18 de setembro de 2025 - por Millena Santos
A economia do conhecimento representa uma fase em que o saber, a informação e a inovação se tornam os principais motores de transformação econômica.
Nesse cenário, pesquisas, descobertas científicas e produção intelectual deixam de ser apenas atividades acadêmicas e passam a ser vistas como recursos estratégicos, capazes de gerar valor, impulsionar negócios e fortalecer a competitividade de países e organizações.
Vem com a gente saber mais sobre isso.
O que é a economia do conhecimento?
A chamada economia do conhecimento é um estágio do desenvolvimento econômico em que a informação, a inovação e o saber se tornam os principais propulsores de crescimento.
Nesse contexto, a geração e o uso de conhecimento passam a ter tanto valor quanto os recursos tradicionais, como terra, trabalho e capital.
Em vez de depender apenas da produção de bens materiais, essa economia coloca em evidência atividades como pesquisa científica, educação, tecnologia da informação e desenvolvimento de novas ideias.
Inclusive, é por meio desse processo que estudos acadêmicos, descobertas científicas e avanços tecnológicos são transformados em valor econômico, seja na forma de novos produtos, serviços ou soluções para problemas sociais e ambientais.
Portanto, a educação de qualidade, a formação de profissionais especializados e a capacidade de inovar estão no centro dessa transformação, já que são eles que permitem às empresas e países se tornarem mais competitivos em um cenário global cada vez mais dinâmico.
Características da economia do conhecimento
1- Presente em todos os setores econômicos
Diferente de modelos econômicos tradicionais, o conhecimento vai desde a agricultura até a indústria e os serviços.
Isso significa que qualquer setor pode se beneficiar da inovação, da pesquisa e da aplicação de tecnologias, tornando o saber um recurso universal e estratégico.
2- Alto investimento em ativos intangíveis
Empresas e governos passam a investir fortemente em patentes, softwares, marcas, pesquisas e desenvolvimento.
Todos esses ativos não são físicos, mas têm grande valor econômico, o que, claro, impulsiona a competitividade e crescimento sustentável.
3- Elevados níveis de inovação e tecnologia
A inovação constante e o uso avançado de tecnologia são marcas da economia do conhecimento. Novos produtos, serviços e processos surgem rapidamente, exigindo que empresas e profissionais estejam sempre atualizados para manter sua relevância.
4- Recursos potencialmente ilimitados
Ao contrário de recursos naturais finitos, o conhecimento pode ser compartilhado e replicado sem se esgotar, permitindo expansão contínua de ideias, soluções e oportunidades econômicas.
Quanto mais ele é aplicado, mais valor pode gerar.
5- Uso intenso das Tecnologias da Informação (TI)
Sistemas digitais, redes de comunicação, big data e inteligência artificial tornam possível coletar, organizar, analisar e disseminar conhecimento de maneira eficiente.
Portanto, o domínio dessas tecnologias é essencial para transformar informação em valor econômico real.
Como funciona a economia do conhecimento?
Na economia do conhecimento, o saber deixa de ser apenas uma ferramenta de apoio e passa a ocupar o papel central na criação de valor.
Ele é aplicado tanto para gerar bens tangíveis, como novos produtos e tecnologias, quanto intangíveis, como marcas fortes, softwares, patentes ou até mesmo metodologias de gestão mais eficientes.
Esse modelo econômico funciona porque o conhecimento pode ser tratado de duas formas: como um produto intelectual, que pode ser vendido e licenciado (como acontece com pesquisas científicas, cursos online ou softwares), ou como um ativo produtivo, que impulsiona inovação, aumenta a competitividade e sustenta o crescimento de empresas e nações.
Também, é importante a gente lembrar que o seu funcionamento está diretamente ligado à capacidade de transformar informações em soluções práticas.
Isso significa aplicar descobertas científicas em tratamentos de saúde, usar dados para melhorar a produtividade no campo, ou ainda desenvolver tecnologias que otimizam processos industriais.
Por isso, fica claro aqui pra gente que quanto mais um país ou organização consegue transformar conhecimento em inovação, maior é sua vantagem no mercado global.
Exemplos de economia do conhecimento
A economia do conhecimento se manifesta em diferentes áreas da nossa vida, envolvendo tanto instituições quanto profissionais que transformam informação em inovação.
Um bom exemplo são as universidades e centros de pesquisa, que produzem descobertas científicas e tecnológicas capazes de gerar novos negócios e soluções para a sociedade.
Outro setor essencial é o de empresas voltadas para pesquisa e desenvolvimento (P&D), como as indústrias farmacêuticas e de biotecnologia, que aplicam ciência para criar medicamentos, vacinas e terapias avançadas.
Da mesma forma, os programadores e desenvolvedores de software são importantes, já que criam sistemas, aplicativos e plataformas que facilitam desde a comunicação até a gestão de grandes corporações.
Os mecanismos de busca e plataformas digitais também entram nessa lista, já que são parte dessa economia, pois transformam dados em conhecimento acessível, permitindo que usuários encontrem informações em segundos.
Além desses casos, a gente pode citar ainda o papel de startups de tecnologia, empresas de educação digital e até organizações voltadas para energias renováveis, todas elas exemplificando como o conhecimento pode ser convertido em valor econômico e social.
Origem e evolução da economia do conhecimento
A economia do conhecimento começou a ganhar força a partir da Segunda Guerra Mundial, período em que a ciência e a tecnologia se tornaram decisivas para o desenvolvimento de novas estratégias militares e industriais.
Foi nesse contexto que se percebeu o enorme valor da pesquisa científica e da inovação como motores de crescimento.
Até então, o principal recurso econômico estava centrado na força de trabalho e na produção industrial. Com o avanço da ciência, da tecnologia da informação e das telecomunicações, o foco passou gradualmente para a produção, gestão e aplicação do conhecimento.
Nas décadas seguintes, especialmente a partir da segunda metade do século XX, o mundo assistiu a um salto muito importante: a revolução digital, o avanço da informática e a expansão da internet transformaram a maneira como empresas, governos e pessoas produzem e compartilham informações.
Hoje, vivemos em uma era em que dados, inovação e capital intelectual são considerados ativos tão ou mais valiosos do que os recursos físicos tradicionais.
Esse processo de evolução continua e é impulsionado por áreas como inteligência artificial, biotecnologia e energias renováveis, que reforçam ainda mais a importância do conhecimento como base fundamental da competitividade global.
Qual o país com a maior economia do conhecimento?
Aqui, alguns nomes devem ter passado pela sua cabeça. De acordo com o Índice Global do Conhecimento, elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a Suécia foi, em 2024, o país mais bem posicionado quando o assunto é economia do conhecimento, alcançando uma pontuação de 68,3%.
Em seguida, aparecem na lista outros países europeus conhecidos por seus altos investimentos em inovação, educação e tecnologia: Finlândia (68%), Suíça (67,9%), Dinamarca (66,8%) e Holanda (66,8%).
Vale citar, aqui, que esses números mostram não apenas o acesso à informação, mas também a qualidade dos sistemas educacionais, a capacidade de pesquisa e desenvolvimento (P&D) e a infraestrutura digital altamente desenvolvida.
Brasil e a economia do conhecimento
O Brasil possui um enorme potencial para se destacar na economia do conhecimento, principalmente em áreas estratégicas como a bioeconomia. Estima-se que esse setor sozinho possa movimentar entre 100 e 140 bilhões de dólares até 2032, aproveitando a biodiversidade única do país para desenvolver produtos sustentáveis, fármacos, biocombustíveis e novas tecnologias ambientais.
Nos últimos anos, o país avançou em muitos aspectos importantes, como estabilidade econômica, redução da desigualdade social e ampliação da inclusão, criando bases mais sólidas para um crescimento sustentado.
No entanto, ainda existem desafios estruturais que precisam ser superados, como a necessidade de melhorar a qualidade da educação em larga escala, ampliar o acesso à tecnologia e reduzir desigualdades regionais.
O Brasil, apesar de não ter se consolidado totalmente nesse modelo de economia, tem intensificado seus investimentos em ciência, tecnologia e inovação (CT&I), e alguns indicadores já mostram resultados positivos. Entre eles estão o aumento da produção científica, a criação de startups e o crescimento do número de patentes registradas.
Economia do conhecimento e capital humano
Na economia do conhecimento, o capital humano, ou seja, o conjunto de habilidades, experiências e qualificações das pessoas, se transforma em um dos recursos mais valiosos.
A educação e o acesso ao conhecimento deixam de ser vistos apenas como meios de formação individual e passam a ser tratados como ativos produtivos, capazes de gerar riqueza, inovação e competitividade.
Esse capital pode se manifestar de duas formas principais: como ativo interno, quando é aplicado diretamente dentro de empresas e organizações para aumentar produtividade e criar soluções, ou como produto comercializável, quando se transforma em serviços e tecnologias que podem ser vendidos e até exportados.
É o caso de softwares, consultorias especializadas, pesquisa aplicada e outras soluções baseadas em expertise intelectual.
Os produtos e serviços gerados a partir desse conhecimento não só contribuem para os lucros de empresas e países, mas também impulsionam o avanço de áreas técnicas e científicas, criando um ciclo virtuoso de desenvolvimento.
Afinal, quanto mais qualificada é a população, maior a capacidade de gerar inovação, atrair investimentos e fortalecer a posição de um país no cenário global.
Importância da economia do conhecimento
A economia do conhecimento é fundamental porque coloca o saber como o principal motor de sucesso para empresas, organizações e até mesmo países inteiros. É por meio dela que surgem inovações capazes de aumentar a produtividade, fortalecer a competitividade e impulsionar o crescimento econômico de forma sustentável.
Um dos pontos centrais está na valorização do capital humano qualificado. Pessoas bem preparadas, com capacidade de criar, compartilhar e aplicar conhecimento, tornam-se essenciais para desenvolver tecnologias, processos e soluções que vão muito além do valor material, gerando ativos intangíveis, como marcas fortes, patentes, softwares ou metodologias inovadoras.
Outro aspecto importante é o impacto direto no mercado de trabalho. Novas profissões surgem, enquanto outras passam por transformações, exigindo atualização constante e aprendizado contínuo. Isso reforça a necessidade de educação de qualidade, programas de capacitação e incentivo à inovação em todos os setores.
Assim, a economia do conhecimento não apenas promove avanços tecnológicos e científicos, mas também redefine a forma como sociedades se organizam, como empresas competem e como indivíduos constroem suas carreiras em um mundo cada vez mais conectado e digital.
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Fonte: Mais Retorno, Investopedia, Smowl Tech, Confea.