Ações do Nubank despencam 60%: é hora de vender?

20 de maio de 2022, por Jaíne Jehniffer

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Desde que abriu a capital na Bolsa de Nova York, em dezembro de 2021, as ações do Nubank apresentaram uma queda de 60%. Mas por que será que isso aconteceu?

A queda das ações do Nubank

O Nubank abriu o capital em dezembro de 2021, na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE). A IPO foi um verdadeiro sucesso. O problema é que, desde a abertura de capital, as ações da empresa estão em queda.

Na época da abertura de capital, o Nubank foi avaliado em US$ 41,7 bilhões. Com isso, ele obteve o título de maior instituição financeira da América Latina, ficando na frente dos grandes bancos tradicionais.

No entanto, as ações que estrearam a US$ 9 fecharam o pregão da quarta-feira (18) cotadas a US$ 3,81. Isso significa uma queda de quase 60% no valor dos ativos.

Essa grande desvalorização fez com que a fintech perdesse o seu posto de líder do setor bancário. Além disso, no início de maio, a empresa passou a valer 25,2 bilhões.

Gustavo Pazos, analista de research da Warren, explica que: “O Nubank é uma empresa que cresceu a base de clientes de forma exponencial, e conseguiu isso por meio de serviços menos burocráticos e mais eficientes no digital, além de gratuitos”.

Contudo, os investidores desconfiam da capacidade da empresa em monetizar a sua base de clientes. É claro que as pessoas já sabiam disso na época da IPO, mas a desconfiança não parecia ser tão grande.

Segundo Fabio Louzada, economista, analista CNPI: “O Nubank já começou valendo muito, com um valuation que não correspondia com a realidade de uma instituição que teria e tem desafios enormes pela frente”.

Desconfiança por parte dos investidores

Apesar das quedas recentes, o Nubank ainda tem um valor de mercado acima dos pares.

As suas ações estão sendo negociadas a 4,5 vezes na relação Preço sobre Valor Patrimonial da Ação (P/VPA). A título de comparação, o Banco Inter está sendo negociado a 1,6 vezes P/VPA.

Além da queda nos preços das ações e a capacidade da empresa em monetizar a sua base de clientes, os investidores também estão desconfiados da governança da empresa.

Isso porque, recentemente, a empresa enviou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) um formulário em que estipula um pagamento potencial de R$ 804,4 milhões aos oito integrantes da diretoria executiva para 2022.

Como o valor é bem alto, a notícia virou polêmica no mercado, sobretudo porque a empresa ainda não deu lucro. Por fim, existe ainda a questão do cenário econômico.

Acontece que a queda atual está ocorrendo em todo o setor de tecnologia, que está passando por um momento difícil desde que o FED (banco central dos EUA), subiu as taxas de juros.

Em resumo, como as techs são empresas de crescimento, elas precisam de capital para financiar a expansão dos seus modelos de negócio. Logo, com a alta de juros, eles são fortemente impactados.

Os resultados da empresa

Os números do 1º trimestre de 2022 do Nubank foram divulgados na segunda-feira (16). O prejuízo líquido veio menor do que o esperado: US$ 45,1 milhões, uma melhora de 9% em relação ao mesmo período do ano passado.

Além disso, o banco teve um aumento na base de clientes e recorde de receita, que atingiu US$ 877,2 milhões, um salto de 258% na comparação com os três primeiros meses de 2021.

Apesar disso, o mercado parece não ter gostado dos resultados apresentados.

Isso se refletiu na variação negativa das ações do Nubank. Sendo assim, entre a segunda e a quarta-feira (17), os papéis caíram 9,75%, 6,21% e 6,37% respectivamente.

Um detalhe vem chamando a atenção dos investidores: o aumento da inadimplência.

Isso porque o índice de inadimplência acima de 90 dias do Nubank aumentou 0,7 ponto percentual do último trimestre de 2021 para os três primeiros meses de 2022, e bateu os 4,2%.

Essa alta na inadimplência representa um aumento no desafio de monetizar a base de clientes, já que a principal forma de se fazer isso, em um banco, é por meio da concessão de crédito.

No entanto, Lucas Ribeiro, da Kínitro Capital, explica que a empresa está apresentando os resultados esperados: “É uma empresa que teoricamente está dando prejuízo e digo teoricamente porque ela está investindo.

O lucro dela acaba amassado pelo investimento que ela está fazendo. Olhando o desempenho puramente, o Nubank caminha bem perto do que prometeu no IPO, o macro que piorou muito, especialmente no Brasil”.

Vender ou ficar com as ações do Nubank?

Se você comprou ações do Nubank na abertura de capital, talvez você esteja com uma sensação de prejuízo. Afinal de contas, desde a IPO a empresa se desvalorizou.

A decisão entre vender os manter as ações deve ser tomada levando em conta o que te motivou a investir na empresa.

Por exemplo, se você investiu no Nubank porque acredita no potencial da empresa no longo prazo, então não faz sentido vender só por causa da desvalorização no curto prazo.

Neste caso, faria sentido vender apenas se você não acreditasse mais no futuro da empresa ou se os fundamentos da companhia se deteriorassem.

Além disso, é preciso levar em conta que a empresa abriu o capital a pouco tempo e ainda não tem um histórico muito grande que possa ser analisado pelos investidores.

Para te ajudar a saber se é hora de vender as ações do Nubank, confira o vídeo com a opinião do Raul Sena, do canal Investidor Sardinha.

Enfim, gostou de saber sobre a queda do Nubank? Então aproveite para conferir como foi a IPO do Nubank.

Fontes: E-investidor e Seu dinheiro.

Bibliografia

Lanza, Luíza. Por que as ações do Nubank caem cerca de 60% desde o IPO. E-investidor. Acesso em: 20 de maio de 2022.