Crise de 2008: o que aconteceu, o que causou e quais as consequências?

A crise de 2008 é considerada por diversos economistas como a pior crise desde a crise de 1929. Tudo começou com a concessão de financiamentos imobiliários de alto risco concedidos pelos bancos.

17 de dezembro de 2020 - por Nathalia Lourenço


A crise de 2008 começou como um problema no sistema hipotecário dos Estados Unidos, porém se expandiu até atingir diversas economias em todo o mundo.

A magnitude da crise de 2008, também chamada de a Grande Recessão, foi tão gigantesca, que ela é considerada como o maior desastre econômico depois da Grande Depressão, de 1929.

Em resumo, a crise explodiu no dia 15 de setembro de 2008, quando o banco Lehman Brothers declarou falência. Na época, este era um dos bancos de investimentos mais tradicionais dos Estados Unidos.

O que foi a Crise de 2008?

A crise de 2008 é considerada uma das maiores crises econômicas da história moderna, ficando apenas atrás da Grande Depressão de 1929. Ela começou quando os bancos concederam financiamentos imobiliários de alto risco a pessoas com pouca capacidade de pagamento. Eles ofereceram esses empréstimos, chamados de subprimes, a indivíduos desempregados ou sem fontes estáveis de renda, o que gerou uma bolha imobiliária nos Estados Unidos.

Além disso, os bancos criaram e venderam CDOs (Collateralized Debt Obligations), pacotes de dívidas compostos por empréstimos arriscados misturados com outros mais seguros. Eles buscaram gerar mais recursos para financiar novos empréstimos. Investidores de todo o mundo, especialmente na Europa, compraram esses pacotes de dívida.

Quando a bolha estourou e os mutuários não conseguiram pagar suas dívidas, o valor dos CDOs despencou. Isso afetou investidores globalmente e desencadeou uma crise financeira de grandes proporções.

Contexto histórico

No final dos anos 1990, os bancos americanos começaram a oferecer empréstimos imobiliários para pessoas com histórico financeiro fraco. Mesmo sem condições de pagar, os consumidores conseguiram aprovação para esses financiamentos, o que, consequentemente, gerou uma bolha imobiliária. Esses empréstimos, conhecidos como subprime, eram de alto risco, mas os bancos continuaram a concedê-los até que a operação se tornasse insustentável.

Além disso, os bancos passaram a empacotar esses empréstimos arriscados com outros de menor risco, criando os CDOs. Em seguida, venderam esses pacotes de dívidas a investidores de todo o mundo, atraídos pelas altas taxas de juros.

Por outro lado, muitos investidores não foram informados sobre os riscos envolvidos nesses produtos financeiros. As agências de classificação de risco, como a Moody’s e a Standard & Poor’s, garantiram boas avaliações para os CDOs, fazendo os investidores acreditarem que estavam fazendo um bom negócio.

Segunda-feira Negra

O estopim da crise foi a falência do Lehman Brothers, um dos maiores bancos de investimento dos Estados Unidos, em 15 de setembro de 2008. Esse evento, que ficou conhecido como Segunda-feira Negra, gerou pânico nos mercados financeiros, com bolsas de valores em todo o mundo apresentando quedas drásticas.

A falência do Lehman Brothers foi apenas o começo, pois outros bancos também revelaram prejuízos bilionários, gerando uma onda de instabilidade financeira global.

Quais foram as causas da Crise de 2008?

Para evitar o colapso total do sistema financeiro, vários governos ao redor do mundo injetaram bilhões de dólares nos bancos. Embora essa ação tenha evitado um colapso imediato, os efeitos da crise se espalharam rapidamente por diversas áreas da economia e, como resultado, causaram instabilidade política em muitos países.

Além disso, a crise levou à recessão econômica em várias partes do mundo, incluindo o Brasil. O desemprego disparou, e milhares de empresas faliram. Nos Estados Unidos, por exemplo, mais de 8 milhões de pessoas perderam seus empregos, e a desigualdade social aumentou drasticamente.

Embora a crise tenha sido oficialmente encerrada em 2009, muitos países ainda enfrentam, até hoje, dificuldades para se recuperar completamente.

Consequências nos EUA:

  • Recessão econômica profunda: A economia americana entrou em uma recessão severa. O PIB encolheu consideravelmente e, como consequência, o desemprego disparou, atingindo picos históricos.
  • Perda de empregos: Entre 2008 e 2009, mais de 8 milhões de empregos foram perdidos nos Estados Unidos, impactando especialmente setores como construção civil, manufatura e serviços financeiros.
  • Falências e resgates: Grandes bancos e empresas financeiras, como o Lehman Brothers, faliram. Por outro lado, outros, como o AIG e o Citigroup, precisaram de resgates governamentais para evitar um colapso completo.
  • Queda no mercado imobiliário: A bolha imobiliária estourou, o que resultou em milhões de casas perdidas por hipotecas inadimplentes. Como resultado, houve um grande número de execuções hipotecárias e uma queda drástica no valor dos imóveis.
  • Desigualdade social crescente: A crise ampliou as desigualdades econômicas, visto que as classes média e baixa foram as mais afetadas, enquanto as elites financeiras e grandes corporações receberam apoio governamental.
  • Mudanças na regulamentação financeira: Em resposta à crise, o governo implementou novas regulamentações, como a Lei Dodd-Frank (2010), com o objetivo de evitar futuras crises financeiras e aumentar a supervisão sobre os bancos e o mercado financeiro.

Na Europa

  • Crise da dívida soberana: A crise se espalhou pela Europa devido à exposição de muitos países às dívidas de governos e bancos. Na zona do euro, países como Grécia, Portugal, Irlanda, Espanha e Itália enfrentaram graves dificuldades fiscais, com altos níveis de endividamento e déficits orçamentários.
  • Recessão e austeridade: Muitos países europeus entraram em recessão, e medidas de austeridade foram impostas para reduzir os déficits fiscais. Isso resultou em cortes em serviços públicos, aumento de impostos e protestos em vários países.
  • Desemprego elevado: A taxa de desemprego aumentou, especialmente em países como Grécia e Espanha, que enfrentaram taxas de desemprego acima de 20% em alguns períodos.
  • Queda no crescimento econômico: O crescimento econômico na União Europeia desacelerou drasticamente, e o PIB da zona do euro teve uma recuperação muito mais lenta em comparação aos EUA.
  • Fortalecimento do Banco Central Europeu (BCE): O BCE foi forçado a adotar políticas monetárias mais agressivas, incluindo a redução das taxas de juros e o lançamento de pacotes de estímulo, para tentar reverter a recessão.
  • Crise política e populismo: O impacto econômico negativo alimentou movimentos políticos de direita e populistas em diversos países europeus, que se opuseram à austeridade e à União Europeia.

No Brasil

  • Recessão econômica: O Brasil não foi imune à crise. Em 2009, o PIB brasileiro teve um crescimento negativo, embora tenha sido menos acentuado que em outros países. Consequentemente, o crescimento econômico desacelerou, e o país entrou em um período de recessão.
  • Queda nas exportações: A desaceleração da economia global afetou as exportações brasileiras, especialmente de commodities como petróleo, minério de ferro e soja. Além disso, a demanda global caiu, o que prejudicou as empresas brasileiras que dependiam do mercado externo.
  • Desemprego: Embora o Brasil tenha sofrido menos com o desemprego do que outros países, a crise levou a uma desaceleração na criação de vagas e, em alguns casos, aumentou o número de demissões.
  • Política fiscal expansionista: O governo brasileiro adotou medidas de estímulo, como a redução de impostos e aumento de investimentos públicos, para tentar aquecer a economia. No entanto, isso resultou em um aumento no endividamento público.
  • Desvalorização do real: A crise também levou à desvalorização do real frente ao dólar, o que impactou a inflação e aumentou os custos de importação de produtos, afetando assim o poder de compra da população.
  • Problemas no sistema financeiro: Embora o Brasil tenha enfrentado menos colapsos bancários que outros países, a crise afetou a confiança do mercado e aumentou o risco de crédito.

Filme A Grande Aposta

Para as pessoas que gostam de filmes, a obra A Grande Aposta, do diretor Adam McKay, pode ser uma boa pedida. O filme foi baseado na história real de um grupo de investidores que previram a crise e apostam na quebra dos bancos.

Em síntese, o protagonista da história é um gestor de fundos de investimentos, que propõe um acordo com os bancos. Se ele estivesse certo sobre a bolha e as pessoas deixassem de pagar as hipotecas, os bancos iriam ter que pagá-lo. Do contrário, se o mercado imobiliário continuasse a subir, ele teria que dar uma garantia de compensação para os bancos.

Conhecer sobre o funcionamento das crises e como elas impactam o mercado, é importante para todos os investidores, já que isto afeta diretamente os investimentos. Portanto, aprenda mais sobre o conceito de Crise econômica, o que é? Sintomas, consequências e ciclos econômicos

Fontes: Uol, Magnetis, Cointimes e Stoodi

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