Insider trading: saiba tudo sobre esse crime financeiro

9 de agosto de 2024 - por Sidemar Castro


Insider trading é o uso de informações privilegiadas para obter lucros e vantagens no mercado financeiro. Isso ocorre quando alguém tem acesso a algum fato relevante antes de todo mundo e utiliza essa informação para negociar ativos no mercado e ganhar dinheiro.

Por exemplo, um insider pode comprar ativos ao saber de uma notícia positiva antecipadamente, lucrando quando o fato se torna público. Da mesma forma, ao saber de uma notícia ruim, o insider vende ativos antes do mercado ter acesso às informações, evitando perdas com a desvalorização do ativo.

Esse tipo de prática é considerado crime financeiro e é tipificado na legislação brasileira. Quer saber mais sobre essa prática criminosa? Então, continue a leitura!

O que é insider trading?

Insider trading, ou “negociação com informações privilegiadas”, refere-se à prática de negociar ações ou outros valores mobiliários com base em informações relevantes que não estão disponíveis ao público. Essa prática é considerada ilegal em muitos países, incluindo o Brasil, devido ao potencial de manipulação do mercado e à quebra da equidade entre os investidores.

O insider trading ocorre quando indivíduos que têm acesso a informações confidenciais sobre uma empresa, como executivos, diretores ou funcionários, utilizam essas informações para realizar transações financeiras antes que os dados sejam divulgados ao público. Essas informações podem incluir resultados financeiros, fusões e aquisições, ou qualquer outro dado que possa influenciar o preço das ações da empresa.

Esses “insiders” podem se beneficiar indevidamente, obtendo lucros ou evitando perdas, o que compromete a integridade do mercado financeiro. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no Brasil é responsável por regular e fiscalizar essas práticas, garantindo que todas as informações relevantes sejam divulgadas de forma transparente e simultânea a todos os investidores.

Consequências Legais

A prática de insider trading é punida severamente, podendo resultar em multas e até prisão. No Brasil, a Lei n.º 6.385 de 1976 estabelece as diretrizes legais para coibir essa prática, impondo penalidades aos infratores. Casos notórios de insider trading têm sido registrados, especialmente com o aumento das operações eletrônicas no mercado financeiro, levando a investigações e ações legais contra os envolvidos.

A proibição do insider trading é fundamental para manter a confiança no mercado financeiro. A transparência nas informações permite que todos os investidores tenham igualdade de condições, o que é essencial para o funcionamento eficiente e justo do mercado de capitais. Portanto, a fiscalização rigorosa e a aplicação de penalidades são cruciais para prevenir abusos e proteger os interesses dos investidores.

Exemplos de insider trading no Brasil

1) JBS (2017)

A JBS, uma das maiores empresas de processamento de carne do mundo, foi investigada por insider trading após a divulgação de informações privilegiadas sobre suas operações e problemas financeiros.

Executivos da empresa foram acusados de vender ações antes de notícias negativas serem divulgadas ao público, resultando em perdas significativas para investidores que não tinham acesso a essas informações.

2) Eletrobras (2013)

Em 2013, a Eletrobras enfrentou um escândalo de insider trading quando alguns de seus diretores foram acusados de negociar ações da empresa com base em informações não divulgadas sobre mudanças regulatórias que afetariam sua operação.

Essas transações foram realizadas antes do anúncio oficial, o que gerou questionamentos sobre a ética e a legalidade das ações dos diretores.

3) Vale (2015)

Executivos da Vale, uma das maiores mineradoras do mundo, foram investigados por suposto insider trading relacionado a informações sobre uma possível fusão com outra empresa.

As negociações ocorreram antes do anúncio público, levantando suspeitas sobre o uso de informações privilegiadas para obter lucros financeiros.

4) Oi (2016)

A operadora de telecomunicações Oi foi alvo de investigações por insider trading. Isso aconteceu quando alguns de seus executivos foram acusados de vender ações antes da declaração de falência da empresa.

As vendas ocorreram com base em informações que não estavam disponíveis ao público, resultando em prejuízos para investidores que não tinham acesso a essas informações.

5) Embraer (2018)

A Embraer, fabricante de aeronaves, foi investigada por insider trading. O fato aconteceu após a revelação de que alguns de seus executivos negociaram ações com base em informações sobre uma fusão potencial com a Boeing.

As transações ocorreram antes do anúncio oficial, levantando questões sobre a legalidade dessas ações e o impacto no mercado.

Esses casos ilustram a seriedade do insider trading no Brasil e a necessidade de regulamentações rigorosas para proteger a integridade do mercado financeiro. A CVM tem um papel crucial na supervisão e na aplicação de sanções contra práticas de insider trading. O objetivo visa garantir um ambiente de investimento justo e transparente.

Quais são as consequências do insider trading?

1) Sanções Penais

No Brasil, o insider trading é considerado um crime. Os indivíduos envolvidos podem enfrentar penas de reclusão que variam de 1 a 5 anos, além de multas. Essa penalização visa coibir a prática e proteger a integridade do mercado financeiro.

2) Sanções Administrativas

Além das consequências penais, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) pode impor sanções administrativas a indivíduos e empresas que praticam insider trading. Essas sanções podem incluir multas significativas e a proibição de atuar no mercado de capitais, afetando a carreira e a reputação dos envolvidos.

3) Perda de Confiança no Mercado

A prática do insider trading gera desconfiança entre os investidores, pois cria um ambiente de assimetria de informações. Quando os investidores acreditam que outros têm acesso a informações privilegiadas, podem se afastar do mercado, resultando, portanto, em menor liquidez e eficiência.

4) Danos à Reputação das Empresas

Empresas cujos executivos são envolvidos em casos de insider trading podem sofrer danos significativos à sua reputação. Isso pode levar a uma queda no valor de suas ações e a dificuldades em atrair novos investidores, além de impactar negativamente a relação com clientes e parceiros.

5) Impacto Econômico Geral

A prática de insider trading pode afetar negativamente a economia como um todo, pois distorce os preços dos ativos e compromete a alocação eficiente de recursos.

A confiança no mercado é essencial para o seu funcionamento, e a ocorrência de fraudes pode levar a uma maior intervenção regulatória e a custos adicionais para todos os participantes do mercado.

Quais são as punições para quem pratica o insider trading?

1) Pena de Reclusão

A prática de insider trading no Brasil é considerada crime e está sujeita a uma pena de reclusão que varia de 1 a 5 anos. Essa penalização reflete a gravidade da violação das leis do mercado de capitais, visando coibir comportamentos que distorcem a equidade nas negociações de valores mobiliários.

2) Multa

No Brasil, a multa para quem pratica insider trading pode variar. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) pode aplicar multas de até três vezes o valor da vantagem econômica obtida ou da perda evitada pelo infrator.

Além disso, a CVM pode proibir o infrator de atuar no mercado de valores mobiliários por um período determinado.

3) Sanções Administrativas pela CVM

A Comissão de Valores Mobiliários pode impor sanções administrativas aos envolvidos em insider trading. Essas sanções incluem multas, inabilitação para atuar no mercado de valores mobiliários e a suspensão do registro como administrador ou acionista controlador.

O objetivo dessas medidas visa proteger a integridade do mercado e garantir que os responsáveis não possam continuar a operar de forma desleal.

4) Danos à Reputação

Além das consequências legais e financeiras, os indivíduos e empresas envolvidos em casos de insider trading podem sofrer danos significativos à sua reputação. A perda de confiança por parte de investidores e parceiros comerciais pode ter efeitos duradouros, afetando a capacidade de uma empresa de atrair investimentos futuros e de operar de forma eficaz no mercado.

5) Consequências para a Empresa

Empresas cujos executivos são condenados por insider trading podem enfrentar consequências severas, incluindo a queda no valor das ações e a possibilidade de ações judiciais por parte de acionistas prejudicados. Isso pode resultar em custos adicionais e em um ambiente de negócios mais desafiador, além de impactar a moral e a cultura organizacional.

Fontes: Ingeligência Financeira, Top Invest, Suno, Toro

John D. Rockefeller: história do primeiro bilionário do mundo

Covenant: o que é, quais são os tipos e qual a importância?

ETFs americanos: o que são, quais estão na B3 e como investir?

10 desvantagens em ter dinheiro parado na conta corrente