Value at Risk (VaR): o que é e como calcular?

O Value at Risk (VaR) é uma medida que estima a perda máxima esperada de um investimento em determinado período e nível de confiança. Entenda como calcular.

9 de outubro de 2025 - por Sidemar Castro


O Value at Risk (VaR), ou Valor em Risco, é uma medida estatística que estima a perda potencial máxima que um investimento ou carteira pode ter em um determinado período, com um certo nível de confiança e sob condições normais de mercado.

Entenda o que é, e como calcular o VaR, neste artigo. Leia!

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O que é o Value at Risk (VaR)?

Pense no VaR como um termômetro estatístico que ajuda a medir a febre do risco em uma aplicação financeira. No gerenciamento de riscos, a grande questão é: “O quanto eu posso perder?”. O VaR responde a isso de uma forma muito específica, combinando três elementos cruciais:

Primeiro, ele define o valor da perda máxima esperada em termos monetários.

Segundo, ele estabelece um horizonte de tempo (como um dia ou dez dias) para essa perda.

E terceiro, e talvez o mais importante, ele aplica um nível de confiança (geralmente 90%, 95% ou 99%).

Dessa forma, o VaR não prevê o futuro nem te protege de eventos raros e extremos, como as grandes crises de mercado (aquelas chamadas de “cisnes negros”). Sua função é dar uma probabilidade clara sobre as perdas em cenários do dia a dia.

Como funciona o Value at Risk (VaR)?

O VaR funciona como uma previsão de até onde as perdas podem chegar sob condições normais de mercado.

Para começar, define-se o período de análise e o nível de confiança, depois aplica-se um método para calcular esse limite de perda: olhar o histórico de retornos, usar modelos estatísticos ou criar simulações de mercado.

O resultado mostra a perda máxima esperada dentro da probabilidade escolhida; por exemplo, 95%.

Em seguida, o modelo é testado na prática com backtesting (método para testar a viabilidade e lucratividade de uma estratégia de investimento) e ajustes quando necessário.

O VaR, portanto, é como um guia de segurança para entender riscos prováveis, embora não consiga prever situações extremas ou totalmente inesperadas.

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Quais são os três elementos do Value at Risk?

1) Estimativa de perda máxima

Imagine que você está planejando uma viagem e quer saber quanto pode gastar no pior dos casos. O VaR faz algo parecido com seus investimentos: ele calcula qual seria a maior perda esperada, sem considerar eventos extremos. É uma forma de transformar a incerteza em um número palpável, que ajuda a tomar decisões mais seguras.

2) Horizonte de tempo

Não adianta saber o risco se você não souber quando ele pode bater à porta. O VaR sempre olha para um período específico, pode ser amanhã, na próxima semana ou até no mês que vem. Esse recorte temporal é fundamental porque o comportamento dos ativos muda com o tempo. Quanto maior o horizonte, maior pode ser a perda.

3) Nível de confiança

Por fim, vem a pergunta clássica: “Qual a chance disso realmente acontecer?” O VaR responde com um grau de confiança. Se o modelo diz que há 95% de chance de a perda não ultrapassar R$ 10 mil, isso significa que em 5% dos casos, ela pode sim ser maior. É como prever chuva com 95% de certeza, você ainda pode se molhar, mas pelo menos está avisado.

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Como calcular o Value at Risk (VaR)?

1) VaR Paramétrico

O VaR paramétrico, também conhecido como método da variância-covariância, é como um atalho rápido. Ele assume que os retornos dos seus investimentos se comportam de maneira previsível, seguindo uma curva estatística normal. Usando apenas a média e o desvio padrão dos retornos, ele consegue estimar a perda máxima potencial. A grande vantagem desse modelo é a agilidade, mas ele pode te deixar na mão em mercados muito instáveis ou quando os retornos dos ativos têm comportamentos mais assimétricos.

2) VaR Histórico

O VaR histórico é mais “pé no chão”. Em vez de fazer suposições estatísticas, ele olha diretamente para o que aconteceu no passado. Ele pega dados reais de retornos e simula o que teria acontecido com a sua carteira, baseando-se nessa história. Essa abordagem é interessante porque ela é mais fiel ao comportamento de fato dos ativos, já que não pressupõe nenhuma distribuição de probabilidade. No entanto, se o seu histórico de dados for curto ou de má qualidade, a precisão da estimativa pode ser comprometida.

Entenda: Covariância: o que é, fórmula, para que serve e como funciona?

Exemplo de Value at Risk (VaR)

Suponha que você esteja gerindo um fundo e avalie a carteira em R$ 2 milhões. Quer saber qual é a perda que provavelmente não será ultrapassada em um dia, com nível de confiança de 99 %.

Após análise dos retornos históricos, você descobre que sua volatilidade diária é de 0,8 %. Para 99%, o coeficiente estatístico (Z) é cerca de 2,33.

Aplicando a fórmula vai ficar: VaR = 2.000.000 × 2,33 × 0,008 × √1 = R$ 37.280.

Isso significa que, com 99 % de confiança, num dia normal de mercado você não espera perder mais do que R$ 37.280 — mas há 1 % de chance de que a perda seja superior.

Quais são as vantagens do uso do Value at Risk (VaR)?

Vamos imaginar que você está prestes a embarcar numa viagem e quer saber qual é o pior cenário possível: quanto pode gastar, onde pode se atrasar, o que pode dar errado. O VaR faz algo parecido com seus investimentos: ele te dá uma estimativa clara do quanto você pode perder, com base em dados reais e uma dose de estatística.

O legal é que esse número não fica solto no ar. Ele vem acompanhado de um prazo e de uma probabilidade. Ou seja, você sabe que, por exemplo, em 99% dos casos, sua perda não deve passar de R$ 10 mil em um dia. Isso traz uma sensação de controle, mesmo em um ambiente cheio de incertezas.

E tem mais: o VaR funciona como uma linguagem comum entre diferentes áreas do mercado. Seja em bancos, fundos ou empresas, ele ajuda todo mundo a falar a mesma língua quando o assunto é risco. Isso torna as decisões mais rápidas, mais seguras e mais alinhadas com a realidade.

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Quais são as limitações e críticas ao uso do Value at Risk (VaR)?

O Value at Risk (VaR) é útil, mas tem fragilidades que exigem cautela.

Ele ignora perdas que ultrapassam o limite calculado, o que pode mascarar riscos extremos. Suas estimativas dependem de premissas que raramente se confirmam totalmente: o método paramétrico assume normalidade dos retornos, enquanto o histórico confia demais no passado.

Além disso, o VaR pode ser inconsistente em carteiras com muitos ativos, já que depende de correlações difíceis de medir e não é aditivo.

Diferentes formas de cálculo também geram resultados divergentes. Por isso, especialistas recomendam usar o VaR em conjunto com outras ferramentas, como o Expected Shortfall, que melhor captam cenários de perdas severas.

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Fontes: Suno, Melver, Investopedia, Dimensa, Mais Retorno, Bajajfinserv.

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