Eike Batista: vida, carreira, empresas e fim do império

23 de agosto de 2021, por Jaíne Jehniffer

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Eike Batista é um dos empresários mais conhecidos do Brasil. Afinal, ele criou diversas empresas e já esteve até mesmo na lista da Forbes, entre os homens mais ricos do mundo.

O patrimônio bilionário do empresário foi resultado, sobretudo, da mineração, extração de petróleo, energia, logística e indústria naval.

De fato, durante um bom tempo, o empresário multiplicou bastante seu patrimônio, mas acabou perdendo boa parte da sua fortuna. Enfim, conheça abaixo os detalhes da história de Eike Batista e como o seu império chegou ao fim.

Biografia de Eike Batista

Eike Fuhrken Batista nasceu no dia 3 de novembro de 1956 em Governador Valadares, no estado de Minas Gerais, mas foi criado no Rio de Janeiro. Aos 12 anos de idade, mudou-se com sua família para Frankfurt quando Eliezer Batista, o pai de Eike, recebeu a missão de desenvolver uma divisão da Vale na Europa.

Um detalhe importante é que o pai do Eike era presidente da Vale. Na época, a empresa não era tão grande quanto hoje e Eliezer exerceu um papel importante na história da empresa, já que ele fechou contratos que contribuíram para que a Vale se tornasse a gigante de hoje.

Aos 18 anos de idade, Eike decidiu estudar engenharia metalúrgica na Universidade de Aachen. Durante o curso, ele melhorou o seu inglês e aprendeu francês. Além disso, aproveitou para praticar o alemão, um idioma que ele já falava em casa, pois sua mãe, Jetta Batista, nasceu em Hamburgo na Alemanha.

Enquanto cursava a faculdade (que não chegou a concluir), o jovem passou a trabalhar como corretor de seguros, vendendo apólices de porta em porta. Por fim, em 1980, ele voltou para o Brasil e começou sua carreira de empreendedor.

Vida pessoal de Eike Batista

Eike Batista foi casado com a atriz e modelo Luma de Oliveira até 2004. Juntos, eles tiveram dois filhos: Thor e Olin.

Atualmente, o empresário namora a empresária e advogada Flávia Sampaio, que esteve à frente da Beaux, um centro de saúde e beleza do Grupo EBX na Barra da Tijuca, cujas operações se enceraram em 2012.

Carreira de Eike Batista

Com a sua carreira meteórica, Eike já foi apontado como inspiração para a nova safra de empreendedores. Além disso, foi eleito pelas revistas Época e IstoÉ um dos principais nomes do mundo. Inclusive, em 2012, ele alcançou a posição de homem mais rico do Brasil, e o sétimo do mundo, com patrimônio estimado em US$ 30 bilhões.

1- Início da carreira

Aos 23 anos de idade, Eike Batista decidiu fazer parte do comércio aurífero. Desse modo, ele atuava como intermediário entre garimpeiros na venda de metal para os grandes centros do Brasil. Nessa época, o Brasil passava pelo pico de exploração de minérios.

Quando tinha 24 anos, ele conseguiu R$ 500 mil emprestados e comprou a mina Zetão. Depois de um ano, já estava com um patrimônio de quase US$ 6 milhões. Com o crescimento da sua fortuna, o empresário tomou a decisão acertada de mecanizar a produção mato-grossense.

Além disso, ele também propôs uma sociedade com a Paranapanema, que optou por comprar 50% da mina e ainda se comprometeu em quintuplicar a produção. Posteriormente, Eike comprou uma mina no Amapá que depois vendeu e comprou outra em Minas Gerais, onde conseguiu fazer uma parceria com a Rio Tinto.

Em resumo, a estratégia de Eike era encontrar bons ativos e projetos abandonados por falta de recursos, criar um projeto de exploração, atrair sócios para financiar o projeto e depois sair do negócio.

Com o sucesso dos negócios de Eike Batista, a Treasure Valley, uma mineradora do Canadá, ficou interessada nas empresas dele. Dessa maneira, houve uma fusão de ativos e ele passou a ser sócio da empresa, que foi rebatizada de TVX.

Também foi nessa época que começou a superstição em cima da letra “X”, que passou a ser usada como símbolo de multiplicação de riqueza. Sendo assim, várias empresas foram batizadas com a letra X no final do nome. Com uma participação de 11%, Eike era o presidente e principal acionista da TVX.

2- Empresas

Entre os anos de 1991 e 1996, o valor de mercado da empresa de Eike mais do que triplicou. Em 1998, ele saiu da empresa por desentendimento com os sócios. Com a saída, ele acumulou um patrimônio de 1 bilhão de dólares para investir em novos negócios.

Nos anos seguintes, ele abriu algumas empresas como, por exemplo, a fábrica de jipes JPX, a franquia de cosméticos Luma de Oliveira e a EBX Express, mas elas não deram muito certo.

Em seguida, Eike Batista fundou a holding EBX, que foi a base de vários investimentos do empresário, tanto dos que deram certo, quanto dos que não deram. Em 1998, a holding começou a se diversificar em vários setores.

Com foco em energia, a MPX foi a primeira empresa da EBX a ser criada. Depois da crise de energia vivida pelo Brasil em 2001, a MPX construiu a usina termelétrica Termoceará, que custou cerca de US$ 150 milhões. A usina começou a operar em 2002 e, posteriormente, a Petrobras comprou a empresa.

Em 2005, foi descoberto um depósito de minério de ferro e a EBX começou a construir um processo de mineração, o embrião da MMX. Em 2006, a MMX foi criada e no mesmo ano fez sua estreia na bolsa de valores. Na época, Eike conseguiu captar R$ 1,18 bilhão, o maior IPO do ano.

Em 2008, Eike vendeu parte da mineradora para a multinacional Anglo American, por US$ 5,5 bilhões. Desse total, cerca de 3 bilhões de dólares foram para a sua conta.

Ao longo da sua história, Eike Batista criou diversas empresas como, por exemplo, OGX (petróleo e gás), MPX (geração de energia), LLX (naval), OSX (naval), CCX (mineração), SIX (tecnologia), REX (imóveis) e IMX (esportes).

Declínio de Eike Batista

Durante sua carreira, Eike Batista desenvolveu o método de administração conhecido como Visão 360º. A intenção é identificar todo o processo de execução de uma empresa. O método envolve também a separação das nove áreas-base e seu monitoramento. Apesar da história de sucesso do império X, tudo começou a desmoronar em 2013.

Em junho daquele ano, Eike renunciou ao conselho da MPX e, em outubro, a OGX deu um calote de 45 milhões de dólares aos credores. Além disso, em 2015, a CPI da Petrobras passou a investigar a OGX.

Prisão e acusações de Eike Batista

Eike Batista recebeu várias acusações, entre elas a de que o grupo OGX comunicou várias vezes sobre a viabilidade de exploração comercial dos campos na Bacia de Campos e de Santos. Por causa dessas afirmações, houve a condenação do empresário a oito anos de prisão por manipulação de mercado.

Além disso, na Operação Lava Jato, Eike foi acusado de se envolver em esquemas de corrupção com o governo federal. No entanto, ele fez um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal, que está em sigilo pelo Supremo Tribunal Federal.

No início de 2017, Eike foi considerado foragido da justiça brasileira. Depois de se entregar, ele foi encarcerado no Bangu 9, no Rio de Janeiro. Contudo, em abril do mesmo ano, ele teve seu regime flexibilizado pelo ministro do STF Gilmar Mendes e passou a cumprir prisão domiciliar.

O que ocorreu com as empresas?

Primeiramente, a OGX entrou em recuperação judicial em 2013, quando o Eike Batista teve sua participação da empresa praticamente liquidada. A empresa conseguiu sair da recuperação judicial e se tornou Dommo Energia, em 2017.

Já a CCX, fundada em 2006, atualmente está em processo falimentar e em descontinuidade operacional desde 2016. Depois que a MPX teve sua recuperação judicial decretada e o controle do Eike Batista dissolvido, ela foi integrada à OGX e passou a se chamar Eneva.

A MMX teve duas recuperações judiciais distintas e teve a falência requisitada pela justiça em 2019, ela manteve sua operação por meio de liminar e depois teve a falência decretada de fato.

Em contrapartida, a LLX que faz a logística para transporte de minério de ferro, petróleo e outras commodities, teve a participação de Eike Batista diluída em 2013, o grupo EIG passou a ser o controlador e o nome foi trocado para Prumo Logística. Sendo que, ela deixou a bolsa em 2018.

Por fim, a OSX saiu da recuperação judicial recentemente e sua situação não é das melhores. Para saber mais sobre a história de Eike Batista e quais erros levaram ao fim do império X, assista ao vídeo de Raul Sena, o Investidor Sardinha:

Fontes: Infomoney, Suno, Pure people, G1, Infoescola e, por fim, E-biografia