24 de agosto de 2020 - por Nathalia Lourenço
Você sabia que o Brasil é o segundo país do mundo com a maior carga tributária?
Sabemos que, por meio deles, os governos federal, estadual e municipal obtém os recursos para financiar obras, projetos e o pagamento de toda a estrutura estatal no país.
Entretanto, o excesso de impostos pode representar um atraso na economia. Isso porque, quanto maior a quantidade de tributos em cima de um produto, mais caro ele ficará. Logo, o consumo pode ser desestimulado pelo alto preço.
Quer saber um pouco mais sobre o funcionamento dos impostos? Vem que te explico nessa matéria!
O que é imposto
O imposto é uma contribuição financeira obrigatória que cidadãos e empresas devem pagar ao governo. Essa arrecadação é essencial para o financiamento das atividades públicas.
O imposto visa garantir a funcionalidade de serviços públicos e coletivos. É uma obrigação tanto para pessoas físicas como para pessoas jurídicas.
Existem diversos tipos diferentes de imposto, como o de importação, o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), o ICMS, o IPVA e o IOF.
No Brasil, a sonegação de tributos – ou seja, não pagar os impostos obrigatórios – é um crime grave, punido com o pagamento de multas e, em alguns casos, a prisão do infrator.
O Brasil possui uma das maiores cargas tributárias do mundo, com aproximadamente 37% do Produto Interno Bruto do país originado dos impostos. Infelizmente, esta não é uma realidade presente em grande parte dos países, principalmente os em desenvolvimento, como o Brasil.
Para que servem os impostos?
Eles servem para financiar as despesas do governo e prover serviços públicos à população. Aqui estão alguns exemplos de para onde vai o dinheiro dos impostos:
1) Educação
Os tributos ajudam a financiar escolas públicas, universidades e programas de bolsas de estudo.
2) Saúde
Parte dos recursos é destinada ao sistema de saúde pública, financiando hospitais, postos de saúde e programas de vacinação, por exemplo.
3) Segurança e Defesa
Os impostos também financiam as forças armadas e os órgãos de segurança pública, garantindo a defesa nacional e a manutenção da ordem pública.
4) Infraestrutura
Uma parcela significativa da arrecadação é destinada à construção, manutenção e modernização da infraestrutura do país, incluindo estradas, ferrovias, portos, aeroportos, energia e telecomunicações.
5) Programas Sociais
Parte dos impostos é destinada a programas sociais, como o Bolsa Família, benefícios previdenciários, assistência social e outros programas de transferência de renda, que têm o objetivo de reduzir a pobreza e promover maior igualdade de oportunidades.
6) Pagamento de Dívidas e Custeio da Máquina Pública
Uma parte dos impostos também é destinada ao pagamento de juros e amortização da dívida pública, além de cobrir os custos de funcionamento da máquina estatal, como salários de servidores públicos e manutenção de órgãos governamentais.
7) Proteção Ambiental
Parte dos recursos arrecadados é direcionada para políticas ambientais, como preservação de áreas naturais, gestão de recursos hídricos, combate ao desmatamento e estímulo a práticas sustentáveis.
8) Desenvolvimento Econômico e Incentivos
O governo utiliza recursos arrecadados para incentivar o desenvolvimento econômico através de políticas de incentivo fiscal, subsídios a setores estratégicos, apoio a micro, pequenas e médias empresas, entre outras iniciativas.
9) Investimentos em Infraestrutura
Uma parcela significativa da arrecadação é destinada à construção, manutenção e modernização da infraestrutura do país, incluindo estradas, ferrovias, portos, aeroportos, energia e telecomunicações.
10) Financiamento de Serviços Públicos
Os impostos são a principal fonte de receita do governo para prover serviços básicos à população, como saúde pública, educação, segurança, infraestrutura urbana (como saneamento básico, iluminação pública, etc.) e transporte público.
É importante lembrar que a maneira como os impostos são distribuídos pode variar dependendo das políticas do governo. Além disso, a eficiência na utilização desses recursos também pode variar, o que às vezes pode levar a discussões sobre a necessidade de reformas fiscais ou tributárias.
Qual é a diferença entre impostos, tributos e taxas?
Tributos, impostos e taxas são todos formas de arrecadação pelo governo, mas eles têm diferenças importantes:
Tributos
São pagamentos obrigatórios realizados por pessoas físicas ou jurídicas. Os tributos são divididos em cinco tipos diferentes: impostos, contribuições de melhoria, taxas, empréstimos compulsórios e contribuições especiais.
O pagamento dos tributos tem a finalidade de garantir o pagamento das despesas relativas à atividades fundamentais como saúde, segurança e educação da população.
Impostos
São os tributos cobrados no âmbito nacional, que ocorrem sobre a renda, o patrimônio e o consumo. Eles podem ser de responsabilidade federal, estadual e municipal e a falta do seu pagamento pode incorrer em multas e penalizações.
É considerado como o tributo mais importante a ser pago, pois não depende da vontade do contribuinte, e tem a função de abastecer o governo com dinheiro para pagar as despesas relativas à população.
Taxas
São cobradas pelo governo em troca de serviços específicos ou benefícios. A principal diferença entre imposto e taxa é quem se beneficia com o recolhimento da cobrança. Enquanto os impostos são destinados à manutenção do funcionamento do estado, as taxas têm como beneficiário o próprio contribuinte.
Portanto, a diferença entre esses três termos está principalmente em como eles são cobrados e para que são usados.
O que significa declarar imposto?
A declaração de imposto é basicamente a apresentação à Receita Federal do Brasil (RFB) informações detalhadas sobre seus rendimentos, despesas, bens e direitos ao longo do ano, de acordo com as normas estabelecidas pela legislação tributária brasileira. Essa obrigação é conhecida como “declaração de imposto de renda”.
Tendo que ser realizado tanto por pessoas físicas quanto jurídicas, onde são informados todos os rendimentos auferidos (como salários, aluguéis, dividendos, entre outros), bem como as despesas dedutíveis, como gastos com saúde, educação, previdência privada, entre outros. Além disso, são declarados os bens e direitos possuídos, como imóveis, veículos, investimentos, etc.
As informações declaradas são utilizadas pela Receita Federal para calcular o imposto devido ou a restituir, conforme o caso, e também para verificar a correção fiscal do contribuinte. A declaração deve ser feita dentro do prazo estipulado pela Receita Federal, geralmente entre março e abril de cada ano para pessoas físicas.
É importante ressaltar que a declaração de imposto de renda é uma obrigação legal e a sua não realização ou o fornecimento de informações incorretas podem acarretar em penalidades e multas. Portanto, é fundamental que os contribuintes brasileiros estejam atentos aos prazos e às regras estabelecidas para cumprir corretamente com suas obrigações fiscais.
O que significa sonegar imposto?
Sonegar impostos é uma prática ilegal que ocorre quando contribuintes, sejam eles pessoas físicas ou jurídicas, ocultam ou fornecem informações falsas à Receita Federal com o objetivo de pagar menos impostos ou não pagá-los.
Isso pode acontecer de várias maneiras, como ocultar documentos financeiros, alterar faturas ou documentos relacionados a operações comerciais, aumentar despesas para obter redução de impostos, entre outros.
A sonegação de impostos pode ser resultado tanto de má fé quanto de desconhecimento. Muitas vezes, os empreendedores têm dificuldade em lidar com o complexo sistema tributário e fiscal do país e, em muitos casos, nem sabem que estão errando ou cometendo qualquer tipo de ilegalidade.
As consequências da sonegação de impostos são graves. A pena pode variar de seis meses a dois anos de prisão, dependendo da gravidade do caso. Além disso, o valor da multa pode chegar a ser de duas a cinco vezes maior do que a quantia sonegada.
Principais impostos no Brasil
Impostos Federais
Os tributos federais no Brasil incluem:
1. IOF
O IOF é o Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro,ou Imposto de Operações Financeiras. Você o conhece na hora de pagar a fatura do seu cartão de crédito ou de escolher um investimento. Essa dívida é cobrada em operações financeiras como crédito, câmbio e seguros.
2. Imposto de Importação (II)
O Imposto de Importação (II) é uma tributo alfandegário brasileiro. É uma cobrança federal, ou seja, somente a União tem competência para instituí-lo. Sua cobrança ocorre quando da entrada de produtos estrangeiros no território nacional.
3. Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)
O Imposto sobre Produtos Industrializados, cuja sigla é IPI, é um imposto federal, ou seja, somente a União pode instituí-lo ou modificá-lo, sobre produtos industrializados no Brasil.
4. Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF)
O IRPF, sigla de Imposto de Renda de Pessoa Física, é um tributo federal brasileiro que incide sobre todas as pessoas que tenham obtido um ganho acima de um determinado valor mínimo. Anualmente este contribuinte deve prestar informações pela Declaração de Ajuste Anual para apurar possíveis débitos ou créditos.
5. Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ)
O Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, também conhecido como IRPJ, é uma obrigação fiscal tributária atrelada às empresas que possuem CNPJ. Nesta contribuição, o valor da cobrança muda conforme o regime tributário.
6. Cofins
É a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins). Ele é uma contribuição federal brasileira, de natureza tributária, incidente sobre a receita bruta das empresas em geral, destinada a financiar a seguridade social, a qual abrange a previdência social, a saúde e a assistência social..
7. PIS/Pasep
Sigla do Programa de Integração Social / Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público, mais conhecidos pela sigla PIS/PASEP, são contribuições sociais de natureza tributária, devidas pelas pessoas.
8. Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
A Contribuição Social sobre o Lucro Líquido é um tributo federal brasileiro que incide sobre o lucro líquido do período-base, antes da provisão para o Imposto de Renda.
9. INSS
É a sigla do Instituto Nacional do Seguro Social, uma autarquia do Governo do Brasil vinculada ao Ministério do Trabalho e Previdência, que recebe as contribuições para a manutenção do Regime Geral da Previdência.
10. Imposto sobre Exportação (IE)
Incidente sobre produtos nacionais exportados para o exterior.
No total, os tributos federais são responsáveis por cerca de 60% das arrecadações do país.
Quais são os impostos estaduais?
1. ICMS
É o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços. O ICMS incide sobre a circulação de mercadorias e serviços. Ele é cobrado em todas as etapas da cadeia produtiva, desde o produtor até o consumidor final.
2. ICMS-ST
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços por Substituição Tributária. Este tributo é um método de cobrança utilizado pelos estados que segue o princípio do “destino”, no qual a carga tributária recai sobre o consumidor final e não sobre o produtor.
3. IPVA
Sigla de Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores. Este é um imposto anual que os proprietários de veículos automotores precisam pagar. O valor do IPVA varia de estado para estado e é calculado com base no valor venal do veículo.
4. ITCMD
É o Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação. Ele é um imposto estadual que incide sobre a transferência de bens móveis, imóveis e direitos por herança em caso de falecimento ou doações.
Estes impostos são responsáveis por cerca de 28% das arrecadações do país.
Quais são os impostos municipais?
Os impostos municipais no Brasil são:
1. IPTU
O Imposto Predial e Territorial Urbano é um imposto cobrado anualmente pelos municípios e incide sobre a propriedade urbana. O valor do IPTU é calculado com base no valor venal do imóvel, que é o preço da propriedade estabelecido pelo Poder Público.
2. ISS
Sigla de Imposto Sobre Serviços. É um tributo que incide na prestação de serviços realizada por empresas e profissionais autônomos. Ele é recolhido pelos municípios e pelo Distrito Federal e também é conhecido como Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN).
3. ITBI
Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis: Este é um encargo que deve ser pago por quem compra a propriedade e, para oficializar a aquisição e venda, o tributo deve ser acertado antes da negociação.
4. Taxa de Coleta de Lixo
Esta taxa é cobrada para custear o serviço do município de coleta de lixo residencial e urbano.
5. Taxa de Iluminação Pública
Esta taxa era cobrada para custear o serviço de iluminação pública, mas foi considerada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Em substituição, foi criada a Contribuição de Iluminação Pública, que é uma contribuição especial cobrada pelos municípios.
Cada um desses impostos tem suas próprias regras e bases de cálculo, que podem variar dependendo do município.
O que é restituição de imposto?
A restituição de imposto ocorre quando o contribuinte paga mais impostos do que deveria e tem direito a receber de volta a diferença. No caso do Imposto de Renda, por exemplo, a restituição é o valor que a Receita Federal devolve ao contribuinte quando o total de impostos pagos é maior do que o devido, considerando as deduções legais.
Quando o contribuinte preenche a declaração do Imposto de Renda, ele já descobre se tem ou não direito a restituição. Se o resultado informado pelo programa for “imposto a restituir”, o valor será devolvido na conta bancária indicada para a Receita Federal.
O pagamento da restituição é realizado diretamente na conta bancária informada na declaração. Pelas regras do Imposto de Renda, o valor da restituição é atualizado pela taxa Selic acumulada a partir do mês seguinte ao prazo final de entrega da declaração até o mês anterior ao pagamento, mais 1% no mês do depósito.
Como os impostos surgiram?
Os impostos no Brasil têm sua origem histórica relacionada aos períodos coloniais, quando a exploração das riquezas naturais do território brasileiro começou a demandar formas de financiamento para as atividades coloniais.
Aqui estão alguns pontos importantes sobre como os impostos surgiram no Brasil:
- Período Colonial: Durante o período de colonização, Portugal instituiu diversos tributos para financiar a exploração e a administração das terras brasileiras. Exemplos incluem o “quinto”, que era a quinta parte do ouro e outros metais preciosos extraídos que deveriam ser remetidos à coroa portuguesa.
- Impostos Municipais: Com a autonomia administrativa das vilas e cidades, foram criados impostos locais para custear serviços locais, como iluminação pública, limpeza urbana, entre outros.
- Impostos na República: Com a proclamação da República em 1889, houve a necessidade de criar uma estrutura tributária mais organizada para financiar o novo governo. O Imposto de Renda, por exemplo, foi instituído pela primeira vez em 1924.
- Expansão e Diversificação: Ao longo do século XX, os impostos no Brasil se expandiram e se diversificaram para financiar as crescentes demandas por serviços públicos, infraestrutura, seguridade social, entre outros.
- Reformas Tributárias: O Brasil passou por diversas reformas tributárias ao longo das décadas para modernizar e ajustar o sistema tributário às novas realidades econômicas e sociais do país. Essas reformas visam simplificar o sistema, reduzir a carga tributária, combater a sonegação fiscal e melhorar a eficiência na arrecadação.
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- Fontes: Serasa, Brasil Escola, Modal mais, Portal Tributos