Plano Verão: o que foi, quais os objetivos e por que fracassou?

26 de novembro de 2024 - por Nathalia Lourenço


O Plano Verão foi uma tentativa do governo brasileiro, em 1989, de controlar a inflação e estabilizar a economia. O objetivo era reduzir a inflação, restaurar a confiança na moeda e estimular o crescimento econômico.

O plano fracassou devido a medidas temporárias, como o congelamento de preços e salários, que causaram distorções econômicas e não resolveram os problemas estruturais do Brasil. Continue lendo para saber mais sobre os objetivos do plano e os motivos de seu fracasso.

O que foi o Plano Verão?

O Plano Verão, anunciado em 15 de janeiro de 1989 pelo Ministro da Fazenda Maílson Ferreira da Nóbrega durante o governo de José Sarney, foi a quarta tentativa do governo para combater a inflação persistente que afligia a economia brasileira.

Ao contrário dos planos anteriores — os Cruzado I e II (1986) e o Plano Bresser (1987) — o Plano Verão não visava uma redução drástica da inflação, mas sim controlar seu crescimento, com a meta de mantê-la abaixo de 20% ao mês.

Essa mudança de abordagem refletia o reconhecimento da complexidade da inflação brasileira, que, segundo economistas, tinha um forte componente inercial, sendo perpetuada por mecanismos de indexação que reajustavam preços automaticamente com base na inflação do período anterior.

Quais eram os objetivos do Plano Verão

O Plano Verão, tinha como objetivo principal combater a inflação e estabilizar a economia brasileira. Importante destacar que o Plano Verão foi a quarta tentativa do governo Sarney de controlar a inflação, sucedendo os Planos Cruzado I, Cruzado II e Bresser, que não tiveram sucesso.

Ao contrário dos planos anteriores, o Plano Verão não visava uma redução drástica da inflação, mas sim conter sua aceleração. A meta era mantê-la abaixo de 20% ao mês. Essa meta mais modesta refletia a percepção de que a inflação no Brasil havia se tornado inercial. Isso significava que os mecanismos de indexação continuavam a impulsionar os preços, mesmo sem grandes desequilíbrios fiscais.

Para atingir seus objetivos, o Plano Verão adotou uma combinação de medidas tradicionais e alternativas. As medidas tradicionais visavam um ajuste estrutural da economia, com foco em soluções de longo prazo:

  • Desvalorização da taxa de câmbio: ajustando a moeda para um valor mais realista;
  • Reajuste das tarifas públicas: em setores como telefonia, energia elétrica e gasolina;
  • Política monetária restritiva: com limites ao crédito e aumento das taxas de juros reais;
  • Promessa de ajuste fiscal: incluindo a extinção de ministérios, demissões, privatizações e controle de despesas.

Por outro lado, as medidas alternativas tinham como objetivo um impacto mais imediato na inflação:

  • Congelamento de preços e da taxa de câmbio: para interromper a espiral inflacionária;
  • Desindexação salarial: eliminando a correção automática dos salários pela inflação passada;
  • Criação de uma nova moeda: o cruzado novo, equivalente a mil cruzados, para gerar um choque psicológico e romper com a memória inflacionária.

Embora o principal objetivo do Plano Verão fosse conter a inflação, o plano também procurava criar condições para a retomada do crescimento econômico. As medidas de ajuste fiscal e a desvalorização cambial, por exemplo, visavam reduzir o déficit público e estimular as exportações.

Qual foi o resultado do Plano Verão?

O plano não conseguiu manter a inflação abaixo de 20% ao mês, como pretendido. Em vez disso, a inflação superou 20% já em julho de 1989 e chegou a 45% em novembro, continuando a subir nos meses seguintes.

O fracasso do plano foi causado por vários fatores:

  • A falta de controle fiscal, devido aos altos gastos públicos;
  • A perda de credibilidade do governo, que levou a população a buscar alternativas para proteger seu dinheiro;
  • As dificuldades inerciais, já que a inflação brasileira estava enraizada por mecanismos de indexação.

Além de falhar em controlar a inflação, o plano resultou em perdas para os poupadores, principalmente aqueles com cadernetas de poupança, levando o governo a indenizá-los. O fracasso do Plano Verão contribuiu para um período de hiperinflação, que só foi controlado com o Plano Real em 1994.

Por que o Plano Verão fracassou?

O fracasso do Plano Verão teve um papel importante na continuidade da hiperinflação que afetou o Brasil no início dos anos 90. Dessa forma, a inflação só seria efetivamente controlada em 1994, com a implementação do Plano Real. Além disso, o fracasso do plano deixou um legado de desconfiança em relação aos programas econômicos, o que dificultou a adoção de medidas de estabilização nos anos seguintes.

Por outro lado, o Plano Verão também causou perdas significativas para os poupadores, especialmente para aqueles com cadernetas de poupança com aniversário entre 1 e 15 de janeiro de 1989. A mudança na forma de correção da poupança, que passou a ser baseada nas LFTs, resultou em perdas superiores a 20% para esses investidores. Em resposta a isso, o governo foi obrigado a indenizar os afetados, o que, consequentemente, gerou um aumento nos gastos públicos.

Fontes: atlas, suno, varos, febrapo e maisretorno

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