21 de setembro de 2020 - por Jaíne Jehniffer
O atual ministro da economia, Paulo Guedes, possui uma longa trajetória econômica, mesmo não sendo política. Isso porque, o ministro abriu diversas empresas e foi um investidor assíduo na bolsa de valores brasileira. Contudo, sempre recusou se envolver com política.
Entretanto, acabou por apoiar o candidato à presidência, Jair Bolsonaro e se tornou ministro da economia. Como ministro, Paulo Guedes teve algumas vitórias, entretanto, os seus planos de implantar o liberalismo no Brasil não foram aprovados pela maioria do Congresso Nacional.
Dessa maneira, com algumas vitórias e outras derrotas, Paulo Guedes busca ajustar a economia nacional segundo os parâmetros que ele considera aceitáveis. Porém, a pandemia do Covid-19 atrapalhou os seus planos.
Quem é Paulo Guedes
Paulo Guedes é o ministro da economia no governo do atual presidente, Jair Bolsonaro. Contudo, sua carreira remonta de muitos anos antes, já que Paulo Guedes foi um dos fundadores da Pactual, sendo ainda o economista chefe da mesma. Posteriormente, no final dos anos 1990, ele criou a gestora JGP junto de André Jakurski.
Algum tempo depois, Paulo Guedes deixou a sociedade e ingressou no private equity, através da BR Investimento, que depois foi rebatizada de Bozano e, por fim, quando ele saiu passou a se chamar Crescera.
Além do envolvimento com essas empresas voltadas para o mercado financeiro, ele também era atraído para o meio acadêmico, sendo que, por 15 anos, esteve à frente do Ibmec. Por fim, Paulo Guedes também foi um dos fundadores do Instituto Millenium.
Carreira Acadêmica
Paulo Roberto Nunes Guedes nasceu, em 1949, no Rio de Janeiro, tendo como pais uma funcionária do Instituto de Resseguros do Brasil e por pai um representante comercial de produtos escolares.
Apesar de ter nascido no Rio de Janeiro, ele passou toda a infância em Belo Horizonte, onde estudou no Colégio Militar. Foi ainda em Belo Horizonte que ele se formou na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em economia.
Posteriormente, fez mestrado na Fundação Getúlio Vargas (FGV) no Rio de Janeiro, onde teve contato com o ultraliberalismo. Por fim, foi para a Universidade de Chicago fazer doutorado.
Inclusive, a Universidade de Chicago é considerada como o centro do liberalismo econômico. Além disso, foi lá que Guedes se converteu de vez ao liberalismo.
Os quatro anos de doutorado foram realizados com a verba vinda do CNPq de US$ 2.330 por mês, o auxílio da FGV e ainda uma verba da Universidade de Chicago.
Depois de voltar ao Brasil, Paulo Guedes ambicionava se tornar professor, e conseguiu ser contratado na PUC-Rio, no Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa) e ainda na FGC.
Posteriormente, Guedes recebeu um convite de ser professor na Universidade do Chile. Na época, o Chile estava na ditadura de Pinochet, onde ele estava implantando reformas econômicas.
Entretanto, a estadia de Guedes no Chile não durou muito, mas, foi o suficiente para que ele fosse contaminado com as ideias postas em prática no Chile.
Dessa forma, Paulo Guedes desejava implantar muitas dessas ideias no Brasil. Portanto, em 2018, quando Bolsonaro foi eleito, a oportunidade de Paulo Guedes apareceu.
Antes disso, Guedes não havia se envolvido com política, contudo, sempre manteve suas opiniões bem firmes de que o governo gastava em demasiado e desnecessariamente.
Carreira de Paulo Guedes
Depois de voltar do Chile, Guedes foi trabalhar na Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex) e, posteriormente, assumiu a diretoria do Instituto Brasileiro do Mercado de Capitais (Ibmec).
Como diretor no Ibmec, Guedes trabalhou em seu crescimento e conversão no primeiro MBA executivo de finanças do Brasil.
Em 1983, Guedes recebeu um convite de Luiz Cezar Fernandes para montar, com o auxílio de André Jakurski, a Pactual. Guedes aceitou e, paralelo a sua vida na Ibmec, virou estrategista-chefe do banco.
Dessa maneira, ele se dedicava a escrever relatórios sobre o momento econômico vigente, com a alta inflação que atingia a década de 1980.
Ele criticou todos os planos econômicos para controlar a hiperinflação, até mesmo o Plano Real, que, no final, foi o que funcionou.
Como retaliação por criticar todas as políticas econômicas, exigiram a demissão de Paulo Guedes da Ibmec, contudo, como o programa de MBA de Guedes foi um verdadeiro sucesso, ele não foi demitido.
Outro meio então foi encontrado como punição, que se deu através do adiamento de mais de um ano nos planos de transformação de distribuidora de recursos imobiliários da Pactual para banco de investimento.
Saídas e abertura de novas empresas
Já no final da década de 1990, Guedes se uniu à Haddad para comprar o Ibmec, porém, a sociedade não deu certo e Paulo Guedes vendeu sua parte.
Posteriormente, Guedes também saiu da Pactual, dessa vez por discordar do banco atuar no varejo. Porém, ele não saiu sozinho, André Jakurski também saiu e juntos abriram uma das primeiras gestoras independentes do Brasil, a JGP Asset Management. O nome deriva das siglas dos nomes Jakurski e Guedes e o P vem de Partners.
Na JGP Asset Management, Guedes era responsável pelas áreas de renda fixa, juros e câmbio. Contudo, ele operava sozinho o próprio dinheiro no day trade e perdeu cerca de R$ 20 milhões. Por fim, Guedes saiu da JGP, em 2004.
Posteriormente, em sociedade com o irmão mais novo, Gustavo Guedes, ele montou a consultoria GPG, onde atuou, principalmente, no mercado futuro. Alguns tempo depois, quando houve a crise de 2008, Guedes já estava na BR Investimentos, fundada em 2006.
Já em 2013, a BR Investimentos se fundiu com a Mercatto Asst e a Trapezus e se tornou a Bozano Investimentos. Enquanto estava à frente da BR Investimento, ele comprou 20% da Abril Educação e se envolveu com a família Civita, responsáveis pela Editora Abril.
Paulo Guedes e Política
A carreira de Guedes na área econômica por meio dos boletins, colunas e palestras por ele realizadas, além do Instituto Millenium que promovia o pensamento liberal e a sua atuação no Ibmec, o tornou uma opção para um cargo no governo.
Dessa maneira, ele recebeu dois convites para diretoria do Banco Central do Brasil, prontamente recusados.
Em resumo, durante toda a sua trajetória, nas mudanças de governo, seu nome muitas vezes foi citado, mas Guedes sempre recusou os convites.
Foi somente em 2018 que Paulo Guedes aceitou um convite e ele veio do atual presidente Jair Bolsonaro, quando ele ainda era um candidato.
É creditado à Guedes a mudança de pensamento ocorrida em Bolsonaro que antes era contra a reforma da previdência e as privatizações, mas que depois de algumas conversas com Guedes passou a defender essa bandeira.
Como ministro, Paulo Guedes conseguiu que o Congresso aprovasse a Reforma da Presidência ainda no primeiro ano de mandato de Bolsonaro. Contudo, a reforma tributária que Guedes tanto queria implantar no Brasil já foi derrubada por Bolsonaro e pelo Congresso.
Além disso, Guedes também não conseguiu aprovação para privatizar todas as estatais do Brasil. Por fim, ele também pretendia acabar com o déficit público, mas com a pandemia do Covid-19, os gastos só aumentaram e a receita diminuiu.
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