Como o dinheiro é feito?

14 de agosto de 2020, por Jaíne Jehniffer

Tempo de leitura médio: 6 min, 48 seg


O modo de se fabricar dinheiro é uma dúvida que, muito provavelmente, você e todos os outros brasileiros já tiveram algum dia. Afinal de contas, todos nós sabemos que não podemos produzir dinheiro por conta própria e que existem mecanismos de segurança para evitar a falsificação das notas.

É verdade. O processo de produção de dinheiro envolve várias etapas. Para você ter uma ideia, apenas a coloração das notas envolve 17 camadas de tinta. Isso mesmo! Além disso, usa-se um papel especial para a produção de cédulas e vários testes são feitos durante a produção delas como, por exemplo, o teste de porosidade.

Sem mais delongas, vamos lá, então, conhecer todo esse curioso processo!

Onde é feito o dinheiro no Brasil?

No Brasil, somente a Casa da Moeda (CM) pode imprimir dinheiro. Hoje, o parque fabril da CM está  no Distrito Industrial de Santa Cruz, no Rio de Janeiro.

A produção de dinheiro passa por algumas etapas importantes. Na primeira camada da impressão, é aplicada uma tinta invisível que pode ser percebida apenas ao se colocar a nota contra a luz azul.

Nessa etapa é feita a filigrana, aquela marca d’água que aparece nas notas contra luz. Já na segunda impressão, coloca-se os itens de identificação. Depois disso, as notas ficam dois dias em processo de secagem.

O próximo passo é a calcografia, isto é, a impressão em relevo de certas informações. Por fim, ocorre ainda a impressão, quando são postos os números que mudam de cor. Esse processo ocorre apenas nas cédulas de R$10,00, R$20,00 e R$200,00.

Processos que o dinheiro passa ao ser fabricado

O dinheiro, durante o processo de fabricação, passa por várias etapas, os quais detalharemos a seguir: 

1- Uso de papel especial

As notas que você tem aí na sua carteira ou bolsa (se ainda tiver, né?) são produzidas com um papel especial, constituído de fibra de algodão e outros componentes, cuja produção conta com camadas sobrepostas. As camadas externas do papel são feitas com pasta de madeira, já a segunda interior, chamada de lâmina do meio, é 100% algodão.

O resultado da produção com esse papel especial é uma nota extremamente resistente e áspera, uma textura completamente diferente de uma folha A4, por exemplo. Logo, ao pegar uma nota, é importante verificar a textura do papel. 

Esse componente é escolhido por causa da sua resistência e, também, para dificultar a produção de notas falsas. Inclusive, a aspereza do papel é uma dos itens a ser verificado na hora de receber uma nota e não cair em um golpe.

2- Normas da ABNT

Todos os anos, o Banco Central do Brasil (Bacen), junto com a Casa da Moeda, decide a quantidade de dinheiro que irá produzir. Na prática, a CM produz o dinheiro, enquanto o Bacen distribui e controla a sua circulação.

Como a fabricação de dinheiro é um trabalho bem minucioso, ele segue as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Ademais, a fiscalização ocorre desde que o papel chega à CM, até a última etapa da produção do dinheiro.

A CM, por exemplo, pesa cada folha em uma balança eletrônica e as fibras internas do papel são conferidas com microscópio. Isso é feito para analisar a aspereza, opacidade e alvura do papel. Além disso, existe um teste que verifica o quanto é difícil remover as fibras das superfícies das notas.

3- Conferência da porosidade e teste de dupla dobra

É interessante você saber que a porosidade do papel é essencial para absorver as tintas e para colocar os itens de segurança de uma cédula. Sendo assim, os poros são medidos por uma máquina, para que os seus tamanhos estejam de acordo com as normas da ABNT.

Por outro lado, o teste de dupla dobra, ou teste de dobradura, serve para testar a resistência do papel. Basicamente, esse processo se dá com uma máquina de dupla dobra que pega uma nota e dobra e desdobra a cédula várias vezes no mesmo ponto. 

No dia a dia, nós dobramos muitas vezes as cédulas, então esse teste serve para garantir que a nota não vai rasgar facilmente após algumas dobradas. 

4- Inserção dos itens de segurança

As notas do real contam com vários itens de segurança, os quais variam de acordo com o valor da nota. Por exemplo, nas notas de R$10,00, R$20,00 e R$200,00, os sinais que indicam o valor delas têm um efeito metálico que pode ser notado ao se virar a nota em diferentes posições. Lembrou dele aí?

Outro mecanismo indispensável é o fio de segurança dentro do papel que é inserido no momento da impressão. Esse fio está presente nas notas de R$10,00, R$20,00, R$50,00 e R$100,00 e R$200,00.

O quesito segurança é muito importante e está, até mesmo, nas impressoras. Para você ter uma ideia dessa vigilância, somente uma empresa fabrica máquinas de imprimir papel-moeda: a marca alemã Koenig & Bauer. No entanto, a Casa da Moeda do Brasil aprimorou as partes técnicas do equipamento alemão e o patenteou.

5- Coloração do dinheiro

A quinta etapa foca na coloração das cédulas que se dá por meio de 17 camadas. Aplica-se as 10 primeiras camadas em quase toda a nota para colorir o fundo. As próximas 6 servem para compor a calcografia, ou seja, a impressão em relevo de certas informações.

Todo esse processo de coloração é feito em uma matriz de metal, geralmente de cobre, mas também pode ser de zinco, aço, latão amarelo, ferro ou alumínio. Por fim, a última camada de impressão é uma mistura de óxido de ferro, que tem magnetismo.

Um detalhe importantíssimo é que, antes de ser usadas nas impressões, essas tintas passam por 18 testes de laboratório para verificar a sua resistência nas cédulas. 

6- Impressão

Por fim, a última etapa desse notável processo refere-se à impressão. A impressão do dinheiro se dá em três etapas. Confira elas abaixo:

  • Impressão do fundo em offset a seco. As offsets convencionais selecionam áreas do papel onde deve ocorrer a aplicação da tinta. Já na offset a seco, as matrizes são em relevo e as partes ressaltadas é que tocam o papel. Nessa máquina, a impressão ocorre dos dois lados ao mesmo tempo, para não haver desencontro de linhas e formas de um lado e do outro.
  • Na segunda etapa, as notas vão para a impressora Intagiocolor, que dá relevo para a impressão. Uma curiosidade que você deve conhecer é que a aplicação da tinta no papel ocorre por meio de uma força equivalente a várias toneladas, fazendo com que a tinta entre nas pequenas rachaduras a mão no metal da matriz. 
  • Por último, a última etapa é a Super Numerota, que grava o número de série e as chancelas do ministro da Fazenda e do presidente do Bacen.

Ufa! Cansou aí? Pois, calma que tem mais uma informação indispensável sobre para você.

Quando as notas ficam prontas, ocorre a revisão das cédulas uma a uma, na seção de crítica. E o mais interessante é que essa revisão é feita apenas por mulheres, pois acredita-se que os homens não têm a acuidade necessária para encontrar pequenas falhas de impressão olhando a nota rapidamente. E aí homens, concordam?

Gostou dessa matéria? Fascinante demais, não é mesmo?! Agora, o que você acha de conhecer a história do dinheiro no Brasil e no mundo? Boa leitura! 

Fontes: Indústria Hoje, Diário do Grande ABC, Suno, Fdr, Segredos do mundoBanco 24 horasDgabc.