IFR – Índice de Força Relativa: o que é, como funciona, como usar

O Índice de Força Relativa (IFR) é um indicador técnico que mede a velocidade e a mudança dos movimentos de preço para identificar condições de sobrecompra ou sobrevenda.

30 de outubro de 2025 - por Sidemar Castro


O IFR, sigla para Índice de Força Relativa, é um dos indicadores mais populares da análise técnica. Ele avalia a velocidade e a intensidade das últimas mudanças de preço para identificar se um ativo está sobrecomprado ou sobrevendido.

Sua escala vai de 0 a 100, e os níveis mais altos, acima de 70, costumam representar sobrecompra, enquanto valores abaixo de 30 indicam sobrevenda.

A seguir, você vai entender melhor como o IFR funciona e como ele mede a força e o ritmo dos movimentos de preço.

Leia mais: Análise técnica: o que é e como funciona esta metodologia?

O que é o IFR – Índice de Força Relativa?

O IFR (Índice de Força Relativa) é um indicador de análise técnica, parte da família dos osciladores, que mede o “momento” dos preços , ou seja, quão rápido e em que direção os preços estão se movendo.

O índice foi desenvolvido por Welles Wilder e publicado em 1978 no livro New Concepts in Technical Trading Systems. Ele faz isso calculando uma média dos ganhos e das perdas em um período (normalmente 14 dias) e transforma isso numa escala de 0 a 100.

Em termos de interpretação: valores acima de 70 podem indicar que o ativo está sobrecomprado e pode enfrentar uma correção; valores abaixo de 30 podem sinalizar que está sobrevendido, com chance de uma reversão.

Além disso, pode-se usar o IFR para identificar divergências: por exemplo, quando o preço faz novos topos, mas o IFR não confirma esse movimento, isso pode indicar enfraquecimento da tendência.

Um cuidado importante: o IFR funciona melhor em mercados com tendência clara ou movimentos oscilatórios; em mercados muito laterais ou extremamente voláteis ele pode dar muitos sinais falsos, por isso é ideal combiná-lo com outros indicadores ou olhar o contexto maior.

Veja também: Análise fundamentalista: o que é e quais são os indicadores?

Como funciona o IFR?

O Índice de Força Relativa é uma ferramenta que busca o equilíbrio entre a pressão de compra e a pressão de venda de um ativo. Ele mede a velocidade e a mudança dos movimentos de preço para entender se o mercado está em uma situação de desequilíbrio que pode se reverter.

A mágica está na sua capacidade de mostrar quando o preço de um ativo subiu rápido demais (sobrecompra) ou caiu de forma acelerada (sobrevenda). O número do IFR, que varia de 0 a 100, é calculado a partir de uma média móvel dos ganhos e das perdas recentes.

Quanto mais os ganhos superam as perdas no período escolhido, mais perto de 100 o IFR fica; o oposto ocorre quando as perdas dominam, puxando-o para perto de zero.

Além das zonas de sobrecompra e sobrevenda, que sinalizam possíveis momentos de saída ou entrada, muitos analistas prestam atenção nas chamadas divergências.

Uma divergência ocorre quando o preço do ativo atinge um novo topo, mas o IFR não o acompanha, mostrando um topo mais baixo. Isso é um poderoso alerta de que a tendência de alta está enfraquecendo, mesmo que o preço ainda esteja subindo, e pode antecipar uma reversão.

Conheça: Preço x Valor: o que realmente importa ao investir com fundamento

Como calcular o Índice de Força Relativa (IFR)?

Você quer calcular o IFR para um ativo nos últimos 14 dias. Primeiro, para cada dia, calcule a variação entre o fechamento de hoje e o fechamento de ontem. Nos dias em que houve alta, anote o ganho; nos dias de queda, anote a perda (como valor positivo). Depois:

  • Some todas as altas dos últimos 14 dias e divida por 14: isso dá a média de ganhos.
  • Some todas as perdas (em módulo) dos últimos 14 dias e divida por 14: isso dá a média de perdas.
  • A Força Relativa (FR) = média de ganhos ÷ média de perdas.
  • Depois aplica: IFR = 100 – [100 ÷ (1 + FR)].

Esse cálculo torna visível qual tem sido a pressão dos compradores versus vendedores no período analisado.

Saiba mais: Aversão à perda: o que é e como ela impacto os investimentos?

Como interpretar o IFR?

Quando você está analisando o IFR, pense assim: ele mede o momentum dos preços, ou seja, quanto os compradores ou vendedores estão dominando o mercado naquele período.

Se o IFR está alto, digamos acima de 70, ele sugere que os compradores seguraram a vantagem por muito tempo, o que pode levar a um esgotamento e a uma possível reversão ou correção.

Por outro lado, se está baixo, digamos abaixo de 30, significa que os vendedores dominaram, e pode haver uma oportunidade para os compradores reagirem. Mas atenção: não use esse sinal isoladamente. Combine com análise de tendência, volume, suportes e resistências.

Outro ponto técnico: se o preço está fazendo máximas mais altas, mas o IFR está fazendo máximas mais baixas (divergência negativa), isso pode indicar que a alta está perdendo força. Inversamente, se o preço faz mínimas mais baixas e o IFR faz mínimas mais altas (divergência positiva), pode haver chance de reversão para cima.

Então, interpretar o IFR exige olhar o número (por exemplo, 75 ou 25), a zona em que ele está, o sentido da tendência geral e se há divergência com o preço.

Entenda: Preço médio, o que é? Importância, cálculo, estratégias e cuidados

Como usar o IFR?

A aplicação mais fundamental do IFR é identificar se um ativo está em uma condição de excesso, seja ele de compras ou de vendas. Você pode usar isso para buscar o timing de entrada e saída.

  • Sinal de Compra: Fique de olho quando o IFR cai e atinge ou rompe a linha de 30, entrando na zona de sobrevenda. Isso sugere que o ativo foi vendido em excesso e pode estar “barato”, sendo um momento ideal para buscar uma reversão de alta. A entrada de compra é confirmada, por exemplo, quando o IFR volta a subir e cruza a linha de 30 para cima.
  • Sinal de Venda ou Realização: Observe quando o IFR sobe e cruza a linha de 70, entrando na zona de sobrecompra. Este é um indicativo de que o preço subiu muito rápido e a força compradora pode estar se esgotando. Você pode usar isso como um sinal para vender o ativo, realizar o lucro de uma compra anterior ou evitar novas compras, esperando que o IFR volte a cair abaixo de 70.

Lembre-se de que essa estratégia funciona melhor em mercados que estão se movimentando lateralmente, ou seja, sem uma tendência forte de alta ou baixa definida.

Fique sabendo: Discriminação de preços: o que é, tipos e como funciona

Vantagens e limitações do Índice de Força Relativa?

Vantagens

Uma das maiores vantagens do IFR é que ele mede o momentum do movimento de preços, ou seja, quanto os compradores ou vendedores estão dominando, e esse tipo de informação ajuda a ver situações de exaustão de movimento ou possíveis reversões.

Também, como o indicador oscila entre 0 e 100, ele oferece zonas de referência intuitivas (por exemplo, acima de 70 ou abaixo de 30) para sinalizar sobrecompra/sobrevenda.

Limitações

Por outro lado, o IFR pode dar sinais falsos, especialmente quando o mercado está em consolidação ou se movendo lateralmente, porque ele pode entrar em zona de sobrecompra ou sobrevenda e lá permanecer por longos períodos sem que ocorra a reversão esperada.

Também, como qualquer indicador de análise técnica, ele se baseia em dados passados e não “prevê” o futuro com certeza; ele mostra o que já aconteceu (ganhos/perdas) e “estica” isso para julgar o que pode acontecer.

Leia também: Precificação: o que é, métodos e como fazer

Diferença entre IFR e MACD

Se você está operando no mercado e quer saber quando entrar ou sair de uma posição, entender a diferença entre IFR e MACD pode fazer toda a diferença.

O IFR vai te alertar quando o mercado está exagerando, seja comprando demais ou vendendo demais. Já o MACD vai te mostrar se a tendência está mudando, como se fosse um sinal de trânsito indicando que é hora de virar.

Usar os dois juntos pode te dar uma visão mais completa: o IFR mostra o “agora” e o MACD aponta o “para onde”.

Leia mais: Análise gráfica: o que é, como se faz e para que serve?

Fontes: Onze, Infomoney, Nelogica, Toro, Master Clear, Br Investing, CM Capital, Investopedia.

XPFI: o que é e como funciona?

DPGE: o que é o Depósito a Prazo com Garantia Especial?

Prevenção à Lavagem de Dinheiro (PLD): o que é, como funciona

Linha d’água: o que é, como funciona, importância