6 de dezembro de 2024 - por Sidemar Castro
No contexto financeiro e jurídico, ser um “laranja” significa ser uma pessoa usada por outra para ocultar a verdadeira identidade de quem está tomando certas ações, especialmente em situações fraudulentas ou ilegais. Em outras palavras, o “laranja” empresta seu nome e informações pessoais para que a pessoa real possa evitar responsabilidades legais ou escapar da detecção por autoridades.
Os “laranjas” geralmente são escolhidos porque têm poucas conexões com o negócio em questão e podem ser mais difíceis de rastrear pelas autoridades. No entanto, eles podem enfrentar sérias consequências legais se forem descobertos, incluindo acusações criminais.
Curiosos por saber a origem dessa expressão, “laranja”? Continue a ler, que contamos na matéria.
O que significa ser um “laranja”?
O termo “laranja” é uma gíria popular no Brasil, especialmente em contextos relacionados a crimes e fraudes. Quando alguém é chamado de “laranja”, isso geralmente significa que essa pessoa está sendo usada como um “tampão” ou um “filtro” para encobrir atividades ilegais ou para proteger outra pessoa de consequências legais.
Por exemplo, em esquemas de lavagem de dinheiro, uma pessoa pode usar o nome de um “laranja” para abrir contas bancárias ou adquirir bens. Assim, o verdadeiro responsável pelas transações ilegais permanece oculto.
Essa prática é considerada criminosa e pode ter sérias repercussões legais tanto para quem usa o laranja quanto para o próprio laranja.
Consequências
Além das implicações legais, ser um laranja pode ter efeitos negativos na vida da pessoa envolvida. Muitas vezes, entretanto, essas pessoas não estão cientes do que está acontecendo e podem acabar enfrentando problemas com a justiça, mesmo sem terem cometido um crime intencionalmente.
Portanto, ser um “laranja” significa ser usado como uma fachada em atividades ilícitas. É importante estar ciente dessa terminologia, pois ela ilustra a complexidade das relações humanas e as consequências que podem surgir de ações desonestas.
Quais são os papéis dos “laranjas” nos crimes financeiros?
Os “laranjas” têm um papel central em muitos crimes financeiros. Eles são usados para disfarçar a identidade dos verdadeiros responsáveis por atos ilícitos, como lavagem de dinheiro, desvio de recursos e fraudes.
Normalmente, eles emprestam ou cedem seus nomes, documentos e contas bancárias para que outras pessoas escondam atividades ilegais.
O uso de laranjas funciona assim: enquanto eles aparecem como os proprietários ou responsáveis legais, os reais beneficiários ficam protegidos. Por exemplo, um laranja pode ser registrado como dono de uma empresa de fachada, mas quem realmente controla os negócios está nos bastidores.
Muitas vezes, os laranjas são pessoas vulneráveis ou desinformadas. Alguns aceitam participar em troca de uma pequena recompensa, sem entender a gravidade do crime. Outros, no entanto, entram na jogada cientes dos riscos, motivados por ganhos financeiros.
Esse esquema dificulta investigações, mas é ilegal. Quem se presta ao papel de laranja também pode responder judicialmente, mesmo alegando que foi usado ou enganado. Por isso, é importante entender que colaborar com esses crimes traz consequências sérias, tanto para os laranjas quanto para os verdadeiros culpados.
Quais são os crimes financeiros que envolvem os laranjas?
Os “laranjas” são frequentemente utilizados em diversos crimes financeiros, servindo como uma fachada para ocultar atividades ilícitas. Abaixo estão alguns dos principais crimes que envolvem o uso de laranjas:
1) Lavagem de Dinheiro
A lavagem de dinheiro é um crime em que os laranjas são usados para disfarçar a origem de recursos obtidos ilegalmente. Por exemplo, criminosos podem depositar dinheiro em contas abertas em nome de laranjas e, em seguida, transferir esses fundos para outras contas, dificultando o rastreamento da origem do dinheiro.
2) Fraude Fiscal
Neste tipo de crime, os laranjas são utilizados para ocultar renda ou ativos, permitindo que os fraudadores evitem o pagamento de impostos. Um exemplo notável é a Operação Gauteng, onde empresas “laranjas” emitiram notas fiscais falsas para sonegar impostos.
3) Corrupção
Em esquemas de corrupção, “laranjas” podem ser empregados para ocultar a verdadeira propriedade de bens adquiridos com dinheiro público desviado. Em outras palavras, isso permite que os corruptos mantenham uma aparência de legalidade sobre suas posses.
4) Crimes Cibernéticos
Laranjas também aparecem em fraudes cibernéticas, onde indivíduos são aliciados a abrir contas bancárias ou fornecer dados pessoais para facilitar transações fraudulentas. Assim, esses crimes muitas vezes envolvem o uso de criptomoedas e esquemas de pirâmide.
5) Tráfico de Drogas e Armas
No tráfico, laranjas são usados para movimentar dinheiro proveniente de atividades ilícitas. Eles podem abrir contas ou empresas que servem como intermediárias para lavar os lucros do tráfico, tornando difícil identificar a origem dos fundos.
6) Contas Laranjas
Este termo refere-se a contas bancárias criadas com dados falsos ou roubados, geralmente utilizadas para realizar transações ilegais. Ou seja, essas contas permitem que os criminosos movimentem dinheiro rapidamente e de forma anônima, especialmente através de sistemas como o Pix.
Esses crimes não apenas prejudicam a economia, mas também impactam a sociedade como um todo, contribuindo para a corrupção e a falta de recursos públicos essenciais.
Quais são as consequências legais para os “laranjas”?
As consequências legais para os “laranjas” podem ser graves, mesmo que eles aleguem desconhecimento do crime. Quando alguém aceita ceder seu nome, documentos ou contas para atividades ilegais, essa pessoa se torna cúmplice e pode responder criminalmente.
Dependendo do tipo de crime envolvido, como lavagem de dinheiro, fraude fiscal ou corrupção, o laranja pode enfrentar processos por crimes como falsidade ideológica, associação criminosa ou até evasão de divisas. As penas variam, mas podem incluir multas pesadas, perda de bens e até prisão.
Além das sanções penais, os laranjas também podem sofrer consequências civis, como ter que indenizar vítimas dos crimes ou lidar com restrições financeiras. Por exemplo, se o nome de um laranja for usado para contrair dívidas ou assinar contratos fraudulentos, ele pode ser responsabilizado.
Outro impacto importante é a dificuldade de limpar o nome. Um laranja pode ficar com a reputação manchada, prejudicando sua vida pessoal e profissional. Por isso, é fundamental pensar nas consequências antes de aceitar propostas suspeitas, mesmo que pareçam vantajosas ou simples.
Qual é a origem do termo “laranja”?
A origem do termo “laranja” é incerta e envolve várias teorias que tentam explicar como essa gíria se popularizou no Brasil para designar pessoas que emprestam seus nomes em transações financeiras fraudulentas.
Uma das teorias mais conhecidas sugere que, em épocas em que beber em público era proibido, algumas pessoas “injetavam” bebidas alcoólicas em laranjas para disfarçar o ato de beber. Assim, a fruta se tornaria um símbolo de ocultação, associando-se à prática de esconder atividades ilícitas.
Outra hipótese relaciona a laranja à ideia de que, após o consumo da fruta, sobra apenas o bagaço. Essa metáfora sugere que, assim como o verdadeiro beneficiário extrai tudo do laranja, os criminosos também se aproveitam de pessoas que não têm consciência do uso de seus nomes para atividades ilegais.
Há ainda quem defenda que a expressão surgiu no ambiente carcerário, onde os “laranjas” seriam utilizados para levar objetos ilícitos para dentro dos presídios.
Durante a ditadura militar nos anos 1970, presos políticos criaram esquemas de pirâmide para sustentar suas famílias. Nesse contexto, aqueles que faziam pagamentos eram chamados de “laranjas”, pois eram usados para encobrir as operações financeiras, enquanto aqueles que faziam os contatos entre os presos e os pagadores seriam os “limões”.
Mais teorias
Agentes da lei começaram a usar o termo “laranja” para se referir a criminosos que, após serem pressionados, entregavam seus companheiros. Assim, essa associação reforçou a ideia de alguém que serve como um intermediário ou escudo para atividades ilícitas.
Há também uma teoria menos difundida que menciona um escândalo envolvendo produtores de laranja no interior paulista nos anos 1980, onde esses produtores teriam dado calote em instituições financeiras. Essa situação poderia ter contribuído para a popularização do termo.
Essas teorias mostram como a linguagem evolui e se adapta a contextos sociais e históricos. Apesar das várias especulações, especialistas afirmam que rastrear a origem exata do termo “laranja” é praticamente impossível, e muitas dessas explicações permanecem no campo da conjectura.
- Leia mais: Agora que sabe a origem dos “laranjas”, que tal descobrir Como reconhecer uma pirâmide financeira?
Fontes: Mundo Educação, Suno, História do Mundo