Crise de 1929, a Grande Depressão econômica

14 de agosto de 2020, por Sidemar Castro

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A Crise de 1929, também conhecida como Grande Depressão, foi a maior crise financeira da história dos Estados Unidos, iniciada em 1929 e que perdurou ao longo da década de 1930, encerrando-se somente com o término da Segunda Guerra Mundial.

Essa crise foi uma forte recessão econômica que afetou o capitalismo internacional no final da década de 1920, sendo desencadeada por uma grande expansão de crédito através da oferta monetária, resultando em consequências significativas, como a desvalorização do café e a fragilização das oligarquias no poder naquela época, abrindo caminho para mudanças políticas, como a Revolução de 1930.

Como estavam os EUA antes da Crise de 1929?

Antes da crise de 1929, os Estados Unidos já ocupavam o posto de maior economia do mundo. A economia americana já possuía índices que comprovavam essa supremacia, e os eventos da Primeira Guerra Mundial só acentuaram a posição de potência econômica internacional dos Estados Unidos.

A década de 1920 foi um período de grande euforia econômica, conhecido como Roaring Twenties (traduzido para o português como Loucos Anos Vinte). Esse momento da história americana ficou marcado principalmente pelo avanço do consumo de mercadorias, consolidando o American way of life, o estilo de vida americano.

O avanço da economia americana tornou o país responsável pela produção de 42% de todas as mercadorias feitas no mundo. A nação também era a maior credora do mundo e emprestava vultuosas somas de dinheiro para as nações europeias em processo de reconstrução (após a Primeira Guerra).

No quesito importação, os Estados Unidos eram responsáveis por comprar 40% das matérias-primas vendidas pelas quinze nações mais comerciais do mundo. Esse consumismo ancorava-se, em parte, na expansão do crédito que acontecia no país sem nenhum tipo de regulação ou intervenção estatal.

Com esse quadro, os Estados Unidos viviam um momento de pleno emprego e rápido crescimento industrial. Entre 1923 e 1929, os Estados Unidos possuíam uma taxa média de desemprego de 4%, a produção de automóveis no país aumentou 33%, o número de indústrias instaladas no país aumentou por volta de 10% e o faturamento do comércio quintuplicou.

Quais foram as causas da Crise de 1929?

Um dos fatores foi a superprodução. Havia uma produção agrícola e industrial elevada nos EUA, muito acima da demanda. Como o consumo não acompanhava a produção (muito maior), começou a gerar estoques elevados. Esse problema econômico, que também ocorreu no setor industrial, gerou uma forte crise de superprodução.

A especulação financeira foi outro fator importante. Existia um elevado grau de especulação financeira na Bolsa de Valores de Nova Iorque. Muitas ações estavam num valor muito acima do que elas valiam na realidade.

A recuperação da economia europeia, após o fim da Primeira Guerra Mundial: os europeus passaram a comprar muitos produtos (agrícolas e industriais) dos EUA. No final da década de 1920, as economias europeias já estavam recuperadas e voltaram à produção normal. Dessa forma, se livraram da dependência das importações norte-americanas.

Também havia a questão do crédito fácil. A expansão do crédito facilitava o cenário de prosperidade, mas também contribuiu para a crise, pois muitos empréstimos foram realizados sem nenhuma garantia de retorno do dinheiro emprestado.

Esses fatores conjuntos culminaram na queda abrupta da Bolsa de Valores de Nova Iorque em 24 de outubro de 1929, um dia que ficou conhecido como “Quinta-feira Negra”.

O que foi a quebra da bolsa de valores de Nova Iorque?

A quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, também conhecida como “Quinta-feira Negra”, ocorreu em 24 de outubro de 1929 e marcou o início da Grande Depressão. Nesse dia, houve uma queda vertiginosa no preço das ações, pois havia mais ações à venda do que compradores.

Isso levou à falência de muitas empresas e bancos, além de causar a ruína de vários investidores que haviam colocado seu dinheiro na Bolsa de Valores de Nova York.

A quebra da bolsa foi resultado de uma grande crise econômica que afetou os Estados Unidos em 1929, causada, entre outros fatores, pela superprodução industrial e agrícola, pela especulação financeira e por empréstimos sem garantia.

Esse evento provocou um efeito em cadeia, derrubando as bolsas de Tóquio, Londres e Berlim na sequência. O prejuízo foi milionário e sem precedentes históricos. Na sequência, estourou a crise financeira, visto que as pessoas, em pânico, sacaram todos seus valores depositados nos bancos, o que provocou seu colapso imediato.

A crise só se agravou de 1929 até 1933. No entanto, em 1932, o democrata Franklin Delano Roosevelt foi eleito presidente dos EUA e iniciou um plano econômico denominado “New Deal” ou seja, o “Novo Acordo”, caracterizado pela intervenção do Estado na economia.

Quais foram as consequências da Grande Depressão?

A Crise de 1929 teve consequências em todo o mundo.

Nos EUA

O maior impacto foi nos Estados Unidos. A taxa de desemprego subiu de 4% para 27% e o PIB dos EUA caiu pela metade (50%).

As exportações também tiveram uma queda de 50%. A produção do setor automobilístico reduziu em 50%. A produção industrial caiu para um terço em relação ao período de prosperidade.

No mundo

A Grande Depressão afetou o mundo inteiro, causando um aumento significativo do desemprego, falência de várias empresas, empobrecimento de grande parte da população e aumento da fome e miséria.

Além disso, a crise causou um importante descrédito da democracia e contribuiu para a ascensão do fascismo na Itália, e do nazismo na Alemanha. O mesmo aconteceu em diversos países europeus, abalando as democracias como Reino Unido e França.

No Brasil

No Brasil, a crise desvalorizou o preço do café, enfraqueceu a oligarquia que estava no poder e abriu espaço para a Revolução de 1930.

De acordo com os historiadores, uma das consequências indiretas da recessão de 1929, no Brasil, foi a Revolução de 1930, encabeçada por Getúlio Vargas, que se tornou o presidente provisório. Por fim, em 1931, Vargas tentou proteger o principal produto nacional, a fim de salvar a economia, criando o Conselho Nacional do Café (CNC).

Fontes: Brasil Escola, Mundo Educação, História do Mundo, Toda Matéria, Quero Bolsa