Por que o Lula está RECLAMANDO da taxa de juros?

Descubra porque o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está reclamando da taxa de juros e entenda como isso pode afetar a economia do país!

1 de julho de 2024 - por Raul Sena (Investidor Sardinha)


Hoje, vamos analisar um assunto polêmico: a taxa de juros no Brasil e o porquê do presidente Lula estar reclamando a respeito dela.

Neste artigo veremos diferentes pontos de vista para tentar entender se o presidente está correto em suas críticas ou se há outros fatores a considerar. E claro, é sempre bom lembrar que gostar ou não do Lula não deve influenciar sua opinião sobre esse tema específico.

Juros: Lula critica Campos Neto

Recentemente, o presidente Lula criticou algumas vezes a taxa de juros, mas foi no dia 15 de junho que ele reclamou abertamente do sistema financeiro.

Segundo o tweet do presidente em sua conta oficial, ele diz que estamos reféns de um sistema financeiro que domina a imprensa. Lula afirma que nada está sendo dito sobre uma taxa de juros de 10,25% em um país com inflação de 4%. Pelo contrário, ele alfineta que dão festa ao presidente do Banco Central, e quem fez isso, deve estar ganhando com os juros altos.

Com isso, o presidente está indiretamente citando o mercado financeiro, onde investidores realmente estão ganhando com a taxa de juros, que influencia o Tesouro IPCA+. Para os rentistas, isso significa um investimento sem riscos, já que a pessoa recebe, além da inflação, +6,48% ao ano. Já para alguém que investe na Selic, está recebendo 10,25% a.a.

Como eram os juros no primeiro governo Lula?

Apesar da taxa 10,25% ser considerada alta, houve momentos da nossa história recente em que ela foi ainda maior, inclusive em mandatos anteriores de Lula. Ou seja, a crítica do presidente, apesar de válida, exige uma análise mais profunda.

Em 2001, antes do primeiro governo Lula, o IPCA era de 7,67% e a taxa de juros 18,70%. Já em 2003, sob seu mandato, a inflação bateu 9,30% e a Selic estava em 17,50%. Em 2004, o IPCA foi de 7,60% e a taxa de juros, 17,40%. Naquela época, o Banco Central não era uma entidade independente, portanto o presidente tinha poder de interferência direta na nomeação ou retirada do responsável da entidade. Em 2005, a inflação estava em 5,69% e a taxa de juros em 19,60%. Em 2006, o IPCA estava em 3,14%, e a Selic 15,40%.

Eventualmente, ainda no governo Lula, essa taxa de juros abaixou, mas por um bom tempo se manteve alta. Ou seja, se o presidente não tem real incômodo com a taxa de juros, por qual motivo insistir tanto em atacar Campos Neto para abaixá-la?

Por que Lula está contra o BC?

O Lula do antigo testamento acreditava que a alta taxa de juros era necessária para conter a inflação, em seus dois primeiros mandatos. Mas agora, em seu terceiro mandato, ele acredita que essa taxa deve abaixar, e está pressionando publicamente o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, para que isso aconteça. Porém, o atual presidente do BC possui apenas 6 meses de mandato restando, então qual a motivação nas críticas de Lula?

Do ponto de vista racional, essas ações do presidente não fazem muito sentido, pois pouco ou nada pode mudar nesse meio tempo. Contudo, do ponto de vista político, tudo pode ser diferente.

Existe benefício para o governo em criticar o presidente do Banco Central, uma vez que a economia do país não vai bem. A população está descontente com a queda do poder de compra e outras questões econômicas, então colocar Campos Neto em evidência ajuda o governo a dividir parte da culpa. Enquanto o holofote sai de Haddad e Lula, é entregue para a população novos inimigos em comum: o presidente do Banco Central e o mercado financeiro.

Selic alta é ruim para a economia?

Do ponto de vista econômico, uma taxa de juros alta não é considerada tão interessante, por impedir diversas movimentações que podem manter a economia do país aquecida. Isso porque, uma pessoa que poderia receber uma rescisão e decidir abrir um novo negócio, verá na renda fixa uma possibilidade mais segura e atrativa de ganhar dinheiro, ao invés de entrar no jogo do “e se” ao empreender, por exemplo.

Quanto a renda fixa rende hoje?

Atualmente, com a taxa de juros a 10,25%, a renda fixa tem se tornado muito atraente para muitas pessoas que querem construir patrimônio ou simplesmente viver de renda. Isso porque, ao comparar os riscos de aportar em um novo empreendimento em relação à renda fixa, a segunda opção se torna muito mais chamativa.

Se os investidores menores já enxergam na renda fixa uma possibilidade mais rentável do que comprar um apartamento ou iniciar um negócio, aqueles que possuem montantes acima de R$ 10 milhões também tendem a optar pela mesma segurança, principalmente com a possibilidade de ganharem mais de R$ 600 mil ao ano.

Principais problemas dos juros altos

Se a taxa de juros está alta e torna a renda fixa mais atrativa, acontece um efeito dominó. Sem a alocação de recursos para aquecer a economia, não tem a geração de novos negócios, e por isso não tem novos empregos para a população, nem consumo ou moradia, e assim acaba a geração de economia real.

Além desses problemas, o maior devedor dos empréstimos da renda fixa é o governo, e altas taxas de juros aumentam a dívida do país, e quem acaba pagando por isso eventualmente é a própria população.

Por isso a ideia de efetuar cortes na taxa de juros divide a população, entre os que defendem que devem cortar, e aqueles que se beneficiam dela em alta.

Para se ter um equilíbrio nessa conta, é necessário o país gastar mais ou menos o que se arrecada, passando de vez em quando um pouco do limite.

O que acho do corte da Selic?

Eu pessoalmente acredito que existe espaço para cortar a taxa de juros, desde que não se exagere no corte, uma vez que a economia não está tão ruim. Porém, existe a necessidade de um maior comprometimento do governo para não acontecer da inflação sair do controle e precisar subir a Selic outra vez.

Dá uma olhada neste meu vídeo onde eu comento exatamente como o governo pode fazer para tornar a nossa economia segura e atraente outa vez:

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