13 de setembro de 2024 - por Nathalia Lourenço
A ortodoxia econômica fala sobre teorias tradicionais que valorizam mercados livres e mínima intervenção governamental. Baseada na economia neoclássica, ela defende a eficiência dos mercados e o uso de políticas de austeridade em crises.
Para saber mais sobre como essas ideias influenciam políticas econômicas e as críticas que enfrentam, continue lendo o texto.
O que é a ortodoxia econômica?
A ortodoxia econômica abrange as ideias e teorias que são amplamente aceitas e seguidas na economia. Essas ideias vêm principalmente de escolas de pensamento bem estabelecidas, como a neoclássica. Segundo os defensores da ortodoxia, os mercados funcionam de forma eficiente.
Eles acreditam que a interação entre oferta e demanda, junto com as decisões racionais dos agentes econômicos, cria o equilíbrio econômico.
Em resumo, a ortodoxia econômica representa a visão tradicional e aceita da economia. Por outro lado, as abordagens heterodoxas oferecem alternativas e críticas a essas ideias dominantes.
Quais são os princípios e o escopo da ortodoxia econômica?
Quais são os métodos?
Os economistas ortodoxos usam vários métodos baseados em princípios amplamente aceitos da economia neoclássica. Entre eles, estão:
1. Modelagem Matemática
Eles frequentemente usam modelos matemáticos para entender e analisar o comportamento econômico. Esses modelos ajudam a formalizar teorias e prever os efeitos de políticas econômicas.
2. Análise de Equilíbrio Geral
Esse método estuda como os mercados interagem e como todos os mercados alcançam o equilíbrio ao mesmo tempo. Ele busca entender como mudanças em um setor afetam outros setores e o mercado como um todo.
3. Teoria da Utilidade
Baseada na ideia de que as pessoas tomam decisões racionais para obter a máxima satisfação, essa teoria é essencial para analisar como os consumidores fazem escolhas econômicas.
4. Teoria da Produção e Custo
Esse método analisa como as empresas produzem bens e serviços e como os custos de produção influenciam suas decisões. Ele inclui o estudo dos processos de produção e a análise de custos fixos e variáveis.
5. Análise Marginal
A análise marginal avalia o impacto das pequenas mudanças em variáveis econômicas, como preço ou quantidade. O conceito de “margem” é crucial para entender como decisões sobre lucro e custos são tomadas.
6. Teoria dos Jogos
Esse método usa modelos matemáticos para estudar como os agentes econômicos interagem de forma estratégica. Ele ajuda a entender como as pessoas e empresas tomam decisões em situações de competição e cooperação.
7. Econometria
A econometria usa métodos estatísticos para testar teorias econômicas e analisar dados reais. Ela é essencial para validar modelos e prever o impacto de políticas.
8. Análise de Equilíbrio Parcial
Esse método examina o equilíbrio em um único mercado sem considerar o impacto em outros mercados. Ele ajuda a entender como mudanças em um mercado específico afetam a oferta e demanda.
Quais são as suposições?
Os economistas ortodoxos baseiam seus modelos e análises em algumas suposições principais. Entre elas, estão:
1. Racionalidade dos Agentes
Primeiro, eles assumem que as pessoas tomam decisões racionais para maximizar sua satisfação. Isso significa que escolhem o melhor com base nas informações disponíveis.
2. Maximização de Lucro
Além disso, acreditam que empresas e produtores querem sempre maximizar seus lucros. Eles fazem escolhas sobre produção e preços para ganhar o máximo possível.
3. Concorrência Perfeita
A ortodoxia econômica também assume que os mercados são perfeitamente competitivos. Isso quer dizer que há muitos compradores e vendedores e nenhum deles pode influenciar os preços sozinho.
4. Equilíbrio de Mercado
Segundo os modelos econômicos, os mercados se ajustam automaticamente através da oferta e demanda. Se há mais oferta do que demanda, os preços caem até que a oferta iguale a demanda, e o mesmo acontece se há mais demanda.
5. Informação Perfeita
Outro ponto é que todos os agentes econômicos têm acesso a todas as informações necessárias para tomar decisões racionais, como preços e qualidade dos produtos.
6. Mobilidade de Recursos
A ortodoxia também supõe que recursos como trabalho e capital podem se mover livremente entre diferentes setores e mercados, alocando-se onde são mais eficientes.
7. Preferências Estáveis
Além disso, assume-se que as preferências dos consumidores não mudam com o tempo, o que facilita a previsão de comportamentos e impactos de políticas.
8. Produção e Tecnologia
Finalmente, os economistas assumem que a tecnologia e os métodos de produção são constantes a curto prazo. Assim, as mudanças na produção são a principal forma de ajustar a oferta.
Quais são os tópicos?
1. Teoria do consumidor
A teoria do consumidor explora como as pessoas fazem escolhas para obter a máxima satisfação ou utilidade. Os economistas ortodoxos, por exemplo, analisam como os consumidores escolhem entre diferentes bens e serviços com base em suas preferências e nas informações disponíveis.
Eles utilizam conceitos como curvas de indiferença e restrições orçamentárias para entender essas decisões, ajudando a explicar como as pessoas gastam seu dinheiro para maximizar sua satisfação.
2. Teoria da firma
A teoria da firma foca em como as empresas tomam decisões para alcançar o maior lucro possível. Em seguida, os economistas estudam como as empresas ajustam sua produção e definem preços ao analisar os custos envolvidos.
Eles consideram como custos fixos e variáveis influenciam as decisões empresariais e como as empresas respondem às mudanças nas condições de mercado para otimizar seus lucros.
3. Concorrência perfeita e imperfeita
Por outro lado, o conceito de concorrência perfeita e imperfeita examina diferentes estruturas de mercado. Na concorrência perfeita, muitos compradores e vendedores operam no mercado, e nenhum deles pode influenciar os preços.
No entanto, na concorrência imperfeita, como em monopólios e oligopólios, alguns agentes têm o poder de influenciar os preços e as condições de mercado, tornando o cenário mais complexo.
4. Análise de equilíbrio geral e parcial
A análise de equilíbrio geral e parcial explora como os mercados atingem o equilíbrio. O equilíbrio geral, por exemplo, analisa como todos os mercados interagem simultaneamente para alcançar um equilíbrio econômico global.
Em contraste, a análise de equilíbrio parcial se concentra em um único mercado e simplifica a compreensão de como as mudanças em um setor específico afetam a oferta e a demanda nesse setor.
5. Análise marginal
A análise marginal avalia o impacto das pequenas variações em variáveis econômicas. Os economistas estudam o custo marginal e a receita marginal para entender como ajustes na produção afetam os custos e lucros das empresas.
Além disso, a análise da utilidade marginal examina como a satisfação adicional com a última unidade consumida de um bem influencia as decisões dos consumidores.
6. Teoria dos jogos
A teoria dos jogos investiga como pessoas e empresas tomam decisões estratégicas em situações de competição e cooperação. Usando modelos matemáticos, essa teoria ajuda a entender como as escolhas de um agente afetam os resultados dos outros.
Por isso, é essencial para prever comportamentos em ambientes onde as decisões são interdependentes.
6. Econometria
A econometria aplica métodos estatísticos para testar e validar teorias econômicas com base em dados reais. Dessa forma, ela permite que os economistas estimem relações econômicas e prevejam os efeitos de políticas e mudanças econômicas. Além disso, a econometria ajusta modelos teóricos com base em observações práticas, fornecendo uma base empírica sólida.
7. Política econômica
A política econômica envolve estratégias que governos e instituições financeiras usam para influenciar a economia. Por exemplo, a política monetária lida com o controle da oferta de dinheiro e das taxas de juros pelos bancos centrais.
Já a política fiscal examina como impostos e gastos públicos podem ser usados para estabilizar e estimular a economia.
8. Teoria do comércio internacional
A teoria do comércio internacional estuda como os países se beneficiam ao se especializar na produção de bens em que têm uma vantagem comparativa. Esse conceito explica as vantagens do comércio global e como ele pode melhorar a eficiência econômica.
Além disso, a teoria analisa o impacto das políticas comerciais, como tarifas e quotas, sobre as economias nacionais e internacionais.
9. Teoria do crescimento econômico
Finalmente, a teoria do crescimento econômico investiga os fatores que impulsionam o crescimento econômico a longo prazo. Modelos como o de Solow e o de crescimento endógeno estudam como o investimento em educação, inovação e políticas públicas afeta o crescimento econômico.
Dessa forma, esses modelos ajudam a explicar as diferenças no ritmo de crescimento entre países e regiões.
Relação entre governos populistas e a ortodoxia econômica
A relação entre governos populistas e a ortodoxia econômica é marcada por tensão.
1. Desafios à Ortodoxia
Governos populistas frequentemente adotam políticas não convencionais, como controle de preços e aumento de gastos, em vez de seguir as recomendações tradicionais de austeridade.
2. Uso da Retórica
Apesar de desafiarem a ortodoxia, eles podem usar a retórica econômica convencional para justificar suas ações e prometer crescimento econômico rápido.
3. Conflito com Instituições
Eles costumam entrar em conflito com bancos centrais e organismos internacionais, tentando enfraquecer a independência dessas instituições para ganhar mais controle sobre as políticas econômicas.
4. Impactos Econômicos
Essas políticas podem levar à instabilidade econômica e, eventualmente, à necessidade de reformas para restaurar a estabilidade, possivelmente resultando em um retorno às práticas ortodoxas.
Qual é a história da ortodoxia econômica?
A história da ortodoxia econômica mostra como as principais ideias econômicas mudaram ao longo do tempo. Veja um resumo das principais etapas:
1. Origens e Formação (Séculos XVIII e XIX)
A ortodoxia econômica começou com a economia clássica no final do século XVIII e no início do XIX. Economistas como Adam Smith, David Ricardo e John Stuart Mill criaram o paradigma clássico. Eles valorizavam o livre mercado, a “mão invisível” e a teoria do valor-trabalho, que formaram a base inicial da ortodoxia econômica.
2. Revolução Marginalista (Final do Século XIX)
No final do século XIX, a teoria marginalista trouxe novas ideias. Economistas como William Stanley Jevons, Carl Menger e Léon Walras introduziram o conceito de utilidade marginal.
Essa mudança fez com que o foco passasse do valor-trabalho para o valor baseado na utilidade marginal.
3. Economia Neoclássica (Século XX)
A economia neoclássica evoluiu a partir das ideias marginalistas e dominou o século XX. Economistas como Alfred Marshall, Vilfredo Pareto e Paul Samuelson refinaram essas ideias. Eles focaram na otimização, no equilíbrio de mercado e em modelos matemáticos, solidificando o paradigma neoclássico.
4. Economia Keynesiana e Pós-Keynesiana (Décadas de 1930-1970)
A Grande Depressão levou ao surgimento da teoria keynesiana, proposta por John Maynard Keynes. Keynes afirmou que o mercado não se ajustava automaticamente e que o governo precisava intervir para lidar com as flutuações econômicas.
Isso desafiou a ortodoxia clássica e neoclássica, promovendo políticas de estímulo fiscal e monetário.
- Saiba mais: Crise de 1929, a Grande Depressão econômica
5. Monetarismo e Nova Ortodoxia (Décadas de 1970-1980)
Na década de 1970, o monetarismo, liderado por Milton Friedman, ganhou destaque. Friedman criticou a abordagem keynesiana e enfatizou a importância da oferta de dinheiro na inflação e no crescimento econômico.
Esse movimento teve um grande impacto nas políticas econômicas e no pensamento ortodoxo.
6. Nova Economia Clássica e Nova Economia Neoclássica (Décadas de 1980-1990)
Durante essas décadas, a nova economia clássica e a nova economia neoclássica se destacaram. Economistas como Robert Lucas e Thomas Sargent defenderam que as expectativas racionais e modelos dinâmicos poderiam explicar a macroeconomia.
Esses modelos influenciaram as políticas de mercado e a ortodoxia econômica.
7. Economia Comportamental e Críticas Contemporâneas (Século XXI)
No século XXI, a economia comportamental e outras abordagens críticas começaram a desafiar a ortodoxia econômica tradicional. Economistas como Daniel Kahneman e Richard Thaler estudaram como o comportamento humano e a psicologia afetam as decisões econômicas, trazendo novas ideias para a teoria econômica.