IPCA, o que é? Conceito, para que serve e relação com a inflação

15 de setembro de 2020, por Jaíne Jehniffer

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O IPCA é um índice que serve como parâmetro para o aumento ou a baixa de preços. Em outras palavras, representa a inflação ou a deflação no Brasil. Portanto, é o principal índice utilizado para averiguar a inflação, ou seja, o poder de compra da população. 

A inflação, por sua vez, pode subir ou abaixar dependendo de diversos fatores. Um deles é o excesso de consumo, ou seja, muito dinheiro circulando. Dessa maneira, o excesso de dinheiro em circulação faz os preços aumentarem, o que resulta na perda do poder de compra.

Por fim, é ainda através do IPCA que o Banco Central pode definir políticas e tomar atitudes para reduzir a inflação ou incentivar a economia. 

O que é IPCA

O IPCA é a sigla de Índice de Preços ao Consumidor Amplo. O IPCA é medido todos os meses e divulgado, entre a primeira e a segunda semana, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em síntese, o índice tem por objetivo determinar a variação dos preços de produtos e serviços. Existem outros tipos de índices que fazem essa averiguação de variação de preços, contudo, o IPCA é o considerado oficial pelo Banco Central. 

Como o índice IPCA é um indicador de mudança de preços, o que ele mede é a inflação ou deflação. A inflação é quando os preços inflam, ou seja, quando os preços sobem.

O que faz os preços subirem é aquela antiga regrinha de oferta e demanda. Portanto, quando as pessoas estão consumindo muito, existe muita demanda e, consequentemente, os preços sobem, ou seja, há inflação.

Por outro lado, caso as pessoas consumam menos, a oferta será maior do que a demanda. Sendo assim, os preços não sobem tanto e, então, ocorre a deflação.

Por fim, outra possibilidade é quando os preços sobem descontroladamente, onde temos a hiperinflação. Além dos preços dos serviços e produtos, o IPCA também pode influenciar alguns investimentos que o usam como instrumento de correção. 

Como é feito o cálculo do IPCA

Como o IPCA é uma espécie de termômetro que mede o custo de vida das pessoas, ele é feito todos os meses, portanto, seus valores estão em constante atualização.

Os itens que são pesquisados para realizar o cálculo de IPCA são chamados de cesta de produtos e serviços. A pesquisa é feita em 13 áreas urbanas do Brasil, onde são analisados cerca de 430 mil preços em 30 mil locais. 

O grau de abrangência do IPCA é de família de 1 a 40 salários mínimos. Para realizar o IPCA, o IBGE coleta os dados do dia 1º e no último dia do mês.

Dessa maneira, o instituto verifica os preços do comércio, domicílios (para averiguar o valor do aluguel) e concessionárias de serviços públicos. Depois de coletados os dados, eles são comparados ao mês anterior e, então, chega-se ao aumento IPCA naquele mês.

Variações do índice

Quando o IPCA sobe, significa que os preços estão mais caros. Contudo, não é o IPCA que faz os preços subirem, ele é apenas um índice, portanto, indica que um preço subiu. Desse modo, se um preço subiu, significa que houve inflação.

Por outro lado, se o IPCA indicar uma deflação, não significa necessariamente que os preços baixaram, mas sim que eles subiram menos do que a média do mês anterior. Quando os preços de fato abaixam, significa que o IPCA resultou em um valor negativo. 

Em resumo, o IPCA serve para mostrar ao consumidor como está o seu poder de compra. Se houve inflação, então o poder de compra diminuiu, já que é preciso mais dinheiro do que antes para comprar determinado item.

Se o IPCA ficar negativo o poder de compra amenta, o dinheiro rende mais e, com isso, é possível aumentar o poder de compra.  

Os motivos que podem levar ao aumento ou baixa dos preços são inúmeros, entretanto, existem alguns que são os mais usuais, sendo eles: 

  • Aumento nos custos de produção;
  • Baixa na produção;
  • Desequilíbrio dos gastos públicos;
  • Inércia do cenário político;
  • Ajustes de indexação;
  • Cartéis empresariais.

Outro fator determinante na alta do IPCA é a quantidade de dinheiro em circulação e, novamente, voltemos à lei da oferta e procura.

Quando se tem muito dinheiro em circulação, as pessoas consomem mais, ou seja, a demanda aumenta, consequentemente, os preços aumentam, ou seja, o índice IPCA e a inflação sobem.

O resultado final é a perda do poder de compra. Então, para que haja um controle, o Banco Central estabelece a meta de inflação, onde são utilizados mecanismos de controle de inflação. 

IPCA acumulado

O IPCA acumulado é também chamado de inflação acumulada, sendo que essa é mais uma forma de analisar a variação de preços. Dessa maneira, a inflação acumulada é o resultado da soma das taxas de inflação registradas dentro do período levado em consideração no cálculo.

Em outras palavras, o IPCA acumulado é a média ponderada dos meses considerados. O acumulado de um ano é usado como base pelo governo para o planejamento do próximo ano fiscal.

Contudo, o intuito desse índice é um pouco diferente o IPCA. Enquanto o IPCA mostra o quanto houve de inflação ou deflação, a inflação acumulada busca analisar a longo prazo quais são as consequências possíveis da variação dos preços.

Uma curiosidade é que o cidadão comum pode realizar ele mesmo esse cálculo, basta entrar no site do Banco Central na opção Calculadora do Cidadão. Em resumo, a pessoa seleciona qual o tipo de índice que quer calcular e o período.

Outros índices

Como dito anteriormente, apesar do IPCA ser o índice oficial para determinar a inflação, ele não é o único existente. Portanto, existem outros índices que servem para situações específicas, como:

Selic: A taxa Selic é considerada a taxa básica de juros. Ela é definida a cada 45 dias pelo Comitê de Política Monetária (COPOM). Através do aumento ou baixa da taxa Selic, a inflação pode aumentar ou diminuir.

Isso porque, ao subir a taxa Selic, os juros para determinados serviços e produtos como, por exemplo, empréstimos, sobem. Com isso, as pessoas evitam gastar, o que resulta na baixa da inflação e vise versa.  

IGPM: A sigla IGPM corresponde ao Índice Geral de Preços do Mercado. Esse índice é calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e tem por objetivo estabelecer a variação de preços.

Ou seja, possui o mesmo objetivo do IPCA, porém é utilizado nos preços de aluguéis. Portanto, ele acaba por influenciar a taxa IPCA, pois quando o IGPM sobe, consequentemente, o IPCA também sofre alterações. 

INPC: O INPC significa Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Ele faz a mesma coisa que o IPCA, apesar de ser menos amplo, já que analisa apenas famílias com até 5 salários mínimos mensais. Além disso, é usado para reajustes salariais. 

IPCA-15: O IPCA-15 é basicamente a prévia do IPCA. Dessa maneira, é calculado a partir do meio do mês e é usado para o reajuste do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). 

IPCA-E – Para finalizar, o IPCA-E significa Índice de Preços ao Consumidor Amplo-Especial, divulgado a cada 3 meses. O cálculo do IPCA-E é realizado com base no IPCA-15 do período de referência.

Investimentos

Todos os investimentos, direto ou indiretamente, são influenciados pelo IPCA. Isso porque, independente do investimento, ele precisa render mais do que a índice da inflação, do contrário não houve ganho real.

Em outras palavras, para garantir o poder de compra, o rendimento tem que, pelo menos, se equiparar à inflação. 

Tesouro Direto: O Tesouro Direto é reconhecido pela sua segurança, já que se trata de um título emitido pelo governo. Ao comprar títulos do tesouro direto, o investidor está emprestando dinheiro para o governo que, posteriormente, devolve o dinheiro com juros. 

Existem variações, porém os mais populares são o Tesouro Selic e o Tesouro IPCA+. No Selic o rendimento é segundo a variação da taxa Selic, sendo que quanto mais alta ela estiver, maior é o rendimento. Já o tesouro IPCA+ rende o índice do período mais a taxa fixada. 

Fundos de investimento: Existem vários tipos diferentes de fundos de investimentos, sendo que, normalmente, eles são investidos em renda fixa e representam baixo risco, ou seja, é um tipo de investimento mais conservador. 

Letra de Crédito Imobiliário (LCI): Os LCIs são emitidos por instituições para dar créditos no ramo imobiliário. O seu rendimento é baseado no CDI. O CDI se refere ao índice de juros pagos entre bancos para o empréstimo de dinheiro para que possam fechar o caixa em positivo. 

E aí, gostou de saber tudo sobre a taxa IPCA? Então, saiba Se o banco falir, o que acontece com o dinheiro e como proceder?

Fontes: Uol, Rico e Mais retorno