Câmbio flutuante: o que é e quais são os benefícios

7 de setembro de 2021, por Jaíne Jehniffer

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O câmbio flutuante é uma maneira de equilibrar a troca da moeda local com as moedas estrangeiras, através da oferta e demanda de produtos importados e exportados.

As variações da taxa de câmbio refletem não apenas as forças do mercado, mas também as expectativas dos investidores. Além disso, as variações de valor possuem efeitos em grande parte dos bens de consumo que compramos, sobretudo os importados. 

Outro tipo de regime cambial é o câmbio fixo. Neste tipo de câmbio, o Banco Central do país intervém na política cambial para garantir a manutenção de uma taxa específica.

O que é câmbio flutuante?

O câmbio flutuante é um tipo de regime cambial onde as cotações das moedas variam de acordo com a oferta e demanda das importações e exportações. Sendo assim, o Banco Central do país geralmente deixa o mercado livre e não impõe nenhuma política cambial fixa.

Ou seja, no câmbio flutuante o Banco Central não interfere diretamente no valor da moeda, deixando a lei da oferta e demanda agir. Logo, o preço do câmbio sobe e desce constantemente de acordo com a oferta e demanda.

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A lógica é a seguinte: quando aumenta a demanda dos agentes econômicos pelos produtos, o valor da moeda aumenta. Por outro lado, quando a demanda diminui, o valor da moeda também é reduzido. Enfim, os fatores que podem impactar nas cotações das moedas são:

  • Taxas de importação e exportação;
  • Taxas de juros internas e externas;
  • Políticas monetárias;
  • Inflação;
  • Fluxo de turismo e migração;
  • Investimentos estrangeiros.

Como funciona?

O câmbio flutuante funciona como uma maneira de equilibrar a troca de moeda nacional por moedas estrangeiras. Quando determinada moeda não é muito procurada ou a sua oferta no mercado é muito grande, ela tende a ser comercializada por preços menores.

Em contrapartida, as moedas com menos quantidade disponível ou que são mais procuradas, são negociadas por valores maiores. O regime cambial do câmbio flutuante é amplamente difundido no mundo e usado na maioria dos países. Apesar disso, é bastante comum que os países transitem entre o câmbio flutuante e o fixo. 

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Benefícios do câmbio flutuante

Algumas vantagens do câmbio flutuante são:

1- Flexibilidade: Uma das principais vantagens do câmbio flutuante é que existe uma adaptação dos preços de acordo com as condições de mercado interno e externo. Dessa forma, essa flexibilidade do câmbio funciona como uma maneira de amortecer os impactos econômicos e oferece um diagnóstico de como está o mercado.

2- Proteção contra crises externas: Essa proteção ocorre, pois, em caso de crises externas onde os investimentos estrangeiros caem, os juros tendem a subir menos e os impactos econômicos são menores. Se o câmbio for fixo, a queda dos investimentos estrangeiros faz com que o governo tenha que subir os juros visando a defesa da moeda.

3- Ataques especulativos: Por fim, o câmbio flutuante tem ainda a vantagem de evitar o ataque especulativo dos investidores estrangeiros. Esse tipo de ataque ocorre quando os investidores propositalmente provocam a desvalorização da moeda local.

O dólar

O dólar é um importante parâmetro de comparação com outras moedas, já que ele é usado como referência no mundo todo. Desse modo, ao se analisar uma moeda, é importante saber qual o seu valor em relação ao dólar.

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Sendo que essa importância deriva não apenas do fato de que o dólar é usado como referência, mas também porque os Estados Unidos possuem uma grande influência econômica, além do dólar possuir certa estabilidade, o que faz com que o mercado confie nele.

É por isso que o dólar é usado nas negociações de muitas commodities pelo mundo todo. Enfim, no regime de câmbio flutuante a cotação do dólar em relação ao real segue as variações do mercado e a disponibilidade do dólar no Brasil.

Contudo, se no Brasil fosse usado o câmbio fixo, o Banco Central iria fazer a venda e compra de dólares constantemente para manter a taxa igual. Em outras palavras, as oscilações na cotação do dólar iria continuar a acontecer, mas o Banco Central teria que comprar e vender dólares com o objetivo de manter as taxas iguais.

Câmbio flutuante no Brasil

O câmbio flutuante foi adotado no Brasil em 1999. Antes disso, quando o Plano Real foi criado, o país adotou o regime de câmbio fixo. Logo, houve o pareamento entre o real e o dólar, onde um real valia um dólar. Já entre 1995 e 1999 foi adotado o regime de banda cambial.

Sendo assim, o Banco Central do Brasil (Bacen) determinava uma faixa dentro da qual a taxa poderia variar. Antes da adoção do câmbio flutuante, o Banco Central realizava interferências constantes com as reservas internacionais em dólar que existiam no Brasil.

Entretanto, essa política tem o risco de esgotar as reservas e pressionar a inflação. Em resumo, pode ocorrer a inflação, pois se o Bacen precisar obrigatoriamente comprar e vender dólares, pode acontecer dele ter que imprimir mais dinheiro.

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O problema é que o dinheiro em excesso no mercado faz com que a demanda seja superior à oferta e os preços dos bens e serviços sejam elevados. Enfim, com a adoção do câmbio flutuante em 1999 o Bacen deixou de ter a obrigação de manter uma taxa cambial específica.

Desse modo, os bancos passaram a poder comprar e vender dólares sem a intervenção direta do Bacen. Atualmente, o papel do Bacen é contribuir com a regularização de situações extremas. Isso significa que o Banco Central atua na política cambial somente em momentos em que a variação do câmbio fica acima do esperado.

Essa atuação do Bacen é conhecida como flutuação suja. Apesar de não ser considerado de fato um regime cambial, a flutuação suja possui características do câmbio flutuante e fixo. Afinal de contas, enquanto o regime cambial oficial é flutuante, onde a cotação varia segundo a oferta e demanda, o Estado ainda realiza intervenções na cotação.

Câmbio flutuante ou fixo

No câmbio flutuante a cotação das moedas são reguladas pelas forças do mercado. Já no câmbio fixo o mercado perde a autonomia para regular as cotações. Dessa maneira, o Estado se torna responsável por estabelecer o valor da moeda.

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Apesar de muitas moedas como, por exemplo, o dólar norte-americano, rupia, euro, real, libra e iene se encaixarem no câmbio flutuante, a verdade é que muitos países alternam entre o câmbio flutuante e fixo com o passar do tempo de acordo com a evolução das suas políticas monetárias e cambiais. 

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Fontes: NubankCapital research, Exchange now e Mais retorno

Imagens: LaborC., Opldigital, Cultura mix, Contáveis, Jornal empresas e negócios e Serpro