Indexação: o que é, para que serve, efeitos na economia brasileira

É importante conhecer e entender sobre a indexação, seja você consumidor ou investidor. Aprenda mais sobre em nosso texto!

9 de julho de 2025 - por Diogo Silva


A indexação, assim como os vários tipos de indexadores econômicos, tem um grande papel na história da economia do nosso país. São índices que não apenas alteram os preços de produtos e serviços, mas também mudam totalmente a rentabilidade de investimentos.

Então, é importante conhecer mais sobre a indexação, seja consumidor ou investidor. Confira conosco a seguir.

Veja mais: Liquidez e Rentabilidade: qual é a diferença entre elas?

O que é indexação na economia?

Indexação é a política econômica a respeito da alteração de preços dos produtos e serviços com base em índices. Assim, alguns itens sofrerão reajuste conforme a alíquota ou taxa do indexador econômico escolhido.

Aqui no Brasil, por exemplo, a forte indexação fez parte de um passado considerado recente. No final da década de 80 e início dos anos 90, a hiperinflação corroborou para que diversas categorias fossem indexadas.

Hoje, 68% do gasto público está indexado à inflação, de acordo com Margarida Gutierrez, economista da UFRJ. Mas a indexação pode ainda ser analisada pela ótica do investimento. Aliás, as aplicações financeiras utilizam diversos índices para o pagamento de juros aos investidores.

Então, se você pensa em investir, é preciso observar a qual indexador econômico o ativo escolhido está atrelado.

Para que serve a indexação?

A indexação serve para manter o valor dos preços, salários ou contratos atualizados conforme a inflação, ou seja, ela ajusta esses valores automaticamente para que não percam seu poder de compra ao longo do tempo.

Quando o governo decide congelar os preços, isso significa que essa correção automática, a indexação, é suspensa, para evitar que os preços continuem subindo.

Dessa forma, a indexação ajuda a garantir que o dinheiro não perca seu valor com o passar do tempo, mas durante o congelamento, ela é congelada para tentar controlar a alta dos preços e proteger o consumidor em momentos difíceis da economia.

Indexação na economia brasileira

A indexação surgiu na economia brasileira como uma forma de tentar driblar a inflação, que por muitos anos foi um problema sério no país.

Como os preços subiam o tempo todo, criou-se o hábito de corrigir automaticamente salários, aluguéis, contratos e tarifas com base na inflação, usando índices como o INPC ou o IGP. Era uma maneira de proteger o poder de compra das pessoas e das empresas.

O problema é que isso virou uma bola de neve. Como todo mundo já esperava que os preços subissem, esses reajustes automáticos acabavam alimentando a própria inflação; era como se ela continuasse por inércia, mesmo sem um motivo claro. Esse fenômeno ficou conhecido como inflação inercial.

Nos anos 80 e início dos 90, praticamente tudo era indexado. Foi só com o Plano Real, em 1994, que o país começou a sair desse ciclo.

O plano tentou “desindexar” a economia, ou seja, diminuir esses reajustes automáticos e estabilizar os preços. Desde então, a inflação ficou bem mais controlada, e a indexação passou a ser usada de forma mais pontual, como em contratos de aluguel ou alguns acordos salariais.

Efeitos da indexação

A indexação teve um papel importante na economia brasileira, especialmente nos tempos de inflação alta. Ela ajudava a proteger salários, contratos e aluguéis, corrigindo automaticamente os valores conforme a inflação, o que evitava que as pessoas perdessem poder de compra.

Mas, com o tempo, isso passou a ter um efeito ruim. Como todo mundo já esperava os reajustes, os preços continuavam subindo mesmo sem necessidade. Isso alimentava a inflação e dificultava o controle dela.

Esse ciclo só começou a ser quebrado com o Plano Real, em 1994, como foi dito. Isso reduziu o uso da indexação. Hoje ela ainda existe, mas de forma mais pontual.

Saiba mais: Desindexação: o que é e como funciona na economia?

O que é um indexador econômico e como eles afetam os investimentos?

Um indexador econômico é como um termômetro que mede o que está acontecendo na economia, principalmente em relação à inflação e aos juros.

Ele serve como base para corrigir valores com o tempo, como salários, contratos e, claro, investimentos. No Brasil, alguns dos mais conhecidos são o IPCA, que mede a inflação oficial, o IGP-M, muito usado para reajustar aluguéis, a taxa Selic, que é a taxa básica de juros do país, e o CDI, que é uma referência comum em investimentos de renda fixa.

Esses indexadores têm um papel direto nos nossos investimentos. Por exemplo, se você aplica no Tesouro IPCA+, seu dinheiro vai render uma taxa fixa mais a inflação, ou seja, seu investimento cresce e ainda protege seu poder de compra.

Já um CDB que rende, digamos, 100% do CDI, vai acompanhar esse índice. Então quanto mais alto o CDI, maior o rendimento. E quando a Selic sobe, aplicações ligadas a ela, como o Tesouro Selic, também passam a render mais.

No fim das contas, os indexadores ajudam a garantir que o seu dinheiro não perca valor com o tempo e que os investimentos acompanhem o ritmo da economia. Eles são uma forma de dar mais segurança e previsibilidade para quem está investindo.

Principais indexadores econômicos

1. IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo)

O IPCA é o índice que mostra o quanto os preços estão subindo no dia a dia. É a inflação oficial do Brasil. Ele é calculado pelo IBGE e leva em conta os gastos das famílias com coisas como comida, transporte, saúde, escola, entre outros.

Quando o IPCA sobe, quer dizer que o custo de vida aumentou. Ele é muito usado para reajustar salários, aposentadorias e também para investimentos que protegem contra a inflação, como o Tesouro IPCA+.

2. IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado)

O IGP-M também mede a inflação, mas de um jeito um pouco diferente. Ele considera os preços no atacado, na construção civil e no varejo.

Isso faz com que ele oscile mais do que o IPCA, principalmente quando o dólar ou os preços de produtos como soja e minério mudam. É muito conhecido por ser o índice usado para reajustar aluguéis e alguns contratos de serviços privados.

3. Selic (Taxa Básica de Juros)

A Selic é a taxa de juros que serve de base para toda a economia. É definida pelo Banco Central e influencia diretamente os juros que a gente paga (ou recebe) em empréstimos, financiamentos e até nas aplicações financeiras.

Quando a Selic está alta, o crédito fica mais caro, mas os investimentos em renda fixa, como o Tesouro Selic, passam a render mais. É uma ferramenta que o governo usa para tentar controlar a inflação.

4. CDI (Certificado de Depósito Interbancário)

O CDI é a taxa usada quando os bancos emprestam dinheiro entre si por um curtíssimo prazo. Para quem investe, ele é super importante porque serve de referência para vários produtos de renda fixa, como CDBs, LCIs, LCAs e fundos DI.

Quando você vê um investimento dizendo que rende “110% do CDI”, quer dizer que ele vai pagar um pouco mais do que essa taxa. O CDI anda bem colado na Selic, então, quando a Selic sobe, o CDI também sobe, e seus investimentos atrelados a ele rendem mais.

Importância de acompanhar a indexação

Acompanhar a indexação é importante porque ela mostra como o valor do dinheiro muda com o tempo. Se você não presta atenção nisso, pode acabar perdendo poder de compra, ou seja, seu dinheiro passa a valer menos, mesmo que o valor pareça o mesmo.

Entender como os preços, salários e investimentos são reajustados ajuda você a se proteger da inflação, fazer melhores escolhas com seu dinheiro e evitar surpresas, como um aluguel que sobe mais do que o esperado.

Além disso, se você investe, saber qual indexador está por trás (como IPCA, CDI ou Selic) faz toda a diferença no seu rendimento.

No fim, acompanhar a indexação é cuidar do seu bolso no presente e no futuro.

Leia também: Como a taxa Selic influencia os seus investimentos?

Fontes: Bora Investir; Onze; Suno; Akeloo

Indexação: o que é, para que serve, efeitos na economia brasileira

Custo Brasil: o que é, efeitos e como funciona

Discriminação de preços: o que é, tipos e como funciona

Obrigações tributárias: o que são e como funcionam?