Análise gráfica: o que é, como se faz e para que serve?

A análise gráfica é uma forma de averiguar as oscilações de preços de um ativo, para determinar as movimentações do mercado. Entenda.

13 de novembro de 2020 - por Jaíne Jehniffer


A análise gráfica é uma forma de estudar os movimentos de mercado por meio de gráficos. Dessa forma, o objetivo principal desse tipo de análise é descobrir as tendências de mercado, seja de alta, baixa ou lateralizadas.  Com a descoberta das tendências, seria possível fazer uma previsão das movimentações futuras.

O objeto principal de estudo da análise gráfica, são os preços dos ativos. Sendo assim, as oscilações de preços servem como um demonstrativo dos fatos que impactam o mercadoNo entanto, o uso dessa técnica ainda é controverso.

Por um lado, temos as pessoas que usam a análise gráfica como uma ferramenta para a tomada de decisão de investimentos. Por outro lado, temos os estudiosos que afirmam que os movimentos de mercado são aleatórios, logo essa análise não é eficaz. Entenda!

O que é a análise gráfica?

A análise gráfica, também chamada de análise técnica, é uma forma de averiguar as oscilações de preços de um ativo, durante um período determinado. Ou seja, por meio da análise gráfica, é possível criar gráficos representativos dos movimentos e tendências de variações, relacionados aos preços dos ativos.

Charles Dow, um dos criadores do Índice Dow Jones, criou a Teoria de Down, que posteriormente originou a análise técnica. Em síntese, nos seus estudos, Dow fala sobre as repetições históricas dos movimentos dos preços no mercado.

Esse tipo de análise é usado, principalmente, pelos investidores que acreditam que, através dos preços dos ativos, é possível identificar os fatos que os impactaram, como, por exemplo, os movimentos políticos. 

Em outras palavras, os analistas gráficos, também chamados de grafistas, acreditam que, analisando os preços, o investidor consegue entender os movimentos de mercado e encontrar boas oportunidades de investimentos.

Sendo assim, esse tipo de análise é uma ferramenta usada na tomada de decisão sobre investimentos. 

Enfim, os traders, geralmente, se utilizam dessa ferramenta, já que eles operam rapidamente, não tendo tempo para realizar uma análise tão demorada e extensa quanto a análise fundamentalista

Para que serve a análise gráfica?

A análise gráfica serve para ajudar investidores e traders a entenderem o comportamento do mercado financeiro no Brasil. Ela utiliza gráficos para identificar padrões e tendências nos preços de ativos, como ações, moedas e commodities.

Com essa ferramenta, é possível prever movimentos futuros de preços com base no histórico, facilitando a tomada de decisões de compra ou venda. Por exemplo, se um gráfico mostra que o preço de uma ação está subindo consistentemente, isso pode indicar uma tendência de alta, sugerindo que é um bom momento para investir.

Além disso, a análise gráfica permite observar níveis de suporte e resistência. O suporte é o preço mínimo em que o ativo costuma parar de cair, enquanto a resistência é o limite onde ele tende a parar de subir. Esses pontos ajudam a planejar operações com menos risco.

Em resumo, a análise gráfica é uma ferramenta prática para quem quer agir de forma mais informada no mercado financeiro, seja para lucrar no curto prazo ou proteger investimentos.

Como funciona a análise técnica?

O principal objetivo ao se realizar a análise técnica, é encontrar tendência nas variações de preços. Dessa maneira, os grafistas buscam unir dados gráficos e indicadores para descobrir as tendências e prever os movimentos de mercado.

As tendências buscadas pelos grafistas pode ser de alta, baixa ou lateralizadas:

  • Tendência altista (bullish): Quando a demanda cresce, os preços dos ativos sobem, originando a tendência altista. A nomenclatura bullish vem de bull (touro), já que o touro ataca com os chifres de baixo para cima.
  • Baixista (bearish): Quando existem mais vendedores do que compradores, os preços baixam. O nome bearish vem de bear (urso), que ataca de cima para baixo. 
  • Lateralizada: Por fim, a tendência lateralizada, também chamada de sem tendência, ocorre quando o mercado possui um equilíbrio entre vendedores e compradores. 

Com a identificação das tendências, os grafistas buscam traçar linhas de tendência. Isso é feito através da interligação de topos históricos entre si, visando compreender como está indo o mercado. Para isso, são usados quatro conceitos fundamentais:

  • Topo: É o maior preço do ativo dentro do período analisado;
  • Fundo: É o preço mais baixa dentro do intervalo averiguado;
  • Resistência: Serve para indicar que o mercado não está disposto a pagar mais do que determinado valor pelo ativo. A resistência é o resultado de uma série de topos;
  • Suporte: O suporte é quando ocorre uma série de fundos. Logo, ele demonstra que o mercado não está disposto à pagar menos do que determinado valor pelo ativo. 

Quais são os indicadores da análise gráfica?

1) Volume Financeiro

O volume financeiro representa a quantidade de dinheiro negociada em um determinado período. Um aumento no preço acompanhado de um volume alto pode confirmar uma tendência de alta, enquanto uma queda no preço com alto volume pode indicar uma tendência de baixa.

Assim, o volume ajuda a entender os movimentos de preços e a tomar decisões mais informadas.

2) Suporte e Resistência

Os níveis de suporte e resistência são fundamentais na análise técnica. O suporte é o nível onde o preço tende a encontrar dificuldade para cair, devido à maior demanda do que oferta.

Por outro lado, a resistência é onde o preço enfrenta dificuldades para subir. Quando esses níveis são rompidos, eles podem inverter suas funções, com um suporte se tornando resistência e vice-versa.

3) Médias Móveis

As médias móveis suavizam as flutuações diárias dos preços e ajudam a identificar a direção da tendência. Existem dois tipos principais: a média móvel simples (SMA), que calcula a média dos preços em um período específico, e a média móvel exponencial (EMA), que dá mais peso aos preços mais recentes.

A interseção entre duas médias móveis pode sinalizar pontos de entrada ou saída.

4) Índice de Força Relativa (IFR)

O IFR é um oscilador que mede a velocidade e a intensidade das mudanças nos preços, variando de 0 a 100. Valores acima de 70 indicam que um ativo está sobrecomprado, enquanto valores abaixo de 30 sugerem que está sobrevendido.

Este indicador é útil para identificar possíveis reversões de tendência.

5) MACD (Moving Average Convergence Divergence)

O MACD combina médias móveis para gerar sinais de compra e venda. Ele consiste em duas linhas: a linha MACD (diferença entre duas médias móveis exponenciais) e a linha de sinal (média móvel do MACD).

As interseções dessas linhas podem indicar mudanças na direção da tendência.

6) Bandas de Bollinger

As Bandas de Bollinger são um indicador de volatilidade que consiste em uma média móvel central com duas linhas que representam desvios padrão acima e abaixo dela. Quando as bandas se expandem, isso indica maior volatilidade; quando se contraem, sugere menor volatilidade.

7) Indicador de Fibonacci

Este indicador utiliza a sequência de Fibonacci para identificar possíveis níveis de suporte e resistência após movimentos significativos nos preços. Ele ajuda os traders a prever até onde um preço pode ir após uma alta ou baixa.

Quais são os principais tipos de gráficos?

Existem diversos tipos de gráficos usados na análise técnica, como, por exemplo:

1) Gráfico de linhas 

Nesse gráfico, a linha representa a união dos preços dentro do período analisado. O gráfico de linhas pode ser, por exemplo, diário, onde a linha une os preços de fechamento de cada dia de negociação. 

2) Barras

O gráfico de barras é mais completo do que o de linhas. Isso porque, ele leva em consideração o preço de fechamento, abertura, topo e fundo.

3) Candlesticks 

São uma espécie de figuras gráficas, onde se reúnem várias informações em um único desenho. Dessa maneira, cada candle contém dados como o preço de abertura, fechamento, preço de topo e fundo. Também são identificados com cores, sendo que os verdes mostram alta de preço e os vermelhos demonstram quedas.

Quais são as críticas e limitações?

1) Baseia-se em Dados Históricos

A análise técnica utiliza o comportamento passado dos preços para prever o futuro. No entanto, eventos únicos ou mudanças inesperadas no mercado, como crises econômicas ou avanços tecnológicos, podem tornar os dados históricos irrelevantes.

2) Desconsidera Fatores Fundamentais

Essa abordagem foca exclusivamente nos movimentos de preços e ignora fatores como lucros da empresa, gestão, ou condições econômicas gerais. Isso pode levar a decisões enviesadas, especialmente quando eventos fundamentais impactam diretamente o mercado.

3) Interpretação Subjetiva

Diferentes analistas podem interpretar os mesmos gráficos de formas distintas. A subjetividade na identificação de padrões ou na aplicação de indicadores pode gerar previsões conflitantes.

4) Excesso de Indicadores

A variedade de indicadores disponíveis pode levar ao “paradoxo da escolha”. Usar muitos indicadores ao mesmo tempo pode confundir o investidor e até resultar em sinais contraditórios.

5) Não Garante Previsão Precisa

Apesar de identificar tendências e padrões, a análise gráfica não oferece certezas. Os mercados financeiros são influenciados por fatores imprevisíveis, como mudanças políticas ou naturais, que não aparecem nos gráficos.

6) Efeito Auto-realizável

Muitas vezes, a análise técnica funciona porque muitos investidores seguem os mesmos padrões e indicadores. Isso pode criar movimentos de mercado artificiais, não sustentados por fundamentos.

7) Limitação em Mercados com Baixa Liquidez

Em mercados pouco líquidos, os gráficos podem ser menos confiáveis. Movimentos de preços podem ser distorcidos por negociações esporádicas ou manipulações de preços.

8) Curto Prazo Como Foco Principal

A análise gráfica é frequentemente usada para operações de curto prazo, como day trade. Isso a torna menos eficiente para investidores que buscam retornos no longo prazo, onde os fundamentos geralmente prevalecem.

9) Dependência de Ferramentas e Conhecimento Técnico

A aplicação correta da análise gráfica exige experiência e familiaridade com softwares específicos. Para iniciantes, essa curva de aprendizado pode ser desafiadora e levar a erros.

10) Risco de Overtrading

A análise técnica pode incentivar operações excessivas, especialmente quando o investidor tenta aproveitar pequenos movimentos de preço. Isso aumenta os custos de transação e pode reduzir a rentabilidade.

Essas limitações reforçam a importância de usar a análise gráfica como uma ferramenta complementar, combinando-a com outras abordagens, como a análise fundamentalista e a diversificação de portfólio.

Fontes: Rico, Capital research e Bussola do investidor

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