Consórcio não vale a pena: motivos para nunca aderir!

16 de junho de 2021, por Jaíne Jehniffer

Tempo de leitura médio: 10 min, 7 seg


Consórcio não vale a pena, pois ele não pode ser considerado um investimento. Afinal, os investimentos servem para trazer rentabilidade, coisa que o consórcio não faz.

O consórcio funciona como uma união de pessoas, com o intuito de fazer uma reserva financeira para comprar um bem. A escolha de qual pessoa irá receber o dinheiro para comprar o bem ocorre por meio de sorteio, mas é possível fazer um lance.

À primeira vista, o consórcio pode até parecer uma boa forma de juntar dinheiro. Mas ele tem várias desvantagens como, por exemplo, o fato de que cobra taxas de administração altas. Ao invés de fazer parte de um consórcio, é muito mais vantajoso investir em ativos de renda fixa ou renda variável.

Enfim, apesar de falarmos por que os consórcios não valem a pena, esse texto não deve ser considerado como uma recomendação, seja para fazer ou não um consórcio.

Continue a leitura, e tire sua própria conclusão.

O que é e como funciona um consórcio?

O consórcio é uma espécie de união de pessoas com o objetivo de juntar uma reserva financeira que será aplicada na compra de um bem, que pode ser, por exemplo, um veículo ou um imóvel. 

Apesar de ser oferecido como uma opção de investimento, é importante destacar que ele não é um investimento. Afinal, os investidores ganham dinheiro, já no consórcio, eles perdem dinheiro.

De fato, a única forma de lucrar com os consórcios, é se tornando sócio de uma empresa que oferece esse tipo de serviço, como os bancos. A definição de quem será contemplado, ocorre por meio de sorteio. Caso a pessoa não queira esperar pelo sorteio, ela pode dar um lance. Existem alguns tipos:

  • Lance livre: Neste tipo de lance, os participantes estão livres para fazer qualquer oferta pela carta de crédito.
  • Lance fixo: Os participantes definem de maneira prévia qual o percentual mínimo para os lances. Sendo que os percentuais costumam ser de 20%, 30%, 50% e 70%.
  • Lance embutido: Por fim, neste tipo o lance vem da própria carta de crédito, logo, não é preciso ter dinheiro para fazer o lance.

O consórcio é um investimento?

Não. Um investimento é algum tipo de aplicação que resulte em retorno futuro. Muitas vezes oferecem o consórcio como um investimento. No entanto, o consórcio não atende ao quesito básico de um rendimento: trazer rentabilidade. Isso porque o consórcio tem uma rentabilidade negativa.

Além disso, quando as empresas que oferecem um consórcio falam sobre ele, normalmente as pessoas imaginam que se trata de um grupo formado por algumas dezenas de pessoas. Nesse grupo, cada um contribuiria com determinado valor que seria repassado no total para um dos participantes que fosse contemplado naquele mês.

No entanto, o que de fato ocorre é que a empresa junta centenas de pessoas pagando parcelas baixas e apenas uma pessoa é contemplada no mês.

Inclusive, as primeiras parcelas contam com taxa de administração entre 15 a 25%. Já em carteiras que duram mais tempo, eles diminuem essa porcentagem para cerca de 7%, pois o interessante para eles é ficar com o dinheiro imobilizado dos clientes.

Portanto, se a sua intenção é aplicar o dinheiro em algo que realmente irá te trazer retorno positivo e contribuir para a construção do seu patrimônio, é mais vantajoso abrir sua conta em uma corretora, como a iSaEx, e investir em um dos ativos disponíveis.

Existem ainda outras duas razões pelas quais o consórcio não pode ser considerado como um investimento:

  • O bem comprado por meio do consórcio seria muito mais barato se fosse comprado à vista, já que não havia a taxa de administração que o consórcio cobra.
  • Quando você compra um imóvel com o consórcio e depois faz a venda por um valor mais alto, é o imóvel que serviu como investimento.

Por que consórcio não vale a pena?

Existem diversas razões pelas quais você nunca entrar em um consórcio. Quatro dos motivos pelos quais os consórcios não valem a pena são:

1. Sorteio

O primeiro motivo pelo qual o consórcio não compensa é que ele não é um investimento, é um sorteio. Quando uma pessoa contrata um consórcio, ela pode receber o dinheiro em qualquer um dos meses de duração do consórcio, já que a definição de quem vai receber é feita por meio de um sorteio.

Compreender esse funcionamento é muito importante para que você saiba que o consórcio não é e nunca foi um investimento. Se ele fosse um investimento, no final do período você iria receber mais do que aplicou. Mas, como o consórcio não é um investimento, você receberá um valor inferior ao que aplicou.

Por exemplo, algumas pessoas chegam a ficar 10 anos esperando ser contempladas e no final do período recebem menos do que aplicaram no decorrer dos anos. Ou seja, elas não obtêm nenhum rendimento, como ocorreria se o dinheiro fosse aplicado em um ativo financeiro.

Existe ainda a possibilidade de oferecer um lance; ou seja, você pode oferecer de 30 a 40% do valor total da carta para tentar antecipá-la. Mas não existe uma garantia de que você vá conseguir e isso só aumenta o dinheiro que você deixou no sistema. De fato os consórcios são tão abusivos, que esse modelo só existe no Brasil.

Em resumo, o primeiro motivo pelo qual o consórcio não compensa, eu repito, é que ele não é investimento. Na prática, você tem uma rentabilidade negativa e paga uma porcentagem para os administradores. Por isso, é melhor deixar o dinheiro na poupança, já que pelo menos ela traz algum rendimento.

2. Pior que financiamento

Existe um mito de que os consórcios são melhores que os financiamentos, pois são sem juros. No entanto, pior do que as taxas de juros dos financiamentos, são as taxas de administração dos consórcios.

As instituições que emitem esse tipo de produto podem cobrar até 15 a 25% de taxa de administração. Por exemplo, uma carta de R$ 50.000 pode ter, somente de taxa de administração, cerca de R$ 10.000.

Quanto maior o valor da carta, menor a taxa de administração, já que a intenção das instituições é reter o cliente o maior tempo possível. Isso ocorre porque as instituições lucram bastante com as pessoas que desistem do consórcio.

Elas lucram com os desistentes, pois nos primeiros meses que o cliente está pagando o consórcio, ele está pagando somente as taxas de administração. A taxa de administração não é paga aos poucos como ocorre nos financiamentos comuns. A taxa é paga nos primeiros meses ou ela é descontada de forma progressiva.

Além disso, quando você faz um financiamento, você tem um valor fixo. Já com o consórcio ocorre reajuste no mês de aniversário.

3. Reajuste tarifário no consórcio não vale a pena

Ao vender um consórcio, as instituições salientam que o valor da carta passa por reajuste de acordo com algum índice. Logo, você não iria perder dinheiro para a inflação, já que o valor da carta seria reajustado. Entretanto, eles convenientemente deixam de destacar o fato de que o valor das parcelas também passa por reajustes!

Em outras palavras, você não tem uma previsão de quanto você vai pagar por mês, já que eles vão reajustar a parcela de acordo com um índice. É muito provável que, no final das contas, você pague um valor superior à valorização do seu bem.

4. Os bens são alienados

Por fim, o quarto motivo pelo qual consórcio não vale a pena é o fato de que os bens são alienados. Isso significa que, mesmo que você tenha sido contemplado, aquele bem não é de fato seu até que você termine de pagar o consórcio.

Suponhamos que você tenha contratado um consórcio de imóvel e tenha sido contemplado. Esse imóvel que você acredita que realizou o seu sonho de casa própria, na verdade não é seu. Isso porque, se você deixar de pagar as parcelas, o seu bem pode ser alienado.

Opções de investimento

Agora que você conhece alguns dos motivos pelos quais o consórcio não vale a pena, talvez você esteja interessado em realizar investimentos de verdade, mas tenha medo de investir. Saiba que existem diversas aplicações de renda fixa que possuem riscos baixíssimos, como, por exemplo:

1. Tesouro Direto

Os títulos do tesouro direto são considerados como as opções de ativos mais seguros do mercado, já que são garantidos pelo governo. Eles podem ser prefixados, pós-fixados ou híbridos e desde que você mantenha seu dinheiro aplicado até o vencimento, você irá receber o rendimento acordado.

Além disso, a decisão entre investir em Tesouro Direto ou em consórcio depende de vários fatores, incluindo seus objetivos financeiros, tolerância ao risco, e horizonte de tempo para o investimento.

Por exemplo, o Tesouro Direto é um programa do Tesouro Nacional que permite a compra e venda de títulos públicos federais por pessoas físicas. Ele oferece diferentes tipos de títulos com diferentes rentabilidades e prazos de vencimento.

O investimento mínimo é de R$ 30,00 ou 1% do valor do título. E o Tesouro Direto tem mais de 2 milhões de investidores ativos e mais de R$ 80 bilhões em investimentos. Ou seja, é um investimento de baixo risco e retorno previsível.

Por outro lado, o consórcio funciona como uma poupança forçada, uma forma de juntar patrimônio para um objetivo específico. Você não tem controle sobre a taxa de administração, e ainda corre risco de inadimplência.

2. CDB

Os Certificados de Depósito Bancário (CDBs) são uma opção para os investidores que desejam um rendimento superior ao tesouro direto, mas sem correr grandes riscos. Esses títulos são cobertos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), a mesma instituição que protege as aplicações da poupança.

O CDB é uma opção que se encaixa perfeitamente na carteira de investidores donos de um perfil conservador pois, via de regra, envolve um risco menor e tem a mesma segurança da poupança, mas podendo oferecer rentabilidades muito mais atraentes.

3. LCI e LCA

As Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e as Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), são títulos emitidos pelos bancos. Assim como os CDBs, elas contam com a proteção do FGC que devolve até R$ 250 mil por CPF e instituição em caso de calote. A grande vantagem desses títulos além da segurança, é a isenção de Imposto de Renda (IR).

A LCA é um título de crédito de renda fixa, em que você empresta dinheiro ao banco e a instituição tem o compromisso de investir em atividades agrícolas, como produção, comércio, indústria ou insumos. A LCI, por sua vez, tem como lastro financiamentos imobiliários garantidos por hipoteca ou alienação fiduciária de imóvel.

No caso do consórcio, você até pode ter rentabilidade com um imóvel, por exemplo, mas isso depende de você conseguir adquirir o imóvel – o que pode demorar muito tempo ou nem acontecer. Além disso, a rentabilidade aconteceria pelo imóvel, não pelo consórcio.

Assista ao vídeo de Raul Sena, o Investidor Sardinha, e saiba mais sobre as desvantagens dos consórcios:

Fontes: Itaú, iDinheiro, eInvestidor