“Carro popular” por R$ 80 mil – de quem é a culpa?

Infelizmente, não há mais “carro popular” no Brasil. Descubra de quem é a culpa pelos veículos estarem tão caros.

7 de junho de 2022 - por Raul Sena (Investidor Sardinha)


Não é segredo pra ninguém que não há mais “carro popular” no Brasil. Mas, pouca gente sabe, realmente, de quem é a culpa dos altos preços de veículos praticados por aqui.

Na verdade, o valor dos carros de entrada chega a assustar. O VW Gol mais peladão do mercado, por exemplo, não sai, hoje, por menos de R$ 72 mil.

“Carro popular” por R$ 80 mil - de quem é a culpa?

Já um Onix 1.0 parte dos incríveis R$ 81 mil.

E, pasmem, estamos falando de um carro bem normalzinho e sem turbo.

“Carro popular” por R$ 80 mil - de quem é a culpa?

Primeiramente, é preciso entender que é um erro atribuir a culpa destes preços exorbitantes, quase surreais, a qualquer político da atualidade.

Assim, para compreender a real origem dos preços salgados praticados no Brasil, é preciso fazer uma verdadeira viagem no tempo.

Estamos falando, portanto, de um período que se estende para além das últimas 2 décadas. Logo, seria muita ingenuidade botar tudo na conta dos recentes governos que tivemos.

Fabricantes de carros que deixaram o Brasil

Antes de listar os vilões dos preços, no Brasil, temos uma lista interessante de montadoras que, com o tempo, abandonaram a ideia de fabricar carros por aqui.

  • Alfa Romeu (Itália)
  • Asia Motors (Coréia do Sul)
  • Daihatsu (Japão)
  • Geely (China)
  • Lada (União Soviética)
  • Mahindra (Índia)
  • Mazda (Japão)
  • Mercedes-Benz (Alemanha)
  • MG (Inglaterra)
  • Seat (Espanha)
  • Ford (Estados Unidos)

“Carro popular” por R$ 80 mil - de quem é a culpa?

Os motivos para as fabricantes deixarem o Brasil foram muitos.

Entre os principais, podemos citar pressões inflacionárias, perda de incentivos fiscais, entraves políticos, escaladas abruptas do dólar e, claro, decisões estratégicas das próprias montadoras.

No cenário nacional, também tivemos algumas estrelas que, com o tempo, acabaram se apagando.

Entre as principais montadoras de carros nacionais, que não conseguiram se manter, temos marcas como:

  • IBAP
  • Miura
  • Puma
  • Gurgel
  • CBT

“Carro popular” por R$ 80 mil - de quem é a culpa?

De quem é a culpa pelo preço dos carros?

Finalmente, vamos entender de quem é a culpa dos preços estratosféricos dos carros no Brasil.

Antes, porém, temos que dar uma boa olhada na quantidade de impostos e contribuições que incidem sobre os veículos:

  • IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados): 7 a 25%
  • ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços): média 12%
  • Cofins (Contribuição para Financiamento da Seguridade Social): 9,65%
  • PIS (Programa de Integração Social): 2%
  • IPVA (Imposto sobre Veículos Automotores): 4%
  • II (Imposto de Importação) – para importados: 35%

Peso dos impostos sobre os carros no Brasil

O conjunto de impostos pagos pelos brasileiros pesa muito no valor final dos veículos.

Para se ter uma ideia, um carro com custo inicial de R$ 100 mil (produção + lucro da montadora), chega a ter um valor final de R$ 151.990,00.

Dessa forma, o total de impostos chega a 52% do custo do veículo e 34% de seu valor final. 

Entretanto, ao considerar os tributos incidentes em toda a cadeia produtiva, a carga tributária total passa de inacreditáveis 40% do preço final dos veículos.

O lucro das montadoras, por sua vez, fica entre 5 e 10%.

Quem são os culpados pelos impostos dos veículos?

Agora que conhecemos, um pouco mais a fundo, o tamanho do estrago que os impostos fazem no preço dos veículos, finalmente chegou a hora de dar nome aos bois.

Afinal, de quem é a culpa da altíssima carga tributária que pagamos? Vamos conhecer, então, a origem de cada um dos impostos incidentes sobre os veículos:

IPI – Criado por Getúlio Vargas, em 1934, e aprimorado por Eurico Gaspar Dutra, em 1946.

PIS – Instituído, inicialmente, por Emílio Garrastazu Médici, em 1970.

ICMS – Criado, inicialmente, por Epitácio Pessoa, em 1923.

IPVA – Criado, como um imposto temporário (TRU), por Artur da Costa e Silva, em 1969, e transformado em “IPVA” por José Sarney, em 1985.

Cofins – Criado, oficialmente, por Fernando Collor, em 1991.

Dólar, coronavírus e veículos

As datas de criação dos impostos mostram que o aumento no preços dos veículos, no Brasil, tem a chancela de diversos governos anteriores.

Nos últimos anos, contudo, não podemos negar que a crise provocada pelo coronavírus contribuiu, e muito, para a redução da oferta de veículos. E, pela lei da oferta e demanda, os preços dispararam.

Além disso, a crise sanitária, em todo o mundo, e a alta do dólar, no Brasil, também resultaram no aumento generalizado de preços, em toda a cadeia produtiva.

No vídeo abaixo, publicado no canal Investidor Sardinha, eu comento todos estes detalhes envolvendo a escalada de preços dos veículos. E também mostro, minuciosamente, de quem é a culpa da aposentadoria compulsória dos saudosos “carros populares”.

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