Descubra quantas moedas o Brasil já teve!
18 de outubro de 2021, por Sidemar Castro
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Você sabe dizer quantas moedas o Brasil já teve ao longo de sua história? É provável que muitos de vocês tenham presenciado ou convivido com algumas das últimas a circularem no país, desde o final do século passado.
Desde a independência, em 1822, o Brasil teve nove moedas!
- Réis – do período colonial a 1942
- Cruzeiro – de 1942 a 1967
- Cruzeiro Novo – de 1967 a 1970
- Cruzeiro – de 1970 a 1986
- Cruzado – de 1986 a 1989
- Cruzado Novo – de 1989 a 1990
- Cruzeiro – de 1990 a 1993
- Cruzeiro Real – de 1993 a 1994
- Real – de 1994 até os dias atuais
Os motivos que levaram o país a trocar várias vezes de moedas são complexos. Um dos principais, é a inflação, ou até mesmo a hiperinflação, durante um certo período de sua história.
Quer saber mais sobre as moedas do Brasil? Então, vamos começar estudando a atual.
Qual é a moeda atual do Brasil?
A moeda corrente oficial do Brasil é o Real (ISO 4217: BRL), abreviado como R$. O Real Brasileiro foi adotado em 1º de julho de 1994 após sucessivas trocas monetárias. Essa mudança, aliada à drástica queda das taxas de inflação, proporcionou uma moeda estável para o país.
O Real foi implantado durante o mandato do presidente Itamar Franco, sob o comando do então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, que posteriormente foi eleito presidente da República. Quando o Real foi lançado, o ministro da Fazenda era Rubens Ricupero.
O nome “Real” foi escolhido em referência à primeira moeda do Brasil, utilizada pelo império de Portugal em todas as suas colônias. Diferentemente das moedas anteriores, as notas de Real apresentam animais da fauna brasileira em vez de personalidades da história nacional.
Atualmente, o Real é a 16ª moeda mais negociada no mundo, a segunda mais negociada na América Latina e a quarta mais negociada nas Américas. Estima-se que existam mais de oito milhões de moedas perdidas do Real em circulação.
Além disso, o Banco Central do Brasil permite a circulação de moedas privadas e moedas sociais no país, desde que estas circulem apenas localmente e sejam lastreadas pela moeda oficial. Para cada moeda privada ou social emitida, o banco comunitário emissor deve possuir R$ 1,00 em caixa.
Em setembro de 2020, entrou em circulação a nova cédula de R$ 200,00, a de maior valor em circulação, devido ao “entesouramento” de dinheiro em espécie durante a pandemia de COVID-19, resultando em menor circulação de cédulas.
Cédulas do real
O real brasileiro tem passado por algumas mudanças ao longo dos anos, e suas cédulas têm evoluído tanto em design quanto em segurança. Vamos explorar as principais informações sobre as cédulas do real:
1. Primeira Família do Real (1994):
Lançada em 1994, a primeira família de cédulas do real substituiu o cruzeiro real. As notas dessa família apresentavam a efígie da República em um lado e animais da fauna nacional no outro. Todas as cédulas tinham o mesmo tamanho.
2. Segunda Família do Real (2010):
Lançada em 2010, a segunda família trouxe elementos gráficos e antifalsificação mais modernos, além de tamanhos diferentes. As notas também apresentam a efígie da República e animais da fauna nacional.
3. Notas Especiais:
- Em 2020, foi lançada a nota de R$200,00, a primeira de sua denominação.
Lembrando que as cédulas da primeira família continuam válidas até a substituição integral, e as novas notas são mais acessíveis aos portadores de deficiência visual, com marcas táteis e tamanhos diferenciados. Sendo assim, temos:
- R$1,00: Fora de circulação.
- R$2,00: Mede 121 x 65 mm
- R$5,00: Mede 128 x 65 mm.
- R$10,00: Mede 135 x 65 mm.
- R$20,00: Mede 142 x 65 mm.
- R$50,00: Mede 149 x 70 mm.
- R$100,00: Mede 156 x 70 mm
- R$200,00: Mede 142 x 65 mm.
Quantas e quais moedas o Brasil já teve?
No total, o Brasil já teve 9 moedas, contando com três versões do Cruzeiro.
1) Conto de Réis
O Réis ficou vigente do Brasil colônia até 1942. O Brasil Colônia começou seu sistema financeiro pelo processo do escambo. Ou seja, por meio da troca de mercadorias. No entanto, com o desenvolvimento da colonização, começaram a circular algumas moedas trazidas pelos portugueses.
Foi somente após a Independência, por volta de 1822, que o país teve estabelecida sua moeda própria. O réis foi a primeira moeda, e era o nome da moeda oficial também em Portugal. Dessa forma, o nome réis está relacionado à palavra real, mais conhecido pelo seu uso no plural, reais, popularizado para réis.
Desde a Independência do Brasil, durante o período imperial, até a Proclamação da República, esta primeira moeda continuou a vigorar. Entretanto, as gravuras das cédulas e moedas se modificaram, conforme o regime e mandatário no poder.
2) Cruzeiro
A utilização do cruzeiro começou em 1942 e prosseguiu até 1967, tendo como símbolo Cr$. O cruzeiro passou a ser usado durante o Estado Novo, de Getúlio Vargas, com a intenção de uniformizar o dinheiro em circulação.
Contudo, o valor em relação aos réis se modificou. Sendo assim, um cruzeiro equivalia a mil réis. A propósito, é importante lembrar que antes do cruzeiro havia 56 tipos diferentes de cédulas circulando no Brasil.
No começo da utilização do cruzeiro como moeda oficial, circularam as notas de 10, 20, 50, 100, 200, 500 e 1000. Posteriormente, foram criadas as notas de 1 e 2 cruzeiros, na intenção de substituir as moedas. Esta mudança deve-se ao fato da falta de recursos do governo com o uso de metal.
É importante destacar que o cruzeiro foi a primeira cédula impressa no Brasil, visto que as anteriores eram confeccionadas na Europa e nos Estados Unidos da América (EUA).
Nesse período, também viu a criação da Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC), a primeira autoridade monetária do país. Ou seja, ela precedeu a criação do Banco Central em 1964.
3) Cruzeiro novo
O cruzeiro novo foi usado de 1967 até 1970, durante o Regime Militar, e teve como símbolo NCr$. Com a utilização do cruzeiro de 1961, houve uma alta muito grande da inflação, resultando no aparecimento das notas de Cr$ 5000 e Cr$10,000.
Em 13 de fevereiro de 1967, o cruzeiro foi substituído pelo cruzeiro novo (NCr$) devido ao aumento da inflação. Foi uma moeda temporária, em que cada 1 NCr$ valeria exatamente Cr $1.000 (cruzeiro antigo). Contudo, é importante lembrar que isso foi uma alternativa para a impressão de novas cédulas de cruzeiro carimbadas com novos valores.
4) Cruzeiro
Depois de três anos de cruzeiro novo, a moeda voltou a se chamar de cruzeiro. Dessa forma, o cruzeiro foi usado de 1970 a 1986, no período final da ditadura militar. O seu símbolo era Cr$.
Na sua nova modalidade, o cruzeiro passou a valer exatamente 1 cruzeiro novo. Dessa maneira, esta nova reaparição do cruzeiro durou 16 anos. Na década de 80, a inflação começou a crescer. Portanto, por causa da nova grande alta da inflação, o cruzeiro foi outra vez derrotado, dando lugar ao cruzado.
5) Cruzado
O cruzado tinha como símbolo Cz$ e foi usado de 1986 a 1989. Essa mudança de moeda ocorreu já no restabelecimento da democracia, após a Constituição de 1988.
A nova moeda nasceu com o Plano Cruzado, instaurado pelo então presidente José Sarney e sua equipe econômica. O objetivo principal do plano econômico era recuperar o poder aquisitivo da população derrotando a inflação.
Nos primeiros passos do plano, as cédulas de cruzeiro foram carimbadas com novos valores em cruzados. Assim, 1 cruzado passou a equivaler a mil cruzeiros. Entretanto, estas mudanças não conseguiram, mais uma vez, a vencer a inflação, obrigando o governo a fazer uma nova reforma.
6) Cruzado novo
O cruzado novo foi usado de 1989 a 1990 e seu símbolo era NCz$.
Em síntese, o cruzado novo também surgiu no governo Sarney, na tentativa de deter o avanço da inflação. Neste sentido, em 16 de janeiro de 1989, surgiu esta nova moeda com novos valores. Assim, mil cruzados passaram a valer 1 cruzado-novo – Cz$ 1000 = NCz$ 1. Ou seja, recorre-se a novos cortes de zeros para corrigir a inflação.
O método usado nesta reforma foi carimbar as antigas notas de cruzado com um novo valor. Posteriormente, foram fabricadas as novas cédulas.
7) Cruzeiro
O cruzeiro ficou em uso entre 1990 a 1993 e seu símbolo era Cr$.
O plano cruzado não teve sucesso no combate à inflação nem no padrão de cortes de zeros. Então, em 16 de março de 1990, o cruzeiro retornou, sendo que cada unidade correspondia a um cruzado novo.
Contudo, a troca da moeda correspondia a mais um plano monetário, o Plano Collor, no governo de Fernando Collor de Mello, que prevaleceu de 1990 a 1992. Junto com este plano, ocorreu o bloqueio dosrecursos da poupança dos brasileiros. Nem é preciso dizer que não deu muito certo.
8) Cruzeiro real
Vigente de 1993 a 1994, o cruzeiro real tinha o seguinte símbolo: CR$.
A nova moeda foi instituída após o fracasso do plano de governo do presidente Collor, que sofreu impeachment. Seu sucessor, o presidente Itamar Franco, tinha como ministro da economia Fernando Henrique Cardoso. A nova moeda vigorou de 1993 a 1994, efez parte da instauração da Unidade Real de Valor (URV).
O valor da nova moeda ficou estabelecido de mil cruzeiros para cada cruzeiro real.
Depois dela, foi implantado a 9ª e atual moeda do Brasil, o Real, abordado mais acima.
11 curiosidades incríveis sobre as moedas do Brasil
1) Moeda de 400 Réis (1810)
Durante o período colonial, o Brasil emitiu uma moeda de 400 réis. Essa denominação era curiosa, pois não era divisível por 100 (como as moedas modernas). Ela foi criada para facilitar trocas comerciais com Portugal.
2) Moeda de 960 Réis (1816)
A moeda de 960 réis também foi emitida durante o período colonial. Ela tinha um valor peculiar, pois correspondia a 8 moedas de 120 réis. Essa complexidade resultava da necessidade de se ajustar aos padrões monetários europeus.
3) Moeda de 20 Centavos de 1942
Durante a Segunda Guerra Mundial, o Brasil emitiu uma moeda de 20 centavos feita de aço inoxidável. Essa escolha foi motivada pela escassez de metais preciosos devido ao conflito.
4) Moeda de 1 Real de 1994
A primeira moeda de 1 real foi lançada em 1994. Ela apresentava o Cruzeiro do Sul e foi muito popular. No entanto, sua produção foi suspensa devido a falsificações.
5) Moeda de 1 Real de 1998 (Comemorativa)
Em 1998, o Brasil emitiu uma moeda de 1 real comemorativa aos 500 anos do descobrimento do Brasil. Ela trazia a efígie de Pedro Álvares Cabral.
6) Moeda de 1 Real de 2014 (Comemorativa da Copa do Mundo)
Durante a Copa do Mundo de 2014, o Brasil lançou uma moeda de 1 real comemorativa. Ela apresentava o mascote Fuleco e foi muito procurada por colecionadores.
7) Moeda de 1 Real de 2016 (Paralimpíadas)
Em homenagem aos Jogos Paralímpicos de 2016, o Brasil emitiu uma moeda de 1 real comemorativa. Ela trazia os símbolos paralímpicos.
8) Moeda de 1 Real de 2019 (Comemorativa da Independência)
Em 2019, uma moeda de 1 real foi lançada para celebrar os 200 anos da Independência do Brasil. Ela apresentava o Imperador Dom Pedro I.
9) Por que o Brasil teve tantas moedas?
O grande motivo para o Brasil ter tido tantas moedas, foi mesmo a inflação. Em resumo, a inflação é o excesso de dinheiro em circulação no mercado, que faz com que a demanda suba, frente a oferta. Com isso, a lei da oferta e demanda entra em cena e os preços de bens e serviços sobem.
Portanto, com a inflação, o poder de compra das pessoas diminui. Em cenários de hiperinflação, as pessoas conseguem comprar pouca coisa com muito dinheiro. As mudanças de moedas, assim como sucessivos planos econômicos, foram tentativas de controlar esse cenário.
10) Qual é a moeda mais antiga do Brasil?
A moeda mais antiga do Brasil é o Dobrão de 20 mil réis. Ela é considerada uma das primeiras a ser produzidas no Brasil. Foi cunhada entre os anos 1724 e 1727, na Casa da Moeda de Vila Rica, Minas Gerais, e circulou até meados da proclamação da República.
11) E a mais procurada e valiosa?
A moeda mais valiosa e procurada do Brasil é a Peça da Coroação. Essa moeda de ouro foi cunhada em 1822 para comemorar a coroação de D. Pedro I. Apenas 64 peças foram produzidas, mas somente 16 ainda estão guardadas. Em 2012, uma delas foi leiloada em Chicago por US$ 138.000.
No início de 2014, foi arrematada em novo leilão em Nova Iorque por quase US$ 500.000. Atualmente, a moeda está estimada em R$ 2,3 milhões.
Fontes: Grupo ethimos, Quero Bolsa, O Tempo, BCB