Como o governo pode controlar a inflação?

O governo pode controlar a inflação através de políticas fiscais e monetária. Entenda como isso pode ser feito!

2 de junho de 2022 - por Nathalia Lourenço


O controle da inflação é uma das principais responsabilidades dos governos e bancos centrais para garantir a estabilidade econômica.

Para combater a inflação, a austeridade fiscal é essencial. Isso envolve cortar gastos desnecessários, evitar projetos excessivos e combater o desvio de dinheiro público. Com isso, a economia se mantém mais estável.

Quer saber mais sobre como funciona tudo isso? Continue lendo!

O que é inflação?

Inflação é quando os preços dos bens e serviços vão subindo de forma geral e contínua. Isso significa que, com o mesmo dinheiro, você acaba conseguindo comprar menos coisas do que antes.

Para medir a inflação, geralmente usamos o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que acompanha o custo de uma lista de produtos e serviços que as pessoas compram no dia a dia. Existem algumas razões para a inflação:

  1. Inflação de Demanda: Acontece quando a gente quer comprar mais do que há disponível, fazendo os preços subirem.
  2. Inflação de Custo: Rolam aumentos nos custos de produção (como matérias-primas), e as empresas repassam esses aumentos para os consumidores na forma de preços mais altos.
  3. Inflação Inercial: Acontece quando todo mundo começa a esperar que os preços subam e, por isso, ajusta salários e preços, mantendo a inflação alta.

Um pouco de inflação é normal e pode ser sinal de uma economia saudável. Mas, se a inflação fica muito alta, pode fazer o dinheiro valer menos e causar incerteza. Por outro lado, inflação muito baixa ou deflação (queda dos preços) também pode ser um problema para a economia.

Leia mais: Conheça os principais tipos de Inflação

Quais são as causas da inflação?

A inflação pode surgir por diversas razões, e muitas vezes vários fatores estão envolvidos ao mesmo tempo.

1) Inflação de demanda

Uma das principais causas é a inflação de demanda, que ocorre quando a demanda por bens e serviços ultrapassa a oferta disponível. Isso pode acontecer quando a economia está crescendo rapidamente e as pessoas estão gastando mais.

Além disso, quando o banco central reduz as taxas de juros ou aumenta a quantidade de dinheiro em circulação, isso incentiva o gasto e o investimento, o que também pode fazer os preços subirem.

2) Inflação de custo

A inflação de custo acontece quando os custos de produção aumentam, como o preço das matérias-primas, energia ou salários. As empresas, então, repassam esses custos adicionais para os consumidores, aumentando os preços.

Choques de oferta, como desastres naturais ou crises que interrompem a cadeia de suprimentos, também podem reduzir a quantidade de bens e serviços disponíveis, levando a um aumento nos preços.

3) Inflação inercial

Inflação inercial é causada pelas expectativas de inflação futura. Quando trabalhadores e empresas esperam que os preços subam, eles ajustam salários e preços para se proteger, o que pode acabar mantendo a inflação alta.

Além disso, alguns contratos e acordos salariais incluem ajustes automáticos baseados na inflação passada, o que pode perpetuar o ciclo inflacionário.

4) Inflação importada

A inflação importada ocorre quando a moeda nacional desvaloriza em relação a outras moedas, tornando as importações mais caras e, consequentemente, elevando os preços internos.

Além disso, aumentos nos preços internacionais de commodities, como petróleo e alimentos, podem afetar os preços locais, especialmente em países que dependem dessas importações.

5) Política fiscal expansiva

A política fiscal expansiva, onde o governo aumenta seus gastos sem um correspondente aumento na receita, pode estimular a demanda e pressionar os preços para cima. Esses fatores podem se combinar de maneiras complexas e ter diferentes impactos na inflação.

Como o governo pode controlar a inflação?

O governo tem várias estratégias para controlar a inflação. Aqui estão algumas delas:

Redução de gastos públicos

Controlar a inflação frequentemente requer a adoção de medidas de aperto fiscal, como a redução dos gastos públicos. Essa abordagem ajuda a diminuir a demanda por bens e serviços, o que pode desacelerar o ritmo de aumento dos preços.

No entanto, essas medidas podem ter efeitos colaterais na economia, como um crescimento mais lento e um aumento do desemprego no curto prazo. Embora o aperto fiscal possa ser eficaz para controlar a inflação, é importante que o governo equilibre essas ações com políticas que minimizem os impactos negativos, promovendo ao mesmo tempo a estabilidade econômica e o crescimento sustentável.

Impostos mais altos

Outra estratégia para controlar a inflação é aumentar os impostos. Com impostos mais altos, os consumidores têm menos dinheiro disponível para gastar, o que pode ajudar a reduzir a demanda por bens e serviços e, assim, desacelerar o aumento dos preços.

No entanto, essa abordagem também pode ter efeitos negativos na economia. Aumentar impostos pode desencorajar o investimento e o consumo, o que pode impactar o crescimento econômico e a criação de empregos.

Portanto, é importante que o governo encontre um equilíbrio ao implementar essas medidas, para controlar a inflação sem prejudicar demais o dinamismo econômico.

Elevação dos juros

O governo, junto com o Banco Central, pode decidir aumentar a taxa básica de juros (Selic) para enfrentar a inflação. A Selic tem um impacto direto em todas as taxas de juros do país, incluindo empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras.

Quando a Selic sobe, o custo do crédito para famílias e empresas aumenta, o que tende a ‘esfriar’ a atividade econômica. Com menos dinheiro circulando e menos empréstimos sendo feitos, a demanda por bens e serviços diminui, ajudando a reduzir a pressão sobre os preços e a controlar a inflação.

Como a inflação é calculada?

Calcular a inflação pode parecer complicado, mas na verdade é um processo bem estruturado que nos ajuda a entender como os preços estão mudando ao longo do tempo. Aqui está um resumo de como tudo funciona:

1. Escolha da Cesta de Bens e Serviços:

Primeiro, é montada uma “cesta” de bens e serviços que representam o que as pessoas costumam comprar. Isso inclui coisas como comida, roupas, transporte, saúde e lazer. A ideia é capturar uma amostra do que compõe o orçamento médio das famílias.

2. Coleta de Dados de Preços:

Depois, os preços desses itens são coletados em diferentes lojas e estabelecimentos. Por exemplo, quanto custa um litro de leite, um litro de gasolina, ou uma passagem de ônibus? Esses preços são atualizados regularmente para refletir as mudanças.

3. Cálculo do Índice de Preços:

Com os preços em mãos, calcula-se um índice de preços. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) é um dos mais usados e mostra como os preços da cesta de bens e serviços mudaram ao longo do tempo.

4. Cálculo da Inflação:

Com os preços atualizados, calcula-se um índice de preços, que mostra como o custo desses itens mudou ao longo do tempo. Para saber a inflação, comparamos o índice de preços de agora com o índice de um período anterior. Se o índice subiu, significa que os preços estão aumentando e, portanto, há inflação.

5. Ajustes e Análise:

Às vezes, fazemos ajustes para tirar a influência de variações sazonais ou outros fatores temporários. Dessa forma, conseguimos entender melhor as tendências reais da inflação e o que está causando as mudanças nos preços.

Exemplos de Índices de Preços:

  • Índice de Preços ao Consumidor (IPC): Mostra como os preços da cesta de bens e serviços que as famílias compram mudam com o tempo.
  • Índice de Preços ao Produtor (IPP): Reflete as mudanças nos preços no nível dos produtores, ou seja, quanto custa para as empresas vender seus produtos.

Esses índices são super importantes porque ajudam a entender como a inflação está afetando nosso bolso e orientam as decisões de políticas econômicas para manter a economia estável.

Como se proteger da inflação?

Para se proteger da inflação e garantir que seu dinheiro continue valendo a pena, é bom tomar algumas atitudes simples. Investir em imóveis pode ser uma boa ideia, já que eles tendem a valorizar e gerar renda com aluguéis.

Ações de empresas em crescimento também podem ajudar, porque geralmente oferecem retornos maiores do que a inflação. Se você não quer comprar imóveis, os fundos imobiliários são uma alternativa prática.

Outra dica é investir em títulos que acompanham a inflação, como o Tesouro IPCA+ no Brasil. Esses títulos garantem que seu retorno se mantenha acima da inflação.

Diversificar seus investimentos é essencial; ou seja, não coloque todo seu dinheiro em um só tipo de ativo. Misturar ações, imóveis e commodities, como ouro e petróleo, pode ser uma boa estratégia.

Revisar e ajustar seu orçamento também ajuda. Reduzir gastos desnecessários e economizar mais são passos importantes. Além disso, buscar formas de aumentar sua renda, como desenvolver novas habilidades ou fazer trabalhos extras, pode compensar a inflação.

Não se esqueça de manter um fundo de emergência. Ter uma reserva financeira é crucial para lidar com imprevistos e garantir que você esteja preparado para enfrentar os efeitos da inflação.

Como a inflação afeta a economia?

A inflação é um fenômeno que afeta a economia e a vida das pessoas de diversas maneiras. Aqui estão algumas maneiras pelas quais a inflação pode impactar a economia:

Poder de compra

Quando a inflação está alta, o valor do dinheiro diminui. Isso significa que o mesmo valor de dinheiro compra menos bens e serviços do que antes. Para os consumidores, isso pode resultar em uma redução no padrão de vida, pois eles precisam gastar mais para adquirir as mesmas coisas.

Investimentos

A inflação pode afetar os investimentos de duas maneiras. Em um cenário de alta inflação, investimentos fixos podem perder valor real. No entanto, alguns ativos, como imóveis e commodities, podem se valorizar. Os investidores geralmente buscam ajustar suas carteiras para proteger o valor de seus investimentos contra a inflação.

Crescimento econômico

A inflação pode dificultar o crescimento econômico do país. Isso ocorre porque a inflação pode levar a uma diminuição do consumo e do investimento, o que pode, por sua vez, levar a uma diminuição da produção econômica.

Política monetária

A inflação também afeta a política monetária. Quando a inflação está alta, os bancos centrais geralmente aumentam as taxas de juros para tentar reduzir a demanda por bens e serviços e, assim, controlar a inflação.

Portanto, é fundamental que o governo adote medidas para controlar a inflação e minimizar seus impactos negativos.

Fontes: G1, Empiricus, Porque, Adyfn, Portal da Indústria, Brasil Escola, Forbes

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