Não tem jeito. O sonho da casa própria está enraizado na cabeça do brasileiro. E essa vontade quase nata de ter um “cantinho” para chamar de seu faz muita gente cometer loucuras com o próprio dinheiro. Afinal, vale a pena comprar um apartamento na planta?
A minha missão, aqui, é fazer as pessoas tratarem melhor o dinheiro, garantir uma reserva de emergência e, claro, investir da maneira correta.
Não sou eu o cara certo para falar de aspectos psicológicos relacionados à compra da casa própria.
Então, falando puramente sob o ponto de vista financeiro, posso dizer sem erro:
Comprar um apartamento na planta é a maior burrada que você pode fazer com o seu dinheiro.
Eu já vi muita gente entrando nessa feliz da vida – e saindo arrasado.
Apartamento na planta – os cantos da sereia
Um dos maiores atrativos para quem compra um imóvel na planta é a forma de pagamento.
A flexibilidade deste tipo de negócio é bem grande.
A princípio, o comprador sequer precisa fazer um financiamento imobiliário.
Ele pode começar com uma pequena entrada e escolher o valor da parcela paga à construtora. Também pode acrescentar parcelas intermediárias semestrais ou anuais.
E, por fim, pode determinar um valor maior a ser pago, de uma vez, quando o imóvel ficar pronto – a chamada parcela de “chaves”.
Outro chamariz importante é a possibilidade de o cliente customizar o imóvel, com diversas opções de layout.
Com isso, o comprador consegue deixar o apartamento “do seu jeito”. Quando o imóvel é usado, essa personalização acaba custando bem mais caro.
Algumas construtoras ainda dão 5 anos de garantia, o que também ajuda a fisgar os clientes.
Além disso, algumas pessoas ainda veem a compra do imóvel na planta como uma oportunidade de especulação.
Ou seja, acreditam que podem ganhar dinheiro vendendo o apartamento logo depois da entrega.
Em alguns casos, isto até é possível. Mas seria uma péssima escolha em termos de investimento.
Desvantagens de comprar apartamento na planta
Uma prática extremamente comum, das construtoras, é a de vender um imóvel, já pronto, por um preço menor do que quando estava na planta.
Isto acontece quando as vendas são muito baixas antes da entrega das chaves.
Aí, com base na boa e velha lei de oferta e demanda, os preços caem.
Afinal, um imóvel pronto, sem as unidades vendidas, se torna um pepino na mão da construtora.
Dessa forma, fatalmente, quem comprou o apartamento na planta acaba perdendo dinheiro.
Gato por lebre
Outro grande risco de se adquirir um apartamento na planta é o de comprar gato por lebre.
É comum as construtoras montarem uma unidade decorada de encher os olhos.
Quando as chaves são entregues, no entanto, muitas vezes a realidade é totalmente diferente.
O mesmo acontece com relação à escala de algumas plantas, que, de fato, não condizem com o tamanho do apartamento construído.
Prazos. Ah… os prazos!
Quem nunca comprou ou conhece alguém que comprou um imóvel que parecia jamais ficar pronto?
Infelizmente, essa é uma realidade dura.
A maioria dos apartamentos comprados na planta não são entregues na data prevista.
Muito disso acontece porque as construtoras menores tem pouco dinheiro em caixa e margens extremamente apertadas.
Então, um simples reajuste de preços dos insumos pode paralisar a obra por meses – ou até anos.
Assim, a entrega pode se estender por muito mais tempo do que a margem de erro da construtora.
E Isso gera, no cliente, um sentimento de profunda insatisfação.
Em casos mais extremos, a construtora simplesmente quebra no meio do caminho e o imóvel acaba virando um grande elefante branco.
É quando o sonho da casa própria se torna um terrível pesadelo.
Este motivo, por si só, já seria suficiente para eu jamais comprar um imóvel na planta novamente – sim, eu já fiz essa cagada no passado.
Piores forma de comprar um apartamento
Para ser justo com quem compra apartamento na planta, confesso que existe uma forma ainda pior de adquirir um imóvel: o consórcio.
Quem me conhece há mais tempo e já ganhou o apelido carinhoso de “sardinha raíz” está careca de saber que consórcio não é investimento. E muito menos uma opção financeiramente saudável de compra de imóvel.
No fim das contas, os reajustes anuais pela inflação acabam por colocar o custo de 2 ou 3 apartamentos nas costas do comprador.
No caso do financiamento, não tem reajuste anual. Mas, as altas taxas de juros – de até 11% ao ano – também fazem o custo do imóvel dobrar ou até triplicar.
Logo, meu ranking de piores formas de comprar um apartamento fica assim:
- Consórcio
- Na planta
- Financiamento
- À vista
Repare que mesmo a opção “à vista”, com dinheiro próprio, pode ser considerada um mau negócio.
Isso porque, muitas vezes, é melhor investir o dinheiro ao invés de deixa-lo imobilizado em uma casa ou apartamento.
Então, o certo é jamais comprar um imóvel? A resposta, do ponto de vista financeiro, é “depende”.
Financiar um imóvel ou morar de aluguel?
A decisão de financiar um imóvel ou morar de aluguel depende de alguns fatores, como a taxa de juros do financiamento imobiliário e o valor do aluguel.
Sempre vai valer a pena alugar quando tivermos dois fatores juntos:
- O valor da prestação for maior que o do aluguel;
- Esta diferença, investida juntamente com a entrada que seria paga no financiamento, resultar num valor maior que o preço do imóvel pós-quitação.
Para fazer as contas, precisamos colocar tudo na ponta do lápis.
Pensando nisso, o Investidor Sardinha criou a Calculadora Alugar x Financiar.
Lá, você pode inserir os dados do imóvel, o valor do aluguel e as taxas e juros do financiamento.
Em seguida, a calculadora já mostra se é mais viável financiar ou alugar o imóvel.
Na maioria dos casos, a melhor opção será mesmo o aluguel.
Os detalhes de como usar a calculadora estão no vídeo abaixo, que publiquei no canal Investidor Sardinha.
Agora, que você conhece bem as vantagens e desvantagens de comprar um apartamento na planta, cabe a você escolher o melhor caminho.
Boa sorte na jornada!
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