Elasticidade: o que é, cálculo e como funciona na economia?

25 de novembro de 2024 - por Nathalia Lourenço


A elasticidade é um conceito importante na economia que mede a sensibilidade da demanda ou oferta a mudanças em preços, renda e outras variáveis. Ela ajuda a entender como consumidores e empresas reagem a variações econômicas, como o aumento de preços ou mudanças na renda.

Quer saber como calcular a elasticidade e como ela afeta o comportamento do mercado? Continue lendo para entender como isso funciona na prática!

Como funciona a elasticidade?

  • Se o preço sobe e as pessoas compram bem menos, dizemos que a demanda é elástica. Ou seja, ela muda bastante com a mudança de preço.
  • Se o preço sobe e a quantidade comprada não muda muito, a demanda é inelástica. Isso significa que as pessoas continuam comprando quase a mesma quantidade, mesmo com o aumento de preço.

Em resumo, elasticidade na economia ajuda a entender como os consumidores reagem a mudanças no preço de produtos e serviços.

Como se calcula a elasticidade?

A elasticidade é medida por uma fórmula simples, que compara a variação percentual no preço com a variação percentual na quantidade demandada:

Elasticidade: o que é, cálculo e como funciona na economia?
  • Elasticidade maior que 1 significa que a demanda é elástica (muda muito com o preço).
  • Elasticidade menor que 1 significa que a demanda é inelástica (muda pouco com o preço).
  • Elasticidade igual a 1 significa que a demanda é unitária (muda na mesma proporção que o preço).

Quais são os fatores que afetam a elasticidade?

1. Disponibilidade de Substitutos

Se um produto tem muitos substitutos, a demanda tende a ser mais elástica. Isso acontece porque, se o preço de um produto subir, os consumidores podem facilmente trocar por outro produto similar e mais barato.

  • Exemplo: Se o preço de uma marca de refrigerante aumenta, as pessoas podem comprar outra marca. Por isso, a demanda por refrigerante tende a ser elástica.

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2. Necessidade vs. Luxo

Produtos essenciais ou necessários, como alimentos e medicamentos, têm demanda inelástica. As pessoas continuam comprando, mesmo que o preço suba, porque não têm muita opção de escolha. Já produtos de luxo, que não são essenciais, têm demanda elástica, pois os consumidores podem optar por não comprá-los se o preço aumentar.

  • Exemplo: A demanda por remédios é inelástica, pois as pessoas precisam deles, mas a demanda por carros de luxo é elástica, porque se o preço subir, muitas pessoas podem optar por não comprar.

3. Proporção da Renda Gasta

Produtos que consomem uma parte significativa da renda das pessoas tendem a ter uma demanda mais elástica. Isso ocorre porque, quando o preço sobe, o impacto no orçamento familiar é maior, e as pessoas pensam mais antes de comprar. Já produtos que representam uma pequena parte da renda têm uma demanda mais inelástica.

  • Exemplo: Se o preço de um celular muito caro subir, as pessoas podem deixar de comprá-lo. Mas o aumento no preço de um chiclete, que custa muito pouco, não vai mudar muito o comportamento de compra.

4. Tempo

Com o tempo, as pessoas tendem a ser mais flexíveis em relação a mudanças de preço, o que torna a demanda mais elástica. No curto prazo, as pessoas podem não ter muitas opções, então a demanda pode ser mais inelástica. Mas no longo prazo, elas podem se adaptar e mudar seu comportamento, buscando alternativas mais baratas ou mudando hábitos.

  • Exemplo: Se o preço da gasolina sobe, as pessoas podem continuar comprando no início (demanda inelástica). Mas, com o tempo, podem buscar alternativas como transporte público ou carros mais econômicos (demanda elástica).

5. Tamanho do Aumento ou Redução do Preço

Quanto maior for a variação no preço, maior a chance de a demanda ser elástica. Se o preço sobe muito, a quantidade demandada pode cair bastante. Se a variação no preço for pequena, a demanda tende a não mudar tanto, tornando-se mais inelástica.

  • Exemplo: Se o preço de um ingresso de cinema sobe de R$ 20 para R$ 100, muitas pessoas provavelmente vão deixar de ir, porque o aumento foi muito grande. Mas se o preço subir de R$ 20 para R$ 25, a mudança provavelmente não vai afetar tanto a quantidade de pessoas que vão ao cinema.

6. Definição do Mercado

A elasticidade pode variar dependendo de como definimos o mercado. Se você falar de “refrigerante” de forma geral, talvez a demanda seja inelástica, já que há muitas marcas. Mas se você falar de uma marca específica de refrigerante, a demanda pode ser mais elástica, porque o aumento de preço de uma marca específica pode levar os consumidores a optar por outras.

  • Exemplo: O mercado de refrigerantes em geral pode ter demanda inelástica, mas a Coca-Cola especificamente pode ter demanda mais elástica, já que as pessoas podem mudar para outras marcas caso o preço suba.

Quais são os bens elásticos?

1. Produtos de Luxo

Bens de luxo não são essenciais e têm alta elasticidade porque as pessoas podem optar por não comprá-los caso o preço suba.

  • Exemplo: Carros de luxo, relógios caros, joias, viagens internacionais. Se o preço subir muito, muitas pessoas podem decidir não comprar ou adiar a compra, porque não são itens necessários.

2. Produtos com Substitutos Próximos

Quando há muitas alternativas ou substitutos para um produto, a demanda tende a ser mais elástica. Se o preço de um produto sobe, as pessoas podem facilmente trocar por um substituto mais barato.

  • Exemplo: Marcas de refrigerantes, marcas de cereais, marcas de shampoo. Se o preço de uma marca aumentar, as pessoas podem optar por outra marca semelhante que tenha um preço mais baixo.

3. Produtos com Preço Relativamente Alto em Relação à Renda

Produtos que representam uma parte significativa da renda de uma pessoa tendem a ter uma demanda mais elástica. Isso ocorre porque o impacto do aumento de preço no orçamento é mais significativo, e as pessoas repensam a compra.

  • Exemplo: Produtos como televisores caros ou computadores de alta qualidade. Se o preço desses itens subir, muitas pessoas vão reconsiderar a compra, pois o aumento tem um grande impacto no seu orçamento.

4. Produtos Não Necessários (Não Essenciais)

Produtos que não são essenciais para o dia a dia geralmente têm demanda elástica. As pessoas podem facilmente decidir não comprar ou adiar a inelástica compra se o preço subir, já que não são itens essenciais.

  • Exemplo: Roupas de grife, smartphones de última geração, acessórios de moda. Se o preço desses produtos aumentar, as pessoas podem desistir da compra, pois podem viver sem eles ou esperar por promoções.

5. Produtos com Alta Concorrência ou Muitas Opções

Quando o mercado tem muita concorrência e muitas opções de escolha, a demanda tende a ser mais elástica. O consumidor pode facilmente mudar para outro produto semelhante, mas mais barato.

  • Exemplo: Produtos como alimentos e bebidas (ex.: marcas de sucos, biscoitos, etc.). Se o preço de uma marca de suco sobe, os consumidores podem trocar por uma marca concorrente, sem muita diferença de qualidade.

6. Produtos com Características Comuns

Produtos que são muito semelhantes entre si, com poucas diferenças, também têm demanda elástica. A pouca diferenciação entre os produtos faz com que os consumidores escolham o mais barato.

  • Exemplo: Gasolina em diferentes postos ou bilhetes de cinema. Se o preço de um posto de gasolina sobe muito, os consumidores podem optar por outro posto mais barato, já que o produto (gasolina) é praticamente o mesmo.

Como se aplica a elasticidade aos investimentos?

A elasticidade também pode ser aplicada aos investimentos, embora o conceito seja um pouco diferente do uso tradicional em bens e serviços. No contexto dos investimentos, a elasticidade ajuda a entender como as mudanças em variáveis econômicas (como taxas de juros, inflação ou crescimento econômico) afetam os fluxos de capital ou os preços dos ativos.

Aqui estão algumas formas de aplicar a elasticidade aos investimentos:

1. Elasticidade da Demanda por Ativos (como ações e imóveis)

A elasticidade da demanda por ativos, como ações ou imóveis, mede como o preço desses ativos responde a mudanças em fatores econômicos, como taxas de juros, expectativas de crescimento ou riscos econômicos.

  • Exemplo: Se as taxas de juros caem, pode haver um aumento na demanda por ações ou imóveis. Isso ocorre porque o retorno de investimentos alternativos (como poupança ou títulos) diminui, tornando ações e imóveis mais atraentes. Se o preço das ações ou imóveis subir muito (dado o baixo retorno de outros investimentos), a demanda pode diminuir, pois os investidores podem achar esses ativos muito caros. Nesse caso, a demanda por ações ou imóveis seria elástica em relação à taxa de juros.

2. Elasticidade da Oferta de Capital

A oferta de capital (dinheiro disponível para investimentos) também pode ser sensível às taxas de juros. Quando as taxas de juros aumentam, o custo do empréstimo aumenta, o que pode reduzir a quantidade de investimentos feitos pelas empresas ou governos. Por outro lado, quando as taxas de juros caem, o custo do financiamento diminui e as empresas tendem a investir mais.

  • Exemplo: Uma empresa que deseja expandir seus negócios pode decidir investir em novos projetos ou na compra de ativos. Se as taxas de juros aumentarem, o custo de financiamento será mais alto, o que pode reduzir a quantidade de investimentos feitos. A elasticidade da oferta de investimentos será negativa nesse caso, pois o aumento da taxa de juros reduz a quantidade de investimentos.

Leia mais: Empréstimo – o que é, como funciona e quais os tipos?

3. Elasticidade da Resposta a Mudanças Macroeconômicas

Investidores muitas vezes reagem de forma elástica ou inelástica a mudanças no cenário macroeconômico, como inflação, política fiscal ou instabilidade política. A elasticidade pode ajudar a prever como os investidores vão reagir a diferentes cenários.

  • Exemplo: Se a inflação aumenta, investidores podem reagir de forma elástica, movendo seus investimentos de ativos de baixo risco (como títulos de renda fixa) para ativos de maior risco, como ações, buscando um retorno maior que compense a perda de poder aquisitivo devido à inflação. Por outro lado, se a inflação aumentar muito, a demanda por ativos mais seguros (como ouro ou títulos do governo) pode aumentar, tornando esses investimentos mais inelásticos.

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4. Elasticidade do Retorno de Investimentos

Em alguns casos, a elasticidade pode ser usada para analisar como o retorno de um investimento reage a mudanças no risco ou no custo de oportunidade. O conceito de elasticidade do retorno avalia a sensibilidade dos retornos de um ativo a mudanças no ambiente econômico ou nas expectativas do investidor.

  • Exemplo: Se os investidores perceberem que o risco de um ativo específico aumentou, o retorno exigido por esses investidores pode aumentar (um tipo de reação elástica). Isso pode diminuir o preço do ativo, pois o mercado vai ajustar o valor do ativo de acordo com o maior risco.

5. Elasticidade no Mercado de Commodities

No caso de commodities como petróleo, ouro ou metais preciosos, a elasticidade também se aplica. As variações no preço das commodities podem afetar diretamente os investimentos em setores relacionados, como energia ou mineração.

  • Exemplo: Quando o preço do petróleo sobe, empresas de energia podem aumentar seus investimentos para explorar novos campos de petróleo. Os investidores podem reagir de forma elástica se perceberem que o aumento no preço do petróleo pode resultar em maiores lucros para as empresas de energia, aumentando a demanda por ações dessas empresas.

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Como isso se aplica aos investidores individuais?

Os investidores individuais também usam a elasticidade para entender como as mudanças no mercado ou na economia podem impactar o valor de seus investimentos. Eles podem ajustar suas carteiras de acordo com:

  • Mudanças nas taxas de juros (decisões do banco central),
  • Expectativas de inflação ou crescimento econômico,
  • Riscos políticos ou econômicos, e
  • Alterações na percepção de risco em relação a determinados ativos.

Por exemplo, um investidor pode se tornar mais cauteloso e vender ativos de maior risco (como ações de empresas pequenas) quando há aumento da incerteza econômica, movendo-se para ativos mais seguros, como títulos do governo ou ouro.

Qual é a importância da elasticidade na análise econômica?

1. Compreensão do Comportamento do Consumidor

A elasticidade mostra como os consumidores reagem às mudanças no preço dos produtos. Se a demanda for elástica, isso significa que uma pequena alteração no preço pode levar a uma grande mudança na quantidade comprada. Por exemplo, se o preço de um produto subir muito, os consumidores podem diminuir suas compras ou procurar alternativas mais baratas.

2. Definição de Políticas Públicas

O governo usa a elasticidade para decidir sobre impostos e subsídios. Quando o governo entende a elasticidade de um produto, pode prever como aumentar ou reduzir impostos sem afetar tanto o consumo.

Se um produto tem demanda inelástica, o governo pode aumentar o imposto sem que a quantidade comprada diminua muito. No caso de produtos com demanda elástica, o aumento de imposto pode fazer as vendas caírem bastante.

3. Maximização de Receita

Empresas podem usar a elasticidade para ajustar os preços de seus produtos e maximizar a receita. Se a demanda por um produto for elástica, aumentar o preço pode reduzir a receita, pois as pessoas comprarão menos. Se a demanda for inelástica, a empresa pode aumentar o preço sem perder muitos clientes, o que pode aumentar a receita.

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4. Ajuste das Estratégias Empresariais

Empresas usam a elasticidade para planejar estratégias de preço. Saber se a demanda é elástica ou inelástica ajuda a decidir se o preço deve ser aumentado ou reduzido.

Por exemplo, para produtos de luxo, que geralmente têm demanda mais elástica, a empresa deve ser cautelosa ao aumentar o preço. Já para produtos essenciais, a empresa pode ter mais liberdade para aumentar o preço, pois a demanda será menos sensível.

5. Determinação do Impacto das Variações nos Custos

A elasticidade também ajuda a entender como as mudanças nos custos de produção afetam o preço e a quantidade de mercado. Se o custo de produção de um bem aumentar, a empresa pode decidir aumentar o preço. A elasticidade mostra como a demanda vai reagir a esse aumento.

Se a demanda for inelástica, o aumento de preço não reduzirá muito a quantidade comprada. Mas se for elástica, a empresa pode vender menos.

6. Previsão de Efeitos de Mudanças Externas

A elasticidade ajuda a prever como mudanças na economia (como uma recessão ou aumento da inflação) afetarão os mercados. Por exemplo, se a renda das pessoas cair, a demanda por bens de luxo (que têm demanda elástica) pode diminuir rapidamente.

Mas a demanda por produtos essenciais (como alimentos e remédios) pode ser menos afetada, já que as pessoas precisam desses produtos, independentemente da situação econômica.

7. Avaliação da Eficiência de Mercado

A elasticidade também ajuda a entender como os preços e a quantidade de produtos se ajustam em um mercado. Quando a elasticidade é alta, o mercado é dinâmico e competitivo.

Os preços podem mudar rapidamente em resposta às variações na oferta e demanda. Isso geralmente indica um mercado eficiente, onde as empresas precisam se adaptar rapidamente às mudanças para se manter competitivas.

Fontes: suno, khanacademy, flj e varos

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