Análise fundamentalista: o que é e quais são os indicadores?

9 de setembro de 2020, por Sidemar Castro

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A análise fundamentalista é usada por grandes investidores, como Warren Buffett, que a considera fundamental no processo de investimento em ações de uma empresa. Isso porque, na hora de investir, é muito importante analisar profundamente a empresa.

Basicamente, existem duas maneiras mais usuais de fazer essa análise no mercado de renda variável. Ou seja, através da análise fundamentalista ou da análise técnica. Ambas visam dar suporte na hora de investir e garantir uma escolha mais acertada.

A análise fundamentalista se baseia em diversos aspectos, como os dados financeiros da empresa, seus resultados e balanços. É o tipo de análise que o perfil de investidor conservador prefere, já que visa o longo prazo e reduz os riscos futuros. 

Quer saber mais? Leia a matéria.

O que é a análise fundamentalista?

A análise fundamentalista é um conjunto de técnicas usadas para avaliar a saúde financeira de uma empresa e a qualidade de seu negócio. É um filtro muito utilizado por investidores na Bolsa de Valores. Por meio dos fundamentos, busca-se entender o histórico da empresa e fazer projeções sobre o valor de suas ações.

Essa análise inclui uma avaliação da situação financeira, mercadológica e econômica de uma empresa, de países, regiões ou até mesmo de commodities. O objetivo é entender o valor de uma empresa e seu potencial de rendimento, e não apenas o preço de suas ações no momento.

O economista americano Benjamin Graham é considerado o precursor dessa técnica. Ele procurava identificar indicadores de sucesso futuro para escolher empresas que possuem potencial de valorização.

Essa técnica é bastante utilizada por investidores que utilizam a estratégia de buy and hold, ou seja, compram ações de empresas que estão subvalorizadas e esperam sua valorização em períodos de médio a longo prazo.

Como funciona a análise fundamentalista?

A análise fundamentalista funciona através de um conjunto de técnicas que avaliam a saúde financeira e a qualidade do negócio de uma empresa. Aqui estão os passos principais:

  1. Análise da Situação Financeira: Isso envolve a revisão dos balanços patrimoniais, demonstrações de resultados e fluxos de caixa da empresa. O objetivo é entender a saúde financeira da empresa e sua capacidade de gerar lucros no futuro.
  2. Análise Mercadológica: Isso envolve a avaliação do mercado em que a empresa opera, incluindo a análise da concorrência, demanda do produto ou serviço, barreiras à entrada e saída, entre outros fatores.
  3. Análise Econômica: Isso envolve a avaliação do ambiente econômico em que a empresa opera. Fatores como taxas de juros, inflação, crescimento do PIB, taxas de desemprego, entre outros, podem afetar o desempenho da empresa.
  4. Projeções: Com base nas análises acima, são feitas projeções sobre o desempenho futuro da empresa. Isso pode incluir projeções de receita, lucro, fluxo de caixa, entre outros.
  5. Determinação do Valor Intrínseco: Com base nas projeções, é determinado o valor intrínseco da empresa. Se o valor intrínseco for maior do que o preço atual da ação, a ação pode ser considerada subvalorizada, e vice-versa.
  6. Decisão de Investimento: Com base na comparação entre o valor intrínseco e o preço atual da ação, os investidores tomam suas decisões de investimento.

A análise fundamentalista é uma ferramenta para ajudar os investidores a tomar decisões informadas. Ela não garante sucesso e deve ser usada em conjunto com outras ferramentas e estratégias de investimento.

Quais são os indicadores da análise fundamentalista?

Aqui estão alguns dos principais indicadores utilizados na análise fundamentalista:

  • Lucros: Representa o ganho que a empresa obteve em um determinado período. É um indicador importante da saúde financeira de uma empresa.
  • Fluxo de Caixa: Refere-se ao dinheiro que entra e sai de uma empresa durante um período de tempo definido. É um indicador chave da liquidez de uma empresa.
  • Valores Contábeis: São os valores que aparecem nos balanços patrimoniais da empresa. Eles podem dar uma visão sobre a saúde financeira da empresa.
  • Receita: É o dinheiro que uma empresa ganha com a venda de seus produtos ou serviços. É um indicador chave do desempenho de uma empresa.
  • Preço/Lucro Setorial: É a relação entre o preço de uma ação e o lucro por ação da empresa. É um indicador comum usado para avaliar se uma ação está sobrevalorizada ou subvalorizada.
  • Preço/Valor Contábil: É a relação entre o preço de mercado de uma ação e seu valor contábil. É usado para avaliar se uma ação está sobrevalorizada ou subvalorizada.

Cada um desses indicadores pode fornecer informações valiosas sobre a saúde financeira e o desempenho de uma empresa.

Quais são as vantagens da análise fundamentalista?

Abrangência

A análise fundamentalista permite fazer uma investigação profunda sobre a empresa e seu potencial no longo prazo. Ela avalia diversos indicadores como balanços financeiros internos, a situação econômica, análise setorial, a governança da empresa, entre outros.

Segurança nas Tomadas de Decisão

A análise fundamentalista traz dados amplos e concretos, o que proporciona mais segurança devido à quantidade de dados apresentados. Isso permite ao investidor tomar decisões mais informadas e conscientes.

Agilidade

Com a ajuda de um consultor de investimentos, o processo de avaliação e tomada de decisões se torna mais rápido na empresa, facilitando seu crescimento e saúde financeira.

Identificação de Oportunidades

A análise fundamentalista deve ajudar você a encontrar oportunidades antes que o mercado as perceba e precifique. Ela ajuda a identificar quando as ações estão com um preço menor do que o seu valor intrínseco.

Investimento de Longo Prazo

Essa técnica é bastante utilizada por investidores que utilizam a estratégia de buy and hold. Ou seja, compram ações de empresas que estão subvalorizadas e esperam sua valorização em períodos de médio a longo prazo.

Diferenças entre a análise fundamentalista e a análise técnica

A análise fundamentalista e a análise técnica são duas abordagens principais usadas na avaliação de investimentos, cada uma com suas próprias características e focos.

A análise fundamentalista se concentra nos elementos que estruturam uma empresa, como a produtividade, os lucros, a saúde financeira, dívidas, novos projetos e até questões mais subjetivas como cultura da companhia, engajamento dos colaboradores e liderança. Ela avalia diversos indicadores como balanços financeiros internos, a situação econômica, análise setorial, a governança da empresa, entre outros, nos médio e longo prazos. A partir do estudo, são elaboradas projeções de resultados, além de conseguir identificar o valor justo, ou valor intrínseco, para as ações das empresas.

Por outro lado, a análise técnica lida com a avaliação dos movimentos de preços e gráficos de preços para prever os próximos movimentos do mercado. Ela avalia os mercados a partir das movimentações de preços das ações por meio dos gráficos no curto e médio prazo. O estudo se baseia em estatísticas e na evolução do preço de um ativo.

Em síntese, a análise fundamentalista é geralmente usada por investidores com planos a longo prazo e que esperam menos “surpresas”, já que fazem uma análise detalhada da companhia. Já a análise técnica é para aqueles que buscam ganhar com especulação e com as oscilações de preços, fazendo operações de curto prazo.

Como esse tipo de análise surgiu?

A análise fundamentalista surgiu no final do século XIX e início do século XX, quando as grandes corretoras de bolsa começaram a comparar empresas do mercado através de alguns dados financeiros disponíveis.

O economista americano Benjamin Graham é considerado o precursor dessa técnica. Em 1929, durante um curso ministrado por ele na Universidade de Columbia em Nova York, intitulado “Investments”, surgiu a chamada Análise Fundamentalista. Graham propôs um modelo de investimento diferenciado para aquela época: descobrir o valor intrínseco da ação tendo como ponto de partida os benefícios proporcionados.

As anotações e exemplos utilizados durante o curso foram cuidadosamente organizados por um dos alunos, David Dodd, e constituíram a base para a publicação em 1934 do livro “The Intelligent Investor and Security Analysis”, a primeira tentativa de explicação do funcionamento do mercado acionário.

Portanto, a análise fundamentalista tem suas raízes na observação e interpretação de dados financeiros, com o objetivo de entender o valor intrínseco de uma empresa e seu potencial de rendimento.

Indicações literárias sobre análise fundamentalista

Com tantos conceitos e índices diferentes, é necessário o aprofundamento através de algumas leituras. Pensando nisso, algumas obras importantes são:

  • O investidor inteligente de Benjamin Graham: Como Benjamin Graham é considerado o pai da análise fundamentalista, não tem como não indicar seu livro, que apesar de ter sido lançado em 1949 ainda é cheio de ensinamentos atuais. 
  • Ações comuns, lucros extraordinários de Philip Fisher: Philip Fisher usava métodos próprios, contudo, seu modo de investir tinha muitas semelhanças com o de Benjamin Graham.
  • Investindo em ações no longo prazo de Jeremy Siegel: Esse livro busca, através de diversas análises e exemplos reais, averiguar o desempenho de ações, tanto da bolsa norte americana, quanto de outros países. 

Leia também: Agora que você sabe tudo sobre análise fundamentalista, que tal descobrir também boas Ações para se aposentar – Como escolher e quais critérios considerar