Efeito Silicon Valley: o Nubank pode falir?

13 de março de 2023, por Raul Sena (Investidor Sardinha)

Tempo de leitura médio: 4 min, 39 seg


O mercado financeiro está em polvorosa depois que o Silicon Valley Bank quebrou em março de 2023. Trata-se de uma instituição, listada na Bolsa de Valores, que ocupava a 16º posição entre os maiores bancos dos Estados Unidos. E isso fez muita gente ficar preocupada, principalmente com os bancos digitais. Outros bancos também vão falir? Será que o Nubank vai quebrar?

A verdade é que o Silicon Valley faliu em apenas dois dias. E isso acendeu um alerta global sobre os riscos do setor bancário. Não por acaso, no mercado americano, as ações dos bancos caíram forte ao longo das semanas seguintes. E instalou o temor de que o Nubank possa quebrar, assim como bancos digitais mundo afora.

O que aconteceu com o Silicon Valley Bank?

O Silicon Valley Bank (SVB) era um banco privado americano, fundado em 1983 durante um jogo de pôquer entre os empresários Bill Biggerstaff e Robert Medearis. Sua sede ficava na cidade de Santa Clara, Califórnia, e ele era especializado em fomentar e financiar empresas com base tecnológica.

Por isso, era chamado de “banco das startups”. No fim de 2022, o “Banco do Vale do Silício” tinha mais de US$ 200 bilhões (cerca de R$ 900 bilhões) em ativos, estando entre os 20 maiores bancos comerciais americanos. Sua influencia era tamanha que participou de 44% dos IPOs (oferta inicial de ações) de companhias de tecnologia e saúde no mesmo ano.

Porém, depois de reportar um prejuízo bilionário, ele acabou sofrendo uma retirada em massa dos recursos, por parte dos clientes. E isso, aliado a outros fatores, causou uma séria crise de solvência e liquidez. Sem condições de manter as operações, o banco foi fechado pelo governo americano no dia 10 de março de 2023. Foi a pior perda do setor bancário dos Estados Unidos desde a crise do subprime, em 2008.

Saques podem fazer outros bancos quebrarem?

Muita gente está se questionando se a falência do Silicon Valley pode fazer outros bancos quebrarem, como consequência de um efeito cascata. Esse temor ficou ainda mais forte depois que o governo americano decidiu, no dia 13 de março, fechar outro banco considerado grande: o Signature Bank.

Dessa forma, os recursos de ambos os bancos passaram a ser administrados pelo FDIC (Federal Deposit Insurance Corporation), órgão americano equivalente ao nosso FGC (Fundo Garantidor de Crédito).

O que acontece, na prática, é que os bancos trabalham naturalmente alavancados. Isso porque o banco capta o dinheiro dos clientes, via conta bancária ou títulos de dívida (CDBs), e usa esse dinheiro para oferecer empréstimos e financiamentos.

Assim, é como se o mesmo dinheiro estivesse em vários lugares “ao mesmo tempo”. No fim das contas, se todos os clientes quiserem sacar o dinheiro, de uma hora pra outra, o banco não vai conseguir pagar todo mundo e vai acabar falindo. 

Por este motivo, o Banco Central obriga os bancos brasileiros a ter o mínimo de liquidez. Uma das travas impostas pelo BC é a impossibilidade de o banco virar a noite com mais saques que depósitos. Se isso acontecer, o banco precisa pegar empréstimo com outro banco e pagar a chamada Taxa DI. E é daí que vem o famoso CDI (Certificado de Depósito Interbancário).

No caso do SVB, após o banco informar que havia liquidado US$ 21 bilhões em títulos com US$ 1,8 bilhão em prejuízo no 1º trimestre e planejava vender US$ 1,7 bilhão em ações, em um único dia, US$ 42 bilhões foi solicitado de saques.

Enquanto isso, os Estados Unidos enfrentavam uma infração anual de 8,5%, a maior inflação em 40 anos. Logo, percebe-se que até mesmo as instituições mais saudáveis estão propícias a sofrer o mesmo.

Quebra do Silicon Valley pode afetar o Nubank?

Várias instituições, mundo afora, eram credoras do Silicon Valley. Isto é, mantinham dinheiro no banco, seja por meio de custódia ou investimentos. E isso fez surgir, no mercado, rumores de que o Nubank poderia ser um dos bancos afetados pela falência do Silicon Valley.

Acontece que o Nubank já confirmou, por meio de nota publicada no sábado (11.mar.2023) para “esclarecer informações equivocadas”, que não tem NENHUMA EXPOSIÇÃO ao Silicon Valley. E não há motivos para duvidarmos disso.

Logo, na minha opinião, o Nubank e outros bancos digitais sem qualquer laço financeiro com o SVB não estão correndo o risco de quebrar, até mesmo porque o sistema financeiro brasileiro é sólido.

Apesar disso, fica o alerta: sempre que você pensar em investir em um banco, analise bem os fundamentos, principalmente no que diz respeito ao LUCRO, ao ÍNDICE DE BASILEIA e ao PATRIMÔNIO IMOBILIZADO.

E jamais, salvo quando se tratar de parte da reserva de emergência, deixe um valor expressivo parado numa conta bancária. Faz muito mais sentido investir num título do Tesouro Selic, que faz o dinheiro render.

Gostou do conteúdo? Então, não deixe de assistir ao vídeo acima (do canal Investidor Sardinha) em que detalho a quebra do Silicon Valley e como funcionam os bancos.

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