Análise técnica: o que é e como funciona esta metodologia?

17 de março de 2021, por Sidemar Castro

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A análise técnica é usada por investidores de curto prazo, com o objetivo de especular sobre os movimentos futuros de determinado ativo, tendo como base seus movimentos passados. 

Sendo assim, para fazer a análise técnica, os especuladores se baseiam em gráficos que demonstram as variações de determinado ativo ao longo do tempo. O objetivo é encontrar as tendências para então operar a favor ou sair da posição. 

Para os investidores que desejam construir um patrimônio ao longo do tempo, o recomendado é fazer uma análise fundamentalista. Isso porque, na fundamentalista, o objetivo é analisar a empresa em si e não as variações passadas dos preços de seus ativos.

Quer saber mais sobre a análise técnica e como funciona essa metodologia? Leia e saiba mais.

O que é análise técnica de ações?

A análise técnica, também conhecida como análise gráfica, é um método usado por profissionais do mercado financeiro e investidores para tentar prever o caminho dos preços e do fluxo de um determinado ativo financeiro. Ela se baseia na observação de padrões históricos nos preços das ações para identificar tendências futuras.

O estudo dos preços ao longo do tempo é a base da análise técnica. Ela é usada para interpretar movimentos passados para prever o futuro. O objetivo central da análise técnica é identificar uma tendência, operar a favor dela e sair da operação ao verificar sinais de que essa tendência está sendo revertida.

A análise técnica utiliza gráficos para antecipar as mudanças dos ativos, pois eles mostram historicamente em quais estágios os ativos estão. Segundo um estudo de Thomas N. Bulkowski, a análise técnica conseguiu prever corretamente de 80% a 90% dos movimentos nas cotações.

Em suma, a análise técnica é uma estratégia eficiente para quem quer fazer operações de curto prazo na Bolsa de Valores.

Como funciona a análise técnica?

A análise técnica funciona a partir da observação de padrões nos preços dos ativos ao longo do tempo. Ela utiliza uma série de indicadores e gráficos para tentar prever as tendências de mercado e determinar o momento certo de comprar ou vender um ativo.

Os principais indicadores utilizados na análise técnica incluem suporte e resistência, linhas de tendência, médias móveis, volume financeiro, entre outros. Cada um desses indicadores fornece informações diferentes sobre o comportamento do mercado.

Por exemplo, o suporte e a resistência mostram o limite de queda e o limite de alta de um ativo, respectivamente. As linhas de tendência representam a direção e o sentido de um ativo no mercado. As médias móveis ajudam a suavizar as flutuações de preço de curto prazo, permitindo que os traders identifiquem as tendências de longo prazo.

A análise técnica é comumente usada por traders, tanto amadores quanto profissionais, para traduzir o comportamento do mercado e encontrar as melhores oportunidades no curto prazo. No entanto, é importante notar que a eficácia da análise técnica pode depender muito do conhecimento e experiência do analista.

Para que ela serve?

A análise técnica serve para tentar prever o caminho dos preços e do fluxo de um determinado ativo financeiro, como ações, contratos futuros, moedas, entre outros. Ela é especialmente eficiente para quem pretende fazer operações de curto prazo.

O objetivo principal da análise técnica é identificar uma tendência, operar a favor dela e sair da operação ao verificar sinais de que essa tendência está sendo revertida. Com isso, os investidores podem definir um preço-alvo no qual venderão a ação com o lucro esperado e um stop loss, patamar em que venderão a ação com um prejuízo aceitável.

Portanto, utilizando-se da ferramenta corretamente, o investidor pode tirar as emoções de jogo e definir um preço para entrar e um preço para sair da operação. Isso ajuda a maximizar os lucros e minimizar as perdas. Além disso, a análise técnica pode ser uma ferramenta bastante ágil e objetiva.

Quais são os indicadores usados na análise técnica?

Aqui estão alguns dos principais indicadores usados na análise técnica de ações:

1. Suporte e resistência

Suporte e resistência são conceitos fundamentais na análise técnica usados para identificar os níveis de preço nos quais a tendência de um ativo financeiro pode mudar de direção.

  • Suporte: É o nível de preço de um ativo onde a demanda é forte o suficiente para prevenir que o preço caia mais. Isso ocorre porque, à medida que o preço se aproxima do suporte, mais compradores se tornam interessados em comprar e menos vendedores estão dispostos a vender. Quando o preço atinge o suporte, espera-se que ele suba.
  • Resistência: É o nível de preço onde a oferta é tão grande que impede a continuação da elevação do preço. À medida que o preço se aproxima da resistência, mais vendedores se tornam interessados em vender e menos compradores estão dispostos a comprar. Quando o preço atinge a resistência, espera-se que ele caia.

Esses níveis de suporte e resistência são usados pelos traders para determinar os pontos de entrada e saída das operações.

2. Linhas de tendência

As linhas de tendência, no contexto dos mercados financeiros, são linhas diagonais desenhadas em gráficos. Elas ligam pontos de dados específicos, facilitando a visualização de movimentações dos preços e identificação de tendências de mercado.

Essencialmente, as linhas de tendência funcionam como níveis de suporte e resistência, mas são feitas com diagonais, em vez de linhas horizontais. Sendo assim, elas podem ter uma inclinação positiva ou negativa. Geralmente, quanto maior for o declive da linha, mais forte é a tendência.

Podemos dividir linhas de tendência em duas categorias básicas: ascendente (tendência de alta) e descendente (tendência de baixa). Uma linha de tendência ascendente é desenhada de uma posição inferior até uma posição mais alta do gráfico, conectando dois ou mais pontos baixos. Por outro lado, uma linha de tendência descendente é desenhada de uma posição superior para uma posição inferior no gráfico, conectando dois ou mais pontos altos.

As linhas de tendência são utilizadas para identificar níveis de suporte e resistência, que são dois conceitos básicos, mas muito importantes, da análise técnica.

3. Médias móveis

As médias móveis são um indicador de análise técnica que suaviza os dados dos preços das ações para formar um indicador que segue a tendência. Elas são calculadas com base nos valores mais recentes e são utilizadas para verificar a movimentação dos preços de uma ação no mercado por um determinado período.

Existem dois tipos principais de médias móveis:

  • Média Móvel Aritmética (MMA): É formada pelo cálculo do preço médio de um título ao longo de um determinado número de períodos.
  • Média Móvel Exponencial (MME): Dá maior peso aos preços mais recentes no seu cálculo, sendo mais sensível às recentes mudanças de preços.

As médias móveis podem tanto mostrar uma tendência e confirmá-la, como sinalizar uma possível reversão através da identificação de fortes movimentos de compra ou venda do mercado. No entanto, é importante ressaltar que as médias móveis são recomendadas para verificar a movimentação dos preços de uma ação no mercado por um determinado período, e não para mostrar qual é o momento certo de comprar ou vender uma ação específica.

4. Volume financeiro

O volume financeiro é um indicador de análise técnica que mostra o número de ações negociadas em um determinado período. Ele é calculado multiplicando o número de ações negociadas pelo valor dessas ações. Este indicador é usado para determinar a liquidez de um ativo e tomar decisões estratégicas para aumentar os ganhos.

Quanto maior o volume, maior a atividade do papel, indicando um maior interesse do mercado nesse ativo. Por outro lado, quando existem poucas movimentações envolvendo o ativo, significa que o mercado não está tão interessado nele.

Os traders usam o volume financeiro para confirmar padrões gráficos e tendências. Por exemplo, se o volume está diminuindo em uma tendência de alta, isso pode indicar que o movimento altista está chegando ao fim. Além disso, o volume financeiro acompanha a tendência, sendo usado para confirmar as tendências e como alerta para uma possível mudança de curso.

5. Estocástico

O Estocástico, também conhecido como Oscilador Estocástico, é uma ferramenta de análise técnica desenvolvida por George Lane na década de 1950. Ele é usado para identificar pontos de reversão e de tendência de um ativo na Bolsa de Valores.

O Estocástico se baseia na relação entre o preço de fechamento de um ativo e seu pico (preço máximo) ou vale (menor preço) durante um determinado período, geralmente de 14 dias. Ele ajuda a entender se um ativo está sobrecomprado ou sobrevendido, fornecendo sinais de compra ou venda.

O Estocástico é composto por duas linhas, a linha %K e a linha %D. A linha %K é calculada com base na posição do preço de fechamento em relação ao intervalo de alta/baixa de um período de tempo definido. A linha %D é uma média móvel da linha %K, usada para gerar sinais de compra e venda.

6. Bandas de Bollinger

As Bandas de Bollinger são um indicador de análise técnica criado por John Bollinger na década de 1980. Elas são usadas para medir a volatilidade de um ativo financeiro e ajudar a identificar possíveis pontos de reversão.

As Bandas de Bollinger são compostas por três linhas:

  • Banda superior: Calculada como a média móvel simples de 20 períodos mais duas vezes o desvio padrão.
  • Banda intermediária: É a média móvel simples de 20 períodos.
  • Banda inferior: Calculada como a média móvel simples de 20 períodos menos duas vezes o desvio padrão.

Quando o preço de um ativo ultrapassa a banda superior, observa-se uma tendência de alta do ativo. Por outro lado, se o preço fica abaixo da banda inferior, há então uma tendência de baixa. No entanto, deve-se ficar atento aos sinais de força dos ativos ao ultrapassar as bandas. Os mesmos tendem a perder força e inverter a tendência ao passo que rompem as bandas superior e inferior.

As Bandas de Bollinger são especialmente úteis em mercados que seguem tendências, fornecendo informações valiosas sobre a volatilidade do mercado e ajudando os traders a identificar pontos de entrada e saída para suas operações.

Críticas a essa metodologia

A análise técnica, apesar de ser amplamente utilizada, também enfrenta diversas críticas. Aqui estão algumas das principais:

  • Eficiência do mercado: Alguns críticos argumentam que os mercados são eficientes, o que significa que todas as informações disponíveis já estão refletidas nos preços dos ativos. Portanto, a análise de padrões de preços passados não seria útil para prever movimentos futuros.
  • Autorrealização profética: Outra crítica é que a análise técnica pode se tornar uma autorrealização profética. Ou seja, se um grande número de traders estiver usando os mesmos indicadores e padrões para tomar decisões, isso pode levar a movimentos de preços que confirmam esses indicadores e padrões.
  • Desempenho passado e futuro: Críticos também afirmam que a performance passada de uma ação é praticamente irrelevante para prever o desempenho futuro.
  • Dependência do analista: A eficácia da análise técnica pode depender muito do conhecimento e experiência do analista. Portanto, os resultados podem variar significativamente entre diferentes analistas.
  • Buy and Hold: A estratégia de “Buy and Hold” (comprar e manter) é uma abordagem de investimento de longo prazo que envolve a compra de ações e a retenção dessas ações por um período prolongado, independentemente das flutuações do mercado. Essa estratégia contrasta com a análise técnica, que se concentra em operações de curto prazo baseadas em padrões de preços e tendências.

Aqui estão algumas críticas à análise técnica no viés de “Buy and Hold”:

  • Foco no curto prazo: A análise técnica é criticada por seu foco no curto prazo, o que pode não ser adequado para investidores de “Buy and Hold” que estão mais interessados no desempenho de longo prazo de uma empresa.
  • Ignora fundamentos da empresa: A análise técnica se baseia principalmente em padrões de preços e tendências, e pode ignorar os fundamentos da empresa, como saúde financeira, perspectivas de crescimento e qualidade da gestão. Isso pode ser problemático para investidores de “Buy and Hold”, que geralmente se baseiam em uma análise fundamental detalhada ao tomar decisões de investimento.
  • Ineficácia em mercados eficientes: Alguns críticos argumentam que a análise técnica pode ser ineficaz em mercados eficientes, onde todas as informações disponíveis já estão refletidas nos preços das ações. Isso contrasta com a abordagem de “Buy and Hold”, que pressupõe que o mercado pode ser ineficiente no curto prazo, mas eficiente no longo prazo.
  • Risco de overtrading: A análise técnica pode levar ao overtrading (negociação excessiva), o que pode resultar em custos de transação mais altos. Isso contrasta com a estratégia de “Buy and Hold”, que envolve a realização de menos transações ao longo do tempo.

Agora que você conhece como funciona e quais são os riscos da análise gráfica, usada principalmente pelos traders, veja o vídeo de Raul Sena e entenda por que trader não é investidor:

Fontes: Conteúdos, Riconnect, Invest News, Nelogica, Infomoney, Mais retorno, Toro