12 de maio de 2025 - por Raul Sena (Investidor Sardinha)

O mercado global estava em estado de espera para entender os desdobramentos do tarifaço de Donald Trump. O que começou como uma medida dos EUA contra a China, rapidamente se transformou em uma guerra comercial com repercussões em diversos países.
Tudo teve início com a imposição de tarifas sobre produtos chineses por parte do governo Trump. A resposta da China foi imediata: também aplicou tarifas sobre importações americanas. Com isso, aliados de ambos os lados se viram forçados a reagir, adotando medidas similares para proteger seus próprios mercados.
A China, por sua vez, começou a buscar alternativas após o tarifaço. Um dos primeiros movimentos foi a tentativa de se desvincular do sistema SWIFT, sinalizando o início de um reposicionamento econômico e geopolítico. Além disso, os chineses passaram a buscar novos parceiros comerciais, o que causou uma série de efeitos colaterais inesperados.
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Oportunidades para o Brasil
Em meio a esse cenário, o agronegócio brasileiro começou a ser beneficiado. O estado de Goiás, por exemplo, recebeu o maior pedido de exportação de soja da sua história: 100 navios com destino à China. Isso aconteceu porque os chineses, antes grandes compradores da soja americana, agora buscam fornecedores alternativos como o Brasil e o México.
Além da soja, as negociações envolvendo proteína animal também avançam. O México está prestes a começar a importar carne suína e bovina do Brasil. Países como a Arábia Saudita também têm demonstrado interesse. O movimento indica um realinhamento no comércio internacional, abrindo espaço para que nações emergentes ampliem suas exportações.
No entanto, apesar dos benefícios para o agronegócio brasileiro, surge um alerta: com a alta demanda externa, produtos como soja, carne e óleo de cozinha tendem a subir de preço internamente. Sem uma política clara de regulação de exportações, há o risco de que o consumidor brasileiro acabe pagando mais caro no supermercado.
Um novo capítulo no comércio global
O FMI já revisou para baixo a projeção de crescimento global, prevendo uma expansão de 2,8%, principalmente por conta do tarifaço, aplicado por Trump. O que poderia nos levar para um cenário de estagflação que é o pior cenário possível.
Além disso, a Organização Mundial do Comércio (OMC) já alerta que o comércio global pode recuar até 1,5% caso as tensões se agravem. O Brasil, que também foi alvo de tarifas (10% sobre todas as exportações), busca reverter essa medida junto à OMC.
Enquanto isso, o mundo acompanha com atenção esse novo capítulo do comércio internacional. O que começou como uma medida protecionista pode desencadear uma reestruturação nas relações comerciais, com consequências que continuam se desdobrando.
Alerta de Estagflação Global
O cenário econômico global está cada vez mais volátil e instável, com analistas alertando para uma possível estagflação, situação em que a economia enfrenta estagnação com inflação ao mesmo tempo.
Doze estados norte-americanos, liderados por Oregon e Arizona, entraram com uma ação judicial contra a possibilidade de Trump aumentar tarifas comerciais sem aprovação do Congresso. A alegação é de que isso é ilegal e compromete o equilíbrio democrático. Enquanto isso, Trump enfrenta uma crescente oposição interna e externa, mesmo entre setores estratégicos da economia.
Economistas norte-americanos alertam que cerca de 95% do impacto ao tarifaço recai sobre o consumidor final, ou seja, os próprios americanos. A guerra comercial, especialmente com a China, pode até ter como objetivo enfraquecer a economia chinesa, mas afeta diretamente a vida da população nos EUA.
Impactos no Brasil: entre perdas e oportunidades
O Brasil foi impactado por uma tarifa de 10% sobre suas exportações, bem menor do que os 34% aplicados à China ou os 20% à União Europeia. O agronegócio brasileiro, por exemplo, pode sair ganhando com o redirecionamento de compras globais.
Entretanto, setores como a siderurgia, metalurgia, etanol e aviação sofreram perdas consideráveis.
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Queda no comércio global
Um dos principais sinais da crise está na queda brusca nos pedidos de contêineres. O volume de contêineres entre China e EUA caiu cerca de 25%. As reservas internacionais para transporte marítimo recuaram mais de 18%. Isso afeta diretamente a produção global: com menos escoamento, há menos necessidade de fabricação, o que também pode levar a um aumento do desemprego.
O número de embarques internacionais também estão caindo, porque tem negócios para serem assinados. O mundo parou de negociar.
Setores mais atingidos
O setor automotivo foi um dos mais afetados, devido à tarifa de 25% sobre carros importados, o que afeta diretamente as marcas japonesas, europeias e mexicanas.
Apesar da pressão inicial da Apple e Google ter evitado sobretaxas, Trump já cogita incluir chips e semicondutores sob o argumento de segurança nacional.
Além disso, as farmacêuticas europeias como a Bayer e outras empresas do ramo de saúde, também estão no radar das novas tarifas.
Setores brasileiros: quem ganha e quem perde
No Brasil, temos setores que se beneficiam e outros que não. Em geral, o agronegócio e as empresas com operações nos EUA vão se beneficiar.
No entanto, a indústria brasileira como um todo, vai sofrer com isso. As empresas brasileiras que exportam aço e alumínio, também foram prejudicadas. Assim como o etanol brasileiro, o que não é nada bom para o Brasil.
O que vem por aí?
O Fundo Monetário Internacional (FMI) já alertou para os riscos desse cenário. Em abril de 2024, o FMI projetou um crescimento global moderado de 3,2% até 2025, mas com grandes incertezas devido às tensões geopolíticas, políticas monetárias restritivas e riscos climáticos. Os impactos tarifários e o desaquecimento do comércio global podem agravar ainda mais esse panorama.
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