1 de setembro de 2020 - por Matheus Rau
Você provavelmente já deve ter visto em algum lugar que o número de investidores na bolsa de valores cresceu exponencialmente nos últimos anos. Mesmo que não tenha tido acesso aos números, pode ter reparado a popularização do nicho pela quantidade de pessoas falando sobre o assunto, principalmente em investir jovem. Atualmente, quase todos conhecem, mesmo que minimamente, algo sobre o mercado de ações, seja jovem ou idoso. Porém, onde queremos chegar falando sobre isso?
Com a popularização dos investimentos, todos os públicos passaram a ter contato com o mercado de ações. A era do investimento 4.0 chegou com tudo, e acompanhada dessa nova era tivemos um aumento expressivo de jovens investidores. O mesmo investimento que antes era “pra quem tem dinheiro” e que depois passou a ser “pra quem tem conhecimento e experiência”, hoje está a um click de distância, literalmente!
Essa evolução é vista em números, em um relatório liberado pela B3, empresa responsável pela bolsa de valores do Brasil.
Em 2013, 56% dos investidores tinham mais de 60 anos e, atualmente, esse número é de apenas de 23%. Em contrapartida, o número de pessoas de 25 a 39 anos saltou de 19% para 49%, um aumento de 30%. Além disso, outro destaque é o número de investidores com 19 a 24 anos, que saltou de um número insignificante para 10% do total de CPFs cadastrados.
Mas artigo foi desenvolvido para um público diferente desse, um público que, em equivalência, corresponde hoje a pouco mais de 1% dos investidores, mas que somam mais de 300 mil investidoras e investidores e que, no longo prazo, serão os maiores beneficiados.
Os jovens na bolsa de valores
Atualmente, os jovens na bolsa de valores (de 16 a 25 anos) somam 353.957 pessoas, segundo o levantamento feito pela B3.
São 75.016 mulheres e 278.941 homens, que possuem o seus CPFs cadastrado, junto a instituição, por meio da criação de contas nas corretoras. Em comparação com o montante total, esse seleto grupo de jovens investidores totalizam apenas 1,01%, mas existem algumas coisas que os colocam em vantagem em comparação com os demais investidores.
Os investidores dessa classificação, mesmo que sem saber, deram um passo importantíssimo para suas vidas e para a economia brasileira como um todo. Se você tem entre 16 e 25 anos e já é investidor, você faz parte de menos de 0,1% da população brasileira.
Contudo, investir jovem pode ser um desafio tendo em vista que, antigamente, o acesso a informações relevantes de confiança era algo extremamente restrito. Além disso, investir jovem pode ser contra intuitivo, visto que a bolsa de valores é algo para aumentar o patrimônio, no longo prazo.
Mas esse artigo tem como objetivo dar um norte na sua caminhada como investidor, mesmo que jovem e com pouco capital, e temos por intenção colocar na sua mente que: você não está sozinha ou sozinho.
Por que investir jovem?
Mesmo com a disseminação e a popularização do nicho de finanças no Brasil ser crescente, existem algumas pessoas que investem de formas diferentes. Uma parte dos CPFs cadastrados na B3, dentre jovens e maduros, são especuladores que buscam lucrar com a valorização no preço das ações com a oscilação do mercado.
Outra parte busca investir com foco no longo prazo, no sentido de se tornar sócio de empresas e receber a participação no lucro desses negócios.
A distinção entre investidores e especuladores foi proposta por Benjamin Graham na “bíblia de todo investidor” o livro O Investidor Inteligente. Nesse sentido, para jovens, o cenário mais atrativo ainda é o do dinheiro rápido, ou seja, o de especulação. No entanto, a única forma viável e sustentável no longo prazo é se tornar um investidor.
Olhando para os números, ser um especulador e ganhar “rios de dinheiro” é algo extremamente arriscado, com grandes chances de perder todo dinheiro investido. Segundo pesquisas da Fundação Getúlio Vargas, em um estudo conhecido amplamente no mercado:
“Dos quase 20 mil investidores pessoa física que começaram a comprar e vender mini índice entre 2013 e 2015, por exemplo, 92,1% desistiram da prática. E das 1.558 das pessoas que persistiram por mais de 300 pregões, 91% tiveram prejuízo. Mais: dos 9% que conseguiram algum com as operações, apenas 13 pessoas (menos de 1%) conseguiram lucro médio diário acima de R$ 300.”
Fonte: Viver de especulação diária é quase impossível, mas tem cada vez mais brasileiros fazendo isso.
Especulador e Investidor
Nada contra os especuladores, existem diversos especuladores milionários que fizeram grandes fortunas com especulação. Nomes como Davis Tepper, George Soros e Naji Nahas, são exemplos de grandes especuladores que fizeram fortuna, mas vamos partir do pressuposto que você não seja um gênio.
Ao investir jovem, mesmo não sendo um prodígio das finanças, você consegue criar um grande patrimônio no longo prazo, fator intensificado quando se é jovem. O principal múltiplo na fórmula dos juros compostos é o tempo, quanto mais tempo temos, maiores as chances de se ter um patrimônio enorme. Quer ver?
Essa é a fórmula dos juros compostos, onde o Montante (M) é o resultado da multiplicação do Capital (C) por 1 + a Taxa de juros (I) elevado ao Tempo (T). Dessa forma, quanto maior o período de tempo analisado, maior tende a ser o resultado ao final. Um exemplo disso na prática são as simulações de rentabilidade no longo prazo, que você consegue encontrar facilmente ao buscar por calculadora juros compostos.
O tempo como fator determinante
No gráfico abaixo, temos um montante inicial de R$ 1.000,00, com aportes mensais de R$ 500,00 a uma rentabilidade de 8% ao ano. Ao final de 15 anos temos como resultado R$ 16.748,11.
Nesse segundo exemplo, temos os mesmo R$ 1.000,00 iniciais, com R$ 500,00 mensais a uma rentabilidade de 8% ao ano só que com 5 anos a mais, um período ínfimo que transformou o capital de R$ 16.748,11 em 15 anos para R$ 27.541,69 em 20 anos.
Fonte: Mobills calcuadora juros compostos.
Mesmo que você não encontre grandes valorizações o tempo continuará a te ajudar, principalmente ao investir jovem. Mesmo investindo e tendo uma rentabilidade semelhante ao IBOVESPA (principal índice da nossa bolsa de valores) você alcançará grande rentabilidade.
De 2006 até 2020, tendo uma performance de acordo com o índice você teria uma rentabilidade de 146%. Ou seja, você transformaria R$ 10.000,00 em R$ 14.600,00, sem contar o poder dos aportes constantes e os dividendos recebidos.
O risco como fator determinante
Além do tempo, o risco é outro fator determinante na rentabilidade do investimento, principalmente ao investir jovem. Mesmo rentabilidade passada não sendo garantia de rentabilidade futura, temos como consentimento que quanto mais jovem se é, mais arriscado tende a ser o perfil de investidor.
Um investidor mais maduro possui mais experiência, mas, em contrapartida, possui mais o que perder. Aos 50 anos, muito dificilmente o investidor esteja disposto a colocar seu patrimônio em empresas arriscadas para ver seu patrimônio crescer exponencialmente. Ao invés disso, o investidor maduro procura rentabilidades menores, no entanto garantidas como títulos de renda fixa ou empresas já consolidadas.
Do outro lado da moeda o investidor jovem, mesmo com pouca experiência, além do tempo ao seu favor, possui menos o que perder. Neste sentido, ao começar a investir com 20 anos, o investidor tem até os 60 anos de produtividade, ou seja, 40 anos como investidor.
Ao longo de 40 anos, pequenas empresas podem se tornar grandes impérios, como é o caso da Tesla, fundada em 2003, em San Diego, na Califórnia, e que superou Ford e General Motors em valor de mercado, em 17 anos.
Conclusão
Apesar de ser um público ainda reduzido em comparação com o total de investidores, é notável que investir jovem traz diversas vantagens com relação aos investidores mais maduros, que chegaram de paraquedas nessa nova realidade. Além do acesso à informação, e a familiaridade com o nicho que você irá criar ao longo dos anos, a bolsa de valores será sua grande aliada no caminho rumo à independência financeira.
Além disso, o tempo será o seu maior aliado, tendo em vista que o mais difícil você já fez que é começar. Ao longo dos anos você jovem, irá encontrar grandes oportunidades de valorização e, mesmo que você siga rentabilidades mais conservadoras, verá seu patrimônio multiplicar por várias vezes. O tempo é o melhor aliado na valorização de ativos e no acúmulo de patrimônio.
Em suma, espero fielmente que esse artigo tenha te mostrado que você é capaz de alcançar grandes rentabilidades e valorizações, sem precisar se expor a riscos e pirâmides. Todos os anos surgem diversos gurus e magos dos investimentos e, infelizmente, você será o principal alvo de campanhas focadas em promessas vazias de rentabilidades fantasmas.
O maior investidor do mundo, Warren Buffet, teve em média uma rentabilidade real de cerca de 17,12% ao ano, o que da em média de 1,42% ao mês, portanto não acredite que você terá este desempenho.
A mensagem que fica é:
Ao investir jovem, você já deu um grande passo ao tirar o seu dinheiro da poupança. Não é necessário buscar soluções milagrosas, apenas acredite no poder dos aportes, no efeito bola de neve e nos juros compostos. O mais difícil você já fez, apenas insista, o longo prazo é a única verdade possível.
Abraços e bons investimentos! 🙂