadas. Nesse contexto, se o viés da normalidade não existisse, as pessoas iriam dar maior valor para os riscos de morte e optariam por não sair para caçar.
Se optassem pela proteção das cavernas, os riscos seriam menores, mas boa parte do grupo poderia morrer de fome. De forma que esse viés foi importante para a sobrevivência humana. Hoje em dia ele também tem a sua importância, pois se você desse atenção demais para todas as catástrofes profetizadas, você não teria paz.
Por exemplo, você não sairia de casa pois existe o risco de ser assaltado. Você não iria investir, pois sempre tem alguém prevendo uma grande crise financeira. Você não iria se relacionar com ninguém, pois poderia conhecer um psicopata e acabar morto.
Na prática, esse viés é uma forma de selecionarmos as situações em que é preciso enfrentar os riscos. Contudo, esse julgamento nem sempre é correto e podemos acabar escolhendo não levar a sério situações que deveríamos levar.
Como o viés da normalidade pode interferir na nossa vida?
O viés da normalidade pode afetar vários aspectos da nossa vida. Por exemplo, nós normalizamos a dor de cabeça, já que, geralmente, trata-se de uma dor passageira que não significa nenhum problema sério de saúde.
Essa normalização faz sentido, pois imagine se fôssemos ao médico toda vez que sentimos dor de cabeça, achando que temos um tumor cerebral? Na maior parte dos casos, tomar um analgésico resolve o problema e voltamos a vida normal.
Contudo, se quem realmente estiver com um tumor cerebral demorar para pedir ajuda, a situação pode chegar a um nível de gravidade onde não há chances de reversão.
Como evitá-lo?
Evitar os vieses cognitivos não é fácil, pois geralmente não percebemos quando estamos sendo guiados por eles. Além disso, eles são úteis em certas situações, mesmo podendo ser muito negativos em outras.
O primeiro passo para evitar o viés da normalidade, é se informar sobre a situação antes de tomar uma decisão. Por exemplo, antes de acreditar ou desacreditar em uma previsão de crise financeira, estude sobre o mercado, confira as opiniões de outros especialistas e afins.
Depois de estudar sobre o assunto, decida se vale a pena tomar alguma atitude ou se é uma situação que não requer a sua atenção. Por exemplo, se o mercado está indo bem e todos os especialistas estão confiantes, então o aviso de crise pode ser apenas um exagero de alguém.
Mas se você identificar que realmente existe perigo, então não ignore a situação. Isso vale para os vários avisos de catástrofe e não apenas no mercado financeiro: esteja preparado para tomar uma atitude. Se você optar por não fazer nada, você pode acabar sendo guiado por outros vieses como, por exemplo, o viés do conservadorismo.
Enfim, gostou de aprender sobre o viés da normalidade? Então aproveite para aprender também sobre Viés da confirmação: o que é e como funciona?
Fontes: Mais retorno, The cap e Poder 360.