3 de setembro de 2025 - por Sidemar Castro
Externalidade positiva é quando uma ação, como produzir um bem ou oferecer um serviço, acaba gerando benefícios para pessoas que não estão diretamente envolvidas com aquilo. Não estamos falando dos clientes, mas sim de quem nem faz parte da cadeia produtiva e, mesmo assim, sai ganhando. É como quando uma empresa investe em educação ou sustentabilidade e, sem querer, melhora a vida de quem vive ao redor.
Esse conceito é muito usado quando se fala em responsabilidade social. Afinal, empresas e governos têm um papel importante em entender como suas decisões afetam a sociedade como um todo. Leia, entenda como funciona e exemplos.
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O que é externalidade positiva?
Uma externalidade positiva acontece quando uma ação de alguém acaba trazendo benefícios para outras pessoas que não participaram, nem receberam nada em troca por isso.
É como quando você investe em educação: além de você aprender, sua comunidade se beneficia porque pessoas mais instruídas costumam gerar progresso econômico e social, mesmo quem não está diretamente envolvido sai ganhando.
Outro bom exemplo é a vacinação. Quando alguém se vacina, não protege só a si: ajuda a tornar toda a sociedade mais segura, reduzindo a propagação de doenças.
Como funciona a externalidade positiva?
Vamos supor que um vizinho planta um pomar. Ele não pretende ajudar os outros, só quer produzir suas frutas e curtir a vida. Mas aí vemos vizinhos por perto, ou até as abelhas, e vão se beneficiando desse pomar: as abelhas polinizam outras plantas, os vizinhos aproveitam a paisagem, e tudo isso acontece naturalmente e sem cobrança.
Esse é um exemplo de externalidade positiva de produção, o benefício vai para quem não teve nada a ver com a decisão original.
Agora pensa em alguém que se forma e vai trabalhar num serviço comunitário, por exemplo, um abrigo sem fins lucrativos. A pessoa ganha, claro: tem emprego, satisfação, aprendizado. Mas a comunidade também sai ganhando, o abrigo funciona melhor, as pessoas são assistidas com mais eficiência. Tudo isso acontece sem que alguém pague por esses benefícios sociais extras.
No fim das contas, o que a gente percebe é que ações individuais podem espalhar benefícios para o coletivo, de formas silenciosas e inesperadas. Mas o mercado, por si só, nem sempre estimula isso, então cabem às políticas públicas reconhecerem e valorizarem essas atitudes que acabam fazendo bem para muita gente.
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Tipos de externalidade positiva
1) Quando produzir traz bem-estar coletivo
Pense em uma fábrica que oferece treinamento em primeiros socorros para seus funcionários. A empresa fica mais segura, mas esse conhecimento também pode salvar vidas fora do ambiente de trabalho. Ou imagine uma cidade onde alguém restaura um prédio histórico.
O lugar vira ponto de atração turística, melhora o ambiente urbano, e isso acaba beneficiando as lojas e restaurantes da região, tudo isso sem que quem restaurou receba diretamente por essa valorização.
2) Quando consumir faz o bem para todos
Alguém que decide pedalar ou caminhar em vez de usar o carro. Essa pessoa ganha saúde e ainda ajuda a diminuir o trânsito e a poluição, um benefício coletivo que supera muito o ganho pessoal.
Outro gesto simples: se você mantém a calçada limpa e vistosa, todos que passam por ali acabam sendo agraciados com um visual mais agradável, outro tipo de gentileza que reverbera e melhora a convivência urbana sem custo para os outros.
Externalidade de consumo positiva
Você já pensou em como algo que você escolhe consumir pode acabar beneficiando outras pessoas, mesmo sem perceber ou sem estar esperando nada em troca? É exatamente isso que chamamos de externalidade positiva de consumo.
Um exemplo bem simples: quando alguém se vacina, age pensando em si mesmo, mas acaba ajudando todo mundo ao seu redor, porque reduz a probabilidade de transmissão de doenças, mesmo que quem se beneficia não tenha participado da escolha. Esse tipo de gesto silencioso melhora a segurança e a saúde de muita gente, de graça.
Outro exemplo bonito de se pensar: cuidar bem da sua casa, manter o jardim bonito ou deixar a fachada bem cuidada. Isso valoriza todo o bairro, deixando o ambiente mais agradável e atraente. Você faz algo pessoal, mas quem mora ao redor usufrui sem pagar nada por isso.
E tem mais: quando você se educa, aprende e cresce, esse conhecimento reverbera na sociedade. Com uma pessoa mais instruída, a economia melhora, há menos desemprego, mais participação social, e até menos criminalidade. É uma forma de você crescer individualmente e beneficiar todo mundo ao redor, mesmo sem nenhum pagamento extra.
Ou seja, consumir algo, como uma vacina, educação ou até simplesmente manter algo bonito, pode trazer benefícios para toda a comunidade, mesmo que você não receba nada diretamente por isso.
Externalidade de produção positiva
Considere uma pequena fábrica que desenvolve um novo software. Os donos só pensaram nos clientes e na própria sobrevivência do negócio. Mas, de repente, aquele software começa a ser usado por várias outras empresas, que ficam mais produtivas e eficientes, sem pagar nada a mais por isso. É só uma das faces bonitas da externalidade positiva de produção.
Outro exemplo legal: uma empresa conserta e restaura um prédio antigo num centro histórico. Ela só queria cuidar da fachada, mas em volta da restauração aparece espaço para cafés, lojas, mais gente circulando. Aquela obra acaba reanimando todo o bairro, valorizando comércio, cultura e convivência, e tudo isso porque alguém começou a restaurar uma estrutura. É o poder de uma externalidade de produção positiva se espalhando de forma silenciosa.
Ou pense em uma fábrica que oferece treinamento de emergência para os funcionários. Além de melhorar o ambiente de trabalho, esse conhecimento pode ser útil em casa, na rua, em qualquer lugar. São benefícios que se expandem naturalmente, criando uma cadeia de proteção e aprendizado longe do ponto inicial.
Mas, como quem produz esse valor extra não é recompensado diretamente, o resultado é que o mercado acaba oferecendo menos dessas ações do que seria ideal para a sociedade. É aí que entram incentivos, como subsídios ou regulamentos que incentivam investimentos em benefícios coletivos, e que ajudam a equilibrar essa conta entre o privado e o social.
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Exemplos de externalidade positiva
Sabe quando uma ação simples, que nem teve a intenção de agradar ninguém além de você, acaba beneficiando todo mundo ao redor? Essas são as tais externalidades positivas, e há muitos exemplos bonitos disso no nosso cotidiano.
Por exemplo, pense em alguém que se vacina. Essa pessoa protege a si própria, mas também ajuda a evitar que a doença se espalhe, deixando o ambiente mais seguro para todo mundo, incluindo quem não pode ou não se vacinou. É o famoso “efeito rebanho” ou imunidade coletiva.
Outro caso que merece atenção é quando alguém cuida bem da sua casa, pinta, faz um jardim bonito, mantém tudo organizado. Isso valoriza a rua e as casas ao redor, deixa o visual mais agradável e pode até aumentar o preço dos imóveis vizinhos. O benefício é claro, mesmo para quem não fez nada diretamente para melhorar o bairro.
Tem também o exemplo do apicultor: ele cria abelhas para produzir mel, mas as abelhas acabam polinizando plantações próximas. Isso ajuda os vizinhos agricultores, sem que eles. paguem por isso, um ganho que vai muito além do valor do mel.
Sem falar nos casos de restauração de prédios históricos: alguém cuida, renova, transforma um lugar que estava abandonado. Logo vira ponto turístico, traz visitantes, estimula o comércio do entorno. É um benefício que se espalha para além do dono, mesmo que ele nem tenha esse intuito.
E tem ainda o impacto da educação: quando alguém se forma, ganha emprego e vive melhor, mas isso reverbera em toda a sociedade, mais inovação, menos violência, economia mais forte. É um ganho coletivo que vai muito além do indivíduo.
Impactos da externalidade positiva
Uma companhia desenvolve um software inovador e decide liberá-lo como código aberto. A intenção pode ser melhorar o produto internamente, mas o que acontece é que outras empresas e desenvolvedores acabam aproveitando esse código para criar novas soluções. O tal “espírito colaborativo” dispara, triângulo de inovação cresce, e mais pessoas se beneficiam, mesmo sem pagar por isso.
Ou lembra quando nossos pais se vacinaram e, logo, nós estávamos seguros também? Aquelas escolhas silenciosas que ninguém anuncia fazem toda a diferença no coletivo, diminuem os riscos e protegem quem está ao redor, esse gesto reverbera na saúde de todos.
E tem quem decida investir em cursos, em uma faculdade, sem pensar só no diploma. Esse investimento pessoal vira evolução comunitária: uma sociedade mais qualificada, menos desigual, mais capaz de resolver seus desafios. É o poder da educação que transborda além do indivíduo.
Com frequência, o mercado não reconhece esses impactos , afinal, quem decide se vacinar ou estudar não ganha por isso no bolso. E acaba faltando esse tipo de ação que beneficia a todos. Aí, o Estado aparece com incentivos, como bolsas, subsídios ou programas de saúde pública, para restaurar esse equilíbrio e gerar mais bem-estar compartilhado.
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Diferença entre externalidade positiva e externalidade negativa
Uma pessoa cuida bem do seu jardim: ela faz isso porque gosta, mas sem esperar nada em troca. Só que esse cuidado acaba transformando a rua inteira num lugar mais bonito e acolhedor. Essa é uma externalidade positiva, um benefício que se espalha sem que ninguém tenha pedido.
Por outro lado, imagine que outra pessoa resolve queimar lixo às margens do parque. A fumaça incomoda quem está passando, o cheiro invade as casas vizinhas e ninguém foi consultado sobre isso. Esse é um exemplo claro de externalidade negativa: um custo que cai sobre quem não tem nada a ver com a decisão.
Em essência, externalidade é um efeito invisível que se espalha além do agir individual. Quando esse efeito é bom, chamamos de positivo; quando traz prejuízo, é negativo. E o mercado, por si só, nem sempre reconhece ou corrige esses impactos, por isso o papel do Estado, seja com subsídios para estimular o que é bom, ou impostos para desincentivar o que faz mal.
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Importância da externalidade positiva
A externalidade positiva é como aquele gesto gentil que, sem alarde, melhora o dia de quem está por perto. Ela acontece quando uma ação gera benefícios para outras pessoas, mesmo que elas não tenham participado diretamente da decisão. E isso importa mais do que parece.
Pense na educação. Quando alguém estuda, não é só a vida dessa pessoa que muda. A sociedade como um todo se transforma: menos violência, mais inovação, mais oportunidades.
Esses efeitos positivos que se espalham são fundamentais para o bem-estar coletivo. E é justamente por isso que governos e empresas se esforçam para incentivar comportamentos que geram externalidades boas. Subsídios para energia limpa, investimentos em pesquisa, programas de vacinação, tudo isso tem como pano de fundo a ideia de que quando o bem se multiplica, a sociedade prospera.
A beleza da externalidade positiva está na sua capacidade de conectar pessoas e transformar realidades, mesmo sem que todos percebam. É um lembrete de que nossas escolhas individuais podem ter um impacto muito maior do que imaginamos.
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Fontes: Yeldstreet, Energy Education, Mais Retorno, Investopedia e Economia Mainstream.