12 de junho de 2025 - por Millena Santos
A variação cambial é a forma como o valor de uma moeda muda em relação a outra, algo que impacta tanto quem viaja, quanto empresas e investidores. Essas mudanças podem ser influenciadas por vários fatores, como economia, política e mercado financeiro, e são classificadas em quatro tipos principais.
Neste texto, a gente vai esclarecer o que é variação cambial, quais são os seus tipos e muito mais.
Vamos lá? Boa leitura!
O que é variação cambial?
A variação cambial é o nome dado às mudanças nos valores de duas moedas quando elas são comparadas.
Isso acontece porque as moedas não têm um valor fixo, ou seja, elas sobem ou descem de acordo com múltiplos fatores, como oscilações do mercado financeiro, inflação, políticas econômicas e até acontecimentos internacionais.
É aí, então, a partir dessas diferenças, que surge a taxa de câmbio, a qual indica quanto é preciso de uma moeda para obter outra. Ela serve como referência para calcular o valor de bens, serviços e transações internacionais, afetando desde o preço de produtos importados até os custos de uma viagem para fora do país.
Principais fatores que influenciam a variação cambial
Um dos primeiros pontos a considerar são os indicadores econômicos, como o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto). Quando a economia de um país vai bem, gerando riqueza e empregos, isso transmite uma imagem de estabilidade, o que tende a fortalecer a moeda local.
A inflação também entra nessa equação. Se os preços estão subindo rápido demais, o poder de compra diminui e a moeda perde valor. Mas, quando a inflação está sob controle, o cenário muda: há mais previsibilidade, e isso gera confiança tanto para consumidores quanto para investidores.
Outro fator importante é o fluxo de investimentos estrangeiros e o desempenho do comércio internacional. Quanto mais um país atrai capital externo ou exporta seus produtos, maior a procura pela sua moeda, o que pode levá-la a se valorizar.
As taxas de juros e as decisões de política monetária do Banco Central também fazem diferença. Juros mais altos, por exemplo, costumam atrair investidores que buscam maior rentabilidade, o que favorece a valorização da moeda.
Quais os tipos de variação cambial?
1- Variações ativas
De forma simples, variações ativas é o nome que se dá ao ganho obtido com a variação do câmbio. Isso acontece, por exemplo, quando alguém compra dólares a uma cotação mais baixa e depois vende a um valor mais alto. A diferença entre esses dois preços representa um lucro, e é justamente aí que entra a chamada variação ativa.
Esse termo é bastante usado no mundo contábil e financeiro para registrar ganhos relacionados à valorização de moedas estrangeiras.
Imagine uma empresa que recebe em dólares por suas exportações. Se o dólar sobe, o valor que ela recebe em reais aumenta, e esse ganho é contabilizado como variação cambial ativa.
É uma forma técnica de nomear algo que, no dia a dia, nada mais é do que o lucro gerado pela alta da moeda estrangeira.
2- Variações passivas
Neste caso, estamos falando do lado oposto da moeda: é quando há uma perda causada pela oscilação do câmbio. Isso acontece, por exemplo, quando alguém compra dólares a um preço mais alto e depois precisa vendê-los por um valor menor, resultando em prejuízo.
No mundo empresarial, esse tipo de situação também é comum. Imagine uma empresa que tem dívidas em dólar. Se a moeda americana sobe, o valor a ser pago em reais aumenta, mesmo que a quantia em dólares continue a mesma. Essa diferença negativa é registrada como variação cambial passiva.
Ou seja, sempre que a flutuação da moeda estrangeira gera uma perda financeira, estamos diante de uma variação passiva.
3- Variação cambial – regime de competência
No regime de competência, o que vale mesmo é quando o produto foi entregue ou o serviço realizado, e não o momento em que o pagamento vai cair na conta. Em outras palavras, a empresa registra a venda no dia em que ela aconteceu, mesmo que o dinheiro só entre semanas ou meses depois.
Por exemplo, se um serviço foi prestado em abril, a receita será registrada em abril, mesmo que o cliente só pague em junho.
Do mesmo jeito, se a empresa comprou algo em fevereiro, a despesa é registrada em fevereiro, mesmo que o pagamento só seja feito em abril.
4- Variação cambial – regime de caixa
Por outro lado, no regime de caixa, o que conta mesmo é o momento em que o dinheiro entra ou sai da conta da empresa. Ou seja, só se registra a receita ou a despesa quando o pagamento é feito de fato.
Por exemplo, se uma venda foi feita em janeiro, mas o cliente só pagou em fevereiro, o valor só vai aparecer no controle financeiro em fevereiro, quando o dinheiro realmente cair.
O mesmo vale para os gastos: se a empresa comprou algo em março, mas só pagou em abril, esse custo só será registrado em abril.
Como a variação cambial funciona?
Sabe quando o preço do dólar sobe ou desce e isso acaba impactando desde viagens até o valor de produtos importados? Isso tem tudo a ver com a variação cambial.
Isso porque, como a gente já viu, ela acontece quando o valor do real muda em relação a moedas de outros países, como o dólar. Essa oscilação está ligada à quantidade de dólares que entram ou saem do Brasil.
Ou seja, quando o país recebe mais dólares, por exportações, investimentos de fora ou turismo, por exemplo, há mais moeda americana circulando por aqui, o que fortalece o real.
Já quando mais dólares saem do país, para pagar importações, lucros enviados ao exterior ou gastos em viagens, o real perde valor, pois a demanda por dólar aumenta.
Como calcular a variação cambial?
Calcular a variação cambial não precisa ser complicado. Na verdade, é mais simples do que parece. Tudo começa com a conversão de valores de uma moeda estrangeira para o real (ou o contrário).
Vamos imaginar o seguinte: uma empresa importou um produto dos Estados Unidos e a fatura veio em dólares. Quando o pedido foi feito, o dólar estava cotado a R$ 4,80. Mas, na data do pagamento, a cotação já era R$ 5,10.
Nesse caso, aconteceu o que a gente chama de variação cambial. Ou seja, houve uma diferença entre o valor da moeda no momento da contratação e no momento do pagamento.
Impactos da variação cambial
Quando o real se desvaloriza em relação ao dólar, ou seja, quando é preciso gastar mais reais para comprar a mesma quantidade de dólares, isso impacta diretamente a taxa de câmbio, que acaba ficando mais alta.
Esse cenário pode trazer algumas preocupações, mas também traz um efeito positivo para quem exporta: afinal, com o real mais fraco, os produtos brasileiros ficam mais baratos e competitivos lá fora, o que tende a aumentar as exportações.
Por outro lado, quando o real se valoriza, acontece justamente o oposto. A entrada de moeda estrangeira no país costuma crescer, já que o Brasil se torna mais atraente para investidores e compradores externos. Isso facilita a importação de produtos, que acabam chegando ao mercado interno por preços mais em conta.
Outros impactos são:
- A influência nos preços internos (inflação);
- O efeito sobre empresas e consumidores;
- A relação com a dívida externa.
Qual a importância da variação cambial?
A variação cambial tem um papel de destaque na economia, já que afeta diretamente diversos setores, especialmente as empresas que trabalham com exportação.
Ao vivenciar uma oscilação do real em comparação ao dólar, isso pode tornar os produtos brasileiros mais caros ou mais baratos no mercado internacional, o que influencia os lucros dessas empresas.
Além disso, essas mudanças também influenciam o mercado de capitais. A cotação de ações na bolsa, por exemplo, pode subir ou cair dependendo do comportamento do câmbio, especialmente no caso de companhias ligadas ao comércio exterior ou que têm parte de seus custos e receitas em dólar.
Também, vale lembrar que a variação cambial impacta a rentabilidade do país. Muitos ativos financeiros estão atrelados ao dólar, e qualquer alteração no valor da moeda pode refletir nos investimentos, na inflação e até no ritmo do crescimento econômico.
Portanto, o câmbio não atua sozinho: ele se conecta com diferentes áreas e influencia decisões no dia a dia de empresas, investidores e também do governo.
Como se proteger da variação cambial?
Para minimizar os impactos das oscilações do câmbio, existem algumas estratégias que podem fazer bastante diferença. Uma delas é o uso de cartões pré-pagos em moeda estrangeira, que garantem a cotação no momento da recarga, evitando surpresas com futuras variações.
Outra opção é acompanhar de perto as tendências do mercado, identificando os melhores momentos para comprar ou vender a moeda. Em casos de viagem ou compromissos financeiros já programados, antecipar a compra da moeda pode ser uma boa escolha, especialmente quando o câmbio está em um patamar mais favorável.
Já no universo das empresas e dos investimentos, o hedge cambial é bastante utilizado como forma de proteção. Por meio de contratos, essa estratégia garante um valor fixo para transações futuras, ajudando a reduzir riscos.
Em resumo: dê uma geral no cenário, para só então decidir qual será a melhor estratégia.
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Fonte: Suno, StoneX, Vexpenses, Rendimento/Câmbio.