ICO, tudo sobre initial coin offering

19 de julho de 2022, por Jaíne Jehniffer

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A Initial Coin Offering (ICO) é a Oferta Inicial de Ativos Virtuais. Em resumo, por meio das ICOs novos projetos de criptoativos são oferecidos para o mercado para os investidores.

Sendo assim, no mundo das criptomoedas, o ICO é equivalente a uma IPO. Isso porque, por meio de uma IPO, uma empresa oferece as suas ações no mercado. Por outro lado, a ICO serve para oferecer as criptos no mercado.

O que é ICO?

ICO é a sigla de Initial Coin Offering. Em português, é a Oferta Inicial de Ativos Virtuais ou Oferta Inicial de Moedas. Sendo assim, uma ICO é um processo onde são oferecidas criptomoedas no mercado.

Desse modo, a initial coin offering tem como intuito arrecadar recursos para um projeto baseado em blockchain. O objetivo pode ser, por exemplo, a produção de uma nova moeda ou de um produto ou serviço.

Sendo que as primeiras ofertas tinha como intuito apenas lançar novas moedas no mercado. Ou seja, um grupo de pessoas criava uma nova cripto e disponibilizava ao público por meio de uma ICO.

Na época, as pessoas compravam moedas apenas para que elas se valorizassem com o tempo. Mas novas funcionalidades foram surgindo para as blockchains.

Com isso, hoje o intuito das pessoas ao comprar criptos não é apenas lucrar com a valorização dos ativos, é também usufruir das novas funcionalidades.

Tipos

Existem alguns tipos de ofertas de criptos. Alguns deles são:

  • Initial Exchange Offering (IEO). É a oferta de criptos com a intermediação de uma corretora de ativos digitais, isto é, uma exchange.
  • Initial Farm Offering (IFO). Neste caso, a oferta é por meio de exchanges descentralizadas (DEX).
  • Airdrop. Por fim, essa é uma oferta gratuita para detentores de outras criptomoedas. Ou seja, é uma espécie de “brinde”.

Etapas e como funciona

A ICO funciona como uma forma de ofertar criptos no mercado. O primeiro passo para isso, é os desenvolvedores verificarem se não estão infringindo regulações locais.

Além disso, é preciso conferir quais investidores podem participar. O segundo passo é criar o projeto, montar a equipe e desenvolver o whitepaper.

Em resumo, o whitepaper é um documento com detalhes comerciais e financeiros do projeto. Ou seja, é um documento com todas as informações importantes sobre o projeto e a cripto.

Por fim, é preciso pensar no marketing e na divulgação do projeto. Isso é importante para que as pessoas se interessem pelo projeto e queiram comprar as criptos.

Exemplos de ICO

Alguns exemplos de initial coin offering são:

1- Ethereum (2014)

A ICO não apenas lançou a 2º maior cripto do mundo, como também impactou na forma de fazer ICOs. Isso porque a rede Ethereum tornou mais fácil a criação de novas ofertas e o desenvolvimento de tokens.

Vale destacar que em 2016 a plataforma foi hackeada. Com isso, foram roubados US$ 50 milhões em Ether.

Para resolver isso, a blockchain acabou se dividindo em duas: a nova Ethereum (com a moeda ETH) e a original, que seguiu como Ethereum Classic (ETC).

2- Celsius (2018)

O ICO da Celsius foi possibilitado pela criação da Ethereum. Em resumo, o intuito do projeto não era criar uma moeda. O foco era apenas criar uma plataforma de empréstimos de criptos.

A oferta teve um plano sólido, onde foi criada uma estrutura onde o investidor deposita ativos virtuais e pode ter acesso a linha de crédito, cartão de crédito e taxas de juros mais atraentes.

Enfim, a ICO da Celsius levantou US$ 50 milhões em criptoativos e a plataforma hoje tem mais de um milhão de usuários.

Diferenças entre ICO e IPO

Como você já sabe, a ICO é a oferta inicial de critpos no mercado. Por outro lado, a IPO é a oferta inicial de ações no mercado.

Sendo assim, é por meio da IPO que uma empresa abre o capital na bolsa de valores e os investidores podem comprar suas ações.

Tanto a ICO quanto a IPO tem como intuito captar recursos no mercado. A diferença é que a ICO envolve criptoativos ao passo em que a IPO envolve as empresas.

Além disso, existe a diferença de que a ICO tem pouca ou nenhuma regulação. Já a IPO é regulada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Por fim, existe ainda a questão de que as IPOs são feitas em empresas com maturidade. Isso porque o processo de abertura de capital envolve uma série de critérios e burocracias.

Já as ICOs podem ser feitas por pequenos projetos. Ou seja, elas não exigem adequação de processos, transparência, ampla experiência ou grande liquidez como ocorre com as IPOs.

Vantagens e riscos do ICOs

O mercado de criptos ainda tem pouca regulação. Isso é um risco para os compradores.

No entanto, também é vantajoso para pequenos empreendimentos que não teriam outra chance de conseguir investimentos com o mesmo potencial de ganho que existe no negócio dos criptoativos.

Além disso, existe um alto potencial de retorno para quem aplica na empresa. Isso porque, apesar do risco e da volatilidade, as ofertas costumam ter um preço baixo.

Por exemplo, a Solana foi lançada em abril de 2022 por US$ 0,22. Contudo, no começo de setembro de 2021, ela já valia US$ 208.

Outra vantagem das ICOs é que a empresa consegue levantar dinheiro de qualquer lugar do mundo. Ou seja, não existe uma restrição geográfica, como ocorre com os IPOs.

Existe ainda a vantagem da criação de uma comunidade entre as pessoas que compraram a cripto.

Alex Buelau, CTO da Parfin, explica que: “todo mundo que investiu quer que o projeto dê certo e vai falar dele no Reddit, no Twitter. Se você precisa de comunidade, é uma opção forte”.

Já para Vinícius Chagas, analista educacional da Blockchain Academy, a principal vantagem das ICOs é a base tecnológica que possibilita uma emissão com baixo custo, maior liquidez, facilidade e sem burocracia.

Por outro lado, um dos riscos dos ativos é a liquidez. Isso porque existe a chance de que não haja muitas pessoas interessadas em comprar as criptos pelo preço cotado.

Algumas pessoas também consideram que todo o processo de armazenar as criptos em locais seguros é um risco. Afinal de contas, muitos investidores já perderam criptos nesse processo.

Por fim, existe ainda o risco da manipulação de preços. Isso por meio de esquemas organizados de divulgação de boatos e notícias falsas que podem impactar os preços das criptos.

Mercado de ICOs

O primeiro ICO que aconteceu foi o da MasterCoin, hoje chamada Omni, em 2013. De lá para cá, vários ICOs ocorreram e o mercado de ativos virtuais passou por várias fases.

A 1º fase foi até 2017, onde houveram ofertas de Bitcoin, Ethereum, Waves, Ark, NXT e etc. Sendo que esses projetos tinham como foco a criação de novas moedas e a descentralização do sistema bancário.

Posteriormente, usando os recursos da Ethereum, que possibilitou a criação de novos tokens, as ICOs deixaram de ter como foco apenas as criptomoedas. Ou seja, elas abriram espaço para outros tipos de projetos e ativos.

Dessa forma, houve um grande crescimento no número de initial coin offering em 2017 e 2018. O problema é que muitos projetos na verdade eram fraudes.

É por isso que hoje os investidores e desenvolvedores estão mais atentos às propostas de valor das ICOs.

Além disso, hoje grande parte das ICOs ocorrem por meio de plataformas de lançamento. Sendo que essas plataformas têm seus próprios sistemas de filtragem e aprovação de propostas.

Apesar disso, esse ainda é um mercado em expansão. para você ter uma ideia, entre 2014 e 2021 quase 16 mil criptoativos foram criados.

Enfim, gostou de aprender sobre os ICOs? Então não deixe de conferir também como funciona o halving do Bitcoin e como isso impacta nos preços dos ativos.

Fontes: Infomoney, Mercado Bitcoin e Warren.

Bibliografia

  • ICO: um guia essencial sobre as ofertas iniciais de ativos virtuais. Infomoney. Acesso em 18 de julho de 2022.