Plano real, o que foi? Definição, história da moeda e características

17 de setembro de 2020, por Jaíne Jehniffer

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O Plano Real foi uma solução proposta para controlar a hiperinflação que assolou a população brasileira até 1994, quando então o plano real foi posto em prática. Portanto, o Plano Real foi uma série de reformas econômicas realizadas com o intuito de combater a hiperinflação.

Contudo, o Plano Real não foi o único a tentar salvar a nação. Na verdade, antes dele, houve vários outros planos que foram implementados e fracassados. Todos tinham por objetivo controlar a inflação, ou seja, o aumento dos preços de produtos e serviços.

Em resumo, o Plano Real criou a moeda chamada de Real e uma série de medidas. Através dele foi possível controlar a hiperinflação (inflação desenfreada) e restabelecer a economia brasileira. Portanto, o Plano Real foi um importante marco na nossa nação. 

O que foi o Plano Real

O Plano Real foi uma tentativa de salvar a economia nacional que estava hiperinflacionada. Antes dele, outros planos foram implantados e atingiram sucesso durante um tempo, porém, não eram duradouros, logo os problemas econômicos voltavam.

Em resumo, os planos buscavam solucionar os efeitos da hiperinflação, não as suas causas. Esse foi o diferencial que fez com que o Plano Real tivesse êxito duradouro. Ou seja, o plano econômico diagnosticou as causas dos problemas e encontrou as soluções corretas.

Antes do Plano Real, a inflação estava tão descontrolada que, ao ir no supermercado pela manhã, a mercadoria estava com um preço, porém, a tarde, ela poderia estar com um preço muito superior. Foi daí que surgiu o hábito brasileiro de fazer compras para o mês.

Isso porque, quando recebiam seus salários mensais, as pessoas iam ao supermercado e compravam de uma vez o suficiente para um mês ou mais. Em resumo, era uma forma de garantir que teriam alimento para aquele mês. 

Antes do Plano Real

Muito antes do Plano Real ser lançado, o Brasil já estava com problemas. A dívida pública externa, que são os débitos acumulados através de empréstimos pegos com outros países, estava alta.

Na Era Vargas, por exemplo, foi realizado o Projeto Nacional de Desenvolvimento, que tinha por objetivo tornar o Brasil um país mais independente em termos de produtos industrializados, já que o Brasil estava com déficit comercial. 

Dessa maneira, o projeto de desenvolvimento nacional resultou no maior crescimento da história da industrialização brasileira.

A ideia de tornar o Brasil mais auto suficiente foi continuado por Juscelino Kubitschek, através do chamado Plano de metas, porém, ele se apoiava em financiamento externo. 

Ditadura Militar

Com a Ditadura Militar (1964-1985), as coisas não melhoraram, na verdade, a desigualdade social ficou ainda mais evidente. Então, em 1973, teve uma crise petrolífera resultante de um embargo da Organização dos Países Árabes de Petróleo (Opeap) e afetou diversos países, inclusive o Brasil.

Posteriormente, quando enfim a Ditadura acabou, o Brasil estava com uma dívida externa exorbitante.

Nesse período houve também a Crise da Dívida Externa Latina – Americana, que foi, basicamente, resultante do fato de que o México suspendeu os pagamento de sua dívida pública, o que fez com que a confiança nos países latino-americanos, de maneira geral, fosse reduzida. 

Nesse contexto, a inflação estava nas alturas, chegando aos incríveis 6.800%. Ou seja, o poder de compra da população brasileira estava sendo totalmente corroído. Contudo, o plano real ainda não tinha sido criado nessa época.

Posteriormente, em 1989, um grupo de instituições financeiras de Washington (EUA), definiram uma série de medidas econômicas, que ficaram conhecidas como Consenso de Washington.

O principal objetivo da medida era exercer influência sobre os países que estavam em desenvolvimento e passando por dificuldades financeiras. Em resumo, eles conseguiram influenciar com o neoliberalismo de suas propostas vários países da América Latina.

Como resultado dessa influência podemos citar a diminuição do poder do estado na economia, políticas de austeridade fiscal e ainda desregulação de instituições financeiras.

Enfim, o neoliberalismo atingiu muitos economistas e sua influência foi sentida também no Brasil, inclusive no Plano Real. 

Os planos antes do Plano Real

Depois do fim da ditadura, o Brasil estava com uma terrível crise econômica. Quando começou a Ditadura, em 1964, a dívida externa do Brasil estava em US$ 3.294 milhões e quando ela terminou, em 1985. a dívida tinha subido para US$ 105.171 milhões.

Dessa maneira, procurando uma forma de restabelecer a economia nacional, diversos planos foram lançados antes do Plano Real, como:

1- Plano Cruzado

Quando José Sarney assumiu a presidência, depois da morte de Tancredo Neves, foi lançou o Plano Cruzado, em 1986.

O Cruzado (Cz$) foi o substituto do Cruzeiro (Cr$), sendo que 1 Cruzado era equivalente a 1000 Cruzeiros. Dessa maneira, o Cruzado circulou de 22 de abril de 1986 até 15 de março de 1990.

Além disso, Sarney ainda congelou os salários, o chamado gatilho salarial.

O intuito era que os salários ficassem congelados até que a inflação estivesse em 20%. Ele também estabeleceu o congelamento dos preços por um ano.

Dessa forma, como os preços não podiam subir, mas os custos da produção sim, a indústria começou a produzir menos. O resultado disso foi óbvio: começou a faltar produtos nas prateleiras. Então, o governo se deu por vencido e descongelou os preços. 

2- Plano Bresser

Com o mesmo objetivo do Plano Cruzado, o Plano Bresser foi lançado em 1987. O seu nome foi uma referência a Luiz Carlos Bresser Pereira, então Ministro da Fazenda no governo de José Sarney.

Esse novo plano tinha por método a continuação nos congelamentos dos preços, contudo, agora eles era corrigidos a cada 90 dias, junto de uma redução salarial. Claro que não deu certo. 

3- Plano Verão

Com um novo Ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega, veio um novo plano de recuperação. O Plano verão pretendia continuar com o congelamento de preços, mas, agora, com uma nova moeda o Cruzado Novo (NCz$).

O Cruzado Novo circulou entre 16 de janeiro de 1989 até 31 de outubro de 1990.

Essa nova moeda funcionava da seguinte maneira: 1 Cruzado Novo era igual 1000 Cruzados. Esse plano também fracassou. 

4- Plano Collor

Fernando Collor de Mello, o primeiro presidente eleito depois da Ditadura, decidiu por medidas severas. Desse modo, ele chegou a implantar dois planos durante a sua gestão, o Plano Collor I e Plano Collor II. 

Collor também substituiu o Cruzado Novo (NCz$) pelo Cruzeiro (Cr$), que circulou de 15 de abril de 1990 até 30 de setembro de 1992. Contudo, a moeda continuou a valer o mesmo que o Cruzeiro Novo, dessa forma, 1 Cruzeiro equivalia a 1 Cruzeiro novo. 

Uma das formas que o Collor encontrou para controlar a inflação, foi com o plano de demissão voluntária de funcionários públicos e uma medida extremamente polêmica de bloquear as poupanças, com o intuito de reduzir o dinheiro em circulação e, então, controlar a inflação.

Dessa forma, as poupanças com mais de Ncz$ 50 mil foram totalmente bloqueadas por 18 meses. Isso correspondia a 80% da população.

Com o fracasso do Plano Collor I o Plano Real ainda não havia sido criado. Ao invés disso, entrou em prática o Plano Collor II. Nesse plano, os preços e os salários continuavam congelados.

Contudo, foi extinto um tipo de investimento de curto prazo, chamado de overnight, que consistia em deixar o dinheiro de um dia para o outro com rendimentos.

Então, foi criado o Fundo de Aplicações Financeiras com taxas igual a Taxa Referencial, que era a base de juros do Brasil na época. 

Entretanto, o que resultou das medidas de Collor foi uma crise política que acarretou no impeachment do presidente, em 1992. Logo, quem assumiu a presidência foi seu vice, Itamar Franco, com o difícil objetivo de recuperar o Brasil. 

Plano Real

Quando assumiu a presidência, Itamar Franco lançou o Cruzeiro Real (CR$), então 1CR$ era igual a Cr$ 1.000. Ele circulou entre 29 de outubro de 1993 e 15 de setembro de 1994.

Paralelo a isso, foi nomeado um novo Ministro da Fazenda, o Fernando Henrique Cardoso. 

O Plano Real foi o resultado alcançado pela equipe reunida por Fernando Henrique Cardoso, tendo por membros André Lara Resende, Pérsio Arida, Gustavo Franco, Edmar Bacha, Winston Fritsch e Pedro Malan.

Em outras palavras, essa equipe foi a principal responsável pela criação e implantação do Plano Real. 

O Plano Real foi dividido em três etapas: 

1- Ajuste Fiscal

Nesta primeira etapa do Plano Real, o governo procurou cortar gastos e arrecadar mais impostos. Isso foi feito por meio do chamado Programa de Ação Imediata (PAI). Nessa etapa também ocorreram diversas privatizações. 

2- Implementação

O segundo passo para a implementação do Plano Real foi a Unidade Real de Valor (URV), que tinha por intuito desindexar a economia.

Dessa forma, foi lançado uma moeda virtual que estava atrelada às variações do dólar do dia anterior. Portanto, os preços URV eram baseados no dólar, contudo, no momento de pagamento o valor era convertido para o Cruzeiro Real.

Sendo assim, os valores eram atualizados diariamente pelo Banco Central

3- Lançamento do Real

Enfim, na última etapa do Plano Real, a moeda Real foi lançada. Oficialmente, o plano foi lançado em 1º de julho de 1994., sendo que R$1 equivalia a CR$ 2.750. 

Por fim, depois que a etapa 1 e 2 já tinha sido implantada e estava surtindo efeitos positivos na economia, Fernando Henrique Cardoso largou o cargo de Ministro da Fazenda para disputar a presidência. Ele foi substituído, então, por Rubens Ricupero. 

E aí, gostou de conhecer sobre o Plano Real que foi um verdadeiro marco na história brasileira? Então, saiba também o que é Reserva de Emergência – O que é, como começar e onde investir

Fontes: Politize, Mundo educação, Suno e Uol