3 de julho de 2025 - por Raul Sena (Investidor Sardinha)

O mundo todo está de olho nas consequências da crescente tensão entre Estados Unidos, Irã e Israel. A grande mídia vai bater na tecla dos “impactos econômicos” e do “aumento do preço do petróleo”, vai citar o Estreito de Ormuz e as reservas do Golfo. No entanto, além disso, eu trouxe algumas informações para você entender o que realmente está em jogo e por que o planeta inteiro treme quando essa região entra em conflito.
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O que é o estreito de Ormuz?
Pra entender a gravidade, imagine que você está em uma sala de 40m² com mais 50 pessoas. Ok, é humanamente possível que caibam essas pessoas. Agora, pense que só tem uma porta pra entrar e sair. Essa porta é o Estreito de Ormuz e é por esse “funil” que passa cerca de 20% de todo o petróleo comercializado no planeta. Um bloqueio ali, mesmo que parcial ou por ameaça, já bagunça toda a logística global.
A estrutura é tão sensível que qualquer movimento mais brusco já faz o preço do barril disparar. E foi exatamente o que aconteceu com o ataque recente dos EUA. O Irã respondeu dizendo que não será Washington quem dará a palavra final. Ou seja, a crise está só começando.
Com o petróleo mais caro, tudo sobe. Literalmente tudo. Porque ele é a base energética do planeta. Até mesmo o frete de um pacote vindo da China pode ficar mais caro.
Se o Ormuz for fechado ou tiver seu tráfego reduzido, o impacto não será apenas na bomba de gasolina, mas na cadeia logística global. Em 2020, o Brent subiu mais de 5% só com a tensão envolvendo o general Soleimani. Hoje, com a ameaça real de confronto direto, analistas como o Goldman Sachs e a Bloomberg já falam em barril a US$ 130 ou mais.
Impactos no comércio global
Não é só o petróleo que passa por ali, essa rota também é vital para o comércio marítimo em geral. Quando os navios evitam a região por medo de ataques, os seguros disparam, fretes ficam mais caros e os fluxos desaceleram.
Em conflitos passados, como em 2019, o Irã já havia apreendido petroleiros, mesmo sem guerra declarada. Entretanto, com bomba lançada, a tensão se multiplica. O comércio internacional entra em modo de defesa e isso afeta diretamente Europa, Ásia e América Latina.
Inflação global
Com a energia mais cara, o custo de tudo dispara. E por isso, a inflação que já vinha sendo um problema com o conflito Rússia x Ucrânia, agora entra num novo patamar. Inflação importada, escassez de insumos, instabilidade cambial.
Nos EUA, já se fala em inflação acima de 4% ao ano novamente. Na Europa, que ainda tenta se livrar da dependência do gás russo, o choque será ainda mais pesado.
Japão, Coreia do Sul, China e Índia, todos dependentes do petróleo do Golfo, vão sentir no bolso. Aqui na América Latina, países exportadores de petróleo como o Brasil e México podem até se beneficiar no curtíssimo prazo, mas o efeito em cadeia não poupa ninguém.
Dólar vai subir?
Tradicionalmente, em tempos de crise, o dólar vira refúgio. No entanto e quando o próprio EUA é parte central do conflito? Pois é, nesse caso, o cenário muda de figura. A guerra entre EUA, Israel e Irã não tem impacto direto no Brasil em termos geográficos, mas mexe com a Petrobras, a inflação e, por consequência, com o Ibovespa, que já começou a escorregar.
No entanto, curiosamente, o dólar não disparou como era esperado. Por quê? Porque o volume de negociação subiu, o que gera volatilidade e impede uma tendência clara.
Enquanto isso, o mercado espera dados concretos, falas do Banco Central e sinalizações mais sólidas. Ou seja, o dólar está em compasso de espera, refletindo o tamanho da incerteza global.
Ouro em alta
Enquanto o mundo desconfia do dólar como porto seguro, o ouro brilha, literalmente. A busca por ativos considerados tradicionalmente seguros disparou. O ouro, como sempre, subiu! Esse é o comportamento clássico em tempos de instabilidade.
No entanto, o Bitcoin agora está mostrando um comportamento diferente. Caiu, mesmo com o S&P 500 subindo. O que isso indica? Que o Bitcoin está cada vez mais correlacionado com o mercado americano tradicional e menos visto como alternativa em momentos de crise geopolítica. O que é um triste fim para quem acreditava em um refúgio descentralizado.
Saiba mais: Por que países investem em ouro durante as crises? Dá para lucrar com a estratégia?
Investir ou correr?
Enfim, no meio desse caos, uma verdade do mercado nunca muda: quando alguém vende, outro está comprando. Nenhuma ação despenca 90% sem que alguém compre por 10% achando que vale.
A grande pergunta não é “por que estão vendendo?”, mas sim: “quem está comprando agora e por quê?”
Quem lê autores como Ray Dalio, especialmente o livro Princípios da Nova Ordem Mundial, sabe que em toda crise, há padrões. Ou seja, quem entende esses padrões se antecipa.
Empresas que crescem em meio a crise
No curto prazo, empresas de energia, petróleo e defesa tendem a se valorizar. ExxonMobil, Chevron, ConocoPhillips (COPH34), Total Energies (TTE), todas amanheceram em alta no início do conflito. Embora, algumas tenham perdido parte dos ganhos ao longo do dia.
O mercado busca as empresas mais robustas, com maior capacidade de adaptação logística e menos dependência do Estreito de Ormuz. O investidor institucional está apostando nelas porque sabe: o preço do petróleo vai subir e quem estiver bem posicionado vai lucrar.
Quer entender melhor sobre todo esse conflito e como isso pode te afetar diretamente? Então, assista ao vídeo completo!
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